OS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ – Revisado em 19/01/2020 (Oswaldo Jacob)

A Educação Cristã trata fundamentalmente da centralidade dos ensinos de Cristo nas Escrituras ministrados aos cristãos e não cristãos. A educação cristã é essencial na Igreja para a formação dos discípulos de Jesus Cristo. Era o conteúdo que o Mestre ministrava aos Seus discípulos. Ele tinha como objetivo treiná-los para cumprirem a missão do Pai – anunciar o Seu evangelho para a salvação e alegria dos povos (Atos 1.8; Salmo 67). O Senhor deixou esta missão bem definida no Seu encontro com o publicano Zaqueu, em Jericó. “O Filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10). Paulo, um dos maiores mestres do Novo Testamento, coloca de forma muito clara ao jovem pastor Timóteo: “O que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e aptos para também ensinarem a outros” (2 Tm 2.2). Este texto revela os três objetivos da Educação Cristã: informar, formar e transformar. Timóteo foi informado (conteúdo), formado (caráter) e transformado (testemunho). Um educador disse que há três elementos fundamentais na formação de uma pessoa: a genética, o ambiente e as escolhas. Os dois primeiros independem de nós, mas o terceiro depende de nós, pois trata das nossas escolhas, decisões. Reflitamos sobre os três objetivos da Educação Cristã.

            O primeiro é informar. Aqui trata de passar conteúdo. Vivemos num mundo de informações muito volumosas e muito rápidas. São muitos os meios de informação. Elas hoje são muito valiosas. Há muitos que pagam pelas informações, pois as empresas que as vendem estão valendo muito no mercado. Mas o que significa informação? Por exemplo, temos as lições bíblicas de nossas revistas e demais publicações. Todas estas informações precisam ser decodificadas, processadas e assimiladas. O conteúdo publicado deve ser interpretado de forma correta. Sabemos que temos no Brasil muitos analfabetos funcionais, isto é, que leem, mas não entendem. Por que razão? Uma questão cultural. O povo brasileiro lê muito pouco. Isto é muito antigo. Uma herança muito ruim. Os nossos governantes não levaram a sério o que disse Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. Mas as informações estão à nossa disposição. Precisamos lê-las e interpretá-las eficientemente. A literatura está muito mais acessível em nossos dias. Há um volume muito grande de material para ser examinado com discernimento. Muita coisa boa e também muita coisa de péssima qualidade. Sabemos que as informações não chegam só pela página impressa, mas pelas produções midiáticas – TV, Internet, radio, celular, etc. Devemos aprender a selecionar o que lemos. A máxima de Paulo é: “examinai tudo e retende o que é bom” (1 Ts 5.21). Então, devemos buscar uma cultura geral, mas sempre pela ótica da Revelação de Deus, dos princípios do Evangelho de Jesus. Portanto, é objetivo da educação cristã trazer luz. Mas há outro objetivo que queremos considerar.

            O segundo é formar. Aqui tem a ver com caráter. Trata de valores assimilados. Formar é bem mais difícil do que informar. O conteúdo da noticia ou recado precisa ser assimilado para fazer parte do caráter do aluno. Informar não dói, mas formar sim. Posso receber apontamentos sem codificá-los. Posso ouvir informações, mas não absorvê-las. A formação da pessoa depende de um ouvido apurado (audição), mente preparada (percepção) e coração saudável (sensibilidade). Paulo disse aos irmãos Gálatas: “Sinto dores de parto até que Cristo seja formado em vós” (4.19). Há sofrimento entre as informações e a formação. Também, muitos obstáculos neste mundo pós-moderno. Vivemos numa sociedade larga e rasa, baseada em sentimentos e em leis formadas pela pessoa (ela é a sua própria lei), ou seja, o que ela pensa é que vale. A sociedade pós-moderna é pluralista, consumista, estilista e narcisista. Infelizmente na maioria das igrejas isto também é verdadeiro. Há uma longa distancia entre expor conteúdo e a formação da pessoa. Entre receber as informações e assimilá-las, apreendê-las e aprende-las, colocando-as em prática no dia a dia. Há muitas coisas que impedem que o conteúdo do Evangelho entre na mente e no coração para a formação do caráter cristão. Então, o coração tendente ao erro, a incredulidade, o entretenimento, a falta de prioridade, a desatenção ou falta de concentração, as barreiras culturais e pessoais, a falta de interesse e outros pontos afins, são elementos complicadores na assimilação do conteúdo cristão. Há uma aritmética do aprendizado que precisa ser utilizada abundantemente em nossas famílias e igrejas: INFORMAÇÃO + FORMAÇÃO = TRANSFORMAÇÃO. Não podemos fugir desta realidade bíblica tão clara. Este foi o método utilizado pelo Senhor Jesus. Seus ensinos por meio de parábolas, exemplos da natureza, da revelação do Antigo Testamento e de Si mesmo foram instruções que visavam a formação dos Seus discípulos. Sabemos que o fato de que alguém seja bem instruído não significa ser bem formado, pois depende do seu interesse no aprendizado. O problema básico seja do País, da Igreja e da sociedade não é de informação, mas de formação. O custo da instrução é muito menor do que da formação do caráter. É muito triste percebermos membros de igrejas vivendo uma vida de incredulidade, mundanismo e alienação. Não será por que falta novo nascimento? Parece também que é uma questão de fundamentos não assimilados e, portanto, não vivenciados. Como pastores e educadores cristãos, precisamos investir tempo no preparo pessoal com muita oração e treinamento de pessoas a partir do nosso exemplo. O que precisamos é de pastores e educadores que preguem e ensinem a partir da coerência bíblica na sua experiência. Não adianta pregação e ensino sem exemplo, sem vida. É deste ponto que desejo tratar com você agora o último objetivo da nossa reflexão.

            O terceiro é transformar.  Aqui tem a ver com mudança percebida, sentida, avaliada positivamente. Podemos dizer que o informar é inicio, o formar é meio e  o transformar  fim ou produto final. Então, você tem a matéria-prima (informar), o meio de produção (formar) e o manufaturado (transformar). Paulo usa a palavra metamorfose para o verbo transformar. “E não vos amoldeis ao esquema deste mundo, mas sede transformados pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”  (Rm 12.2).  A metamorfose só acontece a partir da informação e da formação. As pessoas são transfiguradas pelo conhecimento experimentado ao longo a vida. Sabemos que a mudança deve ser sempre avaliada e aperfeiçoada. O produto da informação e da formação nunca é acabado, mas sempre aperfeiçoado. O caráter de Cristo a partir do ensino da Palavra vai sendo formado trazendo transformação do ser cristão. O fato de sermos transmudados significa o prazer de glorificar a Deus em nossas atitudes e em nossos atos. O ser convertido tem prazer nas coisas de Deus e não as guarda somente para si. O seu testemunho é coerente e contundente. Prazeroso e vigoroso. Ele aproveita todas as oportunidades para repartir o que Cristo fez e continuará fazendo em sua vida. A pessoa que experimentou mudança de vida não se conforma com o erro. Ela se indigna com o sistema que está posto aí. O cristão autêntico é agente de mudança. Não se deixa influenciar pelos que estão no erro, mas os influencia. Aproveita todas as oportunidades para revelar Cristo, o Senhor. Fomos transmudados para levarmos esta experiência às pessoas sem Cristo. É interessante que as pessoas regeneradas buscam o aperfeiçoamento dentro do ciclo do crescimento. Mudadas, buscam mais informações para formação de outros conceitos do cristianismo autêntico. Como diz Paulo: “Porque agora vemos como por um espelho, de modo obscuro, mas depois veremos face a face. Agora conheço em parte, mas depois conhecerei plenamente, assim como também sou plenamente conhecido” (1 Co 13.12). Uma vez mudados, sempre em mutação até que Cristo volte. Parece um contrassenso, mas não é, pois quando Paulo diz aos Gálatas “sinto dores de parto até que Cristo seja formado em vós”, ele está se referindo a cristãos que necessitavam de crescimento espiritual. 

            Que a nossa Educação Cristã tenha estes três objetivos para a glória do nosso  Deus Pai. Sejamos pregadores e educadores comprometidos com o ensino bíblico de qualidade. Seja Cristo o centro do nosso ensino, o Espírito Santo o iluminador e encorajador na aplicação do conteúdo e Deus, o Pai, exaltado. Pregadores e professores cristãos sejam o exemplo de amor, compaixão, excelência, santidade, disciplina e ética. Que haja sempre aplicabilidade em nossos conteúdos. Sejamos capazes da parte do Senhor de reconhecermos os nossos erros, as nossas limitações na ministração de pessoas tão preciosas. Tenhamos a consciência de Paulo: “Não que sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se viesse de nós mesmos, a nossa capacidade vem de Deus (2 Co 3.5). Aprendamos com Jesus o que significa educar pessoas. Façamos uma leitura da personalidade do Mestre dos mestres a partir do conteúdo bíblico como a Revelação.  Sejamos seus imitadores. Busquemos nEle a nossa inspiração. Aprendamos com Ele como tratar as pessoas com profundo amor. Tenho aprendido que aqueles que não se assentam para aprender com o Mestre não podem ficar em pé ou sentados para ensinarem a outros. Fomos chamados para fazermos toda a diferença no ensino cristão. Que o Senhor nos livre da arrogância, da autossuficiência e da mediocridade. Sejamos mestres à semelhança do Mestre que deu a Sua vida pelos Seus alunos visando a sua salvação, santificação e, acima de tudo, a Gloria do Pai.