Academia da Alma 2.0 — Encontro 2: MINHAS HERANÇAS

ACADEMIA DA ALMA 2.0

ENCONTRO 2

MINHAS HERANÇAS 

 

Síntese

MINHAS HERANÇAS — Quais são as lembranças mais marcantes da minha infância?

SABEDORIA BÍBLICA —  “O que descobri é tão somente isto: que Deus fez o ser humano reto, mas ele se meteu em muitos problemas”. (Eclesiastes 7.29)

Minha decisão: PROSSIGO!

 

Não podemos nos relacionar bem com as pessoas se nós não nos conhecemos. Se nós não nos conhecemos não podemos nos relacionar sequer conosco mesmos.

Nesta jornada, precisamos nos perguntar: Quais foram as heranças que nos formaram? Quais foram as experiências que nos deformaram? Quais foram os traumas que nos perseguem?

 

O CADINHO DA VIDA

Encontros e desencontros, verdades e mentiras, pressões e silêncios permissivos, ideais e frustrações moldam nossas atitudes, que são tributárias de nosso sentimento, nosso temperamento e nosso caráter. E este processo levou anos, sem que se percebesse uma direção clara, como se não houvesse um plano (e não há). Vamos nos tornando o que somos (ou achamos que somos).

Juntemos essas histórias com a nossa natureza e temos a fórmula: somos afetuosos ou secos; tímidos ou expansivos; calmos ou explosivos; honestos ou golpistas.

A natureza e o meio nos educaram, sem nos dizer que estavam nos modelando, de modo que tudo correu muito natural. Eis que, num dado momento, ficamos diante de uma câmera fotográfica e nos entristecemos com o autorretrato. Gostaríamos de beijar as pessoas, mas… ficamos duros na frente delas. Não gostaríamos de explodir violentamente a algo que nos desagrada, mas… já reagimos. Gostaríamos de não tremer diante de um compromisso ou de uma pessoa poderosa, mas… suamos frio. Gostaríamos de viajar o mundo sem medo de avião, mas… ficamos em casa. Gostaríamos que jamais agir de modo a levar vantagem, mas… já agimos para levar vantagem.

 

NOSSAS LEMBRANÇAS 

Nascemos antes de virmos ao mundo. Somos parte de uma história que começou a ser escrita séculos antes, tenhamos ou não conhecimento disto. Fazemos "lealdades ocultas no seio das famílias", numa espécie transmissão psíquica (intergeracional ou transgeracional, dependendo do caso). Essas lealdades (em que nos propomos a viver os papéis dos outros) tendem a nos impedir de viver hoje e de modo independente a nossa vida. Diante destes laços, precisamos clarificar a lealdade invisível estabelecida, identificar as pressões e redefinir nosso lugar no grupo, "libertando-nos para viver nossa própria vida sem as amarras de lealdades aprisionadoras". (ARARIPE E ANDRADE, Lêda de Alencar. A família e suas heranças ocultas. Fortaleza: Edição da Autora, 2008)

A liberdade, condicionada ao nosso conhecimento de nossas limitações e possibilidades, é que nos permite repetir o padrão ou recusá-lo, aceitar a herança ou não. 

Por isto, precisamos prestar atenção às histórias que lembramos, porque eles nos mostram quem somos. 

As experiências da infância das quais nos lembramos — e a maneira específica em que as lembramos — revelam quem nós somos. Nossa lógica particular é moldada tanto por quem éramos por natureza ao nascer quando pela pessoa em que nos tornou em contato com o nosso ambiente familiar. (LEMAN, Kevin. O que as lembranças de infância revelam sobre você. São Paulo: Mundo Cristão, 2011).

Somos moldados, portanto, por nossa natureza, pelo convívio com nossos pais, irmãos, amigos e pele pelo que ouvimos, assistimos e lemos. Se nascemos num ambiente (familiar e extrafamiliar) opressivo (como o de uma ditadura), isto se refletirá no modo como vivemos, não necessariamente nos tornando opressores. Se nos formamos num ambiente permissivo (onde é proibido proibir), isto se refletirá no modo como vivemos, não necessariamente sendo permissivos. Não é antológica a reação dos pais de hoje que procuram dar aos seus filhos tudo o que não tiveram quando crianças? Mas também não conhecemos casos em que os pais de hoje tentam recriar o ambiente hostil em que viveram?

Nós tratamos as pessoas como aprendemos a tratá-las. Eugene Peterson registra, em suas memórias, como seu pai tratava os clientes do seu açougue: sempre com o máximo respeito, não importavam as suas condições econômicas ou sociais. Quando chegavam as duas prostitutas da cidade para comprar carne e os risinhos começavam, ele as servia com toda a consideração. Numa das vezes em que o menino Eugene estava e a cena se repetiu, ele esperou que saíssem e disse que, na loja dele, elas deveriam ser respeitadas como qualquer cliente. Peterson nunca se esqueceu e, ao longo da vida, o padrão de respeito ao próximo, mesmo o mais diferente, integrou a sua personalidade. (PETERSON, Eugene H. Memórias de um pastor. São Paulo: Mundo Cristão, 2011)

 

NOSSA TAREFA

Que faremos para tomar o controle da nossa vida?

 

CONTROLE — Precisamos decidir tomar ou retomar o controle da nossa vida. A mudança no nosso comportamento implica em mudar nossa lógica particular, a maneira como enxergamos a vida — "e essa é uma das coisas mais difíceis de mudar". (cf. LEMAN, Kevin, op. cit.)

Precisamos saber como foi a nossa infância, porque as experiências daquela época definem a nossa identidade, logo, nosso presente e nosso futuro. Precisamos recusar qualquer sentimento de autorrejeição. “A maior armadilha de nossa vida não é o sucesso, a popularidade ou o poder, mas a autorrejeição. Sucesso, popularidade e poder podem representar grandes tentações, mas a qualidade sedutora em geral provém de como se integra à tentação bem maior: a autorrejeição. Quando chegamos a acreditar nas vozes que nos nos chamam de indignos e inamáveis, então, o sucesso, a popularidade e o poder são facilmente percebidos como soluções atraentes.(…) A autorrejeição é o maior inimigo da vida espiritual porque contradiz a voz sagrada que nos chama de amados. Ser o amado constitui a verdade essencial de nossa existência. (NOUWEN, Henri. Citado por MANNING, Brennan. O impostor que vive em mim. São Paulo: Mundo Cristãos, 2011.)

 

CONTAS — Precisamos acertar as contas com a nossa família. "Todos compartilhamos da mesma necessidade de ser amados e aceitos por nossa família, de contribuir com ela de uma maneira que nos ajude a sentir que fazemos parte dela e de provar somos competente em alguma coisa na vida que nos diferencie de nossos irmãos e irmãs. Para alcançar isto, disputamos a atenção daqueles que são mais importantes em nossa vida: nossos pais”.  (LEMAN, Kevin, op. cit.)

Neste processo, precisamos ter uma clara visão das contribuições (negativas e positivas) dos nossos familiares para nosso estilo de vida. 

 

AJUDA — Precisamos pedir ajuda a uma pessoa próxima para nos avaliar, numa espécie de contraponto à nossa autoavaliação.

Jesus fez uma intrigante pergunta a seus discípulos:

— Quem sou eu? (Mateus 16.15)

Temos que fazer pergunta semelhante.

Podemos ter uma autoimagem que não corresponde ao que os outros veem. Precisamos que estas lentes se aproximem.

Tenhamos a coragem de pedir a opinião dos outros a nosso respeito.

Disponhamo-nos a ouvir, então, impressões surpreendentes (negativas e positivas) a seu respeito.

 

VISÃO — Precisamos fixar em nossa mente a visão que Deus tem a nosso respeito: 

1. Fomos criados por Deus à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1.27). Deus nos estima bem. Devemos nos estimar bem.

2. Deus nos brindou também com o prazer de viver (Eclesiastes 3.11). Devemos aceitar este propósito divino para nós.

3. Deus continua trabalhando em nosso favor (João 5.17). Alegremo-nos e também trabalhemos.

4. Deus deseja que sejamos vencedores, na verdade, mais que vencedores (Romanos 8.37). 

 

Fiquemos firmes nestas certezas, apesar da história que a nossa família escreveu antes de nascermos e do corpo-mente limitado que somos.

 

Prossigamos.

 

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PARA LER

LEMAN, Kevin. O que as lembranças de infância revelam sobre você. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.