DIA INTERNACIONAL DA MULHER: Com as Filhas de Zelofeade (Dinaura Barcelos)

Nesse Dia Internacional da Mulher quero refletir sobre as filhas de Zelofeade, fantástica história relatada no livro de Números 26 e 27. Pertencentes a tribo de Manassés, uma das tribos mais prósperas de Canaã, cujo território rico em terras e água se extendia ao longo do Jordão,  Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza eram mulheres ordinárias, com experiência de vida no deserto e talvez inclinadas e tocar o negócio das terras de seu pai.

A Palavra de Deus lembra que a terra, dividida em herança entre as tribos de Israel, seguiu-se de acordo com o censo levantado por Moisés, juntamente com os nomes dos chefes das famílias, logo no começo da entrada na Terra Prometida.  Cada chefe de família recebeu seu quinhão de terra com medidas baseadas no tamanho da sua prole; e na sua morte a herança seria passada somente para filhos homens. E se o chefe da família não tivesse filhos homens a herança deveria ser passada para os irmãos do morto. Assim Deus determinou que seria a lei da divisão da terra. Zelofeade também recebeu sua parte; a questão é que Zelofeade não tinha filhos homens. Uma herança que suas cinco filhas mulheres jamais tomariam posse. A lei dura, feita por Deus não dava trégua – herança só para filhos homens!

Quando Zelofeade, que era filho de Héfer, filho de Gileade, filho de Maquir, da tribo de Manassés, morreu de morte natural, essas mulheres não cruzaram os braços diante da lei da herança, já estabelecida em Canaã.  A Bíblia relata que elas enfrentaram a congregação, os príncipes, os sacerdotes e se puseram diante de Moisés, à porta da tenda da congregação e apresentaram seu caso com uma afirmação e uma pergunta (v.3,4):  “Nosso pai morreu no deserto e não teve filhos. Por que se tiraria o nome de nosso pai do meio da família, porque não teve filhos (homens)?”

Essas mulheres poderiam ter sido apedrejadas bem ali na porta da tenda da congregação por enfrentar com tamanha audácia o líder de Israel. O que levou essas irmãs a deixar o medo para trás, a interpretação de sexo frágil de lado e enfrentar a lei? De onde veio tanta coragem para insistir na solução do seu dilema? Que garantia essas mulheres tinham que voltariam com vida para suas casas depois de enfrentarem a lei? O que as motivou a insistir num caso novo, que até mesmo o líder de Israel não tinha resposta?

Moisés não encerrou o caso ali. Não despediu essas mulheres de mãos vazias. A Bíblia diz que ele  levou a causa perante o Senhor. E para surpresa de todos, Deus, que adora ser consultado, procurado, indagado, respeitado, reverenciado, honrado e amado, responde (v.7):  “As filhas de Zelofeade falam retamente; certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai; e a herança de seu pai farás passar a elas.”  Por causa dessa petição garantida às filhas de Zelofeade Deus também ordenou que na lei, que ja tinha sido escrita e publicada entre os filhos de Israel,  fossem acrescentadas mais três emendas. E uma delas favoreceu não somente essas cinco meninas, mas todas as mulheres de Israel inseridas na mesma situação (v.8,9,10): “Quando alguém morrer e não tiver filho (homem), então, fareis passar a sua herança à sua filha.”

Que Deus é esse capaz de mudar a lei em favor de sua filha? Qual a fraqueza de Deus em responder o clamor daquela que desesperadamente busca a sua face? O que leva Deus a se importar com a mais deprimente situação e mostrar saída? Se Deus ouviu o clamor dessas mulheres que corriam o risco de perder suas terras e herança, na época da lei dura e fria, quanto mais agora através de seu filho Jesus Cristo que nos dá completo acesso à sua graça? A história dessas irmãs tem a ver com a vida de muitas mulheres hoje, perdidas em seus próprios sonhos, enroladas em seus próprios negócios, frustradas diante dos desafios da vida,  sem o recurso e o suporte da lei.

Que a história dessas cinco irmãs inspire nosso coração hoje! Que o exemplo de bravura e fé dessas mulheres motive nossa caminhada na terra. Que a coragem das filhas de Zelofeade seja o nosso ponto de partida como um modelo de persistir mudança, tendo Deus, em Jesus, como o único capaz de tornar isso realidade. (Dinaura Barcelos)