Já me deparei com algum pastor jubilado ou aposentado reclamando da sua realidade, excluído de oportunidades de pregar e até comungar com os da ativa, os que estão liderando igrejas. Recentemente, um pastor amigo jubilado ou aposentado me confidenciou a sua profunda decepção ao procurar o pastor da igreja na cidade para onde se mudou com a esposa com o objetivo de se tornar membro daquela comunidade de fé. Para a sua surpresa, o pastor da igreja orientou o meu amigo a participar da classe de doutrina. Isto é, no mínimo, hilariante.
O que tenho percebido ao longo dos anos quando estava na ativa ou exercendo o ministério pastoral, é que se dá pouca relevância ao obreiro sem igreja ou que não está pastoreando. Há, certamente, pastores jubilados se sentindo à margem dos que exercem o ministério pastoral. Temos obreiros que colocam pijama e aguardam a hora de morrer. Desanimaram de tudo. Há aqueles que possuem uma autoestima baixa, marcados pelos sofrimentos e pelas decepções da vida, especialmente na trajetória ministerial. O pastor não envelhece para o exercício do ministério, para os seus relacionamentos e para as suas metas arrojadas. Ele deve estar sempre pronto para servir. O ministro de Deus não veste o pijama da acomodação e inércia, mas o macacão do trabalho e de uma vida dinâmica, proativa e assertiva.
Para mim, jubilado tem a ver com jubiloso, positivo, festeiro, alegre, dinâmico e altamente convergente nos seus relacionamentos. Enquanto há vida e saúde, o pastor jubilado deve ter um rico ministério de oração pessoal, evangelismo dinâmico, engajamento em missões, aconselhamento e serviço ou diaconia. Ele deve ser sempre positivo, ousado, criativo e fortemente agregador. Há muitas áreas onde ele pode atuar de forma eficiente.
Em nossa cultura, não respeitamos os mais velhos. Há um fosso entre pastores jovens e pastores idosos. Geralmente os pastores mais jovens não se aconselham com os mais velhos. Na verdade, dão pouco valor a eles. Precisamos desenvolver projetos de mentoria. Eli e Samuel; Elias e Eliseu; Paulo e Timóteo, são exemplos clássicos de mentoria. Como precisamos aprender a mentorear! Os pastores idosos têm a experiência e os jovens têm a força. A união das duas traz muitos benefícios para eles, suas famílias e o Reino de Deus.
O pastor jubilado tem o desafio de se tornar jubiloso em seu modo de viver. Como diz o Salmista: “Na velhice ainda darão frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça” (Salmo 92.14,15). Como obreiros aposentados devemos ter uma agenda repleta de atividades enriquecedoras. É possível e necessário que tenhamos o que Domenico de Masi chama de “Ócio Criativo”. Como jubilados e jubilosos podemos nos envolver com atividades que trazem glória para Deus, salvação dos perdidos e edificação dos crentes.
Meu amado pastor aposentado, seja jubiloso! Não se sinta à margem dos outros pastores. Que o Senhor Jesus Cristo seja sempre o seu modelo de amor e perdão; graça e misericórdia; justiça e verdade; júbilo e comunhão; trabalho e disciplina; visões e sonhos. Não permita que os outros furtem a sua alegria. Que esta seja sempre ativa, renovada e compartilhada. Jubilado e jubiloso não são excludentes, mas fortemente convergentes. Seja sempre alegre, pratique exercícios físicos, leia bastante, estude, crie, construa pontes de relacionamentos saudáveis, participe de grupos criativos e desafiadores. Seja forte e corajoso (Josué 1.1-9). Viva o Evangelho do Reino! Ajude as pessoas que precisam praticando a solidariedade. Viva os talentos e dons com os quais o Senhor o presenteou. Não permita que os outros definam as suas reações. Descanse e espere no Senhor (Salmo 37.7). Não se esqueça das suas devocionais todos os dias! Escreva o seu diário de devoções e compartilhe. Coloque o seu coração nas coisas que lhe dão prazer, contentamento. E, acima de tudo, glorifique a Deus (1 Coríntios 10.31).