Conversava com um pastor amigo que havia deixado a igreja em profunda dor, pois não suportava mais tanta maldade de alguns membros influentes da comunidade que liderava. Esse obreiro ficou à deriva, sem assistência, abandonado. O que o ajudou foi o fato de que ele havia feito um concurso para professor de um município próximo. Entre a sua saída da igreja que pastoreava e a posse como professor, ele passou por um período muito constrangedor. Um pastor que o conhecia, que liderava uma boa igreja, lhe negou ajuda. Esse é um dos muitos casos tristes e lamentáveis por esse Brasil afora. Pastores com suas famílias são deixados à margem.
Como pastores, Ordem, Convenção, temos falhado fragorosamente. Em muitos casos funciona a “a lei de Murici”, ou seja, cada um cuida de si. Aqui podemos perceber um egoísmo na contramão do altruísmo, da fraternidade tão característica do cristianismo autêntico. Pastores que vivem de si e para si mesmos são um contrassenso. Obreiros que não assistem seus companheiros de jugo vivem numa realidade contrária aos ensinos de Jesus de Nazaré a quem servimos.
Vivemos um tempo de tanto desamor inclusive no ambiente eclesiástico e na relação entre os pastores. Se você não faz parte da patota está no sal. Há um corporativismo de segmento. Há elementos no ministério que só ajudam, se disponham a estender as mãos para aqueles que fazem parte do seu grupo específico.
Deus nos vocacionou para ajudarmos uns aos outros, estender as mãos aos que precisam. O nosso grande desafio é exercermos a mentoria com aqueles que passam por desacertos na vida. Precisamos nos importar com os que sofrem, que passam por tempestades na vida. Afinal, somos filhos de um Deus que nos ama e se importa com o nosso sofrimento. Ele é o Deus Pródigo em amor, que esbanja amor (1 João 4.8).
Quantas vezes nos omitimos ao vermos as necessidades dos companheiros de jugo. A nossa sensibilidade, empatia e profunda compaixão pelos que estão passando por vários problemas na vida devem nos caracterizar como homens de Deus. Quantos obreiros estão sofrendo e os seus irmãos vocacionados não se importam!
Urge cuidarmos uns dos outros. Revermos os nossos conceitos. Crescermos na arte de encorajar, motivar e sugerir caminhos possíveis. Não permitamos que pastores fiquem sem assistência, afetividade, direção, cuidado integral, motivação para a caminhada profética, para o exercício pleno da sua vocação.
Pastores desassistidos não cabem mais entre nós. Criar mecanismos eficientes e eficazes para o cuidado são preponderantes no processo de cura. Tolerância zero para a desassistência no meio dos pastores. Como temos companheiros doentes, isolados, passando por dificuldades tremendas! Não podemos aceitar esse quadro lamentável.
Está na hora de efetivamente nos importarmos mais uns com os outros. Colocarmos nossas igrejas como agências de assistência, cuidado, hospitalidade, comunidades da aceitação, do perdão e da festa. Que o Pai levante mais homens cheios do Seu amor, da Sua graça e Sua misericórdia para abordar esses obreiros e ajudá-los efetivamente. Que a nossa Ordem acompanhe os pastores de perto, trabalhando na prevenção, exercendo a mentoria e ouvindo o seu coração. Que o Pai seja glorificado na vida daqueles pastores e profissionais da área do cuidado emocional que têm trabalhado incansavelmente na assistência aos obreiros que estão passando por hecatombes na vida pessoal, família e igreja. Como um grande e poderoso exército não podemos deixar os nossos feridos para trás.