Noemi perguntou, admirada:
— Minha filha, por onde você andou hoje? Bendito seja o homem que acolheu você com tanta generosidade!
Então, Rute lhe contou onde estivera colhendo naquele dia.
Por fim, revelou:
— Hoje eu trabalhei numa fazenda, cujo dono se chama Boaz.
Noemi exclamou:
— Que esse homem seja abençoado pelo Deus Eterno. Agora sei que o Deus Eterno não abandonou a nossa família, apesar de termos perdido todos os nossos queridos.
Os olhos de Noemi brilharam e ela fez uma revelação surpreendente:
— Rute, esse homem, esse Boaz, é nosso parente. Ele faz parte da lista dos nossos resgatadores.
(2.21-22)
“Posso continuar recolhendo espigas até o fim da colheita”.
Como moabita, Rute não sabia que na legislação hebraica o cunhado tinha o dever de se casar com a viúva do seu irmão, para que a família dele tivesse continuidade; e, no caso de não ter um cunhado, o parente mais próximo tinha de cumprir esse dever.
Por isto, mudou de assunto e informou à sogra:
— Boaz me disse que posso continuar recolhendo espigas junto com os empregados dele até o fim da colheita.
Noemi concordou:
— Claro, continue lá, porque ninguém vai lhe maltratar. Fique perto das outras moças da fazenda.
(2.23)
“E todos os dias ela voltava para a casa da sogra”.
Até o fim da colheita, foi o que Rute fez. Ela pegava espigas de cevada, junto com as empregadas de Boaz.
E todos os dias ela voltava para a casa da sogra.
Rute 3
(3.1-5)
“Rute ainda não tinha entendido onde Noemi queria chegar”.
Terminada a época da colheita, Noemi mostrou toda a sua preocupação com o futuro de Rute:
— Minha filha, é meu dever procurar um marido para você, para que você viva segura e feliz.
Rute ouviu e Noemi continuou:
— Você se lembra que eu lhe disse que esse Boaz, em cuja fazenda você esteve durante a colheita, é o nosso parente mais próximo? Logo, ele é o seu resgatador. Ele tem o dever de se casar com você.
Rute ainda não tinha entendido claramente aonde Noemi queria chegar. A sogra revelou seu plano:
— Hoje à noite, Boaz estará na sede da fazenda, debulhando a cevada colhida. Então, você vai fazer o seguinte: Tome banho, perfume-se, vista um lindo vestido que cubra todo o seu corpo e vá até o lugar onde ele estiver trabalhando. Seja discreta, para que ele não note a sua presença. No final do dia, depois do jantar, veja onde ele vai passar a noite. Só então você se aproximará.
Rute perguntou:
— E depois: o que faço?
Noemi continuou com o plano:
— Arrume um lugar perto dos pés dele e se deite também. Aguarde como ele reagirá ao seu gesto.
(3.6-13)
“Você poderia ter procurado um resgatador mais jovem”.
Rute foi, então, para a sede da fazenda, seguindo rigorosamente as orientações da sogra.
No jantar, Boaz tinha se excedido no vinho e estava um pouco alterado, alegre demais. Acabou indo dormir no celeiro, sobre um monte de cevada.
Rute se aproximou silenciosamente, afastou parte da capa que Boaz usava e se deitou aos seus pés.
No meio da noite, ele notou algo estranho, acordou e ficou assustado, ao ver uma mulher deitada aos seus pés.
Boaz perguntou:
— Ei, quem é você?
Ela respondeu:
— Sou Rute, meu senhor. Estou aqui para lhe pedir para estender a sua capa sobre mim, porque o senhor pode ser meu resgatador.
A resposta de Boaz foi surpreendente:
— O Deus Eterno a abençoe, minha filha. Ao permanecer com Noemi você mostrou como é bondosa. E agora continua cheia de bondade, ao procurar um resgatador como eu. Você poderia ter procurado um resgatador mais jovem, mas você me procurou. Muito obrigado.
Rute apenas ouvia.
Boaz continuou:
— Não fique com medo, minha filha. Seu desejo será cumprido. Serei eu, não outro, o seu resgatador. O que você disse é verdade. São palavras de uma mulher virtuosa. Todos em Belém sabem disto.
Boaz parou, como se estivesse preocupado, mas prosseguiu:
— Temos um problema. Eu posso resgatar você, mas há outro homem com prioridade, por ser um parente mais próximo que eu. Vou falar com ele pela manhã.
Rute concordou, com a cabeça.
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