A HISTÓRIA DE RUTE, UMA PARÁFRASE POR ISRAEL BELO DE AZEVEDO – PARTE 6

Boaz ainda lhe falou:

— Minha filha, fique aqui o resto da noite. Levante-se de madrugada, ainda escuro, e vá embora. Não quero que ninguém saiba que uma mulher esteve aqui. 

Ele falou ainda de suas intenções:

— Pela manhã, irei até ao centro da cidade para procurar o resgatador mais jovem. Falarei da situação. Se ele quiser casar com você, é o que vai acontecer. Se ele não quiser, prometo que me casarei com você com muito prazer. Eu prometo diante do Deus Eterno que vive para sempre. 

 

(3.14-15)

“Então, Rute voltou para a sua casa”.

 

Antes de amanhecer, Rute se levantou. E antes que saísse, Boaz lhe disse:

— Tire a manta que você está usando e a segure.

Ela segurou sua manta diante de Boaz. O homem encheu a manta com uma boa quantidade de cevada moída e pôs nas costas de Rute, como se fosse uma trouxa. 

Então, Rute voltou para sua casa, na cidade.

 

(3.16-18)

“Boaz não vai sossegar até resolver o problema”.

 

Quando Rute chegou em casa, Noemi lhe perguntou:

— E aí: como foi?

Rute contou detalhadamente o que acontecera e como Boaz a tratara. 

— E ele ainda me deu esta enorme trouxa de cevada, com as seguintes palavras: ‘Não volte para Noemi com as mãos vazias’.

Então Noemi disse:

— Agora, minha filha, basta esperar para ver o que vai acontecer. Boaz não vai sossegar até resolver o problema e vai ser hoje.

 

Rute 4

(4.1-7)

“É pegar ou largar”.

 

No mesmo dia, Boaz foi para a entrada da cidade, onde os líderes se reuniam para tomar decisões. 

Sentou-se e esperou.

Não demorou muito para que o resgatador mais jovem passasse. Boaz o chamou:

— Olá, como vai? Vem aqui porque temos uma pendência para resolver.

Boaz explicou do que se tratava e o homem concordou em participar da reunião. Com o pessoal reunido, Boaz expôs o caso ao homem, diante dos dez líderes da cidade:

— Você bem sabe que Noemi voltou de Moabe e colocou à venda a propriedade que pertencia ao nosso parente Elimeleque. Eu estou aqui para lhe dizer que a prioridade na compra desse terreno é sua. Compre essa propriedade, que passará a lhe pertencer, nesse negócio que estamos aqui, diante dos líderes da cidade, para legalizar. Se quer comprar essa terra, a hora é agora. Se não quer, diga agora também. É pegar ou largar. Se você não quiser fazer o negócio, fique sabendo que eu comprarei a propriedade.

O homem respondeu:

— Eu compro.

Boaz, no entanto, lhe informou:

— Agora, tem um problema. Segundo a nossa lei, ao comprar a terra da mão de Noemi, a viúva de Elimeleque, você terá que receber como esposa a nora dela, Rute, a moabita. Casando-se com a viúva, você perpetuará o nome do falecido marido dela.

O homem, então, mudou de ideia:

— Nesse caso, não quero. Se eu fizer o resgate, vou pôr meus bens em risco, porque, segundo nossa lei, se Rute tiver um filho comigo, tudo o que eu adquiri antes do casamento vai para ele.

Depois de explicar, o homem abriu mão do negócio, deixando Boaz à vontade:

— Transfiro-lhe o meu direito. Não posso ser o resgatador.

Em seguida, pegou sua sandália e a entregou a Boaz.

(Acontecia assim em Israel, quando se fazia um negócio. Para confirmá-lo, um vendedor tinha que tirar a sandália do pé e entregá-la ao comprador. Era desse modo que um negócio era oficializado em Israel.)

 

(4.8-12)

“Saibam também que me casarei com a moabita Rute“.

 

Quando o resgatador prioritário desistiu, Boaz pediu a palavra e disse aos líderes, na presença de outras pessoas:

— Hoje todos vocês aqui são testemunhas de que comprei de Noemi a propriedade que pertencia a seu marido Elimeleque e seus filhos Quiliom e Malom. Saibam também que me casarei com a moabita Rute, viúva de Malom. Assim, o nome de Malom permanecerá para sempre. Que isto fique registrado e valha para sempre.

A resposta de todos os presentes foi uníssona:

— Sim, nós somos testemunhas.

Em seguida, vieram os cumprimentos.

Um disse:

— Boaz, que o Deus Eterno abençoe Rute, que agora fará parte de sua família. Que ela seja abençoada como Raquel e Lia, que deram origem ao povo de Israel.

Outro acrescentou:

— Que o Deus Eterno faça de você, Boaz, um homem poderoso entre nós.

Outro ainda desejou:

— Parabéns, Boaz! Que o Deus Eterno dê ao casal filhos de tal modo que sua família seja tão abençoada como no passado abençoou Perez, o filho que Tamar deu ao nosso ancestral Judá.

 

(4.13-15)

“Noemi pegou o menino no colo e passou a cuidar dele”.

 

Boaz se casou com Rute.

Algum tempo depois, o Deus Eterno abençoou Rute e ela ficou grávida.

Assim que a criança nasceu, algumas mulheres da cidade foram visitar a família e conversaram com a avó. 

Uma disse:

— Louvado seja o Deus Eterno que lhe deu um neto, Noemi. Ele vai cuidar de você.

Outra falou do seu desejo:

— Espero que ele seja famoso em Israel.

Outra falou:

— Noemi, este neto é a vida que se renova para você. Ele é um presente de Rute para você. Ela a ama, Noemi. Ter uma nora assim é melhor do que ter muitos filhos.

 

(4.16-17)

“Noemi teve um filho”.

 

Noemi pôs o neto no colo e passou a cuidar dele.

Vendo tanta felicidade, as vizinhas perceberam que o bebê era como um filho para Noemi. Elas brincavam:

— Noemi teve um filho.

O menino recebeu o nome de “Obede” (aquele que está a serviço de Deus).

Obede acabou se tornando o pai de Jessé, que seria o pai de Davi.

 

(4.18-22)

“Tudo começou com Perez”.

 

Tudo começou com Perez, séculos antes. Perez teve os seguintes descendentes: Esron, Rão, Aminadabe, Naassom, Salmom, Boaz, Obede, Jessé e Davi.

 

(Uma paráfrase por Israel Belo de Azevedo)