Salmo 22
DESESPERO E ESPERANÇA
(22.1)
Meu Deus, oh meu Deus,
Por que me desamparaste?
Por que os meus gemidos
Não encontram ecos nos teus ouvidos?
(22.2)
Meu Deus, oh meu Deus,
Eu oro o dia inteiro
Mas tu não me respondes.
De noite faço o mesmo
E não encontro sossego.
(22.3-5)
Eu sei que és bom
E por isto te louvamos.
No passado, confiamos em ti
E tu agiste e nos libertaste.
No passado, oramos
E fomos abençoados.
Oramos e fomos atendidos.
(22.6-8)
Mas agora, a situação é outra.
Não sou visto como um ser humano
Mas como um verme para ser pisado.
Todos me desprezam.
Todos me menosprezam,
Fazem caretas, debocham de mim, dizendo:
“Pois é. Ele confiou do Deus Eterno.
Agora, que Deus o livre.
Vamos ver se ele vai continuar amando a Deus”.
(22.9-10)
Quanto a mim,
Minha fé não muda.
Tu me deste o dom da vida
E me tens mantido vivo
Desde que estava no ventre materno.
Tu és o meu Deus,
Desde que nasci.
Na verdade, tu és o meu Deus
Desde que estava no ventre da minha mãe.
(22.11)
Preciso agora de ti,
Porque é extrema a minha angústia
E não tenho ninguém para me ajudar.
(22.12-13)
Ao contrário, os problemas se avolumam,
Problemas para os quais não tenho solução.
Em vez de me ajudar, agridem-me
Com palavras venenosas.
(22.14-15)
Não tenho mais forças.
Não consigo nem sequer ficar em pé.
Não consigo pensar direito,
Tamanha é a confusão em que estou.
Não há um pingo de esperança em mim.
Não acho palavras nem para orar.
A morte é uma questão de tempo.
(22.16)
Eu me sinto acuado,
Cercado por pessoas perversas.
Eu me sinto se tivessem furado
Minhas mãos e meus pés.
(22.17)
Estou pele e osso,
De tão magro.
E ainda tenho que aguentar
O deboche das pessoas.
(22.18)
Estou nu,
Porque os perversos pegaram minhas roupas
E sortearam entre si.
(22.19)
Sei, porém, oh Deus Eterno,
Que estás perto de mim
E que vais me socorrer.
Venha logo, por favor.
(22.20-21)
Livra-me do poder da morte,
Para que eu viva em liberdade,
Sem que me ataquem animais ferozes.
Eu sei que me respondes.
(22.22)
Então, me ajuntarei aos meus irmãos
E vamos cantar juntos na igreja.
(22.23)
Eu lhes conclamo:
Louvem o Deus Eterno,
Vocês que o amam,
Exaltem-nos vocês,
Que sabem quem ele é.
Amem-no todos,
No presente e no futuro.
(22.24)
Louvem-no
Porque não fez pouco caso de vocês
Quando enfrentaram a aflição;
Nem os desamparou
Quando gritaram por socorro.
(22.25)
Quanto a mim,
Quando estiver na igreja,
Cantarei para ele
Com toda a intensidade,
Levando-lhe minhas ofertas de gratidão.
(22.26)
Estou seguro
Que tempos melhores virão
Para os que sofrem.
Eles serão atendidos
E ainda louvarão o Deus Eterno.
Fiquem firmes.
(22.27)
Chegará o dia em que
Até em lugares muitos distantes
As pessoas se lembrarão do Deus Eterno
E se voltarão para ele de todo o coração.
(22.28)
Toda a terra pertence ao Deus Eterno.
Ele está no controle de tudo.
(22.29)
Chegará o dia em que
Os poderosos reconhecerão
Que o Deus Eterno está no comando.
Chegará o dia em que
Os pobres cantarão
Que ele é cheio de graça.
Chegará o dia em que
Os doentes confiarão nele
Para serem curados.
(22.30-31)
Nossos filhos falarão do Deus Eterno.
Nossos netos os ouvirão
E também contarão aos seus filhos
Sobre tudo que o Deus Eterno lhes fez.