1Coríntios 2.16: DE QUEM É A NOSSA MENTE?

16/12/2006

Desde Adão e Eva, há uma luta entre aquilo que Paulo chama de “espírito do mundo” contra o “Espito que provém de Deus” (1Corintios 2.12). Esta luta é travada no coração de cada um de nós e alcança o coração da própria história.
A igreja, mesmo formada por pessoas geradas de novo, não está fora desta luta. As epístolas de Paulo são o seu esforço para advertir profeticamente àquela comunidade contra a sua submissão ao espírito do mundo, esquecida que era santuário de Cristo.
Ainda hoje, cada um de nós deve se perguntar se está vivendo segundo a mente de Jesus.
Cada igreja deve se perguntar se está vivendo segundo o Espírito de Deus.

1.A MENTE DO MUNDO

É um equivoco preferir orgulhosamente a sabedoria humana, em lugar da sabedoria divina, para a solução dos problemas da vida; contentar-se displicentemente com um nível superfieial de conhecimento de Deus, e trocar a liderança de Cristo por lideranças humanas. Continuam atuais os avisos que Paulo emite, porque o nos ronda o perigo de termos naturais e não espirituais.

1.1. A sedução do conhecimento

Incomodado com a tendência dos coríntios, Paulo lembra o tempo em que estiveram juntos. O apóstolo tinha tudo para se achar o máximo. No entanto, sua atitude foi outra.

E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
(1Coríntios 2.1-2).

Não é agradável escutar que nossas palavras e nossos conhecimentos não têm o valor que imaginamos. Os sem-Deus de todos os tempos não concordam que não devem apoiar suas escolhas na sabedoria dos homens, mas no poder do Espírito Santo.

Há muitos tipos de poder, como o poder intelectual, o poder político e o poder religioso. Sem o mistério de Deus, que é Cristo crucificado, todos estes tipos de poder afastam o homem do Criador. Eles levam os seres humanos a se encantar orgulhosamente com a sublimidade de suas próprias palavras e de seu próprio conhecimento, ficando inchados de si mesmos e intoxicados com os valores que regem a sociedade.
Não há problema em conhecer; antes, é muito bom conhecer. Não há problema em usar os recursos intelectuais e tecnológicos, construídos por cristãos e não-cristãos; o erro é transformar estes recursos em fetiches ou ídolos.
Nossa sociedade exacerba o conhecimento como se fosse uma divindade a ser reverenciada. A sedução é poderosa e alcança os cristãos, que devem se lembrar que o conhecimento secular, seja ela cientifico, filosófico ou moral, não está apto “a dar conselhos para vidas íntegras e de valor dentro do contexto da criação e em resposta à redenção de Cristo”. O problema é que há muitos cristãos bebendo de outras fontes de conhecimento que não Cristo — e até aí tudo bem, — como se estivessem — e aqui começa a tragédia — no mesmo nível ou em nível mais elevado que o Fundamento, que é Cristo.
Quem bebe nessas fontes é ensinado, por exemplo, a praticar a auto-exaltação como um valor supremo em nossa sociedade. Afinal, o marketing é tudo, ou tudo é marketing. Por isto, os cristãos devem ficar atentos a toda forma de sedução pelo conhecimento. Há cristãos tão cheios de si, que Cristo não tem a menor chance de aparecer nas suas vidas e por meio de suas vidas. Quem olha para eles vê a glória deles, não a glória de Cristo.
A vaidade — o termo bíblico para a auto-exaltação — tem dividido igrejas, derrubado pastores e cegado membros de igreja. Eles são o máximo e Cristo é o mínimo. Pelo menos, é como vivem, esquecidos que no Reino de Jesus não importa quem faz isto ou aquilo porque é Deus quem faz as coisas acontecerem (1Coríntios 3.7).

1.2. O medo à profundidade

Os coríntios estavam cheios de si, mas quando Paulo esteve com eles, não conseguiram acompanhar a profundidade do seu ensino.

E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo. Leite vos dei por alimento, e não comida sólida, porque não a podíeis suportar.
(1Coríntios 3.1-2a)

Os coríntios tinham uma percepção de si mesmos bastante equivocada. Achavam-se cristãos maduros, mas não conseguiram acompanhar o raciocínio da pregação de Paulo, sempre sobre o caminho mais excelente (1Coríntios 12.31; cf. Filipenses 1.10; Romanos 2.18), caminho que cava sulcos na terra, porque não se move na areia, caminho que entra fundo no corpo e não se aloja apenas na pele. Para ser ouvido, o apóstolo teve que baixar o nível. Teve que repetir o be-a-bá para uma igreja que se achava na pós-graduação…
Os coríntios viviam num tempo de fórmulas religiosas. O marketing religioso (das chamadas religiões de mistério) era poderoso, com suas propostas sobre o conhecimento verdadeiro e com os seus símbolos etereos. Agora, vinha Paulo pregando durante horas seguidas, reinterpretando o Antigo Testamento de modo novo, colocando no centro a cruz e a ressurreição de Jesus. Acompanhá-lo exigia esforço.
Os coríntios não sabiam que não sabiam. Aliás, o problema deles não era não saber; era acharem que já sabiam. Eles sabiam pouquíssimo, mas achavam que sabiam muito. Neste sentido, estavam incorrendo no pecado da superficilidade, superficialidade de conhecimento, superficialidade de vida. Eles queriam respostas prontas, mas Paulo queria perguntar. A curiosidade por Cristo era zero.
Estive num determinado país, onde vivi uma grande frustração. Eu estava preparado para responder sobre o Brasil, mas nunca ninguém me perguntou nada. Eu estava ávido para aprender tudo sobre aquele país com o seus habitantes; eu perguntava tudo. E eles não me perguntavam nada. Eles não tinham o menor interesse pelo Brasil. Imagino que Paulo experimentou uma frustração semelhante. Ele estava louco para falar de Cristo, mas ninguém lhe perguntava nada. Há cristãos com um nível de conhecimento tão superficial sobre Cristo que é difícil conversar com eles sobre Cristo… e eles são cristãos… Se alguém lhes pede para recitar um versículo bíblico, não conseguem ir muito além do Salmo 23.1 e de João 3.16.
São, como diz Paulo, crianças espirituais.

1.3. Agarrando-se a heróis

Como crianças espirituais, os cristãos de Corinto precisavam seguir heróis de carne e osso. Jesus Cristo ressuscitado era-lhes muito distante.

Havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens? Porque, dizendo um: “Eu sou de Paulo”; e outro: “Eu de Apolo”; não sois apenas homens?
Pois, que é Apolo, e que é Paulo, senão ministros pelos quais crestes, e isso conforme o que o Senhor concedeu a cada um? Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.
(1Coríntios 3.3b-6)

Uns chegaram a Cristo por meio de Apolo. Outros, por meio de Paulo. Cada um defendia com zelo a origem do seu discipulado. Este zelo levou um grupo a olhar de modo negativo para o outro lado. Na língua portuguesa, este olhar atravessado tem um nome: inveja. Como conseqüência, veio a contenda (isto é, a divisão). Inveja e contenda são indissociáveis como produtos de vidas que andam segundo os homens, segundo o jeito natural de ser, não segundo o Espírito de Cristo, o jeito de Cristo.
O jeito humano (natural, carnal) consiste em considerar-se melhor do que outro. Cada grupo se apresentava com mais cristão do que outro, como mais espiritual do que o outro. Nada mais carnal que este tipo de percepção. O espiritual é aquele que reconhece a sua fraqueza (1Coríntios 2.3). Por isto, o apóstolo Paulo nos adverte que não devemos ter de nós um conceito fora do compasso do que somos (Romanos 12.3). No plano da igreja local, este pecado tem feito estragos capazes de destruir comunidades. Seu oposto é a humildade, a marca de  todo aquele que tem a mente de Cristo (Filipenses 2.1).
A carnalidade estava destruindo a igreja. Enquanto Apolo e Paulo gastavam as suas vidas na comunicação do evangelho, os coríntios disputavam qual dois era melhor pregador… Há disputas deste tipo até hoje. No mundo a disputa não é constante? Por que deveria ser diferente entre os cristãos? Em nossas igrejas, há quem pergunte qual classe da escola bíblica tem o melhor professor? Que banda toca melhor? Que coro inspira mais? Que ministério é mais empolgante?
O jeito humano é humano porque opõe pessoas que não estão opostas, prefere pessoas em lugar de Cristo, esquece na igreja todos são servos, porque quem dá o crescimento é Deus. A mente do mundo não deveria prevalecer na igreja.

2. A MENTE DO CRISTÃO

A mente do cristão deve conter a mente de Cristo, se quer ser realmente espiritual. Cristãos espirituais ocupam-se em edificar a sua igreja.
O apóstolo Paulo propõe três alvos a serem buscados pelo cristão espiritual: a profundidade, a humildade e o serviço.

2.1. Em busca da profundidade

A única maneira de o cristão não se deixar seduzir é a profundidade. Do contrário, será um bebê idoso, nunca um adulto.

Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu; porque se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória.
Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.
Porque Deus no-las revelou pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmos as profundezas de Deus.

Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus.
(1Coríntios 2.6-11)

Não há profundidade na sabedoria deste mundo.
Não há segurança na força deste mundo.

A sabedoria está no mistério de Deus.
A maior força do mundo é a fraqueza da cruz de Cristo.

A partir da Cruz, Deus preparou para aqueles que o amam uma vida cheia de profundidade e qualidade.
Profundo é quem se deixa esquadrinhar pelo Espírito
Profundo é quem se empenha em compreender o que Deus nos dá

Não podemos esquecer que Deus esquadrinha os nossos corações. O marketing nos vende, as pessoas nos compram, mas Jesus Cristo não nos compra, porque Ele nos ama e nos vê como somos.

2.2. Assumindo a fraqueza

E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1Coríntios 2.3-5)

Assumir a fraqueza
Aceitar o poder de Deus.
Buscar ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.
A felicidade de Jesus foi abrir mão de sua grandeza para ser pequeno.
A felicidade segundo Jesus é ter a humildade de abrir mão da própria grandeza para que Deus seja grande em nós.

2.3. Pondo nossoas vidas sobre o Fundamento

Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
(1Coríntios 3.11)

Só Jesus Cristo é o fundamento, não nossas visões pessoais
Ele é Um com o Pai. Ele é Deus, não um mestre, não um homem evoluído, não um filósofo ultrapassado.

2.4. Cooperando com o mistério de Cristo

Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.
Cooperadores de Deus.
(1Coríntios 3.9)
A dimensão do serviço.

3. CONVITE

. Largue a superfície, venha para a profundidade de Deus. Você é santuário onde o Espírito de Deus quer habitar.
. Abandone o seu orgulho, assuma a humildade diante de Deus. Reconheça que sozinho não dá, por sua própria conta você não vai. Convide a Jesus Cristo para ser o Senhor da sua vida.
. Deixe de plantar para o nada, venha plantar para Deus.

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