O DIA DAS MÃES
Conforme lemos no Google:
A comemoração do dia das mães como a conhecemos se popularizou nos Estados Unidos a partir de 1914, mas, a sua celebração teve origem na Grécia e na Roma Antiga.
Os cultos de adoração às divindades que representavam as mães se realizavam nas festas primaveris gregas e romanas. Algumas dessas divindades eram as deusas Reia, mãe dos deuses, e Cibele, a deusa mãe romana, conhecida também por Magna Mater.
O Dia das Mães é uma das datas comemorativas mais importantes no Brasil. Como o próprio nome sugere, trata-se de uma data que homenageia as mães e que foi estabelecida no Brasil, de maneira oficial, por um decreto emitido pelo presidente Getúlio Vargas. Sua origem moderna remonta aos Estados Unidos, no começo do século XX.”
Mais uma vez a ampulheta dos tempos nos trás o dia das mães. Durante anos esta data me foi muito dolorosa, porque de minha mãe me lembro muito vagamente. A última lembrança que dela tenho foi quando nos despedimos e nos vimos pela última vez. Foi na estação ferroviária de Ponta Grossa (PR), onde então residíamos. Ela e o pai, o vô Chico, embarcaram. Mamãe sentou-se à janela do vagão e o vovô ao seu lado. Ela usava um chapéu com véu cobrindo-lhe o rosto, como era a moda naquele tempo. Chorava copiosamente porque tinha consciência de que era a última vez que nos víamos.
O chefe da estação trilou seu apito, o maquinista acionou a buzina da locomotiva e esta resfolegou. O comboio começou, lentamente a deslizar nos trilhos, ganhou velocidade e desapareceu na primeira curva. Nesse momento senti meu pai apertar minha mão esquerda. Não sei se chorava, pois não olhei para ele. Pirralho como eu era, com meus seis anos, ignorava por completo o que representava aquela dolorosa despedida.
Vovô a internou em hospital especializado no tratamento daquela mortal moléstia, em Campos do Jordão (SP). Não sei se ainda existe. Algum tempo depois papai nos chamou para informar que mamãe falecera no hospital.
Foi um gigantesco solavanco que sobre nós, eu e meus irmãos, desabou, alterando nossas vidas. Esta é a última lembrança que dela tenho. Às vezes ela emerge na minha memória com nitidez. Às vezes a imagem é esmaecida.
Lembro-me de que durante semanas, ou meses, ela permanecia trancada em seu quarto ao qual nós, eu e meus irmãos, não tínhamos acesso. Um dia ao ver a porta daquele quarto aberta, entrei correndo para vê-la mas a ouvi dizer peremptoriamente: “TIREM ESSE MENINO DAQUI JÁ E TRANQUEM A PORTA.”
Alguém me agarrou pelas axilas e cumpriu a ordem incisiva. Passei semanas chorando pelos cantos da casa porque minha mãe não mais gostava de mim, pensava eu.
Ela nasceu no dia 26.01.1908 e faleceu em 20.09.1941, com 33 anos de idade. Só anos mais tarde depois de sua morte, entendi a razão daquele gesto extremo: ela estava tuberculosa e não queria que os “bacilos de Koch” me contaminassem.
Hoje, passados 83 anos de sua morte, me ponho a imaginar como teria sido minha vida se não tivesse sofrido aquele terrível solavanco. Rendo muitas graças a Deus porque meus filhos, hoje cinquentões, só perderam a mãe quando adultos, já beirando os 50.
Ainda agora me lembrei de um marujo lá da BACS, Base Almirante Castro e Silva, que recebia seu soldo no Posto de Serviços Bancários que o Banco do Brasil mantinha lá. Seu grande sonho era assinar um contrato com garantia de cheques, como então se chamava o “cheque ouro.” Muito se esforçou para alcançá-lo. Por sugestão dos colegas do Posto, que conheciam aquele cliente há tempos, pedi que ele preenche-se um formulário para seu cadastramento. Aprovado o pedido, ele recebeu o tão sonhado cheque ouro.
Em uma segunda-feira após o Dia das Mães, o rapaz, feliz da vida, me disse:
Seu Rui a mamãe está muito feliz com o senhor!
Comigo? Eu nem a conheço.
No sábado disse à mamãe para não cozinhar no domingo porque almoçaríamos fora. Fomos eu, ela e meu irmão. Na hora de pagar a conta, puxei o talão de cheques e o respectivo cartão de garantia. Meu irmão arregalou os olhos e perguntou: “Como é que você conseguiu isso?”
Como podem observar, o Dia das Mães também me faz recordar de bons momentos.
Por fim, sugiro que vocês que tem o privilégio de ter em suas mães ainda vivas, lembrem-se de que ela é um tesouro de inestimável valor e lhes dêem um forte abraço, acariciem suas cãs e tratem bem delas apesar dos problemas que possam ter em função de suas longevidades.
RUI XAVIER ASSUNÇÃO
Rio de Janeiro, RJ