Sábado, 14/02/15 — ASTUTOS COMO AS SERPENTES

Êxodo 12.36
 
Como sair do Egito? Seria preciso lutar, mas o povo não tinha força militar, nem em treino, nem em armamento. Era um povo pacífico.
Sair do Egito era o plano de Deus, no entanto.
A luta se realiza, mas em campos diferentes, não no da força humana.
O primeiro recurso foi a diplomacia. Como embaixadores de Deus, Moisés e Arão tentaram convencer o Faraó (Êxodo 7.16). Como sabiam que ele não deixaria, não pediram para o povo ir embora, mas para chegar ao deserto para cultuar. Não funcionou. O Faraó se manteve firme em sua desobediência a Deus.
O segundo recurso foi pegar objetos dos egípcios (Êxodo 3.22). Uns vieram por empréstimo, que não seria devolvido. Outros vieram por doação, voluntariamente.
O terceiro recurso foi o conjunto de golpes (ou pragas) que Deus desferiu contra os egípcios. Só a última (a eliminação dos primogênitos egípcios) funcionou e o povo pôde sair, embora logo o Faraó se arrependesse e começasse a perseguição.
Os dois primeiros recursos (diplomacia e apropriação de objetos) foram sugeridos por Deus. O terceiro aconteceu por intervenção direta de Deus.
A violência por parte de Deus se fez necessária como último recurso porque todos os recursos não funcionaram. O plano precisava seguir para o bem de toda a humanidade. Além disso a violência contra um povo pobre, como o israelita, tinha chegado ao seu limite, como aconteceu com os cananeus.
O pedido de Moises para uma saída breve era parte do jogo diplomático. O Faraó sabia das verdadeiras intenções de Moisés. O líder estava sendo astuto com uma serpente, segundo o futuro conselho de Jesus, para defender a vida, a sua e a do seu povo. É como um chefe de família que, sequestrado, omite informações aos bandidos para preservar a sua vida ou a da sua família.
Os gestos das mulheres, ao pedirem objetos emprestados sem intenção de devolver, deve ser entendido como uma estratégia de sobrevivência. Boa parte delas trabalhava nas casas dos egípcios, com remunerações que não lhes permitia ter o básico para suas famílias. Se saíssem de mãos vazias, não sobreviveriam no deserto. Com umas patroas, não precisaram usar de nenhum ardil, porque elas foram generosas; com outras, precisaram apelar para este recurso e assim contribuir para o sucesso da saída do Egito.
Assim, os três recursos foram formas pelas quais Deus lutou pelo povo (Êxodo 14.14)
Estamos, nesses casos, diante de uma ética excepcional. A ética regular é" "sim", "sim", "não", "não" (Mateus 5.37).