Um dos terríveis inimigos que temos a enfrentar é o cansaço, que pode ser físico e/ou emocional.
O cansaço físico vem quando desenvolvemos tarefas além de nossa capacidade de as realizar.
O cansaço é um déficit. Ficamos cansados quando as energias gastas não são repostas em tempo hábil para serem novamente gastas.
O cansaço é um desequilíbrio entre a força real e a força necessária, o que faz com que o peso daquela tarefa nos chegue como uma sobrecarga.
O cansaço se torna uma realidade quando ignoramos o nosso ritmo e nos pomos a correr numa velocidade além de nossa competência.
O cansaço nos deixa fracos até para fazer o que sempre fizemos.
Diante desta perspectiva, podemos continuar cansados ou podemos descansar. Não há meio termo.
Como as exigências são muitas e queremos dar conta do que nos cabe, ou achamos que nos caiba, continuamos, mais cansados hoje do que ontem, mais exaustos amanhã do que hoje.
Como queremos competir com os mais velozes do que nós nos ritmos deles, como se não fôssemos pessoas diferentes, arrebentamos os nossos músculos, às vezes irrecuperavelmente e, quando isto acontece, somos deixados de lado pelo sistema ao qual servimos como escravos.
Como queremos provar a nós mesmos que não somos frágeis, nossas forças vão sendo drenadas, como a água desperdiçada na rua por um cano rompido.
Já o cansaço emocional é o desgaste dos músculos vitais que nos sustentam. Então, todo o peso é recebido sobre os nossos ombros como se fosse insuportável.
Quando estamos cansados emocionalmente, nossos neurônios fazem devagar demais as conexões que antes faziam como a vertigem de um veículo na descida.Assim, os agradáveis cantos dos pássaros se tornam irritantes, os melhores sonhos terminam em pesadelos, os dias antes breves se tornam longos e as noites outrora serenas parecem intermináveis; fica firme apenas a tristeza de viver.
O cansaço emocional se alimenta de si mesmo, até que o último grão seja comido. E vem a fome.
O cansaço emocional é filho da decepção que se repete, é consequência de perdas que se acumulam, é esgotamento de energias freneticamente distribuídas, é vitória das feridas na alma.
O cansaço emocional vem quando damos o que não mais temos ou nunca tivemos, quando não equilibramos as colunas do "posso" e do "não posso" nos deveres da vida, quando vamos além do que devemos e, ao fim, acabamos nos encurvando até tocarmos dolorosamente o chão.
A atitude simples a ser tomada é a mais difícil. Na hora do cansaço, não adianta resistir-lhe. É hora de perder para ele, que é o único caminho para a vitória. [CONTINUA]
ISRAEL BELO DE AZEVEDO