“Balaão respondeu a Balaque: Aqui estou eu. Mas, por acaso, falaria eu alguma coisa de mim mesmo? Só falarei a palavra que Deus puser na minha boca.” (Números 22.38).
Natural de Petor, uma cidade da Mesopotâmia, Balaão era famoso por seu poder espiritual. Em Josué 13.22, é chamado de advinho (o que é confirmado por Nm.23.23), mas 2Pedro 2.16 o chama de profeta. Era também praticante de feitiçaria (Nm.22.7; 23.23; 24.1). Por causa de sua fama Balaque, rei de Moabe, mandou buscá-lo de uma distância de mais de quinhentos quilômetros, para que o ajudasse contra os israelitas, que estavam acampados na fronteira de seu território, pouco antes de ocuparem a terra prometida.
Os emissários de Balaque levaram este recado a Balaão: “Peço-te que venhas para amaldiçoar este povo para mim, pois ele é mais poderoso do que eu. Talvez assim eu o vença e possa expulsá-lo da terra, pois sei que aquele a quem abençoares será abençoado, e aquele a quem amaldiçoares será amaldiçoado.” (Nm.22.6). E levaram também o pagamento pelo seu trabalho, pois, como todo feiticeiro, Balaão recebia por seus serviços. Mas Deus falou a Balaão que não fosse, pois não poderia amaldiçoar um povo a quem o Senhor já havia abençoado. Balaão disse aos representantes de Balaque que Deus não o permitira ir, mas omitiu a razão.
Balaque enviou novos e mais importantes emissários, com uma proposta de pagamento ainda maior. Balaão, que já tinha sido tentado a ir da primeira vez, ficou ainda mais ganancioso. Deus, então, permitiu que fosse, mas não para amaldiçoar Israel, e sim para abençoá-lo. Novamente Balaão omitiu este detalhe aos emissários do rei moabita. Entretanto, para que não se esquecesse do que lhe ordenara, o Senhor mandou seu anjo cercá-lo no caminho de ida, para adverti-lo. Balaão não viu o anjo, mas a jumenta que ele montava viu, e não queria prosseguir. O feiticeiro espancou-a tanto que ela falou e reclamou dos maus tratos. Só então ele viu o anjo, o qual lembrou-lhe que devia falar somente o que Senhor mandasse.
E foi o que ocorreu. Balaque levou-o a três elevações diferentes de onde podia avistar o acampamento israelita, e nas três vezes Balaão abençoou Israel em vez de amaldiçoar. Nas duas primeiras vezes, usou seus recursos de feiticeiro, mas na terceira vez “não saiu em busca de encantamentos, como de costume” (….). Então o Espírito de Deus veio sobre ele.” (Nm.24.1,2). Dessa vez Balaão proferiu também uma profecia sobre o futuro de Israel (Nm.24.3-9,17-19). Um pouco mais tarde Balaão foi morto pelos israelitas, na guerra contra os midianitas (Nm.31.8)
Balaão é citado no Novo Testamento. Em 2Pedro 2.15 e Judas 11, como mau exemplo de líder religioso que faz o seu trabalho por ganância, visando lucro material. Hoje há muita gente do tipo de Balaão no meio evangélico. Em Apocalipse 2.14, numa advertência de Jesus à igreja de Pérgamo: “Tenho algumas coisas contra ti, porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, que ensinou Balaque a fazer os filhos de Israel pecarem, induzindo-os a comer das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem.” A conclusão é que Balaão ensinou aos moabitas e midianitas que a única maneira de desgraçarem os israelitas seria atraindo-os para a idolatria e a prostituição cultual. E é justamente isso que o capítulo 25 de Números registra. A doutrina de Balaão é hoje representada pelo secularismo que se infiltrou na fé evangélica.
Pr. Sylvio Macri