FARPAS NOS OLHOS E ESPINHOS NAS COSTAS (Sylvio Macri)

“Se, contudo, vocês não expulsarem os habitantes da terra, aqueles que vocês permitirem ficar se tornarão farpas em seus olhos e espinhos em suas costas. Eles lhes causarão problemas na terra em que vocês irão morar.” (Números 33.55 – NVI).
 
Muito interessantes as figuras usadas aqui para mostrar como a preservação de parte do povo que deveria ser totalmente expulso da terra prometida traria sofrimento ao povo de Israel. Josué usa outras palavras para dizer o mesmo: “Se de algum modo vos desviardes e vos associardes às nações que ainda restam entre vós, e com elas vos casardes, e vos tornardes amigas delas, (….) elas se tornarão um laço e uma armadilha para  vós, e açoite para as costas, e espinhos para os olhos.” (Js.23.12,13). 
 
Quem conhece a história bíblica sabe que, de fato, foi o que o aconteceu. A influência dos cananitas levou os israelitas à idolatria e à quase total destruição. Sendo um povo pastoril, Israel precisou aprender a agricultura com o povo da terra que ocupou. Como bem observa o meu antigo professor Richard Sturz, os israelitas, “ao trocar um estilo de vida nômade por um agrícola, nunca conseguiram separar as regras agrícolas cananeias da religião cananeia. A realidade dessas regras estava ligada de maneira muito estreita com as crenças da religião.” (Teologia Sistemática, Vida Nova, SP, 2012, p.324). 
 
As principais divindades cananitas eram Baal e Astarote, um casal de deuses da fertilidade, que, portanto, supostamente abençoavam tanto a agricultura com chuvas e colheitas abundantes, como a pecuária, dando fertilidade aos animais. Infelizmente, os israelitas aderiram ao culto desses deuses, esquecidos que o dono da chuva, das sementes, o criador dos animais e de tudo o mais, era o Senhor que os havia tirado do Egito. E, depois de longos anos de rejeição ao Senhor, ele os puniu com um novo cativeiro, primeiro na Assíria e depois na Babilônia. A parte do povo que foi para a Assíria praticamente desapareceu e somente um remanescente é que voltou da Babilônia..
 
E foi assim que os habitantes da terra que eles permitiram ficar se tornaram farpas em seus olhos e espinhos em suas costas. Muitos cristãos hoje estão convivendo e transigindo com a idolatria, incorrendo no mesmo risco. Mas o apóstolo aconselha: “Fugi da idolatria.” (!Co.10.14).
 
Pr. Sylvio Macri