Um apelo dos batistas de Gaza (Palestina)

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Traduzi da revista da Aliança Batista Mundial (edição de abril-junho de 2009) o seguinte artigo.
Vale a pena ler toda a revista, em que há inclusive um artigo de um pastor israelense, que merece reflexão. LEIA AQUI EM INGLÊS.

Os batistas da Palestina
Hanna Massad
(Pastor da Igreja Batista de Gaza na Palestina. Ele está temporariamente nos Estados Unidos, por razões de segurança)

A obra batista na Palestina começou por volta do ano de 1954, com missionários da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos.
Entre os primeiros ministérios estabelecidos estavam a Igreja Batista de Gaza, um hospital e uma escola de enfermagem, que logo obteve ampla reputação em Gaza. O objetivo era prover um ministério integral para a pessoa — corpo, alma e espírito.
Em 1968, uma biblioteca pública cristã foi aberta. Três anos depois, a Escola Lighthouse (Casa da Luz) foi fundada em parceria com outras organizações cristãs, tendo hoje 185 alunos, desde o jardim da infância.
Uma clínica de saúde para mulheres foi fechada temporariamente em função do fato de que várias famílias (inclusive a minha) foram evacuadas de Gaza por causa da perseguição enfrentada pelos cristãos.
Esperamos retomar a clínica, quando retornar a Gaza no verão. Entretanto, ações de socorro continuam, como a distribuição de alimento para os que estão em grande necessidade.
Espero gastar toda a minha vida em Gaza. Neste tempo todo ali, vivemos lado a lado em amor e respeito com nossos vizinhos muçulmanos. No entanto, as coisas se deterioraram seis anos atrás e agora a situação ficou difícil e perigosa para os batistas e outros cristãos. Grande parte deste perigo advém de pequenos grupos de militantes islamitas em Gaza.
Vivemos entre dois fogos — o fogo da ocupação israelita e o fogo dos militantes islamitas. Estamos no mesmo barco que nossos vizinhos muçulmanos quando Israel ataca Gaza. Vários membros da comunidade cristã morreram por causa da agressão israelita a Gaza.
A guerra recente que terminou em janeiro foi a mais sombria e sanguinolenta que vi em Gaza.
Desde 1967, mais de 1.375 gazenses foram assassinados e mais de 5.000 foram feridos por causa das ações israelitas, metade dos quais mulheres e crianças.
Na guerra mais recente, muitas pessoas não conseguiram encontrar um lugar seguro quando ficaram sem suas casas em Gaza.
Um de nossos parentes, uma menina de 15 anos, Kristine, morreu em conseqüência do bombardeio israelita. Seu pai, um médico, não pôde ajudá-la. As pessoas ficaram traumatizadas pela intensidade dos bombardeiros. Pessoas inocentes de Gaza são as únicas a pagar o preço.
O templo da Igreja Batista de Gaza Batista Igreja não foi poupado, tendo sido atingido quando Israel bombardeou a delegacia de polícia que fica a uns dez quilômetros. Várias janelas e estruturas foram explodidas
Além disto, sofremos ataques dos militantes. Rami Ayyad, membro da Igreja Batista de Gaza, foi executado por militantes muçulmanos em outubro de 2007 por causa de sua fé cristão.
Os grandes veículos de comunicação relatam principalmente a morte de judeus e palestinos, mas somente estão reportando o sintoma, não o problema. A raiz do problema é o persistente controle da vida dos palestinos por Israel. O problema fundamental é a ocupação. Precisamos ficar livres da ocupação e ao mesmo tempo dar segurança a Israel.
Há também a necessidade de se encontrar uma maneira de proteger as minorias cristãs na Palestina. Logo após a execução de nosso querido irmão  Rami Ayyad, a polícia secreta de Gaza disse que não era capaz de nos proteger. As pessoas que mataram Rami continuam livres. Que devemos fazer como cristãos que vivem em Gaza?
Através da Escola Lighthouse e de outros ministérios dos batistas, boas sementes têm sido plantadas nos corações de muitas pessoas em Gaza. Mesmo que estejamos sempre em risco, cremos que a Igreja sobreviverá à perseguição que enfrenta. A Igreja Batista Gaza continua a se encontrar em pequenos grupos todo domingo às 5 horas da tarde.
Pedimos suas orações. Juntem-se a nós. Queremos estar em  Gaza porque Deus nos chama a refletir Seu amor ao nosso próximo. Continuamos inspirados pelo testemunho e pela fidelidade de Rami.
Cremos na palavra de Deus e em Suas promessas de que não estaremos sozinhos. Sabemos também que pertencemos a uma grande família — a família de Deus ao redor da terra — o corpo de Cristo. Seu interesse nos inspirará a ficar firmes na plenitude da chamada de Deus para nossas vidas.
(Tradução de Israel Belo de Azevedo)