O PECADO DE ACÃ É MAIS COMUM DO QUE SE PENSA (Sylvio Macri)

“Mas os israelitas cometeram uma transgressão no caso do anátema, pois Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema; e a ira do Senhor se acendeu contra os israelitas.” (Josué 7.1).
 
Antes da tomada de Jericó pelos israelitas o Senhor tinha determinado: “A cidade, porém, com tudo que nela houver, será anátema ao Senhor. (….) Guardai-vos do anátema para que não tomeis dele coisa alguma. (….) Pois toda prata, o ouro e os objetos de bronze e de ferro são consagrados ao Senhor; irão para o tesouro do Senhor.” (Js.6.17-19). A palavra anátema é uma tradução do hebraico herem, e aqui tem o sentido de algo que Deus determinou que fosse consagrado a ele, cabendo ao seu povo fazer o que ele ordenou a respeito desse anátema. podendo ser a destruição ou a preservação. No caso de Jericó, tudo, inclusive seus habitantes, deveria ser destruído pelo fogo, com exceção de Raabe e sua família, e dos objetos de ouro, prata, bronze e ferro, os quais iriam para o tesouro do Senhor.
 
Acã, porém, não levou muito a sério a ordem divina. Por isso, os israelitas foram fragorosamente derrotados na batalha seguinte, contra a cidade de Ai, muito menor que Jericó. Josué reclamou amargamente contra Deus por causa desse fracasso, e o Senhor respondeu-lhe que alguém do povo tinha tomado do anátema, e mandou que ele o reunisse, para que ele, Deus, mostrasse quem cometeu esse pecado. Descoberto, Acã confessou: “Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, duzentos siclos de prata e uma barra de ouro do peso de cinquenta ciclos, eu os cobicei e os tomei; estão escondidos na terra, no meio minha tenda.” (Js.7.21). Após isso, Acã e toda a sua família foram apedrejados e queimados, juntamente com todos os seus bens, inclusive o anátema.
 
A distância histórica nos dá uma posição confortável com relação a Acã, mas não nos enganemos: em nossas próprias igrejas hoje em dia, o pecado de Acã é muito mais comum do que pensamos. E, do alto da minha experiência pastoral, posso afirmar que o número dos que o cometem não é pequeno. A ordem do Senhor é insofismável: “Trazei todos os dízimos ao tesouro do templo, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos exércitos, e vede se não abrirei as janelas do céu e não derramarei sobre vós tantas bênçãos, que não conseguireis guardá-las.” (Ml.3.10), mas contam-se às dezenas – ou centenas, conforme o tamanho da igreja- aqueles que retêm e usam o que pertence ao Senhor. Se acontecesse com esses crentes o que aconteceu com Acã, nossas igrejas estariam bem menores.
 
Pr. Sylvio Macri