CALEBE (Sylvio Macri)

“Como prometeu, o Senhor conservou-me em vida estes quarenta e cinco anos, e isso desde o tempo em que o Senhor falou esta palavra a Moisés, quando Israel ainda andava no deserto; e hoje já tenho oitenta e cinco anos. Ainda hoje estou tão forte como dia em que Moisés me enviou; a minha força então era como é agora, tanto para guerrear como para trabalhar.” (Josué 14.10,11).

Calebe é um personagem bíblico que nos encanta por sua longevidade e jovialidade, mas também, e principalmente, por sua fé e perseverança.

Ele e Josué foram os dois únicos sobreviventes dos israelitas que saíram do Egito. Ao chegar às portas da terra prometida, os dois, com mais dez líderes do povo, foram enviados por Moisés para fazer uma avaliação das situações e das dificuldades ou facilidades que encontrariam ao penetrar em Canaã. Quem conhece a história sabe que o grupo se dividiu: Josué e Calebe, de um lado, deram um relatório favorável. Isto é, a conquista da terra, apesar de todas as dificuldades, era perfeitamente viável, porque o Senhor lhes daria a vitória. De outro lado, os dez restantes deram um relatório profundamente pessimista, levando o povo à desesperança.

Por essa razão o povo foi levado a peregrinar durante anos, andando em círculos no deserto, isso para que toda aquela morresse e fosse sepultada ali mesmo, pois, indignado com a sua incredulidade e infidelidade, o Senhor determinara que nenhum deles entraria na terra prometida, a não ser Josué e Calebe. Josué era auxiliar direto de Moisés e Deus o escolheu como sucessor de Moisés e condutor do povo nas guerras de conquista da terra prometida. Calebe recebeu uma belíssima promessa do Senhor, por meio de Moisés: “Certamente a terra em que o teu pé pisou te será por herança para ti e para teus filhos para sempre, porque perseveraste em seguir o Senhor meu Deus.” (Js.14.9).

Sua longevidade, portanto, se explica por essa promessa. Deus lhe deu vida longa para ver o seu cumprimento, quarenta e cinco anos mais tarde. Quantos de nós esperariam tanto tempo pela promessa de Deus? Sua jovialidade se explica por aquilo que, muitos séculos depois, seria dito por Isaías: “Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços cairão, mas os que esperam no Senhor renovarão suas forças; subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; andarão e não se fatigarão.” (Is.4030,31).

Portanto, sua longevidade foi um prêmio à sua fé, e sua jovialidade, um prêmio à sua esperança.

Pr. Sylvio Macri