“Mas Joás disse a todos os que se puseram contra ele: Acaso sereis vós que defendereis Baal? (….) Se ele é Deus, que se defenda a si mesmo, pois o altar dele foi derrubado.” (Juízes 6.31).
Jerubaal foi apelido que deram a Gideão, um personagem emblemático da história de Israel, a quem o Senhor se manifestou de maneira extraordinária, para incumbi-lo de liderar os israelitas numa guerra de libertação contra os midianitas. Deus deu-lhe ordem de começar sua campanha vitoriosa derrubando, naquela mesma noite, o altar do ídolo Baal que seu próprio pai, Joás, havia erguido na propriedade da família.
Pela manhã os homens da cidade viram o altar destruído e descobriram que fora Gideão que o derrubara. Dirigiram-se à casa de seu pai e disseram: “Traz para fora teu filho, para que morra, porque derrubou o altar de Baal e cortou o poste de Aserá que estava ao seu lado.” (Jz.6.30). Foi quando Joás respondeu-lhes com as palavras do v. 31 acima transcrito. O v.32 diz que, “por isso naquele dia, chamaram Gideão de Jerubaal”.
Ao pé da letra. Jerubaal quer dizer “Que o Senhor lute por mim”, mas o quando aplicado a Gideão, seu sentido foi mudado para “Deixe Baal lutar contra ele”, reproduzindo a ironia de Joás: “Se ele é deus mesmo, não precisa ser defendido por seres humanos”. É interessante que Gideão provavelmente também não era o nome verdadeiro do herói israelita, pois significa “lenhador”, e talvez lhe tenha sido atribuído por ter transformado o poste da deusa Aserá em lenha para o holocausto que oferecera ao Senhor naquela noite.
Séculos mais tarde, os profetas Jeremias, Isaías e um salmista anônimo expuseram, assim como Gideão e Joás, a impotência dos ídolos e a irracionalidade da idolatria. Diz o salmo 115 que os ídolos “Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam.” (vs.5-7). Jeremias lembra que os ídolos “são como um espantalho num pepinal, não podem falar e precisam de alguém que os carregue, pois não podem andar.” (Jr.10.5).
Isaías comenta que os idólatras cortam uma árvore na mata e gastam a metade dela como combustível para cozinhar seus alimentos. Com a outra metade esculpem um ídolo. Depois “eles o põem sobre os ombros, levam-no e o colocam no seu lugar, e ali permanece; não consegue se mover do seu lugar. Se recorrem a ele, não dá nenhuma resposta, nem livra alguém da tribulação.” (Is.44.16,17; 46.7).
Nesse nosso tempo de tanto secularismo e tanta racionalidade, a idolatria continua sendo praticada por centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.
Pr. Sylvio Macri