“E os israelitas disseram: Dizei-nos: Por que se cometeu essa maldade? Então o levita, marido da mulher que havia sido morta, respondeu: Cheguei com minha concubina a Gibeá, que está situada em Benjamim, para passar a noite. Os cidadãos de Gibeá se levantaram contra mim, cercaram a casa em que eu estava e tentaram me matar. E violentaram minha concubina, de modo que ela morreu.“ (Juízes 20.3,4).
Um levita e sua esposa viajavam de Belém para a região montanhosa de Efraim e tiveram que entrar na cidade de Gibeá, pois a noite os pegou na estrada e era preciso buscar abrigo até que amanhecesse. Mas ninguém lhes ofereceu ajuda, por isso resolveram passar a noite na praça. Até que um senhor idoso, também efraimita, ofereceu-lhes hospedagem. Quando já estavam acomodados, “uns homens daquela cidade, filhos de Belial” (Jz.19.22), cercaram a casa do idoso e gritaram-lhe que trouxesse o levita para fora, pois queriam abusar sexualmente dele. O idoso recusou-se a atendê-los, mas como insistissem, o levita entregou-lhes sua concubina.
A pobre mulher foi violentada por eles a noite toda, e quando o idoso abriu a porta de manhã, seu corpo jazia bem na entrada da casa. O levita colocou o corpo sobre seu animal de carga e completou a viagem. Chegando em casa repartiu-o em doze pedaços e os enviou a todas as tribos de Israel. Ao tomarem conhecimento desse crime hediondo, os israelitas convocaram uma assembleia, ouviram o depoimento do levita e decidiram punir os criminosos. “Então as tribos de Israel enviaram homens por toda a tribo de Benjamin para lhe dizerem: Que dizeis dessa maldade que se fez entre vós? Agora entregai-nos esses homens, filhos de Belial, que estão em Gibeá, para que os matemos e eliminemos esse mal de Israel.” (Jz.20.12,13).
Em vez de entregar os criminosos, os benjamitas resolveram defendê-los e enfrentar as outras tribos. O resultado foi que os homens de Benjamim quase foram totalmente exterminados nessa guerra fratricida, tendo restado apenas 600. Aqueles homens depravados de Gibeá trouxeram um grande desgraça sobre o levita e sua mulher, sobre sua cidade, sua tribo e sobre todo o povo de Deus, que chorou e lamentou diante do Senhor (Jz.21.2).
A origem da expressão “filhos de Belial” é controvertida, mas seu sentido aqui é relacionado com o mal em toda a sua plenitude, podendo significar “filhos da iniquidade ou perversidade”. São filhos de Belial todos os que premeditam e praticam o mal. Eles se multiplicaram tanto em nosso tempo, que os que buscam e praticam o bem, sentem-se constrangidos e até envergonhados por sua retidão. O descaramento dos criminosos é tão grande, que se orgulham de seus crimes e festejam sua impunidade.
Mas o que Jesus disse ainda está valendo: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados.” (Mt.5.6).
Pr. Sylvio Macri