PASTORES PARALÍMPICOS (Oswaldo Jacob)

Este tema é bastante coerente. Os pastores de fato, de verdade, não são olímpicos, mas paralímpicos, defeituosos, com muitas limitações. Esta verdade encontro em  Jacó no vau de Jaboque. Após sair da casa de Labão, ter a experiência em Manaaim e mandar emissários para negociar o encontro com Esaú, seu irmão, que foi enganado por ele, e depois de passar toda a sua comitiva adiante, ele fica só, para viver a sua benéfica solitude Jacó, porém, tem uma experiência dura, difícil, mas enriquecedora ao lutar com o anjo no vau de Jaboque (Gn 32.22-32). Durante a noite, longa noite, um homem pôs-se a lutar com ele (32.24). O anjo, ao perceber que Jacó lutava ferozmente, tocou a junta da sua coxa, a região do quadril, aleijando-o. O anjo queria ir, mas Jacó não o soltava até ser abençoado por ele. Foi o que aconteceu (32.25-29). Ele teve o seu nome mudado para Israel, príncipe de Deus, porque lutou com Deus e com os homens, prevalecendo (32.28). O lugar foi chamado pelo patriarca de Peniel (hb. face de Deus), quando testemunhou: “De fato vi a Deus face a face e a minha vida foi preservada” (32.30). 
 
SOMOS FALHOS 
Esta história nos leva a refletir bastante. Como homens de Deus, temos muitas falhas, incoerências, lutas internas, taras, e outras mazelas. Lutamos com Deus em oração. Agarramo-nos a Ele até que nos abençoe. E é nesta condição que Ele nos toca, nos responde para que fiquemos mais e mais dependentes dele. Corremos de um lado para outro como atletas olímpicos, mas Ele nos  toca no lugar certo para que manquemos e diminuamos os nossos passos e vivamos no descanso, na confiança de  que Ele opera de forma perfeita, que Ele trabalha para aqueles que nEle esperam (Is 64.4). O Senhor Jesus não tirou o espinho da carne de Paulo, mas prometeu a Sua graça que basta, que se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.9,10). Debaixo de Sua graça, devemos aprender com Ele a ser mansos e humildes de coração (Mt 11.29).  
Pastores olímpicos dependem de si mesmos, de sua capacidade intelectual, seu arcabouço teológico, seu carisma, sua capacidade de comunicação e articulação. Encastelam-se em si mesmos, nos seus predicados. Investem em sua imagem, em seu modo narcisista. Vivem correndo no ativismo, fazendo a obra de Deus e se esquecendo do Deus da obra, da devocional com Ele e de uma vida de descanso na fidelidade daquele que tudo pode. Estão buscando o crescimento da Igreja utilizando métodos científicos e não o estilo de vida do Novo Testamento, cujo principio é uma vida cheia do Espírito Santo e marcada pela cruz. 
 
SOMOS DEPENDENTES DE DEUS 
Mas os pastores paralímpicos são humildes, simples, dependentes, sensíveis, mansos, gratos e profundamente conscientes de suas limitações. São homens de oração e que amam as Escrituras,  as expondo com convicção, temor e tremor. Estes andam no meio das ovelhas de Cristo Jesus. Não se consideram pastores, mas co-pastores de Jesus Cristo. Amam a família e a Igreja, buscando o equilíbrio em Cristo Jesus. Os obreiros de Deus apreciam Peniel, pois desejam ardentemente comunhão íntima com o Senhor, vê-lO face a face à semelhança de Jacó (32.30). O apóstolo Paulo vai nesta mesma direção dando um belíssimo testemunho: “Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, que vem do Espírito do Senhor” (2 Co 3.18). 
 
Como pastores paralímpicos, aprendemos com Jacó a nos arrepender dos nossos enganos e espertezas; a ficarmos sós com Javé; a lutarmos com Deus em oração perseverante; a não ter vergonha de dizer quem somos; a submeter nossas vidas ao Senhor; a permitir que Ele toque no lugar sensível para nos humilhar, quebrantar e nos fazer dependentes dEle; a pedir a benção espiritual todos os dias; e a viver uma vida de contrição e reverência. Em Peniel, o patriarca aprendeu a ter mais intimidade com o Senhor; a amar o seu irmão, reconhecer seu erro e pedir perdão. Ao viver a intimidade com Deus, Jacó, transformado em Israel, passou a experimentar limitações, dependendo de outros. Como precisamos do Senhor e uns dos outros! Como precisamos ser tocados para abençoarmos outros. Jacó, agora Israel, que acumulara bens, os reparte com o seu irmão de quem havia tirado a primogenitura. A graça de Deus em Cristo faz isso conosco. Deus é glorificado quando dependemos dEle e vivemos em amor uns com os outros!