Stéphane Hessel é um diplomata de 92 anos. Em 1948, ano da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ele era um jovem diplomata e hoje é o último sobrevivente dos redatores da declaração.
Numa recente entrevista, ele afirmou:
GAZA
O que se passou em Gaza não honra os israelenses. (…) É evidente que a maneira como foi conduzida a ofensiva é totalmente contrária a todas as convenções internacionais sobre a utilização de certas armas, sobre a destruição de monumentos, sobre o ataque contra civis. Mesmo que os israelenses possam se justificar dizendo que era pela segurança de Israel, para lutar contra terroristas do Hamas, isso não convence a comunidade internacional. A impressão que temos é que eles se entregaram a um projeto de destruição do Hamas que não era compatível com as regras internacionais.
SOLUÇÃO
Não há pequenas soluções intermediárias temporárias. (…) Hoje, todos os que pensam esse problema com seriedade dizem que só há uma solução: dois Estados. É preciso que exista um Estado Palestino que disponha de soberania e independência, isto é, ter contato com o resto do mundo, não viver com fronteiras fechadas, poder haver comunicação entre Gaza e a Cisjordânia, dispor de uma capital que só pode ser Jerusalém Oriental e encontrar uma solução para o retorno dos numerosos refugiados.
MUDANÇA DE PERSPECTIVA
Sempre fui um defensor da necessidade de os judeus terem seu Estado. Estava em Nova York, nas Nações Unidas, em 1947 e 1948 quando meus colegas e eu trabalhávamos para dar vida ao Estado de Israel. Ficamos felizes que esse Estado pudesse ser criado para os judeus que tinham sofrido tanto não somente sob o nazismo mas durante séculos, depois de terem sido obrigados ao exílio. Não sou um inimigo de Israel, ao contrário, sou um amigo e por isso penso ser de seu interesse e de todos os que em Israel enxergam longe chegar a uma negociação positiva, construtiva com a criação de um Estado Palestino.
(Fonte: Folha de S. Paulo, de 17;5;2009)