ACADEMIA DA ALMA 8 — CELEBRE (4/10)

A vida em 10 atitudes, 4 
ACADEMIA DA ALMA, 8
CELEBRE
 
PARA MEMORIZAR
"Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou". 
(Êxodo 20.8-11 – ARA)
 
PARA PENSAR
"Em nome de Deus, pare um momento, interrompa seu trabalho e olhe em volta de você".
(Leon Tolstoy)
 
PARA VIGIAR
Não permitirei que as práticas que cercam sejam as minhas práticas, porque eu seguirei todos os Dez Mandamentos, inclusive o que me manda trabalho e também repousar.
 
PARA ALCANÇAR
VIVEREI de modo equilibrando, trabalhando duro e descansando sempre.
 
É a atitude perante a vida que a torna suave ou pesada, tirados aqueles que realmente enfrentam adversidades que não conseguem alterar. 
Como todos vivemos, importa como vivemos. É o "como" da vida que a faz boa ou ruim.
Somos, às vezes, Noemi ("doçura") e, às vezes, Mara ("amagura"). Sim, há momentos de amargura (no tempo da perda, da decepção, da derrota), mas a vitória sobre a amargura depende também de uma disposição interior. E é neste campo que uma fé madura faz uma diferença fundamental.
Esta disposição é igualmente fundamental para a compreensão do trabalho, que ocupa a maior faixa do nosso tempo diário e o maior espaço em nossa vida
Em relação ao trabalho, o modo como o fazemos é decisivo.
Na sua coletânea de mandamentos universais, Deus trabalho do tema do trabalho:
 
"Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou". 
(Êxodo 20.8-11 — ARA)
 
 
1. TRABALHE. DEUS TRABALHA.
O trabalho faz parte do quarto mandamento: "seis dias trabalharás".
"Seis dias trabalharás". Fica consignado que o trabalho é uma ordem de Deus para todos os seres humanos. Quem trabalha depende de si mesmo para sobreviver, não do trabalho dos outros. O trabalho é digno, desde que feito com caráter, isto é, com princípios que você praticaria em sua casa.
 
1. "Seis dias trabalharás".
Como advertiu Dorothy Sayers, a heresia principal do mundo moderno é a sua incapacidade de ver o trabalho como "a expressão da força criativa do homem a serviço da sociedade", ao recebê-lo apenas como algo que uma pessoa faz para ganhar dinheiro e se divertir.  
 
2. "Seis dias trabalharás". O trabalho deve ser uma extensão da fé. Temos dificuldade em perceber de forma unificada o nosso trabalho e a nossa fé. Eles são parte de um só mundo, não de dois.   
Aprendemos na Bíblia, sobretudo no Novo Testamento, que Deus não retrata a vida cristã como se fosse dividida entre duas esferas: uma secular e outra sagrada. Em Cristo, o que antes era visto como secular foi tornado sagrado. O muro entre estas duas esferas foi derrubado.  
O que importa que todas as coisas estejam em harmonia com a vontade de Deus. "Nosso lar, nosso trabalho, os medicamentos, os esportes — até mesmo o sexo — podem estar em harmonia com a vontade de Deus ou ser contrários a ela". Este é o fator decisivo.  
Assim o trabalho é sagrado, o descanso é sagrado. O secular não existe. O que é sagrado é o que está em harmonia com os mandamentos de Deus. Se o trabalho está em harmonia, é sagrado. Se o lazer está em sintonia com a vontade de Deus, é sagrado. Se a vida familiar é desenvolvida na certeza de que Deus faz parte dela, é sagrada.
 
3. "Seis dias trabalharás". Falta um dia na semana, para indicar que o propósito da vida não é o trabalho. Ele é parte da vida, não o seu sentido. O quarto mandamento é também sobre a idolatria. "Quem faz do trabalho o propósito da sua vida — mesmo que seja o ministério cristãos — cria um ídolo que compete com Deus. Nosso relacionamento com Deus é o alicerce mais importante da vida e, na verdade, é ele que impede que todos os outros fatores — trabalho, amizades, família, lazer e diversão — se tornem tão importantes a ponto de se transformarem em vício e distorção".  
Não idolatre o trabalho como se fosse a fonte de todo seu bem-estar.
Um profissional me escreveu para dizer que enfrenta no seu mundo, "porque por vezes opto por descansar mais ao invés de ir longas horas e milhas extra com o trabalho. Eles sempre querem mais". (Alexandre)
 
4. "Seis dias trabalharás". O trabalho gera três resultados: um é o dinheiro, por si mesmo. O outro é o sentido de missão. Há um terceiro, que é usar o dinheiro do trabalho para fazer o bem.
O jornal New York Times conta as histórias de pessoas que decidem trabalhar em setores que pagam bem, como o financeiro, com a esperança de poder ajudar a sociedade, não apenas a si mesmas, como parte do movimento  "altruísmo eficaz". É o caso de Matt Wage. Depois de se formar, em 2012, foi trabalhar numa empresa de corretagem de arbitragem financeira, certo de que, "por ganhar mais dinheiro, ele teria mais chances de mudar a vida de outras pessoas para melhor". Em 2013, ele doou a metade de sua renda bruta, revelou ao "NYT". Ele disse que pretendia continuar doando a metade do que recebia. "Tudo isso sugere que Wage talvez salve mais vidas com suas doações do que salvaria se tivesse se tornado funcionário de uma ONG". 
O jornal lembra ainda o chamado "investimento de impacto", que é a prática de usar o capital "para produzir um bem ou fornecer um serviço que cause impacto social positivo, ao mesmo tempo em que gera algum nível de retorno financeiro".
O trabalho precisa ser um lugar para se fazer o bem, seja por ele mesmo, seja pelo destino dado ao dinheiro que traz. Como disse um professor, os profissionais podem perceber que têm o potencial de fazer o bem, e não apenas de ganhar dinheiro".  
 
5. "Seis dias trabalharás". O trabalho nos iguala.
Todos os dias nos levantamos para trabalhar. Uns em casa; outros na rua.
O trabalho nos diferencia.
Uns amamos trabalhar. Outros odiamos trabalhar. Na verdade, são raras as pessoas que não gostam de trabalhar. O que gera desgosto em alguns é especificamente o que fazem ou o ambiente em que o fazem. Um trabalho bom (naquilo que se gosta) não pode ser bom se o ambiente é hostil, leviano, maledicente. Um trabalho bom não pode ser amado se as relações não são boas, se há injustiças flagrantes. Um trabalho bom não pode ser bom se é exercido sob as chibatas da escravidão, modernamente desenvolvidas por meio de metas absurdas ou de jornadas abusivas ou de remunerações iníquas.
Quem está nesta condição só tem duas coisas a fazer: pedir a Deus um outro trabalho e começar a olhar à sua volta em busca de novas oportunidades, mesmo que demandem mais estudo e mais esforço. A libertação poderá tardar, mas virá. Deus, que é justo e bom, é um trabalhador. Jesus mesmo o disse, quando cantou: "Meu Pai trabalha até agora". 
Felizes são assim os que têm um trabalho bom.
Felizes são os que se levantam com vontade de começar a desenvolver as suas atividades, sem ficar durante o dia mirando o relógio para a hora de parar.
Felizes são os que têm colegas ou sócios honestos, com os quais vale a pena estar.
Felizes são que notam que seu trabalho faz diferença na vida das pessoas.
Felizes são os que podem ver o seu trabalho como parte de sua vida, não como um apêndice abominável.
Quem é feliz no trabalho deve e pode, a cada dia, agradecer a Deus pelo presente recebido.
Quem é feliz no trabalho deve e pode se empenhar para não torná-lo ruim para os outros.
Quem é feliz no trabalho será ainda mais pleno, se fizer do seu ofício um trabalho de rei, como se estivesse num templo trabalhando a vida toda para o Rei do universo.
Quem trabalha demais, sem realmente precisar e sem descansar, está possuído pelo sentimento da onipotência.
 
 
2. DESCANSE. DEUS DESCANSA.
Ao "seis dias trabalharás" junta-se o "não farás nenhum trabalho" no dia do descanso (sábado).
Convidados a discorrer sobre seu descanso, muitos leitores dos meus textos responderam. 
Boa parte reconhece que não descansa quanto e como deveria.
Um escreveu: "Descansar é preciso e sei que pouco o faço!" (Madson)
Outra completou: "Temos que separar horas, até mesmo um dia, para meditar, orar, louvar" (Lucia Helena)
Uma professora se justificou: "Eu descanso pouco pois trabalho muito! O lado bom é que eu gosto muito do que faço e às vezes relaxo quando dou minhas aulas. É uma terapia pra mim". (Teresa)
"Não, eu não descanso. Sempre preciso estar fazendo pelo menos
duas coisas ao mesmo tempo". (Martha)
Um jovem lamentou: "Eu descanso meu corpo, mas tenho muita dificuldade de descansar a minha mente". (Carlos D.)
Descansar é um grande problema para as mulheres:
"Eu descanso menos do que eu preciso e menos do que eu gostaria, devido às necessidades de conciliar trabalho fora e dentro de casa". (Marcia)
"Quase não descanso. Não tenho tempo! Apenas durmo quando dá no tempo que der. Tenho uma filha pequena, trabalho e estudo a noite". (Marina)
Um pastor confessou: "Não descanso. Como um ensaio, comecei a separar um tempo de oração, na sexta a noite, que me obrigue a parar". (Cosme)
Uma jovem que estuda para concurso declarou: "Descanso? Isso não me pertence. Quem estuda para concursos estuda praticamente todos os dias". (Silesia)
Uma mãe lamenta: "Raramente descanso. Quando posso, chego em casa e deito no sofá. Ouvindo o silêncio. Vejo alguns programas na televisão a cabo e leio livros". (Leticia)
Uma secretária aposentada comenta: "Confesso que não descanso, de fato, pois sempre me surpreendo envolvida com vários afazeres". (Tânia C.)
O padrão é dado por um administrador: "Descanso pouco. Para descansar geralmente durmo ou vejo algum filme ou programa. Gosto de ler, mas já leio bastante em minha rotina normal. Quando possível, viajo com a família". (Paulo Wulhynek)
Poucos descansam. Alguns têm o descanso ainda como um projeto. É o caso de Abimael, que decidiu "levar a vida, e a mim mesmo, menos à sério!"
Quanto ao método, Valéria conta como faz: "Descanso andando, lendo, dormindo, dançando, conversando. Ajudando aos outros, indo ao teatro, olhar o mar, ouvir musica".
Marcia M. muda a atividade, correndo e nadando.
Os métodos de descanso são mesmo variados:
"Só descanso quando viajo". (Lucia M.)
"Cochilo 15 min à tarde no máximo e é raro. Descanso bastante na massagem. E descanso quando choro muito lavando a minha alma com Deus". (Bianka)
Uma senhora fez diferente: ela escolheu um estilo de vida em que trabalha menos. "Descanso em casa, curtindo a família, cozinhando, vendo seriados, lendo…. Não saio muito porque tenho bastante medo do Rio de Janeiro. Meu descanso acaba sendo afetado pelo "sistema" (tudo custa algo) e pela violência, mas tento ter momentos divertidos mesmo em casa". (Eliana)
Outra se serve da música. "Procuro colocar prazer em todas as minhas tarefas diárias, não permitindo faze-las com estresse. A música está presente no meu dia-dia". (Arilda)
Um executivo fala do seu método: "Prefiro descansar após finalizar projetos maiores ou encerrar alguma crise que esteja administrando. Talvez seja melhor administrar períodos de descanso durante esses momentos". (Alexandre P.)
Um advogado (Carlos G.) diz que dorme de três a quatro horas por noite e está satisfeito. Uma de sua formas de descanso é orar pelos enfermos.
Uma senhoria fala do seu método: "Descanso 20 min após o almoço. Durmo 8h à noite. Procuro deitar cedo. Descanso tb no lazer. Dar uma saidinha com a família para tomar um sorvete, ler um  livro,  ouvir música". (Miriã)
Veja o domingo de uma dona de casa: "No domingo, levanto mais cedo. Vou à igreja. Após o almoço, descanso assistindo meu programa predileto na TV. Faço visita a alguem que precise". (Dulcineia)
Outros colaboradores preferiram caminhar por uma via diferente, pensando no descanso espiritual.
"Nos momentos mais difíceis da minha vida pude experimentar um descanso divino! Eu tive a plena certeza de que Deus estava no controle da situação e que eu já havia feito TUDO que me cabia! A partir deste momento, pude realmente descansar! Vivi momentos de paz e tranquilidade, que excederam todo o meu entendimento! Em meio à tempestade, me sentia firme e segura! Pronta para enfrentar quaisquer obstáculos! Sentia-me com as forças renovadas! Este descanso só foi possível porque nestes momentos Deus ocupou o Seu lugar!" (Patrícia)
"Descanso o meu espírito em oração, conversando com o Espírito de Deus". (Rosana)
"Descanso firme na palavra, pois eu acredito que DEUS É meu pai e irá providenciar a solução do que está me atormentando. Também quando vem algum pensamento sobre a situação para me deixar angustiada, eu começo a louvar a DEUS". (Angélica)
Assim, uns preferiram falar do descanso do corpo, outros da mente e outros da alma.
Um dos terríveis inimigos que temos a enfrentar é o cansaço, que pode ser físico e/ou emocional.
O cansaço físico vem quando desenvolvemos tarefas além de nossa capacidade de realiza-las.
O cansaço é um déficit. Ficamos cansados quando as energias gastas não são repostas em tempo hábil para serem novamente gastas.
O cansaço é um desequilíbrio entre a força real e a força necessária, o que faz com que o peso daquela tarefa nos chegue como uma sobrecarga.
O cansaço se torna uma realidade quando ignoramos o nosso ritmo e nos pomos a correr numa velocidade além de nossa competência.
O cansaço nos deixa fracos até para fazer o que sempre fazemos.
Diante dessa perspectiva, podemos continuar cansados ou podemos descansar. Não há meio termo.
Como as exigências são muitas e queremos dar conta do que nos cabe, ou achamos que nos caiba, continuamos, mais cansados hoje do que ontem, mais exaustos amanhã do que hoje. 
Como queremos competir com os mais velozes do que nós nos ritmos deles, como se não fôssemos pessoas diferentes, arrebentamos os nossos músculos, às vezes irrecuperavelmente e, quando isto acontece, somos deixados de lado pelo sistema ao qual servimos como escravos.
Como queremos provar a nós mesmos que não somos frágeis, nossas forças vão sendo drenadas, como a água desperdiçada na rua por um cano rompido.
Já o cansaço emocional é o desgaste dos músculos vitais que nos sustentam. Então, todo o peso é recebido sobre os nossos ombros como se fosse insuportável.
Quando estamos cansados emocionalmente, nossos neurônios fazem devagar demais as conexões que antes faziam como a vertigem de um veículo na descida. Assim, os agradáveis cantos dos pássaros se tornam irritantes, os melhores sonhos terminam em pesadelos, os dias antes breves se tornam longos e as noites outrora serenas parecem intermináveis; fica firme apenas a tristeza de viver.
O cansaço emocional se alimenta de si mesmo, até que o último grão seja comido. E vem a fome.
O cansaço emocional é filho da decepção que se repete, é consequência de perdas que se acumulam, é esgotamento de energias freneticamente distribuídas, é vitória das feridas na alma.
O cansaço emocional vem quando damos o que não mais temos ou nunca tivemos, quando não equilibramos as colunas do "posso" e do "não posso" nos deveres da vida, quando vamos além do que devemos e, ao fim, acabamos nos encurvando até tocarmos dolorosamente o chão.
A atitude simples a ser tomada é a mais difícil. Na hora do cansaço, não adianta resistir-lhe. É hora de perder para ele, que é o único caminho para a vitória. 
Então, precisamos ouvir Não farás nenhum trabalho" no dia do descanso.
 
1. "Não farás nenhum trabalho" no dia do descanso.  Isso quer dizer que há um limite ("Seis dias trabalharás") para o tempo dedicado ao trabalho, sob pena de o ser prejudicial, tanto à vida quanto à própria produção almejada.
Seis dias trabalharás. Trabalhar de mais ou de menos agride o propósito do trabalho e causa esgotamento,   às vezes, irreversível.
Gostamos de ir além dos nossos limites. Por isso, trabalhamos muito.
Mesmo quando fazemos aquilo que gostamos – o que nos coloca na categoria dos privilegiados porque a maioria das pessoas trabalha apenas pelo dinheiro que recebem – sim, mesmo fazendo o que amamos ficamos cansados.
Pode ser que trabalhemos demais por causa das exigências que nos são impostas ou porque nós mesmos nos tenhamos imposto um ritmo insano, seja para ganhar uma competição, real ou imaginária, seja para provar que somos bons.
Quem aplaude o nosso trabalho não fica cansado. Nós ficamos.
O cansaço afeta todas as áreas da nossa vida, prejudica poderosamente os nossos relacionamentos e solapa profundamente a nossa vontade de viver e fazer o que é bom.
Nesta hora, é bom pararmos diante do espelho e nos perguntar:
— Onde você quer chegar?
Descansar faz bem à saúde física e emocional. Descansar faz bem aos relacionamentos. Descansar nos faz trabalhar melhor. Descansar faz com que nos encontremos conosco mesmos, ao nos permitir ver que o trabalho é apenas uma das dimensões da vida, porque há outras, muitas outras.
Quem inventou o trabalho inventou também o descanso. E Ele sabe das coisas.
 
2. "Não farás nenhum trabalho" no dia do descanso. Quem descansa imita a Deus. Ao criar o cosmo, gastou seis dias (ou seis eras) e descansou no sétimo (ou na sétima era).
Descansa quem está cansado. Deus se cansou, porque a obra foi estafante. Descansou. Quem não descansa se põe acima de Deus.
 
3. "Não farás nenhum trabalho" no dia do descanso. O sábado nos liberta da escravidão do trabalho e dos benefícios que o trabalho traz.
Uma advogada desabafou sobre a sua própria geração, nos seguintes termos:
 
"Era uma vez uma geração que se achava muito livre.
Tinha pena dos avós, que casaram cedo e nunca viajaram para a Europa. (…)
Era uma vez uma geração que aos 20 ganhava o que não precisava. Aos 25 ganhava o que os pais ganharam aos 45. Aos 30 ganhava o que os pais ganharam na vida toda. Aos 35 ganhava o que os pais nunca sonharam ganhar.
Ninguém os podia deter. A experiência crescia diariamente, a carreira era meteórica, a conta bancária estava cada dia mais bonita.
O problema era que o auge estava cada vez mais longe. A meta estava cada vez mais distante.
Essa geração tentava se convencer de que podia comprar saúde em caixinhas. 
Aos 20: ibuprofeno. Aos 25: omeprazol. Aos 30: rivotril. Aos 35: stent.
Uma estranha geração que tomava café para ficar acordada e comprimidos para dormir.
Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.
Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Afinal tinha conhecimento, tinha poder, tinha os melhores cargos, tinha dinheiro.
Só não tinha controle do próprio tempo.
Só não via que os dias estavam passando".  
 
Eis, podemos acrescentar, uma geração que não teve sábado. Quem vive para acumular não conhece o sábado.
 
4. "Não farás nenhum trabalho" no dia do descanso. Descansar é, na verdade, um modo de aproveitar e celebrar os benefícios do trabalho de Deus e do nosso".  
Trabalhar bem requer descansar. Assim como a terra precisa descansar, para produzir melhor, o corpo humano precisa descansar, para ser melhor.
Descansar demanda disciplina e inclui planejamento. Até o descanso deve ser planejado tal como o trabalho. Se o tempo para o descanso não for agendado, ficará para depois ou com as sobras.
O ideal é que haja uma pausa de um mês no ano para o corpo parar, mudar de ares e lugares. Um mês é um tempo bom que a vida seja desacelerada. Férias, não desperdício. São, numa linguagem que o mundo do trabalho entende, um investimento com excelentes resultados. Não espere seu corpo parar por conta própria (ficando doente, por exemplo). Pare alguns pontos antes da estafa. Ouça o seu corpo. Não espere ele gritar.
Um profissional, que estava em viagem de trabalho, me lembrou que "quando a mente trabalha bem e há planejamento e priorização, o corpo "sofre" menos, e isso se aplica em casa, no trabalho e na igreja". (Alexandre A.)
 
5. "Não farás nenhum trabalho" no dia do descanso. Não confunda o descanso com a ideologia do lazer. Segundo a ideologia do lazer, todo o tempo livre deve ser ocupado.
Segundo a ideologia do lazer, todo o feriado ou final de semana deve ser ocupado com uma atividade, e que pode incluir uma estafante viagem, com os membros da família trocando insulto por causa do engarrafamento e da sede. Não seria melhor ficar em casa e não fazer nada? Como não fazer nada? Sempre temos que fazer alguma coisa. Eis a ideologa, em que lazer e descanso não têm uma coisa a ver com a outra. Lazer sempre deveria ser para o descanso. Não?
 
3. CELEBRE. DEUS CELEBRA.
Envolvido com o trabalho e mesmo com o descanso, esquecemos de celebrar o Deus que nos ensina a trabalhar e a descansar. Por isso, ele nos recorda, porque conhece nossa tendência:  "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar".
O trabalho é para ser celebrado.
O descanso é para ser celebrado.
Quando celebramos, nós nos elevamos de nossa humanidade. Deixamos no chão nossa onipotência e reconhecemos que o que somos e temos vem de Deus. Louvado seja!
O ideal é que cada um faça da vida uma celebração.
Quando celebramos a Deus, tornamos santo o sábado e fazemos santa a vida.
O sábado (domingo, na experiência cristã) não pode perder o sentido. Não é dia de parar, porque é dia de correr.
Não é dia de refletir, porque é dia de consumir. Muitos deixam para domingo as suas compras.
Para celebrar o sábado, algumas disposições, entre tantas outras, podem acompanhá-lo.
 
1. Celebre seu aniversário. 
Se conseguir, não trabalhe nesse dia. Muitas empresas liberam seus funcionários neste dia. Se a sua não faz isto, faça uma festa lá. Faça outra em casa. 
Esta é uma questão difícil para muitas pessoas. Há adultos hoje cujas infâncias não tiveram bolos nem salgado, porque não havia festas nos seus aniversários. Este padrão familiar pode ser alterado. Festeje mais um ano de vida. Você não sabe se fará outro.
 
2. Agradeça pelo alimento, que veio do trabalho, que veio de Deus.
A gratidão pelo alimento é avatar da gratidão pela vida.
A gratidão:
. Vasculariza nossas artérias. A reclamação é tóxica. Agradecer é tão bom quanto perdoar. A gratidão deixa o rosto bonito. 
. Fortalece nossas vidas, porque nos faz lembrar as vitórias anteriores, o que nos anima nas lutas de hoje. 
. Torna-nos humildes e não arrogantes. Torna-nos mais relacionais e menos autossuficientes. Precisamos uns dos outros. Por isto, as próprias organizações (empresas) deviam buscar desenvolver a espiritualidade da gratidão, para serem sempre grandes.
. Perfuma nosso ambiente de trabalho. É como receber rosas.
. Mostra nossa disposição em viver como Jesus viveu. E Jesus não só ensinou que devemos ser gratos, como ele mesmo viveu este ensino, quando ofereceu sua própria vida em nosso lugar na cruz, no evento mais importante da história, para que pudéssemos ter paz.
 
3. Cultue comunitariamente.
Um domingo na igreja é uma forma de fortalecimento mútuo.
Quando cultuamos juntos, estamos dizendo que as pessoas nos importam. E nós importamos para ela.
 
4. Para de reclamar.
A reclamação é um pecado tão grave quanto a idolatria. Reclamar vem de nossa natureza ansiosa.
Não é ruim querer mais. O ruim é achar que o ter mais nos fará felizes.
Quando agradecemos, reconhecemos quem Deus é e o que pode fazer. A gratidão não nos deixa desesperar. A gratidão é uma espécie de banco da memória. Estamos em dificuldade? Consultemos nossa memória. Deus agiu ontem: seu braço está curto hoje.
Reclamar é um estilo de vida. Agradecer também. Reclamar ou agradecer é uma decisão pessoal. A maioria de nós, admitindo que a minoria tem vidas pantanosas, tem mais tempo no topo do que no vale. A maioria de nós, feitas as contas certas, tem mais motivos para agradecer do que para reclamar.
Devemos agradecer primeiramente a Deus, depois aqueles a quem usou para nos abençoar. 
 
5. Celebre o trabalho dos outros.
Elogie quem atende você.
Quando viajo ao interior de São Paulo, almoço num restaurante simples e com comida deliciosa. 
Sempre agradeço às cozinheiras. Um dia desses, coloquei o rosto na porta e falei:
— Vocês sabem quem foi o rei Midas? Tudo que ele punha a mão virava ouro. Vocês são como rei Midas: tudo que vocês põem as mãos fica gostoso.
Pensando nos que lhe servem, sirva bem também. Faça bem feito. Faça do seu trabalho um meio pelo qual você abençoa outras pessoas, ou melhor, o meio pelo qual Deus abençoa através de você.
 
6. Torne o domingo um dia especial:
1. Faça do domingo um dia diferente dos demais. Se, por exemplo, você vê muito televisão todos os dias, no domingo veja pouco ou nada.
2. Não faça do domingo um dia de trabalho, a menos que você não tenha opção.
3. Faça do domingo um dia de descanso para todos da casa, inclusive para quem prepara os alimentos. 
4. Não faça do domingo um dia de compras. 
5. Faça do domingo o dia do encontro com os amigos para os quais você pouco tempo tem durante a semana.
6. Não faça no domingo as coisas com correria; você já voa todos os dias. Coma devagar. Arrume-se devagar.
7. Faça do domingo um dia de autoavaliação, para ter uma semana melhor mais santa e mais sábia.
8. Não faça do domingo o dia do "eu", como todos os outros, mas o dia do "nós", o dia do encontro, o dia da festa.
9. Faça do domingo o dia em que o culto comunitário seja a sua principal atividade.
10. Não faça do domingo um dia para pedir, mas para agradecer, invertendo a rotina dos demais dias.
11. Faça do domingo o dia da Bíblia.
12. Faça do domingo, pelo menos domingo, dia santo, porque também um dia em que não pensa nem fala mal de ninguém.
 
ACORDE
1. Responda com sinceridade: que lugar ocupa o trabalho em sua vida? (AUTOCONHEÇA-SE)
2. Confesse, se for o caso, que se tornou um trabalhalótra. (CONFESSE)
3. Ore a Deus para colocá-lo realmente em primeiro lugar, e não apenas no nível do discurso.
4. Reflita sobre o lugar que o trabalho ocupa na sociedade. Ouça o que disse uma jovem senhora: "Eu até tento descansar, mas parece que descansar hoje é ruim, temos que estar sempre fazendo algo ou somos à toa". (Jacqueline)
5. Decida que vai equilibrar trabalho e descanso, à moda de Deus, que trabalhou seis dias e descansou um.
6. Empenhe-se para  que a cultura da competição e da acumulação não tome conta da sua vida. A vida é mais que isto.
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
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  Citado por KELLER, Timoth, ALSDORF, Katherine Leary, op. cit., p. 72.
  BECKETT, John. Adoro segunda-feira. São Paulo. ABU, 2000, p. 68.
  Cf. PEABODY, Larry. Citado por BECKETT, John D., op. cit., p. 83.
  BECKETT, John D., op. cit., p. 85.
  KELLER, Timoth, ALSDORF, Katherine Leary. Como integrar fé e trabalho. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 42.
  Ganhar dinheiro e fazer o bem é nova tendência nos EUA.  "NEW YORK TIMES", 09/05/2015. Edição brasileira.
  KELLER, Timothy, ALSDORF, Katherine Leary, op. cit., p. 220.
  MANUS, Ruth. A geração que virou escrava da própria carreira. Blog em "Estado de São Paulo", 29/04/2015.
  KELLER, Timothy, ALSDORF, Katherine Leary, op. cit., p. 220.