Eu sou da época em que havia na igreja muitos problemas entre pastor e diácono. Nós, jovens, sabíamos que o diácono era a pedra no sapato do pastor. Presenciávamos uma disputa de poder, de quem tinha mais força dentro da comunidade eclesial. Era um cabo de guerra. Uma época difícil, de mau testemunho, intransigência de ambas as partes. A desconfiança era o tom entre eles. Um falava mal do outro. Nesta disputa, eles não eram referenciais para nós. Este fato nos causava muita tristeza e a Igreja sofria. Havia um ambiente de insegurança e desconforto.
Sabemos que o pastor e o diácono ou a diaconisa são oficiais da igreja (At 6.1-7; 1 Tm 3.1-13). Eles não devem ser divergentes, mas convergentes. Cada um tem o seu ministério no Corpo Vivo de Cristo. Há uma complementaridade entre os ministérios. Os dois não são senhores, mas servos à semelhança de Cristo Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28; João 13.1-20). O pastor (o remador de baixa categoria) é aquele que prega, ensina, pastoreia, administra e aconselha. O diácono (o escravo que serve na casa) é aquele que ajuda o pastor, pois serve a mesa dos órfãos e das viúvas, cooperando substancialmente nas visitas e no cuidado dos enfermos. A instituição e o caráter do diaconato estão bem delineados em Atos 6.1-7; 1 Tm 3.8-13). O pastor tem caracteristicamente o ministério da oração–ensino e o diácono o ministério do serviço–cuidado.
O pastor deve liderar o diácono com amor, respeito e dignidade. Este, por sua vez, deve reconhecer a liderança do seu pastor e honrá-lo como seu líder-servo. A relação pastor–diácono é originalmente uma relação de unidade e serviço amoroso. Dentro da Igreja, eles fazem parte de um organismo, cujos membros servem em profundo amor. Entre pastor e diácono deve sempre haver amor, sinceridade, respeito mútuo, integridade, honra, reconhecimento dos limites e a consciência de missão. Os membros da Igreja devem vê-los como cooperadores que têm sintonia e sinergia. São habilitados biblicamente e engajados visceralmente no serviço do Reino de Deus.
Os oficiais da Comunidade do Rei servem com alegria e singeleza de coração. Os dois têm a missão de pregar todo o evangelho ao homem todo em todo mundo. Há um ministério missionário em seu coração. Eles possuem um compromisso inalienável e inadiável com os valores e a expansão do Reino de Deus. O caráter do pastor e o caráter do diácono estão descritos em Atos e 1 Timóteo e Tito. Eles devem se sentir felizes por juntos e em amor servirem ao Senhor. As suas obras devem ser feitas em nome do Senhor Jesus.
Eles trabalham juntos visando a saúde espiritual da Igreja. São defensores zelosos da doutrina dos apóstolos e dos profetas, comprometidos com o Senhor Jesus Cristo às raias da morte. Para eles, o viver é Cristo e o morrer é lucro (Fil 1.21). A relação profeta-servo é uma relação vertical-horizontal em todos os níveis do Reino de Deus. Para esses oficiais da Igreja, a Bíblia é o seu vade-mecum ou manual de vida e exercício ministerial. Esses oficiais da comunidade cristã estão no altar do Senhor para serem consumidos por Sua vontade. O seu prazer é o Senhor. Eles estão satisfeitos nEle. Eles O louvam por Seus poderosos feitos na História.
A Igreja deve ver os seus oficiais como homens e mulheres de Deus servindo com amor e despidos de projeção, bajulação e pódio. Também como pessoas comprometidas com o Rei, absolutamente submissas Àquele que tem todo o poder nos céus e na terra (Mt 28.18). Particularmente vibro, me entusiasmo, quando observo pastor e diácono trabalhando com amor para a expansão da Igreja do Senhor Jesus Cristo. Sou tomado de gozo, as minhas entranhas são recreadas, quando vejo os oficiais da assembléia dos santos viverem como servos, apenas servos, sem nenhuma pompa. Não são eles que aparecem, mas o Senhor que os chamou como homens comuns para realizarem trabalhos extraordinários.
Os servos do Reino devem buscar a excelência em tudo o que fazem. Também, ter brilho nos olhos na obra que realizam para o Senhor. Não devem se esquecer do sentido de urgência que os acompanha em sua missão como ministros de Deus. São soldados numa batalha cujo general é o Senhor Jesus Cristo (Ef 6.10-20). Como atletas, devem se exercitar espiritualmente todos os dias. Na condição de agricultores do Rei, devem trabalhar muito, espalhando a semente do Evangelho para a conversão dos perdidos e o fruto do Espírito para a santificação dos crentes, pois sem ela ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).
Não nos esqueçamos de que o pastor e o diácono devem viver para a Glória de Deus. É muito relevante que eles ajam sempre com sabedoria, sendo simples como as pombas e prudentes como as serpentes. Sejam proativos. Ouvindo mais e falando menos. Examinando tudo e retendo o que é bom. Fazendo sempre o bem por toda a parte à semelhança de Jesus (At 10.38). Vivendo o fruto do Espírito e fugindo das obras da carne. Fugindo da aparência do mal. Sendo homens e mulheres de oração. Exemplos no lar. Referenciais para os filhos. Que pastor e diácono revelem sempre o caráter do Senhor Jesus Cristo, servindo neste mundo até que Cristo volte.