ACADEMIA DA ALMA 8 — SEJA SIMPLES (10/10)

 

ACADEMIA DA ALMA 8

A vida em 10 atitudes, 10

SEJA SIMPLES

 

“Não cobiçarás a casa do teu próximo.

Não cobiçarás a mulher do teu próximo,

nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento,

nem coisa alguma que lhe pertença”. (Êxodo 20.17)

 

PARA MEMORIZAR

"Não amem o mundo nem o que nele há.

Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não estánele.

Pois tudo o que háno mundo

(a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens)

não provém do Pai, mas do mundo.

O mundo e a sua cobiça passam,

mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre".

(1João 2.15-17)

 

PARA PENSAR

"O que mais nos devora éa inveja que sentimos dos outros. Esfregue os olhos, purifique o coração e estime, acima de tudo neste mundo, aqueles que o amam e lhe desejam o bem".

(Aleksandr SOLZHENITSYN [1])

 

PARA VIGIAR

Precisamos ter sempre diante de nós que, "quando nos detemos pensando em nosso desejo, ceder ésóuma questão de tempo".

(James MacDonald)

 

PARA ALCANÇAR

Viverei na certeza que osentido da vida não vem das coisas, mas do que faço com estas coisas ou apesar delas. [2]

 

 

1

ANATOMIA DA COBIÇA

 

"Como tenho sofrido, háanos, em minha relação com sócios por causa de inveja, que causa intrigas, dissensões, cobiça, falta de paz e por fim suspeitas… Não sei qual seráa solução, mas sei que o meu Deus não me desampara. Ele éfiel e tudo o que recebo vem das mãos dele, e não de pessoas, por mais influentes que possam ser". (Pedro, um advogado, sócio num escritório de advocacia)

 

Ninguém considera a ganância como uma virtude. No entanto, o megaempresário das comunicações Ted Turnera apresentou como positiva: — Oh, ganância. Ganância, ganância, todo mundo éganancioso.

Quando o repórter lhe perguntou se isso não édestrutivo, ele garantiu que não. [3]

Um dos bons lugares-comuns, presentes nos livros e nos adesivos de automóveis, éque ter não éser, como ensinado por Erich Fromm, desde 1976 (1977, no Brasil), com o seu "Ter ou ser". Assim mesmo, a maioria das pessoa vive como se ter fosse a essência da vida, de modo que "se alguém nada tem, não é". [4]

São conhecidas as histórias de pessoas que ganharam fortunas na loteria e afundaram na miséria. Segundo uma reportagem da CNN, acompanhando casos no mundo inteiro, todos gastam tudo e se endividam. Como os seus amigos os incomodam por causa do dinheiro, eles ficam com mais dívidas e amizades piores do que tinham antes de ganharem na loteria. [5]Apesar disto, a cada semana as pessoas enfrentam pacientemente longas filas às portas das casas lotéricas, com números que, no Brasil, superam a 52 milhões de apostadores num mesmo sorteio.

Uma pesquisa de classe mundial mostrou que a renda familiar encabeça o ranking dos principais fatores para a felicidade. Vieram depois, pela ordem, estar casado, ter curso superior e ser mulher. [6]

No discurso, ninguém acredita que dinheiro traga felicidade, mas, na prática, todos correm atrás dele (o dinheiro) para alcançá-la (a felicidade). Correr atrás do dinheiro implica em correr mais do que os outros. O outro estásempre no horizonte, ou melhor, o que o outro tem estásempre no horizonte.

O mandamento contra a cobiça éo último. Cada quebra dos nove anteriores inclui a conjugação do verbo cobiçar. Quando cobiçamos uma posição, por exemplo, transformamos em deus o objeto de nosso desejo. Não descansamos no shabat porque cobiçamos ganhar mais. Quando furtamos, primeiro cobiçamos. Adulteramos porque cobiçamos. Falamos mal de alguém, porque cobiçamos o que ele tem.

 

A ADMIRAÇÃO — A cobiça não começa ruim, porque ela começa na contemplação e na admiração. A admiração éuma abnegação contente, a inveja uma auto-distinção descontente. Por nos relacionarmos, vemos os que os outros são e que os outros têm. Vendo o que o outro faz, podemos aplaudir. Podemos atétraçar boas metas para a partir daí.

 

A COMPARAÇÃO — O problema tem início quando, depois de contemplar o outro, nós nos comparamos com ele. Como escreveu Kierkegaard, "a admiração éuma abnegação contente, a inveja uma auto-distinção descontente". Atéa felicidade ésentida na comparação. A cobiça sóexiste quando existe a comparação. A comparação faz nascer o desejo que, quando se estabelece no coração, se torna cobiça. Assim, o décimo mandamento não écontra o desejo de ganhar dinheiro; écontra a cobiça.

 

O DESEJO — Como anotou um especialista judeu, "todas as culturas proíbem assassinar ou roubar, mas no décimo mandamento o proibido éo desejo.[7]Nao éproibido todo o o desejo, mas o de ter o que édo outro, fazer o que o outra faz, ser o que o outro é

Tem razão James MacDonald: "Quando nos detemos pensando em nosso desejo, ceder ésóuma questão de tempo". [8]Invejar étambém uma questão de tempo, como escreveu a romancista britânica Dorothy Sayers: AA inveja começa com a plausível pergunta: "Por que não posso desfrutar do que os outros desfrutam?". E termina com a exigência: "Por que os outros têm o que eu não tenho?". O desejo se transforma imperceptivelmente em cobiça e inveja.

 

A COBIÇA — "Cobiçar équerer coisas erradas", como buscar o dinheiro como um fim em si mesmo. "Cobiçar équerer coisas certas por motivos errados", como obter reconhecimento pessoal, que pode começar por um senso de relevância e resvalar para o orgulho. "Cobiçar édesejar as coisas certas na hora errada", como buscar uma promoção no emprego antes da hora. "Cobiçar équerer coisas certas na quantidade errada", que acontece quando não sabemos mais qual éo montante dinheiro que precisamos para nós e para os outros. [9]

Assim, o décimo mandamento retoma o primeiro, baixando-o da metafísica para o chão da vida. "A cobiça éa doença espiritual do desejo desenfreado. Éa necessidade de ser saciado e, em seguida, desejar ter ainda mais. Éa necessidade por constante satisfação dos sentidos. Éa incapacidade de estar em paz consigo mesmo, com a vida, com as necessidades". Portanto, "a cobiça éum pecado da alma, uma doença da mente que leva ao descontentamento perpétuo. Éum soco forte no meio do coração, sempre nos despertando a querer mais do que o necessário, exigindo sempre que encontremosalguma maneira de conseguirmais do que épossível, sempre nos pressionando para conseguirde qualquer maneirao quedesejamos, não importa se devamos ou não". [10]

 

A INVEJA — Um dos subprodutos da cobiça éa inveja, uma irmãda outra. Segundo o professor judeu Aaron Ben-Ze'ev, da Universidade de Haifa(Isarel), cobiçar ése preocupar emter alguma coisa, enquanto invejarése preocupar com aqueleque tem alguma coisa". [11]Se, como disse o jornalista Zuenir Ventura, "ciúme é querer manter o que se tem" e "cobiça é querer o que não se tem", por sua vez "a inveja é querer que o outro não tenha”. Como escreveu com precisão uma senhora, "oinvejoso nao inveja o que voce tem e sim porque voce tem". (MARCIA CORDEIRO) Outra senhora disse que nasce "de um sentimento de inferioridade e de desgosto diante da felicidade alheia". (JAQUELINE DECOTTI)

Os Guiness nos lembra a anatomia da cobiça: "Primeiramentenos comparamos e achamos que nos falta algo, e essa nossa condição desprovidae a dor proveniente da auto-estima ferida nos faz rebaixar, por palavras e atos, outra pessoa ao nosso nível". Assim, "a inveja se move da tristeza ao menosprezo e do menosprezo àdestruição. Não étanto o olhar para quem estáacima de nós, mas o rebaixá-lo. Se as posses ou o sucesso de alguém me depreciam,pensa o invejoso, preciso rebaixá-lo ao meu nível. O desejo de ter o que ooutropossui termina no desejo de que o outro não tenha isso e, por fim, no fazer tudo para se certificar de que não o tenha". Se, de um lado, a concorrência"pode ser vista como uma escada rolante que promove os indivíduos, fazendo-os subir", "a inveja reverte a engrenagem, fazendo "a escada rolante descer". [12]

O que a inveja écapaz de fazer preenche um rol bem grande de erros. LUCIANO, um professor do ensino médio, registrou alguns: "Roubamos porque invejamos os bens e riquezas do próximo. Fazemos bullying porque invejamos a beleza ou o talento do próximo. Matamos porque invejamos o sucesso, as conquistas e a felicidade do próximo. Adulteramos porque invejamos a vida promíscua e sexualmente permissiva do próximo que se vangloria de suas conquistas na cama. Perdemos a féporque invejamos a inteligência e o brilhantismo intelectual de pensadores, de modo que a razão passa a nos bastar. Enfim, assim como o primeiro ato de rebelião contra Deus nasceu da inveja de Lúcifer, nossa queda e afastamento de Deus nasce da inveja que nos faz pensarmos, sentirmos e agirmos em termos de falta, carência e ausência em relação ao que o próximo tem ou é".

Na verdade, "o tempo todo somos expostos a estímulos que nos impulsonam a querer sempre mais. Se temos um carro, sempre háo lançamento de um modelo Mais bonito, Mais potente, Mais atual. Se temos um celular, sempre surge um Mais moderno, com Mais funcionalidades e assim por diante. Somos convidados a sermos eternos insatisfeitos". (CLISTENES)

 

2

UM OUTRO MODO DE VIVER

"No meu trabalho tem varias mulheres e eu gosto de me arrumar bem. Então, percebi que todas as vezes que uso algo ou faço algo novo no meu cabelo,tem uma garota que faz iguale todos perceberam o comportamento dela: aquilo me incomodou". (N., uma senhora)

 

Podemos ser livres. Podemos ser saudáveis. Podemos deixarde ser impulsionadospor necessidades irrealizáveis ​​e falsas. Não precisamos competir. Não precisamos nos comparar com os outros. Não precisamos ser melhores do que os outros. Não precisamos de comprar uma joia mais bonita, umcarro mais rápido, uma casa maior, roupas mais finas ou vinho mais caro. Podemos ser simplesmente nós mesmos,cheiosde vida, cheiosde paz, cheiosde Deus. Quando isto acontece a paz finalmente chega. Ficamos em paz conoscomesmos, com os nossos vizinhos, com o nosso Deus.[13]

Precisamos parar de desejar o que o outro é, faz ou tem, como se lhe fôssemos melhores ou mais merecedores ou como se as coisas que ele tem fossem melhores do que as que temos. Para tanto, diz-nos um jovem executivo (Clístenes), precisamos ver o outro como ele é, um ser criado por Deus como eu sou, nem mais nem menos. "O que temos, por ter sido simplesmente conquistado por nós, pela misericórdia de Deus, émuito bom".

Como podemos alcançar este nível de contentamento e fique fiel ao mandamento de não cobiçar?

Estar bem não éter bens.

Ser feliz énão ficar ansioso com o presente ou com o futuro. E trabalhar pelo presente e antecipar o futuro, mas sem achar que tudo depende de nós.

Nossa felicidade não se mede pelo estilo de vida do outro, em termos de fama ou patrimônio.

Os Dez Mandamentos são sobre felicidade. O décimo mandamento ésobre paz.

Em poucas palavras, a proibição que estabelece nos oferece um roteiro para uma vida plena de significado, que não estáno poder, mas no amar.

 

1. Aceite o convite para não cobiçar.

O mundo em que vivemos corre num estilo e quer que corramos também. Deus nos convida para outro estilo de vida. Por isto, oferece-nos o décimo mandamento, para nos mostrar, negativamente, "a degradação que vem com a tentativa de sugar todo o ar para fora davida" e nos impedir que nos satisfaçamos com alguma coisa. Quando tentamos consumir tudo o que vemos, devemos saber que que "o que vemostambémnos consome". [14]

Como disse um estudante, "a inveja éincompatível com a vida, porque ela mata o invejoso, oinvejado e o relacionamento entreambos, como uma granada cujas fagulhas não determinam direção dos danos". (RACHEL ALENCAR)

 

2. Reflita sobre o seu estilo de vida. A advogada Ruth Manus nos ajuda:

"Era uma vez uma geração que se achava muito livre.

Tinha pena dos avós, que casaram cedo e nunca viajaram para a Europa.

Tinha pena dos pais, que tiveram que camelar em empreguinhos ingratos e suar muitas camisas para pagar o aluguel, a escola e as viagens em família para pousadas no interior.

Tinha pena de todos os que não falavam inglês fluentemente.

Era uma vez uma geração que crescia quase bilíngue. Depois vinham noções de francês, italiano, espanhol, alemão, mandarim.

Frequentou as melhores escolas.

Entrou nas melhores faculdades.

Passou no processo seletivo dos melhores estágios.

Foram efetivados. Ficaram orgulhosos, com razão.

E veio pós, especialização, mestrado, MBA. Os diplomas foram subindo pelas paredes.

Era uma vez uma geração que aos 20 ganhava o que não precisava. Aos 25 ganhava o que os pais ganharam aos 45. Aos 30 ganhava o que os pais ganharam na vida toda. Aos 35 ganhava o que os pais nunca sonharam ganhar.

Ninguém podia os deter. A experiência crescia diariamente, a carreira era meteórica, a conta bancária estava cada dia mais bonita.

O problema era que o auge estava cada vez mais longe. A meta estava cada vez mais distante. Algo como o burro que persegue a cenoura ou o cão que corre atrás do próprio rabo.

O problema era uma nebulosa na qual jánão se podia distinguir o que era meta, o que era sonho, o que era gana, o que era ambição, o que era ganância, o que necessário e o que era vício.(…)

Essa geração tentava se convencer de que podia comprar saúde em caixinhas. (…)

Aos 20: ibuprofeno. Aos 25: omeprazol. Aos 30: rivotril. Aos 35: stent.

Uma estranha geração que tomava cafépara ficar acordada e comprimidos para dormir.

Oscilavam entre o sim e o não. Vocêdáconta? Sim. Cumpre o prazo? Sim. Chega mais cedo? Sim. Sai mais tarde? Sim. Quer se destacar na equipe? Sim.

Mas para a vida, costumava ser não:

Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.

Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.

Aos 30 eles não foram no aniversário de um velho amigo porque ficaram atéas 2 da manhãno escritório.

Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele játinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.

Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.

Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias em um hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.

Mas não dava mais tempo. Jáeram escravos do câmbio automático, do vinho francês, dos resorts, das imagens, das expectativas da empresa, dos olhares curiosos dos “amigos”.

Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Afinal tinha conhecimento, tinha poder, tinha os melhores cargos, tinha dinheiro.

Sónão tinha controle do próprio tempo.

Sónão via que os dias estavam passando.

Sónão percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que os bônus do final do ano não comprariam os anos de volta". [15]

Procede a crítica de John Lahr, que alfinetou: “A sociedade torna as pessoas loucas com a luxúria e chama a isto de publicidade". Esta percepção confirma que "somos a cultura que cultiva a luxúria, que éo desejo pelo que não temos, não precisamos e não podemos manejar, e depois se admitira por que tantas pessoas são infelizes na vida". [16]

 

A advertência de Ruth Manus mostra que a crítica de Eric Ambler se internaliza na experiência individual: "O negócio internacional pode conduzir suas operações com restos de papel, mas a tinha que usa ésangue humano". [17]

 

3. Ponha limites aos seus desejos.

Sabemos que o impulso de querer éindispensável para o progresso pessoal e social. "Semeste impulso, as pessoas permaneceriaminertes, inativas, não teriam motivação alguma". [18]Suas vidas não teriam relevância. O impulso de querer precisa de limites para o nosso desejo, para não agirmos como Alexandre o Grande. Segundo o historiador romano Plutarco, "Alexandre chorou quando ouviu [o filósofo] Anaxarco [que o acompanhava] falar sobre o número infinito de mundos no universo. Um dos amigos de Alexandre lhe perguntou porque estava preocupado, ao que ele respondeu: "Hátantos mundos e eu ainda não conquistei sequer um". [19]

Na verdade, "quando os seres humanos não se colocam limites, quando seu impulsopara dominar não têm restrições, quandoperdem todo o sentido que o objetivo final das ações ou das coisas reside na santidade, o mundo pode parecer demasiadamentepequeno e limitado em seus recursos para satisfazer seus infinitos desejos. A vida se torna um tormento para osperpetuamente insatisfeitos, tornando o mundo perigoso para quem o atravessa". [20]

Medite na Palavra de Deus, ciente de que os pensamentosde cobiça "são tão vise corrosivos que sóa internalização de um código poderoso como as 'Dez Palavras' [Dez Mandamentos]pode controlar". [21]

Saiba como todos somos. "Desejamos algo ardentemente. Uma vez conseguido, misteriosamente aquilo (bem, pessoa, status, qualquer coisa) passa a não ter o mesmo valor que tinha quando não o possuíamos. Ou então, de repente, não nos sentimos exatamente como pensamos antes de ter o que conseguimos. Que loucura!" (CLISTENES)

Contenha o seu desejo.

O desejo precisa ser contido édirecionado.

Como programa de vida, "precisamos concentrar nossosdesejos nos valores que nos enobrecem, nos valores que Deus entesoura, nosvalores que nos levam a fazer o bem. Os desejos de cobiça, mesmos queaparentemente naturais àcondiçãohumana, devemser rejeitados, de modo que renovemos o compromisso com nossosvalores externos ao ego e ao egoísmo. Quando isto não acontece, ficamos expostos a aumentar as misérias domundo". [22]

 

4. Reconheça que sente cobiça e mesmo inveja, se for o caso.

Examine-se honestamente.

Talvez tenha que admitir o seu problema. Um pastor amigo (V.) falou da sua miséria: a de não se alegrar com o sucesso de um colega, mas de invejar-lhe. Cada um de nós deve cuidar, atentando para o fato de que, "diferentemente da ira ou da gula, a inveja éuma condição emocional sorrateira. Ela queima como fogo de palha, por baixo, sem fumaça". Toda a atenção deve ser dispensada, porque "aira produz erupções violentas; a gula compromete nosso manequim; a preguiça faz nosso chefe reclamar; a luxúria nos afasta atéda família mais liberal; mas a inveja dificilmente aparece, pois o comportamento de um invejoso não difere muito do de um crítico, de um ressentido, de um coração magoado". [23]

Se for o seu caso, constante ou raramente, não negue. "Não sósomos escravos da cobiça, como também temos um grave problema negando-lhe a existência". [24]

Faça como um professor (A.), que me confidenciou:

"Recentemente senti uma inveja cortante em relação a um amigo, pois ele obteve nota maior que a minha em um concurso público.

Creio que tal sentimento tenha nascido no berço de minha arrogância, jáque sempre fiquei mais bem colocado do que ele em outras provas.

Primeiro, veio a negação do sentimento, depois, o reconhecimento de que sozinho não conseguiria extirpar esse mal de mim. Orei, e ainda continuo orando, porquanto o reconhecimento que o outro pode ser melhor éum aprendizado quotidiano".

Saiba que "a inveja éum desequilíbrioemocional queafeta a sua vida espiritual". (VALÉRIA)

Para superá-la, talvez precise ajuda. A cobiça, diz um profissional, é"muito natural, normal, comum. Mas não énecessariamente o melhor para nós. Se queremos algo diferente, épreciso ir contra este "natural", este "comum". Aíreside a dificuldade". Na experiência deste cristão, "éinútil tentar fazê-lo sozinho. Mal comparando, écomo um bêbado tentando sozinho sair do seu vício.  Écomo um pássaro evitar voar".

 

5. Aprenda a estar contente.

O apóstolo Paulo cantou belamente:


"Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância.

Sei o que épassar necessidade e sei o que éter fartura.

Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade".

(Filipenses 4.11b-12)

 

Não nos define o que temos, porque podemos ter mais hoje e menos amanhã, e vice-versa. Nossa alegria não depende dos eventos, mas da paz que a comunhão com Deus nos traz.

A satisfação não vem das coisas. Vem de Deus. Por isto, satisfação não éuma espécie de conformismo e não implica em faltade esforço. Antes, significa que em cada etapa da vida valoriza-se, com gratidão, o que foi alcançado, não o que ainda falta. [25]

Com Ricardo Gondim, aprendemos que o "contentamento não resulta de posse ou de desempenho. Contentamento brota dentro da gente e vem da virtude de saber distinguir entre necessidade e desejo". Quem estácontenta écapaz de portar "uma paz parecida com a da lua quando descansa na lagoa, do sino que badala na capela da aldeia ou do ribeiro que se sabe destinado a morrer no oceano". Para o contente, "quando a existência não se desenrola como planejada, não énecessário que se redobrem os esforços de curvá-la a caprichos infantis". [26]

Vivemos contentes quando reconhecemos — escreve John MacArthur — que Deus ésoberano tanto por intervenção sobrenatural quanto por orquestração natural. "Aprecie a complexidade do que Deus estáfazendo a cada momento para nos manter vivos. Quando vemos as coisas desta perspectiva, percebemos quão insano éachar que controlamos nossas vidas. Quando desistimos deste vão ideal, desistimos a maior fonte de nossa ansiedade". [27]

MacArthur apresenta seis atitudes a serem tomadas para quem busca o contentamento:

1. Agradeça por todas as coisas, como Paulo fez. Gratidão ésobretudo uma questão de obediência.

2. Descanse na providência de Deus. Ele vêperfeitamente o resultado final.

3. Satisfaça-se com pouco. Cobiça e contentamento são mutuamente excludentes.

4. Viva acima das circunstâncias. Paulo não tinha prazer no sofrimento em si, mas no poder de Jesus Cristo, manifesto a ele em tempos de doença, rejeição, perseguição e angústia.

5. Descanse no poder e na provisão de Deus. Jesus Cristo dáa quem crêforça e sustento.

6. Preocupe-se com o bem-estar dos outros. Quem écentrado em si mesmo édescontente. A alma generosa encontra bênção em sua própria vida. [28]

 

Murmuração, insatisfação, descontentamento com o que temos, eis o que nos cerca. "Dizer, como Jacó‘eu tenho o suficiente’parece totalmente contrário àpartícula da natureza humana. Dizer ‘eu quero mais’parece a língua materna de cada filho de Adão". [29]Ryle diz que sóhá"uma coisa com a qual nós nunca devemos nos contentar. Esta coisa éuma religião pequena, uma fépequena, uma esperança pequena, e uma graça pequena. Jamais fiquemos satisfeitos com o pouco dessas coisas. Ao contrário, vamos buscá-las mais e mais". [30]

 

6. Busque realizar seus desejos no horizonte da fé.

O salmo 37 ésobre os desejos, sobre os nossos desejos.

 

"Agrada-te do SENHOR,

e ele satisfaráos desejos do teu coração.

Entrega o teu caminho ao SENHOR,

confia nele,

e o mais ele fará".

(Salmo 37.4-5)

 

Os desejos, àluz deste salmo, não são para ser reprimidos, mas para ser realizados, mas não segundo o estilo das pessoas que não levam Deus a sério.

 

O ensino contém uma promessa, que podemos parafrasear:

 

"Espereno SENHOR, siga em frente, com honestidade.

Ele o levaráa realizar os desejos do seu coração.

Os que hoje se saciam com os frutos da impiedade

não estarão mais vivos para ver a sua realização".

(Salmo 37.34)

 

Não precisamos desejar ter o que os outros têm, sejam seus bens obtidos licita ou impiamente. Ademais, "quando invejamos o ímpio por exemplo, acabamos por muitas vezes praticar os mesmos atos de injustiça que ele praticou para alcançar aquele bem ou aquela riqueza". (MARCOS HELENO)

 

7. Admire.

Diante do que o outro tem, devemos nos alegrar.

Diante do que o outro faz, devemos aplaudir.

Um bom antídoto para a cobiça éodesenvolvimento da capacidade de se alegrar com o próximo "quando alguém obtém alguma coisa boa'. O alcance desta capacidade pode levar tempo, mas acabará"por nos tornar pessoas diferentes, capazes de apreciar o que o outro tem", [31]éou faz.

Um bom padrão éo pai que se orgulha com a vitória do filho.

Elogiar o outro faz com que a ação do outro seja referência para nós. Elogiamos a quem consideramos exemplo para nós. E precisamos de exemplos bons.

Quando, em lugar de admiração ou respeito, ficamos ressentidos e nos sentimos ofendidos, devemos nos cuidar, porque estamos no mau caminho. Bom équando podemos desfrutar da felicidade e do sucesso do outro. [32]

 

8. Seja grato

A mensagem que recebemos de Deus, pela Bíblia,éclara: viva a sua vida, seja vocêmesmo. Lembre-se que "a felicidade reside justamente em agradecer por tudo o que ele nos oferece, em especial nossa própria identidade,o maior bem que um ser humano pode ter. Cada um de nós ocupa uma posição singular na história da criação". [33]

Como diz outro profissional jovem, "a inveja não sóéum pecado em si como representa total ingratidão a Deus pelo que Ele nos deu.Não temos que ter inveja das conquistas do próximo mas sim sermos gratos a Deus pelas nossas conquistas ainda que sejam infinitamente menor que a do próximo, proveio do sustento de Deus". (MARCOS HELENO)

 

9. Seja generoso

Não tenha medo da riqueza, mas do que ela pode lhe fazer. O dinheiro "éuma força dinâmica que facilmente pode se tornar demoníaca —pois se não fizer um grande bem, pode trazer grandes prejuízos". [34]

Como Francis Bacon escreveu: "Se o dinheiro não éseu servo, seráseu mestre. Não se pode dizer do homem cobiçoso que ele possui riquezas, deve-se dizer que elas o possuem". [35]

Michel Norton oferece uma abordagem diferente ao tema da felicidade. Para ele, estáerrado quem ensina que dinheiro não traz felicidade. Falando a estudantes, disse: "Se vocês pensam assim, não estão gastando seu dinheiro de maneira correta. Então, em vez de gastar como vocês fazem normalmente, talvez, se vocês gastassem de um jeito diferente, as coisas funcionariam um pouquinho melhor. (…) A razão pela qual o dinheiro não nos faz felizes, éporque estamos sempre gastando em coisas erradas, e principalmente porque estamos sempre gastando conosco. Então, ao invés de serem antissociais com seu dinheiro, que tal se vocês fossem mais prossociais com ele?".

Ele narra uma série de experiências que fizeram em vários países. Ele e seu grupo passaram a dar dinheiro a dois grupos: um era formado por jovens que eram orientados a gastar consigo mesmos; outro era integrados por estudantes que doavam o dinheiro que recebiam. Depois, entrevistaram os participantes da experiência. O resultado foi que "aquelaspessoasque gastaram dinheiro com outras pessoas ficaram mais felizes. Mas nada aconteceu àquelas que gastaram dinheiro com si próprias. Não ficaram menos felizes, apenas não significou muito para elas".

Fizeram o mesmo com times de queimada, para ver o funcionamento da teoria em grupos. O resultado foi que "os times que gastam dinheiro com si próprios mantêm a mesma porcentagem de vitórias que tinham antes. Os times que recebem dinheiro para gastarem uns com os outros, se tornam times diferentes e, na verdade, eles dominam o campeonato quando terminam".

A conclusão de Norton e seu grupo éque em "todos esses contextos diferentes — na vida pessoal, na vida profissional, atémesmo em coisas bobas como esportes recreativos — vemos que gastar com outras pessoas traz um retorno maior para as pessoas do que gastar com si mesmas". Quem doa "descobriráque irábeneficiar muito mais a si mesmo". [36]

Encontre prazer em criar condições para que as pessoas se alegrem. Seja hospitaleiro. Seja generoso. No dia do seu aniversário, por exemplo, não peça presentes: peça que seus amigos tornem melhores as vidas de pessoas em condições de pobreza. Peça doações para projetos sociais nos quais acredita e apoia.

 

10. Deixe Deus lhe ser essencial

A dura verdade éque, na raiz dacobiça, estáa rejeição da suficiência de Deus emnossavida. Agindo assim, écomo se orássemos: "Deus, o senhor não éo bastante para mim. O senhor e ótimo onde se enquadra, mas minha vida deveria ser bem mais do que sóo senhor. Preciso de experiências, relacionamentos e oportunidades, montes deles, cada vez mais. Minha vida não pode ser um tédio, Deus. Tenho de dar muita risada e de me divertir o tempo todo. Se a adoração fizer parte disso, ótimo, porém eu quero muito mais".[37]

Uma jovem senhora disse isso de outra forma: "Averdadeira felicidade quem nos dáéCristo Se temos Cristo no coração não temos inveja. a noção de isonomia vem a partir de Cristo. A]ideia de inferioridade  deixa de existir na medida em que vocêescolhe manter Deus em seu coração. (JAQUELINE DECOTTI)

Nada éessencial a não ser Deus. As coisas não foram planejadas para tomar o lugar dele. Como diz James MacDonald, "quando cobiçamos algo e o tornamos essencial —e em seguida suplicamos a Deus que nos dê—, estamos lhe pedindo que coloque no lugar dele mesmo determinada coisa que consideramos mais importante". [38]

"O poder de escolher mais que coisas, mais que satisfação, éa glória de Deus em nós. A habilidade de dizer não a nós mesmos éa glória maior de Deus de em nós. Toda a cultura de enfileira contra isto. Dizem-nos constantemente o que devemos fazer para ser notados, o que comprar para estar atualizados, o que vestir para fazer sucesso, o que devemos fazer se queremos ser vistos como sofisticados, o que devemos ser se desejamos ser considerados influentes. No entanto, o nono mandamento éclaro.

Não devemos fazer nada disto. Não precisamos alimentar as feras da desejo e da acumulação, que possuem nossas almas e tornam nossas mentes loucas de cobiça". [39]

 

3

SEJA SIMPLES

 

"Passei metade da minha vida tentando impressionar– e isso émuito cansativo.

A única coisa pior que fingir ser esperto étrabalhar com pessoas que fingem ser ainda mais espertas que você".

(Lucy Kellaway, jornalista inglesa de economia, sobre sua profissão)

 

Ser simples não énão ganhar dinheiro; énão tê-lo como missão de vida, que pode atéser ganhar para promover a justiça e a paz. A simplicidade não se define por ter ou não ter dinheiro, mas pelo que se faz com ele.

Ser simples começa com o desejo pela simplicidade, prossegue com a decisão pela simplicidade e segue pela vida com uma série de disciplinas espirituais, como a humildade, e operacionais, como a verificação periódica do guarda-roupa para doar coisas boas.

Ser simples épedir a Deus o pão para cada dia (Mateus 6.11).

Ser simples éviver como administrador fiel dos recursos da terra, o que implica em conservá-los, desenvolvê-los e distribuí-los com justiça. Como advertidos pelo Congresso de Lausanne (1974), ser simples é"honrar a Deus como dono de todas as coisas; lembrar que somos mordomos e não proprietários de qualquer terra ou propriedade que possuímos" e "trabalhar para que haja justiça para os pobres, que são explorados e impossibilitados de se defenderem". Ser simples équerer isto para si mesmo.

Ser simples éser simples de coração, no que Jesus éo nosso modelo, ele que era, segundo suas próprias palavras, manso e humilde de coração (Mateus 11.29).

Ser simples éreconhecer e aceitar, nos termos do Movimento de Lausanne, que "Jesus nosso Senhor nos convoca a abraçar a santidade, a humildade, a simplicidade e o contentamento. Ele também nos promete seu descanso. Confessamos, entretanto, que às vezes permitimos que desejos impuros perturbem nossa paz interior. De maneira que, sem a renovação constante da paz de Cristo em nossos corações, nossa ênfase no viver simples serádesequilibrada". [40]

A vida écomplexa e não a viveremos melhor sendo complexos. Podemos nos converter àsimplicidade. Ajuda-nos, nesta tarefa, "observar as criança porque ali veremos o queéser simples. Elas não precisam de muita coisa. Percebendo somente atenção e carinho, elasse tornam as pessoas mais felizes do mundo". (MIRIAM)

Como escreveu Richard Foster, "simplicidade éliberdade. Duplicidade écativeiro. Simplicidade traz alegria e serenidade. Duplicidade traz absurdamente e medo". [41]

Como disse uma adolescente (LETICIA), simples équem nãoprecisa de muitascoisas para viver.Para quem tem uma condição financeira boa, "ser simples émostrar que as coisas materiais nãoprecisamser expostas".

 

Eis algumas sugestões nesta jornada:

 

1. Decida como vocêquer viver.

Creia que "a partir da liberdade das preocupações que a generosidade de Deus provêvem um impulso para a simplicidade e não para a acumulação". (John Piper)

 

2. Desacelere, se for o caso.

Ser simples não édesejar; énão cobiçar. A cobiça éo desejo acelerado. Se vocêdeseja ser simples, desacelere.

A jornalista britânica Lucy Kellaway pediu a um engraxate do centro de Londres para engraxar suas botas. "Enquanto ele engraxava e lustrava minhas botas pretas, perguntei o que faz ele gostar tanto daquele trabalho.

— Não preciso ser esperto, respondeu. Posso ser bem idiota, se eu quiser. Não preciso impressionar ninguém".

Especialista em economia, lembrou-se das queixas de uma banqueira, rica e infeliz, que, durante um jantar, lhe disse estar arrependida da escolha que fizera. Então, escreveu: "Passei metade da minha vida tentando impressionar- e isso émuito cansativo. A única coisa pior que fingir ser esperto étrabalhar com pessoas que fingem ser ainda mais espertas que você. E era exatamente isso que incomodava tanto minha colega naquele jantar". [42]

 

Se o seu momento for outro, precisando do sustento essencial, trabalhe duro, estude muito, procure firme, mas no seu ritmo, não nos dos outros. Não se arrebente. Vocêsótem uma vida na terra.

 

3. Recuse qualquer que lhe torne dependente, sejam coisas (televisão, rádio, jornal, computador, celular) ou hábitos (sexo, pornografia, dinheiro, fofoca). Aprenda a distinguir entre necessidades reais e necessidades psicológicas. "Por sua própria natureza, o vicio estáalém do seu controle. Resoluções tomadas são impotentes para derrotar a adição completa. Vocênão pode determinar que ficarálivre dela, mas pode decidir abrir seu coração para a graça perdoadora e para o poder curador de Deus. Vocêpode decidir permitir que verdadeiros amigos que conhecem o caminho da oração estejam ao seu lado". [43]

 

3. Compre o que precisar. Não compre o que não vai usar porque todo mundo estácomprando ou porque estáem promoção.

 

4. Compre o que couber no seu bolso e no seu armário. Não se endivide para comprar o que não precisa. Não amplie o celeiro para caber mais grãos. Vocêsabe que esta noite podem pedir a sua alma, conforme a dramática lembrança-advertência deixada por Jesus (na seguinte parábola:

"O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo:

Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? (…)Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aírecolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi àminha alma: 'tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te'.

Mas Deus lhe disse:

Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?

Assim éo que entesoura para si mesmo e não érico para com Deus". — Lucas 12.16-21)

 

5. Ao vestir ou calçar, vista o que ébom e bonito, não o que estána moda, não o que écaro, não o que éde grife, não o que produz "status", esse produto que os fracos compram para parecerem fortes. Não queira ser diferente pelo que veste ou calça. Sua roupa ou seu sapato não precisa brilhar. Olhe os lírios do campo (Mateus 6.28) e os pardais sobre os fios da avenida.

 

6. Se tiver bens (dinheiro, roupa, sapatos, jóias, títulos, o que for), não os ostente. A ostentação mostra de quem vocêdepende (dos seus bens) e não de Deus. Não compre um carro para o colocar na sala da sua casa. (Talvez não ostentemos um carro, mas podemos ostentar coisas menores e mais baratas. Os corações dos que ostentam são ridiculamente iguais; o que varia éo preço e a plateia.) A ostentação pessoas atrai pessoas em busca de benefícios e depois as afasta, porque as o percebem como avarento. A ostentação provoca guerras. Em lugar de ostentar, veja o que pode distribuir.

Se tiver conhecimento, visível pelo discurso ou pelos diplomas, não seja arrogante. Considere o conhecimento um dom de Deus. Seja grato e diga a ele éo melhor conhecimento saber que éamado por ele. Ponha o seu conhecimento a serviço dos que não sabem para que também saibam.

 

8. Ande a pé. Hámuitos destinos no quotidiano que vocêpode fazer a pé. Dependa menos do seu carro e mais dos seus pés. Seu corpo agradece. Seus amigos agradecem. O planeta agradece. "Ouça os pássaros. Aprecie a textura da grama e das folhas. Cheire as flores. Encante-se com as cores onde estiverem. Simplicidade significa redescobrir que a terra édo Senhor junto com tudo o que hánela (Salmo 24.1). [44]

 

9. Ame, verbo que Jesus coloca com a síntese dos dez mandamentos. Segundo relatam os Evangelhos, um teólogo lhe perguntou qual era o principal mandamento, pensando certamente nos Dez que Moisés registrou. A resposta foi:

 

"O principal é: 'Ouve, óIsrael, o Senhor, nosso Deus, éo único SenhorAmarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força'. O segundo é: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'. Não háoutro mandamento maior do que estes"(Marcos 12:28-31).

 

Como podemos viver estes mandamentos que se interrelacionam?

O pastor presbiteriano Antonio Carlos Costa, que criou no Rio de Janeiro um movimento para promover a paz, contra a injustiça, nos desafia: “Viver a vida que Jesusviveu significa, acima tudo, amar. Sua missão no mundo, a partir de agora, éamar. Amar éviabilizar a vida do próximo, libertando-o do que o impede de servir, na plenitude do seu ser, a Deus e ao próximo. Isso significarápara vocêpregar, porque não háliberdade sem Cristo. Mas, também, socorrer o pobre, porque a fome, a doença e a desinformação trazem dor e impedem o ser humano de usar seus dons e talentos na proporção que poderia. Amar é, ainda, agir politicamente, porque más políticas públicas matam, enquanto boa, políticas públicas salvam. Vão cruzar o seu caminho vidas preciosas, cuja libertação depende de ação política". [45]

 

10. Viva contente. Simplesmente.

Como vemos na vida do apóstolo Paulo, o contentamento vem da cosmovisão que incluiDeus e seus caminhos misteriosos, numa flexibilidade que nostorna mais abertospara aceitar novas dimensões da realidade. No caso dele, "este estado constante de contentamento veio através de um longo processo de aprendizado". Por meio da oração e da meditação, ele "'aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação'".  

Isso seu deu como "oresultado do longo exercício espiritual da súplica com gratidão", que "fez com que Paulo experimentasse uma paz divina que émaior do que a lógica humana. Uma paz interior que envolve coração e mente em Cristo. Suas emoções, sentimentos, valores e conceitos estavam seguros em Cristo".

Assim, como ensina Ricardo Barbosa, "não era a riqueza ou a pobreza, nem a honra ou a humilhação que iriam determinar o estado do seu espírito, mas a consciência da suficiência da graça de Deus nele". [46]

Este éo testemunho eloquente de Paulo: “aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. Noutras palavras: “aprendi a encontrar, dentro de mim, uma satisfação intensa e real no meio de qualquer situação”. Não era a riqueza ou a pobreza, nem a honra ou a humilhação que iriam determinar o estado do seu espírito, mas a consciência da suficiência da graça de Deus nele.

Esta também deve ser a nossa busca.

 

 

ACORDE

 

1. Pergunte-se: "Sou ama pessoa cobiçosa?" [47](AUTOCONHECIMENTO)

 

2. Confesse, como um amigo que me escreveu um profissional, no calor das disputas no seu departamento: "Grave édesejar estar no lugar do outro, usufruindo de suas coisas, por se achar melhor, mais digno, mais merecedor.Éalgo terrível, mas não posso negar que jáme senti assim, com inveja de alguém, em determinados momentos". (CONFISSÃO)

 

3. Ore. Ore assim: "Senhor Deus, tu éso bastante para mim. Preciso de ti. Preciso te adorar pelo que és, não pelo que me dás". (ORAÇÃO)

 

4. Questione-se com sinceridade diante do Senhor. "Deus, sou uma pessoa cobiçosa? Passo mais tempo pensando em pessoas a impactar ou em coisas a acumular? Quando penso num futuro feliz para mim e minha família, eu me imagino com mais coisas ou impactando mais vidas?"[48](REFLEXÃO)

 

4. Decida obedecer ao décimo andamento. Decida ser simples. Aprenda a gostar dascoisas sem possuí-las. Ter ascoisas éuma obsessão em nossa cultura. Achamos que sendo donos das coisas, podemos controlá-las e, controlando-as, poderemos sentir mais prazer. Trata-se de pura ilusão. Muitas coisas na vida podemser apreciadas sem posse ou controle. Vocêpode usufruir da praia ou de uma biblioteca, sem possuir um grão de areia ou um livro. [49]Quem tem filhos, ensine-lhes isto.  (DECISÃO).

 

5. Vigie para não cair na tentação do consumo. Cuide para não ceder àostentação. Lembre-se, como advertiu James MacDonald, que "quando nos detemos pensando em nosso desejo, ceder ésóuma questão de tempo". (EMPENHO)

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

CHITTISTER, Joan. The Ten commandments : laws of the heart. Maryknoll: Orbis, 2006.

COSTA, Antônio Carlos. Convulsão protestante.São Paulo: Mundo Crustao, 2915.

DOUGLAS, William. O poder dos 10 mandamentos. São Paulo: Mundo Cristão, 2014.

FROMM, Erich. Ter ou ser.Rio de Janeiro, Zahar, 1977

GUINESS, Os. Sete pecados capitais. São Paulo: Vida Nova, 2006.

MacDONALD, James. Senhor, transforma minha atitude. São Paulo: Vida Nova, 2015.

RYLE, J.C. Contentamento.[S.l.]: Projeto Ryle, [s.d.].

SCHLESSINGER, Laura C. Los Diez Mandamientos. Traducción por Ana del Corral. New York: HarperCollins, 2006.

 



[1] Citado por GUINESS, Os. Sete pecados capitais. São Paulo: Vida Nova, 2006, p. 75.

[2] SCHLESSINGER, Laura C. Los Diez Mandamientos. Traducción por Ana del Corral. New York: HarperCollins, 2006, posição 5502.

[4] FROMM, Erich. Ter ou ser.Rio de Janeiro, Zahar, 1977, p. 35.

[5] Reportagem citada por HORTON, Michael. How to buy happiness. Palestra na TED em novembro de 2011. Disponível em <http://www.ted.com/talks/michael_norton_how_to_buy_happiness/transcript?language=pt-br>.

[6]Gallup Poll Shows That Money And Happiness Go Hand-In-Hand; Education Is The Runner Up. Disponível em <http://www.medicaldaily.com/gallup-poll-shows-money-and-happiness-go-hand-hand-education-runner-292284>

[7] PITCHON, Moshe. Por que "cobiça", e não "ciúme" ou "inveja"? Disponível em <http://judaismohumanista.ning.com/profiles/blogs/por-que-cobi-a-e-n-o-ci-me-ou-inveja>.

[8] MacDONALD, James. Senhor, transforma minha atitude. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 69.

[9] As definição sobre "cobiça" são James MacDonald (MacDONALD, James. Senhor, transforma minha atitude. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 68). Os exemplos são meus.

[10] CHITTISTER, Joan. The Ten commandments : laws of the heart. Maryknoll: Orbis, 2006, p. 112.

[11] Citado por PITCHON, Moshe. Por que "cobiça", e não "ciúme" ou "inveja"? Disponível em <http://judaismohumanista.ning.com/profiles/blogs/por-que-cobi-a-e-n-o-ci-me-ou-inveja>.

[12] GUINESS, Os. Sete pecados capitais. São Paulo: Vida Nova, 2006, p. 76.

[13]CHITTISTER, Joan. The Ten commandments: laws of the heart. Maryknoll, NY: Orbis, 2006, p. 126.

[14] CHITTISTER, Joan. The Ten commandments: laws of the heart. Maryknoll, NY: Orbis, 2006, p. 116.

[15] MANUS, Ruth. A triste geração que virou escrava da própria carreira. Disponível em <http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/a-triste-geracao-que-virou-escrava-da-propria-carreira-2/>

[16] CHITTISTER, Joan. The Ten commandments: laws of the heart. Maryknoll, NY: Orbis, 2006, p. 119.

[17] CHITTISTER, Joan. The Ten commandments: laws of the heart. Maryknoll, NY: Orbis, 2006, p. 130.

[18] SCHLESSINGER, Laura C. Los Diez Mandamientos. Traducción por Ana del Corral. New York: HarperCollins, 2006, posição 5258.

[19] SPARKS, Lyla. Alexander Quotes. Disponível em <http://www.pothos.org/content/index.php?page=quotes>

[20] SCHLESINGER, Laura, op. cit., posição 5286.

[21] PITCHON, Moshe. Por que "cobiça", e não "ciúme" ou "inveja"? Disponível em <http://judaismohumanista.ning.com/profiles/blogs/por-que-cobi-a-e-n-o-ci-me-ou-inveja>.

[22] SCHLESSINGER, Laura C. Los Diez Mandamientos. Traducción por Ana del Corral. New York: HarperCollins, 2006, posição 5394.

[23] AMORESE, Rubem. Inveja. Disponível em <AMORESE, Rubem. Inveja. Disponível em <http://www.adpmaculusso.com/artigos/inveja.pdf>.

[24] CHITTISTER, Joan. The Ten commandments : laws of the heart. Maryknoll: Orbis, 2006, p. 112.

[25] SCHLESSINGER, Laura C. Los Diez Mandamientos. Traducción por Ana del Corral. New York: HarperCollins, 2006, posição 5422.

[26] GONDIM, Ricardo. Contentamento. Disponível em <http://www.ricardogondim.com.br/meditacoes/contentamento/>

[27] MacARTHUR, John. Secrets of Contentment. Disponível em <http://www.gty.org/resources/articles/A250/Secrets-of-Contentment-Part-1>

[28] MacARTHUR, John. What-Is-the-Secret-to-Contentment. Disponível em <http://www.gty.org/resources/questions/QA149/What-Is-the-Secret-to-Contentment>

[29]RYLE, J.C. Contentamento. [S.l.]: Projeto Ryle, [s.d.], posição 32.

[30]RYLE, J.C., op. cit., posição 188.

[31] DOUGLAS, William. O poder dos 10 mandamentos. São Paulo: Mundo Cristão, 2014, posição 2324.

[32] SCHLESSINGER, Laura C. Los Diez Mandamientos. Traducción por Ana del Corral. New York: HarperCollins, 2006, posição 5422.

[33] DOUGLAS, William, op. cit., posição 2341.

[34]GUINESS, Os, op. cit., 196.

[35]GUINESS, Os, op. cit., 196, 175.

[36] NORTON, Michael. Como comprar felicidade.Conferência na TED de Cambridg, em novembro de 2011. Disponível em <http://www.ted.com/talks/michael_norton_how_to_buy_happiness/transcript?language=pt-br>.

[37] MacDONALD, James, op. cit., p. 73

[38] MacDONALD, James, op. cit., p. 74.

[39] CHITTISTER, Joan. The Ten commandments: laws of the heart. Maryknoll, NY: Orbis, 2006, p. 114.

[40] CONGRESSO DE LAUSANNE. Por um estilo de vida simples. Disponível em < http://www.ultimato.com.br/conteudo/por-um-estilo-de-vida-simples>

[41] FOSTER, Richard. The Discipline of Simplicity. Disponível em <http://www.hnp.org/userfiles/Simplicity.pdf>.

[42] KELLAWAY, Lucy. Eu preferiria engraxar sapatos a ser uma executiva de banco. Disponível em <http://mobile.valor.com.br/carreira/4075032/eu-preferiria-engraxar-sapatos-ser-uma-executiva-de-banco>

[43] FOSTER, Richard. The Discipline of Simplicity. Disponível em <http://www.hnp.org/userfiles/Simplicity.pdf>.

[44] FOSTER, Richard. The Discipline of Simplicity. Disponível em <http://www.hnp.org/userfiles/Simplicity.pdf>.

[45] COSTA, Antônio Carlos. Convulsão protestante. São Paulo: Mundo Crustao, 2915, p. 240.

[46] BARBOSA DE SOUZA, Ricardo. A paz do contentamento. Disponível em <http://www.ultimato.com.br/conteudo/a-paz-do-contentamento-1#simplicidade>

[47] MacDONALD, James, op. cit., p. 81.

[48] MacDONALD, James, op. cit., p. 81.

[49] FOSTER, Richard. The Discipline of Simplicity. Disponível em <http://www.hnp.org/userfiles/Simplicity.pdf>.