SEM MEDO E SEM RESERVAS (Sylvio Macri)

“Portanto, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.” (Atos 26.19).

O impacto da experiência de conversão e chamada de Paulo no caminho de Jerusalém para Damasco foi tão grande, que permaneceu vivo na sua mente para sempre. Duas décadas e meia depois, ele ainda era capaz de descrever vividamente a luz do céu mais brilhante que o sol que o fez cair por terra e o cegou, a voz do Senhor que o chamou, e a descrição da missão que lhe foi dada. Como poderia ele resistir a tão poderosa visão?

Alguns anos antes dessa audiência com o rei, Paulo dissera aos pastores da igreja de Éfeso, no seu encontro de despedida, em Mileto: “Impelido pelo Espírito, vou para Jerusalém (….) prisões e tribulações me esperam. Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da Graça de Deus.” (At.20.22-24).

Sem medo e sem reservas, o apóstolo continuava trabalhando dia e noite, com lágrimas, testemunhando tanto a gente comum como a pessoas influentes, em Jerusalém, na Judéia e no mundo gentio. Nas cartas aos coríntios ele fala das prisões, torturas, privações, tribulações, desonra, desprezo, calúnias, traições e outras coisas que sofreu (2Co.6.4-10), e mostra que não esperava mesmo coisa melhor: “Até o momento somos o lixo do mundo e a escória de todos” (1Co.4.13).

Entretanto, isso não o deprimiu; pelo contrário, lembrando-se daquele que brilhou em seu coração para a iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo, pode afirmar: “Sofremos pressões de todos os lados, mas não estamos arrasados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos.” (2Co.4.6,8,9). Preso em Roma, escreveu: “Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação.” (Fp.4.13 – NTLH).

Homens como Paulo são vasos escolhidos, mas seu segredo é a convicção de que são vasos de barro, para que o poder extraordinário seja de Deus e não deles (2Co.4.7).

Pr. Sylvio Macri