NA HORA DO HORROR

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Quando o terror se desdobra diante dos nossos olhos, por meio de uma visão própria ou de uma televisão, perto ou longe de nós, o horror nos deixa chocados. Nossa exclamação sempre é: a que ponto chegamos!
Se os assaltantes matam por uma causa ou apenas por dinheiro, não podem receber a nossa admiração. Assassinos não são heróis.
Nessas horas, quem crê em Deus, como o revelado por Jesus Cristo, se pergunta: onde Ele está? Quem não crê, levanta-se contra Ele ou contra a ideia de sua existência.
Não podemos nos esquecer que somos livres. Quem é livre para pecar é livre para colher os frutos do seu pecado. Quando Deus intervém, nunca é para nos cassar a liberdade, mas para minimizar os males do seu uso errado. Ainda assim, a intervenção divina não pode ser a toda hora para suspender os efeitos da liberdade, porque seria suspender a própria liberdade. Um tiro disparado é a consequência da liberdade, da qual não podemos abrir mão, nem dela, nem de suas consequências. 
Devemos cuidar para o pior de nós não se revelar em nós, que acontece quando passamos a acreditar que a violência deve ser respondida com uma violência igual ou maior, não como defesa ou justiça, mas como vingança. O desejo de vingança desenvolve-se numa espiral que se volta contra quem reagiu.
Essas horas nos sugerem reflexões pessoais. Uma delas é pensar nos nossos atos, aqueles cometidos em casa, na porta do vizinho ou na cadeira de trabalho, com atitudes feitas de palavras ou gestos. Cobertos de razão, a razão que sempre achamos ter, podemos dizer que agimos em nome de Deus, mas nossos gestos nunca serão realmente de Deus ou para Deus, se não forem recomendados por Ele, uma vez que Ele que nunca aprova a violência. Em que armas Jesus pegou ao anunciar o Reino de Deus? Que grupo organizou para atacar pessoas ou nações? O Reino de Deus é um Reino de amor, que se implanta pelo amor ou não se implanta.
O Reino de Deus é um Reino de paz, que não existe no ódio, no preconceito, no estereótipo, no desinteresse, na indiferença, na insensibilidade, no egoísmo, na guerra. Alguém dirá:
— Utopia.
Sim, utopia, se acreditarmos que nós construiremos um mundo em que o amor e a paz prevalecerão. Utopia? Não, se nos deixarmos conduzir pelos ensinos de Jesus, o Senhor da ternura. Estaremos na rota desta construção, se o amor e a paz prevalecerem nos nossos corações.
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO