1. Uma crise política é sempre uma crise de confiança na política (e nos políticos). Se crise é tensão, estamos sempre em crise. Crise é outra coisa: é quando, pessoalmente, não sabemos PARA ONDE ir; crise política é quanto a sociedade não sabe COMO ir. O "como" ir é tarefa do líder.
Winston Church, diante da crise (como vencer a "invencível" Alemanha), disse: "Eu nada tenho a oferecer-vos, senão sangue, sacrifícios, suor e lágrimas. (…) Temos, diante de nós muitos, muitos longos meses de lutas e de sofrimentos. Os senhores perguntam: qual é a nossa política? Eu respondo, é (…) fazer a guerra contra uma tirania monstruosa, jamais superada nas trevas do lamentável catálogo dos crimes humanos. (…) Os senhores perguntam qual é nosso objetivo. Eu posso responder com uma só palavra: é a vitória, vitória a qualquer custo, vitória apesar de todo o terror, vitória por mais longa e dura que sejam os caminhos a trilhar, pois, sem vitória não há sobrevivência. (…) Venham. Vamos avançar juntos, com a união das nossas forças".
2. A política (a vida na "polis", a vida em sociedade) depende da confiança entre os habitantes da "polis" (cidadãos). Uma cidade não vive sem confiança.
3. A "polis" precisa de uma autoridade, que não esteja sobre ela, mas que esteja com ela, para a fazer crescer, que deve ser sua tarefa. Visitemos a etimologia: no latim, "autoridade" vem de "augere", fazer crescer… O líder de uma "polis" existe para fazer a "polis" crescer.
4. O político é alguém que conquista autoridade moral, como digno de ser imitado. A verdadeira autoridade, portanto, é moral. A saída de uma crise política nacional será sempre uma tarefa da liderança, porque foi a liderança pessimamente exercida que levou o país à crise.
5. Precisamos de líderes que sigam em frente, por terem uma visão, não que sigam a opinião pública, mas que fazem a opinião pública.
6. Precisamos de líderes em que haja coerência entre o que falam e fazem. Se o teor malévolo das conversas entre políticos for revelado, não deveria haver reclamação de que houve violação de seus direitos, mas vergonha por ter falhado nos seus deveres.
7. Precisamos de líderes que sejam intermediários entre a realidade (de agora) e a utopia (de amanhã). Se há uma ponte entre estes dois tempos, o líder está no meio dela, para ajudar o povo na travessia.
8. Precisamos de líderes que falem e façam o que e como fazer. O Martin Luther King, que discursou em Washington ("I have a dream"), estava no restaurante para boicotar o preconceito, mesmo saindo carregado pela polícia. Ele podia dizer, com autoridade: "Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito".
9. Precisamos de líderes que inspirem. Suas palavras inspiram. Suas atitudes inspiram. Sua paixão inspira. Sua coerência inspira.
10. Precisamos de líderes que nos ajudem a cultivar o princípio da esperança, sem a qual não vivemos como pessoas e nações.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO