O que é devoção? Respeitabilidade, consideração, atenção, deferência, culto, dedicação, contemplação, lealdade, obediência, genuflexão, inclinação, distinta consideração. [1]
A grande importância da devoção pessoal está na glória de Deus e na maturidade do cristão. A devoção pessoal é o estilo de vida do cristão autentico.
Neste estudo, vamos examinar a devoção pessoal como característica do cristão genuíno; a sua contribuição vital para o fortalecimento do cristão; a sua pratica como demonstração de amor ao Senhor e os seus resultados na vida do cristão autêntico.
A DEVOÇÃO PESSOAL É UMA CARACTERISTICA BEM MARCANTE DO CRISTÃO GENUÍNO.
Porque justo não anda no caminho dos ímpios; não se detêm no caminho dos pecadores e nem se assentana roda dos escarnecedores. Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor na qual medita dia e noite (Salmos 1.1-2). A devoção autêntica produz fruto, ou seja, é como a árvore plantada junto ao ribeiro de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria (Salmos 1.3). A devoção do crente é motivada por sua sede e fome de Deus (Salmos 42.1,2).
A Palavra de Deus é a mensagem para o seu coração e a sua mente. A oração é o derramar do seu coração diante de Deus pela confissão, intercessão, gratidão e petição. Para o cristão, a oração não se torna uma obrigação, mas um deleite.
Aquele que pratica a devoção não se acomoda com a sua vida espiritual, pois está sempre buscando o aperfeiçoamento. A devoção é o aprofundamento da sua vida com Deus. É um mergulho nas profundezas das Escrituras.
Na devocional do cristão autêntico, a oração é semelhante a de Davi: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Salmos 51.10).
Jesus, que sempre se retirava para o vazio do deserto, que vivia e trabalhava orando, que ouvia e fazia somente o que o Pai dizia e fazia, é a expressão da tradição contemplativa em sua plenitude e completa beleza. [2]
A DEVOÇÃO PESSOAL FORTALECE A VIDA ESPIRITUAL DO CRISTÃO
Este era o desejo de Paulo quando orou pelos irmãos em Éfeso, 3.14-21. Neste precioso texto o apostolo usa algumas expressões bem características de uma vida espiritual madura: “sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior” (v.16); “estando arraigados e fundados em amor” (v.17); “compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (vv.18,19).
Precisamos de água e alimento para sobrevivermos e crescermos. Eles são essenciais à vida humana. Na vida espiritual, precisamos da Palavra e do Espírito Santo. Aquele, pois, que não busca a intimidade com Deus, acaba se enfraquecendo. Devemos sempre depender de Deus para o nosso crescimento espiritual (2 Co 3.5). O apóstolo Paulo afirmou: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fil 4.13).
Há uma pergunta procedente: Por que há muitos fracos na fé, emocionalmente desequilibrados e mentalmente divididos? Falta-lhes a devoção diária. Assim como no corpo precisamos de alimento, água, sol e descanso, assim é também na vida espiritual. No Salmo 37.1-7, encontramos alguns verbos essenciais ao nosso crescimento cristão: “confiar, deleitar, entregar, descansar e esperar”. São verbos de um movimento do Espírito em nosso interior.
Sabemos que a nossa luta é espiritual e demanda a armadura de Deus. Podemos perfeitamente vencer a batalha porque o Senhor está presente em nossas vidas (Ef 6.10-20).
A DEVOÇÃO PESSOAL REVELA O AMOR AO SENHOR.
Sabemos que quem ama tem prazer na intimidade. Em estar junto. Jesus nos lembra a importância de amarmos o Senhor de todo o nosso coração; de toda a nossa alma; e de todo o nosso entendimento (Mateus 22.34-40).
Quando amo ao Senhor desejo estar com ele. Cear com Ele. Meditar em Sua Palavra e orar intensamente são prazeres da nossa vida. Thomas Merton disse: “A contemplação nada mais é que o aperfeiçoamento do amor”. [3]
Quem ama o Senhor tem prazer em busca-lo de todo o coração. Diz o Senhor através de Jeremias: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração “(Jr 29.13). Temos um Pai que trabalha dia e noite visando sempre o nosso bem (Isaias 64.4). É maravilhoso o cuidado que Deus tem por nós, Seus filhos amados!
A DEVOÇÃO PESSOAL TEM RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS.
Fortalece o coração. Renova a mente (Rm 12.1,2). Recreia as entranhas. Produz sabedoria. Jesus nos introduz à sabedoria interior. Sabedoria não significa saber muito, mas olhar mais profundamente, observar os abismos do mundo e da alma do ser humano para poder sondar o segredo de Deus e da Sua criatura. [4]
A devoção pessoal torna-nos mais sensíveis à voz de Deus e aos clamores dos homens. Temos consciência da seriedade do nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo.
A devoção pessoal amplia a nossa visão espiritual, dando-nos discernimento. Substancia positivamente os nossos relacionamentos. Torna-os mais maduros, produtivos e criativos. A pratica da devoção pessoal nos fortalece para o enfrentamento diário. Orienta-nos em nossa profissão. Ela se torna um instrumento de evangelização. Aprendemos a usar cada oportunidade porquanto os dias são maus (Efésios 5.15,16). Assim, somos testemunhas fidedignas do evangelho.
A necessidade de soledade ou de estar só e quietude nunca foi maior do que hoje […]. Aparentemente, as massas querem as coisas como estão, e na maioria os cristãos acham-se tão conformados com a presente era, que eles também querem que as coisas continuem como estão.[5]
Como precisamos de um “centro tranquilo”! Precisamos necessária e urgentemente de comunhão íntima com o nosso Pai. Jesus é o nosso exemplo de intimidade com o Pai.
Que a devoção ao Senhor domine os nossos corações para que sejamos cristãos relevantes nesse mundo que jaz no maligno. Oração e meditação nas Escrituras são tão essenciais à nossa vida como a água e o alimento. Que Deus, o nosso Pai, seja glorificado em nossa devoção!
[1] AZEVEDO, Francisco Ferreira dos Santos. Dicionário Analógico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon. 2010, 2ª. Ed., p. 451.
[2]FOSTER, Richard J. Rios de Água Viva. Práticas essenciais das seis grandes tradições da espiritualidade cristã. São Paulo: Editora Vida, 1998, p. 26.
[3] Citado por Richard J. Foster e Emilie Griffin em “Celebrando as 12 Disciplinas Espirituais”. São Paulo: Editora Vida, 2010, p.28.
[4] GRUN, Anselm. À Procura do Ouro Interior. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2011, p. 35.
[5]TOZER, Aiden W. De Deus e o Homem. Cultivemos a simplicidade e a solidão. São Paulo: Editora Mundo Cristão: 1981, p. 87.