1 Coríntios 11.23-29
Uma das ocasiões mais preciosas do Reino de Deus, na Igreja, é a celebração da morte e da ressurreição do Senhor Jesus. É um ambiente caracterizado pela comunhão dos santos, identificação com a morte e a ressurreição do Senhor, a consequente proclamação do evangelho da graça (1 Co 11.26), e a expectativa da Sua volta (1 Co 11.26b). É um tempo de auto-exame à luz da própria Palavra (1 Co 11.28). Tempo de quebrantamento e reverência nos levando à consciência de que somos homens e mulheres imperfeitos, mas alcançados pela graça de Deus. A Celebração da Ceia é um memorial cujos elementos são o suco da videira (simbolizando o sangue de Cristo) e o pão (simbolizando o corpo de Jesus em sacrifício por nós). Sangue e corpo falam bem alto do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Proclamam vida em abundancia (João 10.10). O justo pelos injustos para levar-nos a Deus (1 Pe 3.18). Há quatro preciosas lições que precisamos aprender.
1. Ceia é a festa da comunhão dos santos em Cristo; adoração e contrição; expressão e testemunho; entrega e serviço; contentamento e gratidão; perdão e aceitação; paciência e esperança.
Sendo uma ordenança deixada pelo Senhor, ela revela a Sua presença no meio do Seu povo (João 1.14). Na ceia, o nosso pensamento em relação à morte de Cristo é mais forte. Não é um ambiente fúnebre, mas de ressurreição, pois o Salvador venceu a morte. Podemos celebrar "a morte da morte na morte de Cristo"(Owen). Podemos perguntar: Onde está, ó morte, a tua vitória? (1 Co 15.55). A nossa convicção é de que nada nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.38,39). Esta é a nossa ancora firme, inabalável.
2. Na Ceia, celebramos a nossa morte e a nossa ressurreição com Ele (Cl 3.1,2).
Celebração de vidas que foram escondidas com Cristo em Deus (Cl 3.3,4). Ela é escatológica, pois o povo cristão primitivo, quando da celebração da Ceia, dizia com convicção: "Maranata, Senhor Jesus!", cujo significado é: "Ora vem, Senhor Jesus!". Esta deve ser também a nossa expectativa segura. A Ceia deve aquecer os corações frios; aproximar e aglutinar os que estão distantes e os que estão dispersos, trazendo-os para a comunhão, para a experiência do Corpo Vivo de Cristo. Na celebração da morte e da ressurreição do Senhor há cura, os milagres acontecem. Perdão, aceitação e alegria prevalecem no ambiente de celebração. O sacramento é um meio de comunhão com o corpo e o sangue de Cristo, e um meio pelo qual a fé se apropria das bênçãos que fluem de Cristo glorificado, em virtude de Sua morte (Edwards). Por esta razão, festejamos que fomos aceitos pelo Pai e agradáveis a Ele no Amado (Ef 1.6).
3. Ceia é a lembrança de um passado que nos toca fundo e, por isso, inesquecível; um presente atuante e um futuro cheio de esperança, pois o Senhor prometeu voltar para nos buscar(At 1.11).
Ela nos chama à responsabilidade para um comprometimento com a pregação do evangelho integral até que Cristo volte (Mt 24.14). Ceia é graça derramada, justiça satisfeita e, como resultado, salvação plena em Jesus Cristo. É a demonstração plena do amor de Deus revelado a nós em Cristo Jesus (Rm 5.8). Devemos proclamar a Sua morte até a Sua volta (v.26). Paulo utiliza a frase “Até que Ele venha”, lembrando-nos do aspecto escatológico da Santa Comunhão (Morris). Como diz W, Bright: “Aqui presentes, nós expomos ante Ti a única oferenda a teus olhos perfeita, o único vero, puro, imortal Sacrifício” (Citado por Morris).
4. Na Mesa do Senhor, a comida é servida e todos se alimentam com alegria.
Há sintonia e sinergia em Cristo. Há diálogo, um repartir de coração e unidade no relacionamento (Fil 2.1, 2). É neste ambiente que o Senhor Jesus tem prazer em estar presente. Paulo quer dizer que ninguém deve entender a Santa Comunhão como uma coisa natural, como qualquer serviço litúrgico. É um rito solene, instituído pessoalmente pelo Senhor, carregado de profunda significação. Antes de tomarmos parte em tal serviço, o mínimo que podemos fazer é um rigoroso auto-exame. Deixar de fazê-lo resultará em comungar indignamente (v.27, Morris). Jesus celebrou a Ceia com os Seus discípulos e quer que celebremos em amor, reverentemente, uns com os outros, no ambiente da fraternidade cristã, no ambiente da Sua tão amada Igreja pela qual derramou o Seu precioso sangue. Agora é “Cristo em nós, a esperança da glória” (Cl 1.27). Quando Cristo está em nós, especialmente na Ceia, a Igreja é edificada, os perdidos são trabalhados pelo Espírito Santo para a conversão e a Glória de Deus, nosso Pai, manifestada.
Que privilégio para cada um de nós poder celebrar a morte e a ressurreição de Cristo até que ele volte. A Ceia é uma oportunidade para o quebrantamento e a contrição. Para reafirmarmos o nosso compromisso com Cristo, na pregação do Seu evangelho, cumprindo assim a Grande Comissão (Mt 28.18-20). Somos chamados a cear motivados pelo que Cristo fez por nós na cruz. Devemos celebrar a morte e a ressurreição do Senhor Jesus Cristo por nós todos os dias e em todos os momentos. Na verdade, fomos crucificados, mortos e ressurretos com Ele. O tempo da Ceia do Senhor é um tempo de profunda reflexão. Pensarmos no que Cristo fez por nós na cruz do Calvário. A celebração da ceia é uma oportunidade para o perdão, a reconciliação, a diaconia e a comunhão plena. Celebremos a Ceia com graça, intensidade, abnegação, solidariedade, justiça, verdade e santidade. Cristo voltará, Aleluia!!!