“Assim diz o Senhor: Maldito é quem confia nas pessoas, que se apoia na força humana e afasta seu coração do Senhor. É como o arbusto solitário no deserto; não tem esperança alguma. Habitará em lugares desolados e estéreis, numa terra salgada, onde ninguém vive. Feliz é quem confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor. É como árvore plantada junto ao rio, com raízes que se estendem até as correntes de água. Não se incomoda com o calor, e suas folhas continuam verdes. Não teme os longos meses de seca, e nunca deixa de dar frutos. (Jr.17.5-8).
A palavra do profeta se aplica primariamente ao rei Zedequias e seus oficiais, que depositavam sua confiança nos egípcios para serem salvos da onda avassaladora dos conquistadores babilônios. A história se incumbiu de mostrar que essa confiança falhou redondamente. Entretanto, a mensagem profética tem aplicação universal e permanente. Jeremias sabia do que Deus estava falando por experiência pessoal, e eu também sei. Por isso, a pergunta: Por que ser arbusto, se posso ser árvore?
Muitas vezes me vi confiando em soluções humanas para resolver problemas que nem eu nem qualquer outra pessoa podia resolver. Quantas vezes, quando um dos filhos adoeceu ou se acidentou, confiei muito mais no socorro médico do que no Senhor? Quantas vezes, quando desempregado, acreditei mais no meu currículo do que no fato de que se Deus não quisesse não conseguiria emprego nenhum?
Aquele que se apoia no poder humano, coloca sua fé naquilo que é enganoso, impede o Senhor de operar livremente em sua vida, age cada vez mais solitariamente, perde a esperança, é vencido pela frustração, desolação e esterilidade, torna-se uma pessoa ansiosa por algo que nunca acontece. Enfim, torna-se como um arbusto no deserto, que é uma vegetação esquálida, sem viço, sem frutos, própria dos desertos secos, onde nada mais sobrevive.
Com o tempo aprendi a ser árvore, se bem que às vezes tenho recaídas. Aprendi que, para ser feliz, basta simplesmente confiar e esperar no Senhor, a lançar minhas raízes em direção à corrente de águas vivas do Senhor. Porém, bem entendido, não se trata de algo romântico, mas de entregar de fato meu problema a Deus, deixar que seu Espírito guie minha mente em direção à verdadeira solução. Assim, foi possível manter viva a esperança, pois ele é o Senhor da minha história pessoal e sabe muito melhor do que eu o que é bom para mim
Então, pude suportar o calor da luta e atravessar satisfatoriamente os dias de secura, pude espantar meus medos em tempos de escassez, conservar a beleza da fé e manter uma vida frutífera. Pois, como disse Jesus, rios de água viva brotarão do interior de quem crer nele (Jo.7.39). Certamente na memória de Jesus, entre outras passagens do Antigo Testamento, estava essa da árvore plantada à beira do ribeirão que, por meio de suas raízes, mantém-se viva, frondosa e produtiva pela água fresca que bebe da corrente.
“Sem mim nada podeis fazer.” (Jo.15.5).
Pr. Sylvio Macri
