‘Então orou ao Senhor e disse: Ah! Senhor! Não foi isso que eu disse quando ainda estava na minha terra? Por isso é que fugi depressa para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso paciente e cheio de amor e que te arrependes do mal. Agora, ó Senhor, tira-me a vida, pois, para mim, é melhor morrer do que viver.” (Jonas 4.2,3).
Parece que era isso que estava na cabeça de Jonas o tempo todo nesse episódio contado pelo livro que leva seu nome. Sua mensagem era poderosa e atingiu seu objetivo, mas ele discordou frontalmente de Deus desde o início. E até o fim divergiu da maneira graciosa de Deus tratar o pecador. Por isso fugiu para Társis, e mesmo no navio continuou sua escapada, refugiando-se no porão e não se importando com o que acontecia à sua volta. Foi lá que os marinheiros o acordaram, para presenciar a desgraça que havia provocado com sua rebeldia. Provavelmente, nesse tempo nem sequer orava. Quando o fez, já foi no ventre do grande peixe, pedindo livramento.
Como muitos tipos que existem hoje, Jonas era um sujeito legalista, exclusivista, supremacista e xenófobo. Gente que odeia quase todo mundo e acha que Deus faz (ou deveria fazer) o mesmo. Pessoas que bradam nas redes sociais pela morte e destruição de outras pessoas, e que se estivessem no lugar de Deus fariam isso de fato. Mais do que nunca estamos percebendo como estamos cercados de tipos como Jonas. Eles sempre existiram, mas a internet nos abriu os olhos. Quando pediu para ser lançado fora do navio, Jonas tinha como certo que iria morrer, mas isso seria melhor que cumprir a missão que lhe fora dada pelo Senhor, de propor o arrependimento de seus pecados e o correspondente perdão divino.
Uma coisa que me deixa maravilhado nessa história é como Deus insiste em usar um sujeito renitente como Jonas. Livrou-o do peixe e enviou-o novamente. Se você prega o verdadeiro evangelho pessoas irão se converter e o Senhor irá salvá-las. Jonas era um pregador poderoso, a cidade toda se arrependeu, buscou o perdão de seus pecados e Deus perdoou. Exatamente o que Jonas não queria: Ah! Senhor! Não foi isso que eu disse quando ainda estava na minha terra? Esta foi a primeira tolice do profeta: orar contra a graça de Deus. É Impossível mudar a natureza do Deus que é amor. Não podemos pedir ao Senhor que faça algo contra a sua graça.
E, já que não tinha morrido no mar, Jonas pede agora que Deus o mate; não quer continuar vivendo depois de ter sido um instrumento de tão maravilhosa graça. Mas o Senhor não atende sua oração, e ele, ainda contrariado e furioso, sai de Nínive e fica observando de longe para ver o que aconteceria à cidade, talvez na esperança de Deus ainda executasse o juízo que pregara. O Senhor então usa uma planta, que faz crescer e dar-lhe sombra e em seguida faz morrer, para educá-lo com respeito à graça. Por causa da morte da planta Jonas pede novamente a morte: Para mim, morrer é melhor do que viver (Jn.4.8). Nova tolice, pois que incoerência entre ter compaixão de uma planta e não ter compaixão de cento e vinte mil pessoas!
Como precisamos ser educados quanto à graça de Deus! Assim, deixaríamos de fazer orações tolas.
Pr. Sylvio Macri