Certamente, não!O ministério pastoral não é para homens arrogantes, ditadores, autossuficientes e que apreciam a autopromoção. É para os humildes, dependentes de Deus, misericordiosos, empáticos, simpáticos, tratáveis e que promovem a Pessoa e Obra de Cristo. Esta verdade está em toda a Escritura, especialmente nas epístolas de Paulo a Timóteo e a Tito. O servo que coopera no ministério da Palavra deve ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Andar como Ele andou (Filipenses 2.5-8; 1 João 2.6)). Ter prazer em se apresentar e ser consumido no altar de Deus (Romanos 12.1,2). O ministro de Cristo tem convicção da sua vocação. O seu prazer é o Senhor e a Sua Palavra. A sua alegria está no Deus que age em favor daqueles que nEle esperam. O seu contentamento está visceralmente ligado ao cuidado das ovelhas de Cristo. Infelizmente existem muitos obreiros cheios de orgulho, empáfia, com serias dificuldades de relacionamento e vivendo a síndrome do pequeno reino. Eles se isolam e não têm prazer em lidar com as pessoas mais humildes. A Palavra de Deus diz claramente que a arrogância precede a queda ou a ruína (Provérbios 16.18).
O Senhor Jesus nos convida a aprendermos dEle que é manso e humilde de coração (Mateus 11.29). O Mestre chamou homens simples, do povo, rudes para a realização de uma grande obra. Ele tem prazer naqueles que confiam em Sua suficiência. O coração quebrantado e contrito o Senhor não despreza (Salmos 51.17). O ministério do Senhor Jesus sempre foi marcado pela simplicidade e dependência do Pai. Ele fez toda a vontade do Pai. Esta vontade era central em Sua vida (Mateus 26.39). Ele nos ensinou a obediência incondicional. Servir em vez de ser servido (Mateus 20.28). Não temos capacidade para o exercício do ministério a não ser a que vem de Deus. Esta era a convicção do apóstolo Paulo (2 Coríntios 3.5).
Temos percebido arrogância, acepção e desprezo no ambiente do ministério. Obreiros que se orgulham em pastorear igrejas grandes, de fazerem grandes trabalhos e vislumbrarem desafios megalomaníacos. Dão mais valor para o censo do que ao senso. Mais focados nas coisas do que em pessoas. Mais inclinados à organização do que para o organismo. Homens comprometidos com a grandeza meramente humana. Que apreciam a ovação, o pódio e o reconhecimento humano. Elementos cheios de si e que não têm interesse em ajudar os obreiros mais simples. Do seu pedestal, vislumbram arrogantemente os menores. Eles até os desprezam. Há até uma concepção de ‘alto clero’ e ‘baixo clero’. Infelizmente há extratos na comunidade pastoral. Eles se esquecem de que são “um caniço pensante” (Pascal) ou “um cadáver adiado” (Fernando Pessoa).
Quantas vezes não atentamos para os feridos que precisam do nosso amor e da nossa atenção focada; companheirismo e cuidado; graça e encorajamento; dedicação e serviço. O exercício do ministério pastoral tem o traço marcante da compaixão de Jesus. É um trabalho de misericórdia. John Piper ensina que nós, pastores, não somos profissionais. Somos chamados mediante a graça de Deus na Pessoa de Cristo para pregarmos o evangelho, servirmos aos que sofrem e pastorearmos o rebanho, cuidando dele não por obrigação, mas espontaneamente, segundo a vontade de Deus; nem por interesse em ganho ilícito, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que nos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho (1 Pedro 5.2,3). Que responsabilidade tem o ministro de Deus!
Dr. A. W. Tozer, asseverou: “Enquanto a liderança espiritual não voltar a ser ocupada por homens que preferem a obscuridade, continuaremos a presenciar uma constante deterioração da qualidade do cristianismo popular, e possivelmente chegaremos ao ponto em que o Espírito Santo, entristecido, se retirará, como a glória de Deus se aparou do templo”. O ministério não combina com arrogância, orgulho, mas com humildade, contrição e obscuridade ou discrição. O múnus profético é algo sublime. Não é vacação humana, mas vocação divina. Piedade é uma das suas características. O amor é o oxigênio do ministério cristão. As realidades vertical e horizontal têm a ver com o amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta, o amor que surge da cruz (1 Coríntios 13.4.-8). Sabemos que a realidade vertical tem a ver com a comunhão íntima em relação ao Senhor. A horizontal, por sua vez, significa comunhão com o outro em profundo amor. Ministério é obra da cruz e deve ser sempre caracterizado por ela. Exercer o ministério pastoral está intrinsecamente ligado à comunhão com o Senhor em plena obediência e com o próximo. Toda a base do ministério, sua motivação e seus objetivos estão ligados de forma vital à obra de Cristo na cruz. O ministério não é promoção pessoal, mas é para servir ao Senhor e às pessoas e, acima de tudo, para a glória de Deus