SUFICIÊNCIA VERSUS INSUFICIÊNCIA (Oswaldo Jacob)

Suficiência é qualidade daquilo que é pleno; o bastante, o quantum satis, o quantum sufficit, o necessário, o preciso, o indispensável, satisfação, completude (Dicionário Analógico da Língua Portuguesa). Insuficiência, por sua vez, é o inverso da suficiência. O nosso modelo de suficiência é o Senhor Jesus Cristo. O nosso exemplo de insuficiência é o homem. O primeiro, é perfeito. O segundo, imperfeito. O Senhor Jesus é suficiente em Si mesmo (João 13.19). O homem é insuficiente em sua estrutura. Quando olhamos para o nosso interior nos deprimimos ao vermos tanta incoerência.

O nosso olhar deve estar sempre em Jesus, a nossa suficiência, o Autor e Consumador de nossa fé (Hebreus 12.2). A insuficiência do homem está muito clara em Salmo 58.3: “Os ímpios se desviam desde o ventre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras”. Desde a sua concepção, o homem tem revelado a sua natureza pecaminosa, imperfeita e degenerada (Salmo 51.5). Portanto, o homem não é referencial de suficiência, mas de insuficiência. Quantas vezes nos decepcionamos ao colocar os nossos olhos no ser humano. A natureza humana não é modelo de santidade, pureza e perfeição. Como diz o Senhor: “Todos nós somos como o impuro, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas maldades nos arrebatam como o vento” (Isaías 64.6). 

Pedro revelou a sua insuficiência quando afirmou para Jesus que jamais o negaria. Todavia, o Senhor o desmascarou e colocou em fratura exposta a sua insuficiência (Mateus 26.33,34). Aquele que é suficiente é plenamente capaz de olhar para o interior do homem e constatar a sua imundície. O Senhor, através do profeta Jeremias, diagnosticou a natureza humana ao dizer: “o coração é enganoso e incurável, mais que todas as coisas; quem pode conhece-lo? Eu, o Senhor, examino a mente e o coração, para retribuir a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações”. (17.9,10).

Suficiência e insuficiência são substantivos diametralmente opostos que só podem ser explicados satisfatoriamente à luz das Escrituras, dos ensinos de Jesus. O Senhor Jesus Cristo é toda a nossa suficiência. Ele é o único que pode salvar, que conduz o homem a Deus por meio da Sua obra na cruz e na ressurreição (João 14.6). Ao olharmos para o homem nos decepcionamos fortemente. Quando olhamos para Cristo descansamos na Sua perfeição e infalibilidade. Ao afirmar “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21), o apóstolo Paulo nos ensina claramente a suficiência de Cristo Jesus sobre tudo. Por que razão? Porque Ele é a imagem visível do Deus invisível, o primogênito de toda a Criação; porque nEle foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam poderes; tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas e todas as coisas subsistem por Ele (Colossenses 1.15-17).

Pecamos quando exigimos perfeição do próximo. Temos a tendência de julgarmos o nosso semelhante de forma implacável e nos esquecemos de olhar para nós mesmos. Jesus condena este tipo de atitude (Mateus 7.1-5). Exigimos suficiência do homem quando ele é por natureza insuficiente. O nosso olhar para o próximo é insuficiente, viciado, maldoso e pernicioso. Aprendamos a olhar para o próximo na perspectiva do Senhor Jesus, não para julgá-lo, mas para perdoá-lo e encorajá-lo. Ao conhecer, pela fé, a suficiência de Cristo, o homem pode dizer como Paulo: “Desgraçado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7.24). A suficiência de Cristo Jesus me leva a ver a minha própria condição má e perversa. A sondagem do Senhor é terapêutica (Salmos 139).

Cristo Jesus é o suficiente Salvador que nos reconciliou com Deus e nos deu um ministério de reconciliação. Nele somos nova criação ou nobvas criaturas, tudo se fez novo (2 Coríntios 5.15-21). Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). Ele é o Cristo suficiente capaz de nos conceder a paz (João 14.27; Colossenses 3.15). No Senhor Jesus Cristo suficiente eu sou mais do que vencedor (Romanos 8.37). Aquele que é suficiente nos garantiu a vida eterna em Si mesmo (João 3.16; 5.24; 10.28).  É maravilhoso saber que Ele é a minha alegria todas as manhãs, a renovação das minhas forças todas as tardes e o meu descanso todas as noites.

A suficiência de Cristo renova a nossa mente, consola o nosso coração, amplia a nossa visão, enriquece os nossos relacionamentos e nos traz plena segurança no dia a dia. Que os nossos olhos estejam sempre postos nAquele que era, que é e que há de vir. Ele é o nosso Alfa e o Ômega, o principio e o fim (Apocalipse 1.8). Aquele que é suficiente prometeu estar conosco todos os dias até à consumação dos séculos (Mateus 28.20). Portanto, onde deve estar o nosso olhar: na insuficiência do homem ou na suficiência de Cristo?