Empedernido é, literalmente, aquilo que se transformou em pedra, e figuradamente é aquele que não se consegue comover nem persuadir; que demonstra insensibilidade; inflexível. Este é o retrato do pecador que encontramos nos versículos 1 a 4 do Salmo 36: “Há no coração do ímpio a voz da transgressão; não há temor de Deus diante dos seus olhos. Porque a transgressão o lisonjeia a seus olhos e lhe diz que a sua iniquidade não há de ser descoberta, nem detestada. As palavras da sua boca são maldade e engano; deixou de lado o discernimento e a prática do bem. No seu leito planeja maldades, detém-se em caminho que não é bom, e não rejeita aquilo que é mau.”
A voz da transgressão é nossa velha conhecida, ela surgiu já no cenário da criação, quando o Diabo, personificado em serpente, convenceu Eva e Adão de que pecar era bom, agradável e desejável, além de permitir que eles dispensassem Deus de suas vidas. Por causa desse convencimento o casal original, em vez de ponderar sobre o risco de pecar, sentiu-se lisonjeado com o pecado, que aos seus olhos, repetimos, pareceu bom, agradável e desejável. Aliás, mais do que lisonjeados, Adão e Eva sentiram-se empoderados com o pecado, que, segundo a sugestão satânica, os colocaria no mesmo nível de Deus. É exatamente assim que pensa o pecador empedernido.
O Salmo 10 afirma que “o perverso se gloria da sua própria cobiça” e “diz no seu íntimo: Jamais serei abalado, (….) nenhum mal me sobrevirá.” (Sl.10.3,6). Quer dizer, ele se percebe impune, por isso continua pecando sem nenhum freio. O seu estado pecaminoso lhe dá a sensação de que nunca será descoberto. Porém, muito pior do que isso é o fato de constatar que seu pecado não somente é tolerado como é elogiado, em vez de detestado. Descrevendo os ímpios, o Salmo 73 diz que “o povo se volta para eles e bebe todas as suas palavras. ‘O que Deus sabe?’, perguntam. ‘Acaso o Altíssimo tem conhecimento disso?’” (Sl.73.10,11). Quer dizer, o pecador é aplaudido e Deus é ridicularizado. Muitas vezes vemos este tipo de comportamento na sociedade.
O pecador empedernido não é capaz de discernir entre o bem e o mal, entre o que é justo e o que é injusto, entre o certo e o errado. Ele só entende e pratica a linguagem da maldade e do engano, tudo o que ele diz é distorcido e enganoso, como traduz a NVT (Sl.36.3 – Nova Versão Transformadora). Distorcer é, segundo Isaías, o que fazem aqueles “que ao mal chamam bem e ao bem chamam mal; que fazem das trevas luz e da luz fazem trevas; que mudam o amargo em doce e o doce mudam em amargo.” (Is.5.20). O pecador petrificado chega a planejar o mal. Nas horas de recolhimento, antes de dormir, premedita os pecados que praticará no dia seguinte. Praticar e viver o pecado para ele é o seu caminho natural.
Mas há esperança mesmo para o pecador empedernido. O apóstolo Paulo, diante do poder avassalador do pecado, exclama e pergunta: “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” E ele mesmo responde: “Não existe nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus.” (Rm.7.24 e 8.1).
“O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.” (1Jo.1.7).
Pr. Sylvio Macri