PEDRO CHOROU AMARGAMENTE (Oswaldo Jacob)

Esta frase está em Lucas 22.62, após Pedro negar a Cristo e ser perscrutado pelo Salvador. O olhar de Jesus desencadeou em Pedro um choro profundo, amargo a partir da sua incapacidade de bastar-se a si mesmo ao dizer que jamais negaria o Senhor (Lucas 22.33). O coração enganoso do discípulo foi desnudado diante do perfeito exame da parte do Messias (Lucas 22.34). O profeta Jeremias já havia falado sobre o coração enganoso, perverso, dissimulado do ser humano (17.9,10). A consciência de seu erro crasso fê-lo derramar-se em choro amargo. A emoção de Pedro é o choro ácido, absinto, desagradável, repulsivo, quando ele tem nojo, repugnância, ânsia, engulho de si mesmo. Nenhum ser humano tem a vida mudada radicalmente enquanto não sentir nojo de si mesmo, repulsa pelos seus atos pecaminosos, libidinosos, altamente egoístas, interesseiros e dissimulados. Jesus fez um perfeito diagnóstico do coração humano, especialmente religioso, ao afirmar: “Porque do coração é que saem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, furtos, falsos testemunhos e calúnias” (Mateus 15.19).

O choro amargo de Pedro foi o choro do arrependimento, da mudança, do quebrantamento. Na verdade, Deus tem prazer no coração quebrantado e contrito (Salmos 51.17). Quando reconhecemos nossas mazelas, nossos comportamentos difusos e confusos estamos no caminho da cura. Jesus deixou claro que Ele não veio para os que se acham sãos, mas para os doentes. Ele não veio para chamar justos, mas pecadores (Marcos 2.17). Devemos confessar os nossos pecados, pois Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça (1 João 1.9).

O choro de Pedro revelou a sua vulnerabilidade, a sua fraqueza, o seu fracasso. Ele havia dito que jamais negaria o Senhor. Sabemos que o “jamais ou nunca” pertence a Deus. Paulo tinha consciência de que a sua capacidade vinha de Deus (2 Coríntios 3.5). Nós achamos que podemos vencer as nossas deficiências por nós mesmos. As Escrituras nos ensinam que é possível substituirmos a nossa insuficiência pela suficiência de Cristo Jesus. O nosso orgulho pela humildade de Cristo Jesus. O nosso destempero pela mansidão do Mestre. O nosso ódio pelo amor e pela aceitação do próximo.  

O discípulo Pedro chorou amargamente porque confiou em si mesmo em detrimento de sua confiança em Cristo Jesus. Ele não testemunhou de Jesus em meio às pressões com a detenção do Salvador. Diante de Cristo Jesus, revelado nas Escrituras, podemos chorar amargamente quando não fazemos a Sua vontade; não buscamos o Seu Reino em primeiro lugar; não amamos o nosso próximo como a nós mesmos; nos omitimos diante das mazelas humanas; não pregamos o Evangelho de Cristo; não investimos na obra missionária; não cuidamos dos órfãos e das viúvas; não visitamos os enfermos, idosos, encarcerados; não estudamos a Sua Palavra; não oramos pelas pessoas; não somos fieis nos dízimos e nas ofertas; não falamos a verdade; não cuidamos uns dos outros; não promovemos a comunhão dos santos. Que o nosso choro seja fruto de nossa comunhão íntima com o Senhor. Aqui somos bem-aventurados (Mateus 5.4).