O PASTOR É UM ATLETA PARALÍMPICO (Oswaldo Jacob)

Soa estranha esta afirmação, mas é a pura verdade. Jacó era um atleta olímpico, pois confiava em si mesmo. Depois do vau de Jaboque, ele foi tornado pelo Senhor um atleta paralímpico (Gênesis 32.22-28). Passou a ter consciência de suas fraquezas e da fortaleza de Deus. Agora, conhecia seus limites e que precisava de ajuda substancial para prosseguir na missão dada por Deus. O Senhor fê-lo manco quando tocou no nervo do quadril. Ele creu que nada é melhor do que confiar inteiramente na suficiência de Deus.

O que dizer do apóstolo Pedro? Ele declarou a Jesus que jamais O negaria. O diagnóstico de Jesus foi preciso: “Em verdade, em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes” (Mateus 26.34). O interessante é que o atleta olímpico Pedro respondeu: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei” (Mateus 26.35). Na prisão do Salvador, Pedro O negou  três vezes e o galo cantou. A palavra de Jesus se cumpriu (Mateus 26.74,75). Diante do olhar do Mestre, Pedro chorou amargamente e foi transformado em atleta paralímpico. Mais tarde, diante do Sinédrio, com João, quando foram ameaçados, eles afirmaram: “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos” (Atos 4.19,20).  

Essa também era a convicção de Paulo: “E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Coríntios 3.4-6). Olhando para esses exemplos, todos nós temos uma vulnerabilidade latente. O bem que queremos fazer quantas vezes não o fazemos (Romanos 7.18,19). Triste história. Jesus disse para Paulo: "A minha graça te basta porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12.9,10). O pastor é alguém que tem plena consciência de quem é Deus e de quem ele é. Como atleta paralímpico, precisa ser assistido para cumprir a missão que recebeu do Senhor a partir de uma consciência de incapacidade. É o Senhor que nos assiste com a Sua maravilhosa graça. Era assim que Paulo entendia quando asseverou: “pela graça sou o que sou” (1 Coríntios 15.10). Ele testemunhou aos filipenses: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (4.13).

O Senhor conhece o profundo do nosso ser. A Sua Palavra penetra até a divisão da alma e espírito, discernindo pensamentos e intenções do coração (Hebreus 4.12). Corremos a estrada da vida cristã muitas vezes mancando, sentindo dor em profunda fraqueza. A leitura da vida de Cristo, dos Seus apóstolos e dos santos e santas do passado recente, nos inspira e traz uma profunda convicção de que o Senhor usa os vasos rachados. Deus ama os fracassados, limitados, párias, mancos. Como é precioso quando vivemos cada dia conhecendo os nossos defeitos, as nossas taras, mas sabendo que o perdão de Deus em Cristo é algo absolutamente certo. Que podemos nos valer de um Pai que cuida de nós a todo o momento com o Seu amor pródigo ou extravagante (Isaías 49.15; Romanos 5.8). Deus é sempre o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Salmos 46.1). Ele é o nosso Pastor e nada nos faltará (Salmos 23.1).

Vivamos como atletas paralímpicos sempre dependendo daquele que era, que é e que há de vir. Não nos esqueçamos: Porque dele, por ele e para ele são todas as coisas (Romanos 11.36). A glória do atleta paralímpico é a sua fraqueza. Ele é vitorioso não porque é forte, mas porque é fraco. Ele não se basta, mas é a graça de Deus que lhe é suficiente. A sua vitória não está em si, mas naquele que O chamou com uma santa vocação. Sim, com uma chamada irrevogável. Como disse o grande pregador John Henry Jowett, quando pregou na Universidade de Yale: “A nossa missão é cercada de antagonismos. O caminho raramente – senão jamais – será fácil. Mas na fé e obediência de nobres cavaleiros a vitória é certa”. Tenhamos consciência de nossas fraquezas, mas, ao mesmo tempo, confiemos naquele que é perfeito e nos ama incondicionalmente em Cristo Jesus, nosso Supremo Pastor e Bispo das nossas almas (1 Pedro 5.1-4).