MARCADOS PARA AMAR (Oswaldo Jacob)

Charles Colson, no seu magnifico livro “O QUE SIGNIFICA AMAR A DEUS”, afirma que a vida cristã significa: “Crer, arrepender, obedecer, ser santo, assistir aos que sofrem e servir”. Agostinho de Hipona, 354-430 d.C, afirmou: Em me amares, tornaste-me amável”.

O que nos ensina o conhecidíssimo texto de João 3.16? Qual é profundidade desse amor? Qual é a sua intensidade? Quem é a expressão máxima desse amor? Qual é o resultado desse amor por nós? O que recebemos desse amor? Reconciliação e vida eterna. O céu é um lugar de amor perfeito, de reconciliados com Deus e com o próximo de forma perfeita. Então, recebemos a vida eterna por causa de um eterno amor revelado em Cristo Jesus. Olhando atentamente para o texto de 1 João 4.7-21, o que este texto ministra a nós? 1) Devemos nos amar porque o amor vem de Deus, v.7; 2) Quem não ama não conhece a Deus, v.8; 3) Deus enviou o Seu Filho ao mundo para que vivêssemos por meio DELE, v.9; 4) O amor de Deus revela que Ele deu o Seu Filho como sacrifício por nós na cruz pelos nossos pecados, v.10; 5) Deus nos amou eterna e intensamente e é assim que devemos nos amar, v.11; 6) Nenhum de nós viu a Deus, mas é pelo nosso amor mútuo que Ele permanece em nós, v.12; 7) A nossa permanência em Deus e Ele em nós é porque nos deu do Seu Espírito, v.13; 8) Temos visto pela fé e testemunhamos que o Pai enviou o Seu Filho como Salvador ao mundo, v.14; 9) Quando confessamos que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o Senhor permanece em nós e nós NELE, v.15; 10) Nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor, e aquele que permanece no amor, marcado por esse amor permanece em Deus, e Deus nele, v.16; 11) No dia do juízo, devemos ter plena confiança no amor de Deus, e sermos como Ele é, v.17; 12) No verdadeiro amor não existe medo, pois o perfeito amor lança fora todo o medo, pois aquele que teme não é aperfeiçoado no amor, v.18; 13) Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro, v.19; 14). Somos marcados por esse amor.  Não há nenhuma coerência entre odiar o próximo e amar a Deus. Como você pode amar aquele que você não vê, e não amar aquele que você vê? vv.20,21. Então, “viver uma vida cheia de amor é viver uma vida cheia de Deus” (Charles Ryrie).

 Somos filhos do Deus que é amor (1 João 4.8). A revelação máxima do amor de Deus está em Jesus Cristo, nosso Senhor (Romanos 8.38,39). Os filhos de Deus o são por direito de criação e de redenção (Gênesis 1.26; João 1.12). Toda a revelação de Deus está centrada no Seu amor e na Sua glória. Deus é glorificado quando vivemos o Seu amor entre nós. O novo mandamento deixado por Jesus é que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou (João 13.34,35; Efésios 5.1,2). O amor de Jesus é o padrão dos nossos relacionamentos dentro e fora lar. O Seu amor é sublime e incomparável (João 15.13,14).

Fomos criados para amarmos uns aos outros. Para nos curarmos mutuamente. A igreja de Jesus é um hospital para pecadores. Fomos criados e redimidos para vivermos a comunidade do amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O amor que jamais acaba (1 Coríntios 13.4-8). Somos a comunidade da graça e do perdão. Podemos celebrar todos os dias o amor de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor. Quando cremos que Deus nos ama, somos instrumentos do Seu amor. Passamos a espalhar esse amor sublime que cura as feridas e restaura os relacionamentos quebrados (Efésios 4.32).

O precioso texto de Gálatas 6.17, ressalta a palavra “marcas” (stigmata), que era usada no grego secular referindo-se à marcação de um escravo. É possível que Paulo tivesse isto em mente. Ele era escravo de Jesus; ele recebera a marcação nas perseguições. A palavra também era empregada para “tatuagens religiosas”. Paulo pertencia a Cristo e não ao povo judeu, ao legalismo dos judaizantes ou dos líderes judeus (John Stott). As marcas eram as chicotadas, pedradas, pancadas e prisões que sofreu por causa de Cristo. Calvino, interpretando este texto, diz: “E quais eram essas marcas? Prisões, cadeias, açoites, apedrejamentos e muitos outros tipos de tratamento injurioso que ele sofreu por testemunhar o evangelho […] Cristo, nosso Guia, tem Suas marcas pessoais, das quais Ele faz uso abundante, conferindo a alguns de seus seguidores elevada distinção. Mas estas marcas diferem das outras em um aspecto importante: aos olhos do mundo não passam de ignomínia, pois participam da natureza da cruz (stigmata), que denota, literalmente, as marcas com as quais eram identificados os escravos estrangeiros, os fugitivos, ou malfeitores […]. Aos olhos do mundo, essas marcas eram vergonhosas e infames, mas diante de Deus e dos anjos elas excedem todas as honras do mundo”.

Somos amáveis em Cristo, a encarnação do amor do Pai! O amor de Deus em nós tem o poder extraordinário de nos fazer amáveis. Marcados por esse amor, devemos ser semeadores dele. As nossas atitudes e os nossos atos devem ser marcados pelo amor que é puro e desinteressado. O amor que serve à semelhança de Jesus (Mateus 20.28). O amor do Senhor em nós levanta o caído pelas decepções da vida; encoraja o desanimado; amplia a visão estreita; dilata o coração pequeno; e traz alívio ao sofrimento atroz. Pedro nos ensina que devemos ter profundo amor uns pelos outros (1 Pedro 4.8).

O amor de Deus em nós é perdoador, mobilizador, catalizador e empreendedor. Ele não é simplesmente reativo, mas proativo. Não é sentimento, mas atitude, decisão sublime. O amor genuíno gera gentileza, serviço, cuidado, encorajamento, compaixão. Ele tem a capacidade de construção e reconstrução. Não alimenta preconceito. O amor cobre todas as dimensões da vida humana. O amor é sublime. O amor lança fora todo o medo. Ele traz segurança, pois temos um Pai cuja natureza é amor.

O autêntico amor não aprova a hipocrisia, a falsidade, a dissimulação, a discórdia e a bajulação. O amor trabalha eficiente e eficazmente no solo da sinceridade, da autenticidade, da alma desnuda e do reconhecimento sincero do próximo, do seu enorme valor. O amor fortalece a mente e renova o coração. Ele supera as adversidades. Vence o ódio. Une as pessoas. Causa empatia e simpatia. O amor não é extático, mas dinâmico. Não aprova o erro, mas sempre estimula a verdade. O amor desconstrói sofismas. Ele tem prazer na justiça. O amor tem tudo a ver com a verdade. 

Fomos criados por Deus para vivermos o amor fraternal. Fomos salvos pelo Senhor cujo amor é incondicional. O Seu amor em nós é indelével. Nada fizemos para sermos amados porque o amor é a natureza de Deus (1 João 4.8). Na economia do amor quanto mais amamos mais temos do amor. O depósito do amor só enche à medida que amamos. Os filhos de Deus amam porque Deus é amor. É um dos Seus atributos morais. O amor traz alegria, sinergia, sensibilidade e cumplicidade nos relacionamentos. Como ensina o apóstolo Paulo: “Sede imitadores de Deus como filhos amados e andai em amor como Cristo nos amou e a Si mesmo se entregou por nós a Deus como oferta e sacrifício com aroma suave” (Efésios 5.1,2). Não nos esqueçamos: Somos amáveis porque Deus nos amou (João 3.16). Todo o mérito é exclusivamente do Deus Imutável, nosso Pai tão amado! Fomos marcados pelo amor do Redentor para nos amarmos, testemunhando do evangelho da graça, para a Glória de Deus Pai.