Gênesis,
o livro dos começos
Gênesis 1
O DEUS ETERNO CRIA O UNIVERSO
(1.1)
O Deus Eterno criou o céu e a terra.
(1.2)
Aos poucos, a terra, que não era habitada, começou a tomar forma. O Espírito Santo estava em ação.
(1.3-5)
Não havia luz e o Deus Eterno disse, em primeiro lugar:
— Faça-se a luz.
E a luz brilhou.
O Deus Eterno viu que a luz era boa. Por isto, Ele a separou da escuridão. À luz, Ele deu o nome de “dia”. À escuridão, Ele deu o nome de “noite”.
(1.6)
Em segundo lugar, o Deus Eterno disse:
— Que haja uma separação entre o que está na terra e o que está no firmamento: astros e nuvens, rios e mares.
Ao que está no firmamento Ele chamou de “céu”.
(1.7-8)
Em terceiro lugar, o Deus Eterno disse:
— Que as águas sejam organizadas e surja uma porção seca.
A esta porção seca o Deus Eterno chamou de “terra”. À formação das águas, Ele chamou de “oceanos”. Quando viu o que criou, o Deus Eterno se alegrou.
(1.9-13)
Em quarto lugar, o Deus Eterno disse:
— Agora, quero que a terra passe a produzir uma plantação onde haja sementes, sementes que gerem flores e frutas diversificadas.
Então, a terra produziu uma plantação em que havia sementes, flores e frutas diversificadas. Quando viu o que criou, o Deus Eterno se alegrou.
(1.14-19)
Em quinto lugar, o Deus Eterno disse:
— Agora, quero que apareçam os astros no firmamento, para que iluminem a terra e, com sua luz, mostrem os dias e as noites e marquem os tempos.
Ele fez o sol, para marcar o dia, e a lua para acompanhar a noite, bem como as estrelas do universo. Quando viu o que criou, o Deus Eterno se alegrou.
(1.20-25)
Depois, o Deus Eterno disse:
— Chegou a hora de fazer com que os rios e os mares sejam habitados por seres vivos. Está na hora também de fazer com que as aves voem sobre a terra.
Ele então criou os grandes animais marinhos, grandes e pequenos, e os espalhou pelos rios e oceanos. Ele fez também os répteis e todos os animais que vivem na terra, tanto os domésticos quanto os selvagens. Quando viu o que criou, o Deus Eterno se alegrou. Ele os abençoou:
— Sejam fecundos. Multipliquem-se. Povoem as águas e a terra.
(1.26-31)
Em sexto lugar, o Deus Eterno disse:
— Agora, vamos criar o ser humano. Ele será como nós e terá a nossa imagem e a nossa semelhança. Vamos dar a ele a missão de administrar todos os recursos naturais, como os peixes, as aves, os animais domésticos e os répteis, bem como as florestas, os rios e os oceanos.
Ele criou o homem e a mulher, pondo neles imagem e sua semelhança e os abençoando com as seguintes palavras:
— Sejam fecundos. Multipliquem-se. Encham a terra e cuidem dela. Cuidem dos peixes, das aves dos céus e dos animais em geral.
Ele ainda lhes disse:
— Eu enchi a terra com plantas e árvores, com sementes e frutas, para que lhes sirvam de alimento, para vocês, para os animais, para as aves, para os répteis e para todos os seres vivos. Vocês e esses animais devem comer de tudo o que a terra produzir.
Quando viu o que criou, o Deus Eterno se alegrou muito.
Gênesis 2
(2.1-3)
O Deus Eterno concluiu a obra da criação do céu e da terra, com tudo o que neles habita.
Então o Deus Eterno descansou. Ele abençoou o dia do seu descanso e o tornou santo, porque tinha concluído toda a sua obra criadora.
O DEUS ETERNO CRIA O SER HUMANO
(2.4)
Primeiramente o Deus Eterno criou o céu e a terra.
(2.5-6)
Assim que foi criada, nenhuma planta havia, nenhuma fruta ainda aparecera. Não havia também quem cuidasse da terra, que era regada pela chuva e estava pronta para frutificar.
(2.7)
O Deus Eterno então formou o homem a partir do pó da terra. A este homem, a quem chamou de Adão, deu-lhe a forma diferente dos outros animais e em seguida dotou-lhe com o fôlego da vida, fazendo dele um ser vivo.
(2.8-9)
Em seguida, o Deus Eterno formou um pomar na região chamada Éden. Ele estava voltado para onde o sol nasce. Foi neste pomar que o Deus Eterno fez habitar o homem que acabara de criar. Neste pomar o Deus Eterno fez que brotassem diferentes tipos de árvores, bonitas para se ver e boas para se comer. Ele pôs também no meio do pomar duas árvores especiais: uma era a árvore da vida e a outra era a árvore do conhecimento do bem e do mal.
(2.10-14)
A região do Éden era regada por um rio que, no pomar, se divida em quatro braços. O primeiro se chamava Pisom e alcançava a terra de Havilá, onde havia muitas minas de ouro puro e outros minerais preciosos, como o bdélio e o ônix. O segundo rio se chamava Giom e percorria a terra de Cuxe. O terceiro rio se chamava Tigre e banhava o leste da Assíria. Correndo perto dali ficava o rio Eufrates. [Esses dois últimos rios ficam no atual Iraque.]
(2.15)
Foi neste pomar no Éden que o Deus Eterno colocou o homem e lhe deu a missão de cultivar e proteger a terra.
(2.16-17)
O Deus Eterno deu uma ordem explícita a Adão:
— Você pode comer de tudo o que há no pomar, mas está terminantemente proibido de comer a fruta que a árvore do conhecimento do bem e do mal produz. Explico por que: no dia em que você a comer é certo que vai morrer.
(2.18-20)
O Deus Eterno ainda disse:
— Não vejo com bons olhos que o homem viva sozinho. Vou criar para ele uma companheira, feita também à nossa imagem e semelhança.
Antes disto, o Deus Eterno reuniu os animais e as aves e os apresentou a Adão, encarregando-lhe de dar nomes a cada um deles. O homem foi capaz de nomear todos os animais, tanto os domésticos quanto os selvagens e as aves. Nenhum deles, porém, era da mesma imagem e semelhança de Adão.
(2.21-23)
Por isto, o Deus Eterno fez Adão dormir profundamente. Enquanto o homem dormia, o Deus Eterno abriu o seu lado, retirou uma costela e fechou a ferida. Depois, Ele a levou a Adão, que disse, com alegria:
— Esta, sim, tem ossos como eu tenho. Sua carne foi retirada da minha carne. Eu serei seu marido e ela será minha esposa.
À sua esposa, Abraão deu o nome de Eva.
(2.24)
Desde então, o homem deixa a casa do seus pais e se une à sua esposa. Ao se casarem, eles se tornam uma só carne.
(2.25)
Nesse momento, os primeiros seres humanos andavam nus mas não tinham vergonha disto.
O SER HUMANO PECA PELA PRIMEIRA VEZ
Gênesis 3
(3.1)
Entre os animais que habitavam no pomar, a serpente era a mais esperta. Ela se aproximou de Eva e lhe disse:
— Sei que o Deus Eterno lhes disse para não comer nenhuma fruta existente no pomar. Certo?
(3.2-3)
Eva respondeu:
— Não, não. Ele disse que podemos comer todos as frutas; só estamos proibidos de comer o fruto que dá na árvore localizada no meio do pomar. Ele garantiu que, se nos aproximarmos dessa árvore e comermos, vamos morrer.
(3.4-5)
Então a serpente retrucou.
— Nada disso vai acontecer. Vocês não vão morrer. O Deus Eterno disse isto para não perder o privilégio de ser o único capaz de conhecer o bem e o mal. Comam. Se comerem, serão iguais ao Deus Eterno.
(3.6-7)
Os olhos de Eva brilharam ao saber que podia comer da fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal e, certa que passaria a ter pleno conhecimento de todas as coisas, ela colheu uma de suas frutas e comeu. Depois repartiu a fruta com o seu marido. Imediatamente passaram a ver o que antes não enxergavam, inclusive que estavam nus. Por isto, costuraram folhas de figueira para usar como roupa.
(3.8-12)
Era um costume do Deus Eterno vir ao Éden e passar a tarde conversando com o homem e a mulher. Pouco depois, no entanto, quando ouviram a voz dele ecoando pelo pomar enquanto se aproximava, os dois se esconderam. O Deus Eterno chamou o homem e lhe perguntou:
— Adão, onde você está?
Adão respondeu:
— Ouvi a sua voz, mas, como eu estava nu, fiquei com medo e me escondi.
O Deus Eterno lhe questionou:
— Quem disse a você que estava nu? Você comeu a fruta da árvore que eu lhes disse para não comer?
Adão tentou se desculpar:
— Foi a mulher que me deste por companheira… Foi ela que me deu a fruta e eu comi.
(3.13)
O Deus Eterno se dirigiu a Eva:
— Como você foi capaz de fazer uma coisa desta?
Ela respondeu:
— Foi a serpente que colocaste no pomar… Foi ela quem me enganou e eu comi.
(3.14-15)
O Deus Eterno chamou a serpente e lhe declarou:
— Por ter feito o que fez, você é maldita, entre os animais, domésticos e selvagens. A partir de agora, você vai rastejar no chão e vai se alimentar da poeira por toda a sua vida. Além disto, você e a mulher serão inimigas e esta inimizade alcançará os seus descendentes. Um deles será ferido por você no calcanhar, mas um descendente da mulher ferirá você mortalmente na cabeça.
(3.16)
Quanto a Eva, o Deus Eterno lhe disse o que lhe aconteceria:
— Na gravidez você sofrerá muito. Seu parto será doloroso. A partir de agora, você terá que obedecer ao seu marido.
(3.17-19)
Quanto a Adão, o Deus Eterno lhe declarou:
— Eu lhe disse para não comer da fruta da árvore no meio do pomar, mas você preferiu ouvir a voz da sua mulher e não a minha. Com sua atitude, para se alimentar, você terá que trabalhar pesado. Você amaldiçoou toda a terra, que a partir de agora lhe será hostil e produzirá também plantas daninhas. Para sobreviver, você terá que suar, por toda a sua vida, até o final.
(3.20-21)
O Deus Eterno fez roupas de peles de animais para a Adão e para Eva, a primeira mulher da história e mãe de todos os seres humanos.
(3.22-24)
Depois da desobediência de Adão e Eva, o Deus Eterno afirmou:
— Agora o ser humano se acha como um de nós. Só lhe falta agora comer o fruto da árvore da vida para viver eternamente.
Imediatamente o Deus Eterno expulsou Adão e Eva do pomar do Éden. A partir de agora, teria que viver do fruto do seu trabalho na terra.
Para garantir que não voltassem, o Deus Eterno mandou guardar a região, com querubins em todos os acessos, para evitar que Adão e Eva entrassem e tomassem posse da árvore da vida.
CAIM COMETE O PRIMEIRO CRIME
Gênesis 4
(4.1)
Adão e Eva tiveram relações, ela ficou grávida e seu primeiro filho nasceu. Ele se chamava Caim.
Quando o viu, ela afirmou:
— Deus me ajudou a ter um filho.
Algum tempo depois, Eva teve Abel, um irmão para Caim.
(4.2-7)
Quando cresceram, eles seguiram profissões diferentes. Abel se dedicou a cuidar de ovelhas. Caim era agricultor.
Então os dois decidiram fazer um culto para o Deus Eterno. Caim ofertou algo que colheu da terra. Abel ofereceu a primeira ovelha que viu nascer, nada tirando para si. Deus viu o coração de um e de outro e recebeu com prazer a oferta de Abel, mas não gostou do que Caim fizera.
Foi o suficiente para Caim ficar irritado e com muita raiva. Então o Deus Eterno lhe disse:
— Caim, Caim, por que você ficou tão aborrecido? Por que está guardando tanta raiva no seu coração. Preste atenção no que vou que dizer: faça o que é certo e sua oferta será aceita. Você precisa fazer uma escolha: rejeite pecar. Por mais que deseje praticar o pecado, você precisa dominá-lo, não ser dominado por ele.
(4.8)
Algum depois, sem que Abel desconfiasse de sua intenção, Caim lhe fez um convite:
— Abel, vamos passear um pouco?
Quando passeavam no campo, Caim atacou seu irmão e o assassinou.
(4.9-12)
O Deus Eterno apareceu e perguntou a Caim:
— Onde está o seu irmão Abel?
Caim respondeu:
— Não sei. Não tenho nada a ver com a vida dele.
O Deus Eterno lhe disse:
— Caim, Caim, eu sei o que você fez. A maldade que você cometeu chegou ao meu conhecimento. A partir de agora, você será maldito sobre a terra, a mesma terra onde seu irmão está sepultado. Você plantará, mas colherá com dificuldade. Em lugar de ser um agricultor, você SERÁ um fugitivo, sem lugar certo para morar.
(4.13-14)
Caim reclamou:
— Eu não vou conseguir suportar este castigo, que é pesado demais para mim. Tu me expulsas da tua presença e eu me tornarei um fugitivo. Quem me encontrar por aí vai me assassinar.
(4.15-16)
O Deus Eterno lhe tranquilizou:
— Não será assim, Caim. Saiba que se alguém tirar sua vida, será vingado. Eu mesmo o farei.
Como sinal de sua promessa, o Deus Eterno colocou um sinal em Caim, para que, quando fosse encontrado, ninguém o assassinasse.
Então Caim partiu e foi morar em Node, que fica ao leste da região do Éden.
CRESCE A HUMANIDADE
(4.17-22)
Caim e sua esposa tiveram relações. Ela ficou grávida de Enoque. Quando o menino nasceu, Caim fundou uma cidade e lhe deu o nome do filho.
Enoque teve um filho chamado Irade, que teve Meujael, que teve Metusael, que teve Lameque.
Esse Lameque, filho de Metusael, se casou com duas mulheres ao mesmo tempo. Uma se chamava Ada e a outra, Zilá. Com Ada, Lameque teve Jabal, que se tornou o primeiro homem a morar em tendas e a viver da pecuária. Seu irmão se chama Jabal, o primeiro homem a se dedicar a música. Com Zilá, Lameque teve Tubalcaim, que foi primeiro a se dedicar à metalurgia, trabalhando com o bronze e o ferro. A irmã dele se chamava Naamá.
CRESCE A MALDADE
(4.23-24)
Um dia Lameque chegou em casa, cantando:
— Adá e Zilá, tenho algo para lhes dizer.
Mulheres escutem o que acabei de fazer.
Eu matei um homem porque me feriu
E depois outro porque machucou.
Saibam vocês que, doravante, será assim:
se, no passado, meu ancestral Caim
Foi vingado de modo completo, como eu sei,
Mais completamente ainda vingado eu serei.
O DEUS ETERNA COMEÇA A SER LEVADO A SÉRIO
(4.25-26)
Caim e Abel não foram os únicos filhos de Adão e Eva. Eles tiveram seu terceiro filho, a quem deram o nome de Sete, que significa Compensação. Quando ele nasceu, Eva exclamou:
— Obrigado, Deus Eterno, por me ter dado outra criança no lugar de Abel, que Caim matou.
Sete teve um filho, a quem chamou de Enos.
Enos foi o primeiro homem da história a prestar atenção ao que Deus dizia.
ADÃO TEM OUTROS FILHOS
Gênesis 5
(5.1-2)
Quanto ainda a Adão, o primeiro homem, ele foi criado pelo Deus Eterno à sua imagem e semelhança, junto com sua esposa Eva. Os dois foram abençoados pelo Deus Eterno.
(5.3-5)
Depois de terem Caim e Abel, Adão e Eva tiveram Sete, o terceiro. Adão estava com 130 anos nessa época. Depois disto viveu mais 800 anos. Ele teve outros filhos e outras filhas. Ao todo, ele viveu 930 anos.
A HUMANIDADE CONTINUA A CRESCER
(5.6-31)
Aos 105 anos, Sete teve Enos. Depois de Enos, ele teve outros filhos e filhas, vivendo mais 807 anos. Ele morreu com 912 anos de idade.
Aos 90 anos, Enos teve Cainã. Depois que teve Cainã, ele teve outros filhos e filhas, vivendo mais 815 anos. Ele morreu com 905 anos de idade.
Aos 70 anos, Cainá teve Maalalel. Depois que teve Maalalel, ele teve outros filhos e filhas, vivendo mais 840 anos. Ele morreu com 910 anos de idade.
Aos 65 anos, Maalalel teve Jarede. Depois que teve Jarede, ele teve outros filhos e filhas, vivendo mais 830 anos. Ele morreu com 895 anos de idade.
Aos 162 anos, Jarede teve Enoque. Seu nome era o mesmo de um dos filhos de Caim. Depois que gerou a Enoque, Jarede teve outros filhos e filhas, vivendo mais 800. Ele morreu aos 962 anos de idade.
Aos 65 anos, Enoque teve Metusalém. Depois que teve Metusalém, ele viveu mais 300 anos. Aos 365 anos de idade, ele desapareceu. Ele tinha uma comunhão tão grande com o Deus Eterno, que este o levou sem que ninguém soubesse o que aconteceu com ele.
Aos 187 anos, Metusalém teve Lameque, o mesmo nome de um descendente de Caim, não de Sete, com todos desta lista. Depois que teve Lameque, ele teve outros filhos e filhas, vivendo mais 782 anos. Ele morreu aos 969 anos de idade.
Aos 182 anos, Lameque teve Noé, nome que lhe foi dado, com uma certeza:
— Nosso filho vai nos fortalecer, porque tem sido dura a vida nesta terra que o Deus Eterno amaldiçoou.
Depois que teve Noé, Lameque teve outros filhos e filhas, vivendo mais 595 nos. Ele morreu aos 777 anos de idade.
A MALDADE NÃO PARA DE CRESCER
(5.32)
Quando fez 500 anos, Noé já era pai de Sem, Cam e Jafé.
Gênesis 6
(6.1-3)
A humanidade continuou a se multiplicar.
Os descendentes de Sete, o terceiro filho de Adão e Eva, viram que as mulheres que descendiam de Caim eram bonitas e se casaram com as mais bonitas.
Entristecido, o Deus Eterno declarou:
— Eu deixava que o fôlego da vida permanecesse por muito tempo nas pessoas. A partir de agora, não serão. Os seres humanos são excessivamente egoístas. Vão viver agora até os 120 de idade.
(6.4)
Entre os que nasceram das famílias formadas entre os descendentes de Sete e os de Caim, alguns eram gigantes, homem valentes e cuja fama percorreu os tempos antigos.
(6.5-7)
O Deus Eterno viu a maldade crescendo e sentiu que, no seu íntimo, as pessoas desejavam intensamente fazer o mal. Ele ficou muito triste por isto e tomou uma decisão:
— Chega! O ser humano vai desaparecer. Vou destruir também os animais em geral, os animais domésticos e as aves. Não valeu a pena criá-los.
(6.8-12)
Houve, contudo, um homem de que Deus gostou. Noé era o seu nome.
Ele era digno e correto no que fazia. Como Enoque, ele vivia em comunhão com o Deus Eterno. Teve três filhos. Sem, Cam e Jafé.
Tendo olhado a humanidade, o Deus Eterno viu corrupção e violência generalizadas.
DEUS MANDA UM DILÚVIO
(6.13-16)
Então, o Deus Eterno disse a Noé:
— Vou acabar com todos os seres humanos, porque eles encheram a terra de violência. Vou destruí-los e, junto com eles, a terra. Quero que você faça uma arca, feita de madeira de cipreste. Ele terá vários compartimentos. Revista-a com pixe, na parte interna e na parte externa. Suas medidas serão: 130 metros de cumprimento, 22 de largura e 13 de altura. Meio metro acima dela, ponha uma cobertura. Providencie uma porta lateral. A arca terá três andares.
(6.17-22)
O Deus Eterno explicou:
— Vou mandar um dilúvio sobre a terra que destruirá todos os seres vivos. Tudo será arrasado. Com você, porém, estou estabelecendo uma aliança. Por isto, você e seus familiares entrarão na arca. Vão entrar também algumas espécies de animais escolhidas por você entre as aves, os gados e os répteis. Leve dois de cada espécie, um macho e uma fêmeas, para que depois se reproduzam e sejam preservados. Leve também diversos tipos de alimento, tanto para sua família quanto para os animais.
E Noé obedeceu rigorosamente às ordens que o Deus Eterno lhe dera.
Gênesis 7
(7.1-4)
O Deus Eterno disse ainda a Noé:
— Sei que você tem sido um homem íntegro no meio de gente corrompida. Quando a arca estiver pronta, entre nela com a sua família. Como já lhe disse, leve também animais. Quanto aos animais puros, leve sete pares de machos e sete de fêmeas. Dos impuros leve apenas um pare de machos e de fêmeas. Leve também sete pares de machos e de fêmeas das aves. É deste modo que a vida animal será preservada na terra. Saiba que daqui a sete dia farei chover sobre a terra durante 40 dias sem parar. Todos os seres vivos vão desaparecer.
(7.5)
E Noé obedeceu rigorosamente às ordens que o Deus Eterno lhe dera.
(7.6-10)
Noé estava com 600 anos idade quando o dilúvio aconteceu. Antes disto, ele entrou com a sua família na arca que construíra. Entraram também os animais puros, os animais impuros, os répteis; todos entraram de duplas, um macho e uma fêmea, exatamente como o Deus Eterno determinara. Depois de sete dias, o dilúvio começou.
(7.11-16)
Quando o dilúvio começou, Noé tinha com precisamente 600 anos, dois meses e 17 dias de idade. Foi uma inundação de grandes proporções, porque choveu intensamente e sem parar durante 40 dias. Nada de ruim aconteceu com Noé e seus familiares, nem com os animais que também estavam na arca: os animais, os gados, os répteis, as aves e os pássaros. Todos os seres vivos que, segundo suas espécies, entraram com Noé na arca de dois em dois, um macho e uma fêmea, ali ficaram. Tudo foi feito conforme as ordens de Noé.
Foi então que o Deus Eterno veio e fechou a porta da arca.
(7.17-24)
O dilúvio durou 40 dias.
Enquanto as águas subiam, a arca também subia. Enquanto as águas aumentavam, a arca flutuava.
Eram tantas as águas que elas cobriram os picos dos montes. O nível delas estava 7 metros acima dos montes mais altos.
Em consequência dos cinco meses de chuvas ininterruptas, morreram todos os seres vivos: as aves, os animais domésticos, os animais selvagens e os seres humanos. Todos foram exterminados, animais e homens, todos os seres vivos. A vida foi extinta na terra.
Todos morreram, exceto Noé e o que estavam com ele na arca.
(8.1-3)
As coisas mudaram quando o Deus Eterno decidiu que estava na hora de Noé e os que com ele estavam na arca voltarem à terra. O Deus Eterno mandou um vento que soprou sobre a terra e fez as águas baixarem. As nuvens sumiram e as chuvas cessaram. Aos poucos, as águas foram escoando, num processo que demorou cinco meses.
(8.4-5)
Decorridos 7 meses e 17 dias do início do dilúvio, a arca ancorou sobre as montanhas do Ararate [na atual Turquia]. No aniversário de 10 meses da arca flutuando sobre as águas, já era possível ver os picos dos montes.
(8.6-9)
Algum tempo depois disto, 40 dias na verdade, Noé abriu a janela da arca e soltou um corvo. Era um teste para saber que já podiam descer da arca. Como ela ia e retornava, ele entendeu que precisava ainda esperar. Mais um tempo depois, Noé soltou uma pomba, para ver se o nível das águas tinha baixado o suficiente. A pomba foi e voltou porque não tinha onde pousar, porque as águas ainda cobriam a terra. Quando ela retornou, Noé estendeu a mão e a recolheu.
(8.10-12)
Noé esperou mais sete dias e, pela manhã, soltou a pomba de novo. Ela voltou à tarde, mas trazia no bico um ramo de oliveira. Noé entendeu que as águas tinham baixado. Esperou mais sete dias e soltou de novo a pomba. Ela não voltou.
(8.13-19)
Quando Noé completou 601 anos, as águas secaram. Ele retirou a coberta da arca e viu que o solo estava enxuto. Demoraram ainda outros 57 dias desde quando Noé completara 600 anos para a terra voltar ao normal.
Então o Deus Eterno disse:
— Noé, saia da arca. Saiam você, sua esposa, seus filhos e suas noras. Mande sair também os animais que estão na arca, tantos as aves quanto os gados e os répteis. Eles repovoarão a terra, serão fecundos e se multiplicarão.
E Noé saiu com toda a sua família. Também foram tirados os animais, os repteis e as aves e todos os seres vivos que estavam na arca, organizados segundo as suas espécies.
(8.20-22)
A primeira coisa que Noé fez foi edificar um altar para o Deus Eterno. Ele pegou os animais puros e as aves puras, matou-os e os ofereceu como uma oferta ao Deus Eterno, que gostou do que recebeu. Então, Ele tomou uma decisão:
— Nunca mais vou amaldiçoar a terra por causa das pessoas que nelas habitam. Eu sei que o problema não é a terra mas o desejo ruim que sempre acompanhou o ser humano. De igual modo, nunca mais vou exterminar todos os seres vivos, como fiz com o dilúvio. Garantiu que, enquanto durar a terra, valerá a lei da natureza, em que há semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.
Gênesis 9
(9.1-4)
O Deus Eterno chamou Noé e o abençoou, a ele e a seus com as seguintes palavras:
— Sejam fecundos, multipliquem-se e povoem a terra. É da responsabilidade de vocês cuidar de todos os animais, de todas as aves, de todos os répteis e de todos os peixes. Vocês se alimentarão deles. Antes só podiam comer o que fosse plantado e colhido. Agora podem comer também os animais. Estão proibidos apenas de comer carne com sangue, porque sangue é vida.
(9.5-7)
O Deus Eterno continuou sua instrução:
— Prestem bem atenção: se usarem de violência e derramarem a violência sobre a terra, fiquem certos que vou agir. Cuidem uns dos outros. Não os mate. Se alguém matar alguém pagará com a própria vida. Eu fiz o ser humano à minha imagem e semelhança. O que espero de vocês que sejam fecundos, multipliquem-se, povoem a terra e se espalhem.
(9.8-11)
O Deus Eterno prosseguiu falando a Noé e seus filhos:
— A partir de hoje estou estabelecendo um acordo com vocês, com seus descendentes e com todos os seres vivos que estão com vocês, tanto as aves, com os animais domésticos, com os animais selvagens que saíram da arca e com os animais que ainda vão nascer. Por este acordo, garanto que nunca mais os seres vivos serão extintos. Dilúvio, nunca mais!
(9.12-16)
O Deus Eterno acrescentou ainda seguintes palavras, dizendo:
— Olhem para o alto e vejam. É o arco-íris. Este é o sinal do meu acordo, que faço com vocês e todos os seres vivos, para hoje e sempre. Esse arco-íris aparecerá nas nuvens como prova de nosso acordo. Quando as nuvens se formarem, o arco-íris aparecerá e lembrará o nosso acordo de que nunca mais haverá dilúvio sobre a terra. Meu acordo com vocês é eterno e vale para todos os seres vivos.
(9.17)
O Deus Eterno concluiu suas palavras, repetindo:
— O arco-íris é a prova do acordo que firmei com todos os seres vivos da terra.
(9.18-19)
A partir deste acordo, os que saíram da arca com Noé voltaram a povoar a terra. Foram Sem, Cam e Jafé, junto com seus filhos, entre eles Canaã, filho de Cam, que povoaram a terra de novo.
A HUMANIDADE VOLTA PECAR
(9.20-23)
Noé era agricultor. Em sua fazenda, tinha um vinhedo. Certo dia, bebendo do vinho ali produzido, embriagou-se, descontrolou-se e ficou nu na sua casa. Quando viu o pai naquela condição, Cam, que era pai de Canaã, procurou seus irmãos e contou o que estava acontecendo. Sem e Jafé correram para lá com uma capa, colocaram-na sobre os ombros dele e, andando de costas e sem olhar para o pai, cobriram seu corpo para que ninguém visse que estava nu.
(9.24-27)
Quando ficou sóbrio, Noé soube do que Cam havia feito e então declarou:
— Maldito seja Canaã. Ele será servo dos seus tios Sem e Jafé,
Depois, acrescentou:
— Bendito seja o Deus Eterno, o Deus de Sem. Que Canaã seja servo de Sem.
— Que Deus torne grande meu filho Jafé. Que ele seja amigo de Sem e seja servido por Canaã.
(9.28-29)
Terminado o dilúvio, Noé viveu mais 350 anos. Ele morreu com 950 anos de idade.
A POPULAÇÃO SE ESPALHA
Gênesis 10
(10.1)
Depois do dilúvio, Noé teve outros filhos, além de Sem, Cam e Jafé.
(10.2-5)
Jafé teve sete filhos: Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras.
Gomer teve três filhos: Asquenaz, Rifate e Togarma.
Javã tive quatro filhos: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim, que dividiram entre si os domínios das ilhas das nações das suas terras, cada uma com uma língua e uma nacionalidade.
(10.6-12)
Cam teve quatro filhos. Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.
Cuxe teve seis filhos: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá, Sabtecá e Ninrode.
Quanto a Raamá, ele teve dois filhos Sabá e Dedã.
Quanto a Ninrode, ele se tornou poderoso. Como eficiente caçador na terra criada pelo Deus Eterno. Primeiro ele governou as cidades de Babel, Ereque, Acade e Calné, todas na Babilônia. Depois ele fundou as cidades de Nínive, Reobote-Ir e Calá, bem como a grande Resém, que ficava entre as duas, todas na Assíria.
(10.13-14)
Mizraim teve sete filhos: Ludim, Anamim, Leabim, Naftuim, Patrusim, Casluim e Caftorim. A propósito, os filisteus são descendentes de Casluim.
(10.15-20)
Canaã teve filhos que geram muitos povos: os sidônios, descendentes do seu filho mais mais velho (Sidom). e os heteus, filhos de Hete. Canaã foi pai ainda dos jebuseus, dos amorreus, dos girgaseus, dos heveus, dos arqueus, dos sineus, dos arvadeus, dos zemareus e dos hamateus. Esses povos se espalharam, indo de Sidom a Gaza, passando por Gerar, e de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Lasa. Todos descendiam de Canaã, filho de Cam.
(10.21-31)
Sem, que era irmão de Cam e Jafé, teve cinco filhos: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã.
Quanto a Arã, ele teve quatro filhos: Uz, Hul, Geter e Más.
Quanto a Arfaxade, ele teve um filho: Salá, que foi pai de Héber.
Quanto a Héber, ele teve dois filhos: Pelegue e Joctã. Ao tempo de Pelegue, a região ficou claramente dividida entre a Assíria/Babilônia ao norte e a Palestina/Israel ao sul.
Quanto a Joctã, ele teve 13 filhos: Almodá, Selefe, Hazar-Mavé, Jerá, 27 Hadorão, Uzal, Dicla, 28 Obal, Abimael, Sabá, 29 Ofir, Havilá e Jobabe.
Todos esses que descenderam de Sem se organizaram em línguas e nacionalidades.
(10.32)
E todos esses povos (jafitas, camitas e semitas) descendiam de Noé e, depois do dilúvio, se distribuíram pela terra em línguas e nacionalidades.
O ORGULHO HUMANO CONTINUA
Gênesis 11
(11.1-2)
Quando todos os povos falavam apenas uma só língua e uma só pronúncia, alguns deles saíram da região do Ararate [na atual Turquia] e se fixaram na região que ficava entre os rios Tigre e Eufrates, conhecida como Babilônia [atual Iraque].
(11.3-4)
As pessoas começaram a dizer umas às outras, numa mesma língua:
— Precisamos de casas para morar. Em lugar de pedras, vamos fazer tijolos e queimá-los, para ficarem resistentes.
Assim fizeram, usando o piche como argamassa.
Em seguida, propuseram-se aos outros outros:
— Agora vamos construir uma cidade. Nela vamos por uma torre muito alta, uma torre que seja vista de longe e todos os nos respeitem.
(11.5-7)
O Deus Eterno viu a obra e não gostou da intenção dos que a faziam:
— É demasiada a ambição desta gente. Eles querem dominar o mundo. Eles estão só começando. Se não colocarmos limites, ninguém conseguirá colocar. Façamos o seguinte: vamos confundir a língua em que falam, para que não se entendam.
(11.8-9)
O Deus Eterno dispersou os habitantes da inacabada cidade para várias regiões e pararam de edificar a cidade. Por esta razão a cidade recebeu este nome: Babel (mais tarde conhecida como Babilônia), que quer dizer confusão, porque foi onde o Deus Eterno dispersou os que se juntavam orgulhosamente.
SURGEM OS SEMITAS
(11.10-26)
Sem, filho de Noé, tinha 100 anos quando teve Arfaxade, dois anos depois do dilúvio. Ele teve outros filhos e filhas. Morreu com 438 anos de idade.
Arfaxade tinha 35 anos quando teve Salá. Ele teve outros filhos e filhas. Morreu com 438 anos de idade.
Salá viveu 35 anos quando teve Héber. Ele teve outros filhos e filhas. Morreu com 433 anos de idade.
Héber viveu 34 anos quando teve Pelegue Ele teve outros filhos e filhas. Morreu com 464 anos de idade.
Pelegue viveu 35 anos quando teve Reú. Ele teve outros filhos e filhas. Morreu com 239 anos de idade.
Reú viveu 32 anos quando teve Serugue. Ele teve outros filhos e filhas. Morreu com 238 anos de idade.
Serugue viveu 30 anos quando teve Naor. Ele teve outros filhos e filhas. Morreu com 250 anos de idade.
Naor viveu 29 anos quando teve Tera. Ele teve outros filhos e filhas. Morreu com 148 anos de idade.
SURGE A FAMÍLIA DE ABRAÃO
(11.27-30)
Quanto a Tera, aos 70 anos ele tinha três filhos: Abrão, Naor Neto e Harã. [Abrão nasceu em 1996 a.C.]
Estes foram os três filhos de Tera. Harã teve Ló e morreu onde nasceu, em Ur, quando seu pai ainda vivia. Abraão e Naor Neto se casaram respectivamente com Sarai, filha de Tera com outra esposa, e Milca, filha de Harã e logo sua sobrinha, prática comum naquela época. Naor Neto e Milca tiveram dois filhos: Milca (o mesmo nome da mãe) e Iscá. Quanto a Abrão, sua esposa, Sarai, era estéril.
(11.31-32)
Tera pegou o filho Abrão, o neto Ló, filho de Harã, e a nora Sarai para se mudar de Ur dos caldeus para Canaã. Mas, no caminho, eles pararam em Harã, uma cidade da Turquia. Nesta cidade Tera faleceu aos 205 anos de idade.
DEUS CHAMA ABRAÃO PARA ABENÇOAR A HUMANIDADE
Gênesis 12
(12.1-3)
[No ano 1921 a.C., Abraão estava em Harã (hoje Harran, na Turquia). Nessa época, o Egito era governado pelo Faraó Amenemés I. Na região da Mesopotâmia, o império assírio era liderado pelo rei Erishum I.]
Foi em Harã que o Deus Eterno apareceu a Abrão e lhe fez um convite:
— Abrão, deixe a sua terra, deixe a sua família e vá para uma nova terra, terra que vou lhe mostrar. Você formará uma grande nações. Eu o abençoarei e você será grande. Eu o abençoarei e você abençoará a muitos. Quem o abençoar será abençoado. Quem lhe desejar o mal receberá o mal. Por sua casa, a terra toda será abençoada.
(12.4-6)
E Abrão fez como o Deus Eterno mandou.
Tinha 75 aos de idade quando partiu. Sua família era formada por sua esposa Sarai e seu sobrinho Ló, que ele criava desde que seu irmão Harã morrera. Ele, sua família e seus empregados transportaram tudo o que tinham adquirido enquanto moraram em Harã.
Tendo partido para Canaã, ao sul de onde estavam, lá chegaram. Eles arrumaram suas tendas perto de Siquém, junto ao carvalho de Moré. Por essa época, Canaã era habitada por vários povos cananeus.
(12.7)
Foi em Moré que o Deus Eterno apareceu de novo a Abrão e lhe fez uma promessa:
— Esta terra será sua.
Imediatamente, Abraão construiu um altar em homenagem ao Deus Eterno.
(12.8-9)
Abrão voltou a viajar e chegou a um monte localizado ao leste da cidade de Betel, perto da cidade de Ai. Depois de deixar ali outro altar em homenagem ao Deus Eterno, Abrão partiu de novo rumo ao vale do Neguebe.
ABRAÃO SE REFUGIA NO EGITO
(12.10-13)
Houve muita fome na região e Abrão buscou refúgio no Egito, para não morrer de fome.
Assim, ele deixou Canaã.Antes de entrar no Egito, ele fez o seguinte trato com sua esposa Sarai:
— Sei que você é uma mulher muito bonita. Quando os egípcios a virem, vão querer você. Para tê-la, vão me matar. Vamos combinar o seguinte: quando lhe perguntarem, diga que você é minha irmã. Assim vão me tratar bem e, por amor a você, não vão tirar a minha vida.
Sarai concordou.
(12.14-20)
De fato, quando Abrão entrou no Egito, os egípcios se encantaram com a beleza de Sarai. A notícia chegou ao Faraó. Os elogios à beleza da mulher eram muitos. O Faraó determinou que Sarai fosse levada à sua presença no palácio. Por causa dela, o Faraó [Nebkaure Khety IV] tratou bem a Abrão, que ficou rico no Egito.
O Deus Eterno não gostou e castigou com pragas a família do Faraó.
O Faraó chamou Abrão e o repreendeu:
— Como você foi capaz de fazer isto comigo. Por que não me disse que Sarai era sua esposa? Como eu não sabia, trouxe-a para o eu harém. Como ela é sua esposa, pegue-a e suma daqui.
Em seguida, o Faraó determinou que Abrão, sua família e seus empregados fossem escoltados para fora do Egito carregando tudo o que possuíam.
Gênesis 13
(13.1-4)
Tendo deixado o Egito, Abrão voltou para Canaã, especificamente para o vale do Neguebe. Estavam com ele sua esposa, seu filho de criação e sobrinho Ló, com todos os seus bens. Abrão era muito rico. Tinha muito gado, muita prata e muito ouro. Como um nômade, peregrinou pelo vale do Neguebe, voltando a Betel, onde sua montara sua tenda perto de Ai e construíra um altar. Novamente ali, Abrão adorou ao Deus Eterno.
LÓ SE SEPARA DE ABRAÃO
(13.5-7)
O filho de criação de Abraão, Ló, também era rico, tinha muitos animais e muitas tendas.
Por isto, surgiu um problema na família. O problema foi a riqueza de Abrão e Ló. A fazenda deles ficou pequena para os dois. Os pastores dos seus rebanhos começaram a brigar por pasto para seus animais. A região era dominada pelo ferezeus, que faziam parte dos cananeus.
(13.8-9)
Abrão chamou Ló lhe fez uma proposta:
— Ló, nunca poderia haver briga entre nós, e nem entre nossos pastores. Nós somos uma mesma família, Ló. Vamos nos separar. Tem terra para todos nós. Está vendo toda essa terra? Para onde você quer ir? Escolha! Se você for para um lado, eu vou para o outro.
(13.10-11)
Ló viu a região às margens do rio Jordão até a cidade Zoar. A campina era bem-regada. Parecia o pomar do Éden. Pareciam as terras à beira do rio Nilo no Egito. Sodoma e Gomorra ainda não tinham sido destruídas. Ló escolheu a campina do outro lado do rio Jordão e lá se fixou. Foi assim que o tio Abrão e o filho de criação Ló se separaram.
(13.12-13)
Por sua vez Abrão se estabeleceu em Canaã, do lado oeste do rio Jordão, enquanto Ló se fixou do lado leste, armando suas tendas até que chegou a Sodoma. O problema era que os moradores de Sodoma eram maus e pecavam constantemente contra o Deus Eterno.
(13.14-17)
Pouco depois da separação entre Abrão e Ló, Deus apareceu a Abraão e lhe falou:
— Olhe bem onde você está. Olhe agora para todas as regiões, para o norte, para o sul, para o leste e para o este. Tudo o que você está vendo será seu porque eu vou lhe dar. Seus filhos, netos e demais descendentes vão herdar toda esta terra. Seus descendentes serão em grande número que ninguém conseguirá contá-los. Levante-se e vá conhecer a terra que estou lhe dando.
(13.18)
Sempre trocando de lugar, Abrão acabou por montar suas tendas em Manre, perto dos carvalhos de Hebrom [a 30 quilômetros de Jerusalém]. Quando chegou, nesta cidade construiu um altar para o Deus Eterno.
ABRAÃO LUTA POR LÓ
(14.1-2)
Houve na região uma guerra.
De um lado, ficaram as tropas dos reis Anrafel, Arioque, Quedorlaomer e Tidal, respectivamente vindos de Sinar, Elasar, Elão e Goim, todos ao norte e fora dos limites de Canaã. De outro lado, ficavam as forças dos reis Bera, Birsa Sinabe, Semeber e o de Bela, que governavam Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar, todos no sul, em Canaã. O palco da batalha era o vale de Sidim, às margens do Mar Morto.
(14.3)
O problema surgiu quando os reis cananeus se rebelaram contra o rei Elasar, recusando-se a pagar os tributos exigidos pelo reino de Quedorlaomer, como faziam havia 12 anos.
(14.4-7)
Um ano depois que os cananeus se rebelaram, os aliados de Quedorlaomer começaram a guerra. Primeiramente eles enfrentaram e venceram as tribos dos refains em Asterote-Carnaim, dos zuzins em Hã, dos emins em Savé-Quiriataim, e dos horeus no seu monte Seir. As tropas chegaram a El-Parã, junto ao deserto de Parã. Depois chegaram a En-Mispate, também conhecida como Cades e conquistaram as terras dos amalequitas e dos amorreus, que moravam em Hazazom-Tamar.
(14.8-9)
Os cinco cananeus reis de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Bela (conhecida como Zoar) se prepararam para enfrentar no vale de Sidim os quatro reis do norte: Quedorlaomer, rei de Elão, Tidal, rei de Goim, Anrafel, rei de Sinar, e Arioque, rei de Elasar. Os aliados do norte venceram fácil.
(14.10-11)
O vale de Sidim estrava cheia de poços de piche e nele os reis de Sodoma e de Gomorra, com seus exércitos, se afundaram. Os reis de Admá, Zeboim e Bela se refugiram num monte próximo. Os reis vencedores pegaram tudo o que podiam, tanto pessoas quanto alimentos, e voltaram para suas pátrias.
(14.12-13)
Entre os prisioneiros estava Ló, o sobrinho de Abrão que agora morava em Sodoma. Eles levaram também muitos bens de Ló. Alguns escaparam das tropas vitoriosas e um deles procurou Abrão, o hebreu, e lhe contou o que havia ocorrido. Nessa época, o hebreu residia junto aos carvalho que pertenciam ao amorreu Manre, irmãos de Escol e Aner. Os três eram aliados de Abrão.
(14.14-16)
Informado da situação, Abrão reuniu 318 homens, entre os seus empregados, e saiu com eles para perseguir os que capturaram seu sobrinho. Em Dã, Abrão os organizou em grupos, atacou os inimigos, perseguiu-os até Hobá, ao norte de Damasco. Com a vitória, ele conseguiu libertar seu sobrinho Ló, as mulheres, os outros prisioneiros e os bens levado. Ele os trouxe de volta, livres.
(14.17)
Quando retornaram da perseguição, que culminou na derrota de Quedorlaomer e seus aliados, Bera, o rei de Sodoma, foi ao encontro de Abrão no vale Savé, conhecido como vale do rei [em homenagem a um rei do passado].
COMEÇA A PRÁTICA DA ENTREGA DO DÍZIMO
(14.18-20)
Melquisedeque, rei de Salém, encontrou-se com Abrão. Levava pão e vinho. Ele era sacerdote do Deus Eterno.
Ele abençoou Abrão com as seguintes palavras:
— Seja Abrão abençoado pelo Deus Eterno, criador dos céus e da terra.
Bendito seja o Deus Eterno que permitiu que Abrão derrotasse seus adversários.
Depois de ser abençoado, Abraão entregou a Melquisedeque o dízimo de tudo que havia conquistado.
(14.21-24)
Depois disto, o rei Bera, de Sodoma, voltou à carga:
— Você me entrega as pessoas que resgatou e pode ficar com os bens.
Abrão lhe respondeu:
— De jeito nenhum! O Deus Eterno, criador dos céus e da terra, é testemunha que não ficarei com nada que pertença a você. Não ficarei com nada seu, seja coisa grande ou pequena. Não quero que você saia por aí dizendo que me enriqueceu. Só não tenho como devolver os que os soldados comeram e nem a parte que cabe aos guerreiros de Manre, Escol e Abner, que me ajudaram na batalha.
A PROMESSA DE UM FILHO A ABRAÃO
Gênesis 15
(15.1-6)
Algum tempo depois, [em 1897 a.C.] o Deus Eterno apareceu a Abrão por meio de uma visão. Ele disse:
— Abrão, não fique com medo. Eu vou proteger você e lhe darei um grande prêmio.
Abrão respondeu;
— Oh meu Deus Eterno, sabe o que eu quero. Quero um filho, mas é impossível. Sabe quem será meu herdeiro? meu funcionário Eliézer, natural de Damasco. Tu não me deste filhos. Que mais posso esperar?
O Deus Eterno tomou de novo palavra e fez uma revelação:
— Não, Abrão. Eliézer não será o seu herdeiro. Seu herdeiro será um filho, um filho que você vai gerar.
Em seguida, chamou-o para fora da tenda em que se encontravam e acrescentou:
— Abrão, olhe para o céu e conte as estrelas. Veja se consegue. São incontáveis, como incontáveis são as gerações que descenderão diretamente de você.
Abrão creu no que lhe dizia o Deus Eterno, certo de que era amado por Ele.
(15.7-11)
O Deus Eterno lhe fez outra promessa:
— Eu sou o Deus Eterno. Tirei você de Ur, na distante Babilônia, para trazer você até esta terra, que será sua para sempre.
Abrão questionou:
— Oh Deus Eterno. O Senhor pode me dar uma prova de como vou herdar esta terra?
O Deus Eterno respondeu com um pedido:
— Ofereça-me em sacrifício uma bezerra, uma cabra e um cordeiro de três anos cada. Põe também no altar uma rolinha e um pombinho.
Abraão pegou os animais, cortou-os ao meio, colocando cada parte uma ao lado da outra. Ele não cortou nem a rolinha nem o pombinho. Depois, ficou cuidando do altar, mas assim mesmo os urubus pousavam, embora ele os enxotasse.
(15.12-16)
Como estava muito calor, de tarde Abrão adormeceu e teve um terrível pesadelo. Ele ficou com muito medo.
Foi quando o Deus Eterno lhe apareceu outra vez e lhe garantiu:
— Abrão, tenha certeza que seus descendentes serão nômades. Acabarão miranda numa terra estranha, serão escravizados durante 400 anos. Saiba que eu vou castigar a nação que fizer isto com eles. Por isto, vão sair de lá, mas vão sair ricos. Quanto a você, vai viver muito ainda e vai morrer bem idoso. Quantos aos seus descendentes, na quarta geração, completados os 400 anos de escravidão, voltarão para cá, onde vivem os amorreus, até que chegue a hora em que serão julgados por mim através dos descendentes que lhe darei.
(15.17-21)
Ditas estas palavras, o sol se pôs e a noite chegou pesada. Então, os pedaços dos animais postos sobre o altar foram queimados por uma tocha.
Nesse mesmo dia, o Deus Eterno fez um acordo com Abrão nos seguintes termos:
— Abrão, darei essa terra aos seus descendentes. O limite ao sul será o grande rio Nilo e o limite ao norte será o grande rio Eufrates. Será dos seus descendentes a terra hoje habitada pelos queneus, quenezeus, cadmoneus, heteus, ferezeus, refains, amorreus, cananeus, girgaseus e jebuseus.
NASCE ISMAEL, O PRIMEIRO FILHO DE ABRAÃO
Gênesis 16
(16.1-2)
Sarai, esposa de Abraão, era estéril. Como tinha uma empregada egípcia, de nome Agar, Sarai disse a Abrão:
— Abrão, o Deus Eterno não me deixa engravidar. Vamos fazer o seguinte: você tem relações com ela e eu lhe dou filhos por meio do ventre dela.
O marido concordou.
(16.3-6)
Dez anos depois de chegar a Canaã, com seu marido, Sarai chamou a Agar e a entregou a Abraão, para que tivessem relações. A egípcia ficou grávida e começou a debochar de Sarai.
Sarai ficou furiosa.
— Abrão, olha o que aconteceu. Estou sendo humilhada, eu que dei a ela esta oportunidade. Assim que ficou grávida, ela começou a me tratar como se eu fosse inferior a ela. Agora, você vai ter que escolher: ou ela ou eu!
Abrão respondeu:
— Este é um assunto seu. Ela continua subordinada a você. Faça o que achar certo.
Sarai, então, humilhou Agar publicamente.
A egípcia fugiu.
(16.7-12)
Ela vagava sem rumo pelo deserto egípcio, quando um anjo do Deus Eterno a encontrou perto de uma fonte numa estrada que levava à cidade de Sur. Ele lhe perguntou:
— Agar, empregada de Sarai, de onde você vem e para onde está indo?
Ela respondeu:
— Estou fugindo da minha patroa.
Então o anjo lhe recomendou:
— Volte para casa e siga as orientações de Sarai.
Depois acrescentou:
— Trago uma promessa para você: você vai ter ainda outros filhos. Seus descendentes serão tantos que não dará para serem contados.
E disse mais:
— Você está grávida e o seu filho vai nascer. Dê-lhe o nome de Ismael [El ouvirá], porque o Deus Eterno ouviu o seu grito aflito. Ismael será como um jumento indomado. Será grande o seu poder e muitos lutarão contra ele. Seus parentes também brigarão entre si.
(16.13-14)
Como homenagem ao Deus Eterno que lhe enviou o anjo que a salvou, Agar lhe deu o nome de “Laai-Roi” [expressão hebraica que significa “O Deus que vê”]. Ela explicou:
— Foi aqui neste lugar que eu vi Aquele que me vê. Sim, tu és o Deus que me vê.
O poço [“Beer”, em hebraico] onde se deu o encontro, entre Cades e Berede, no sul do Israel, ficou conhecido como Beer-Laai-Roi.
(16.15-16)
No tempo devido, Agar teve um filho, apresentou-o a Abraão, que lhe deu o nome de Ismael.
Nessa época, Abrão estava com 86 anos de idade.
O ACORDO ENTRE DEUS E ABRAÃO É RENOVADO E DEFINIDO
Gênesis 17
(17.1-3)
Quando [em 1887 a.C.] Abraão completou 99 anos de idade, o Deus Eterno lhe apareceu:
— Abrão, eu sou El-Shaddai [palavra hebraica para o Deus Todo-Poderoso]. Quero que você seja meu amigo e permaneça sempre íntegro. Vou fazer um acordo com você e lhe darei uma descendência numerosa.
Abrão se curvou, até tocar o chão.
(17.4-8)
O Deus Eterno voltou a lhe falar:
— Este é o acordo que estou fazendo com você agora. Você será o fundador de muitas nações. Como prova de que esta promessa vai se cumprir, mudarei agora o seu nome. Não será mais Abrão [pai destacado] mas Abraão [pai de uma multidão]. Você será extremamente fecundo e de você farei com que surjam nações, cada com com o seu rei. Nosso acordo será permanente, entre mim e entre você e todos os seus descendentes de geração em geração. Serei o seu Deus Eterno. Serei o Deus Eterno de todos os seus descendentes. Por esse acordo, eu lhes darei essa terra, hoje habitada pelos cananeus, como sua propriedade perpétua. Serei para sempre o Deus Eterno de vocês.
(17.9-14)
O Deus Eterno falou e pediu:
— Mantenham o acordo, você e seus descendentes desde agora e para todo o sempre. Quero que, a partir de agora, como prova de que cumprirão sua parte no acordo, todos os homens que vivem entre vocês serão circuncidados. Quando removerem o prepúcio do órgão sexual masculino, mostrarão que estão sendo fieis ao nosso acordo. Todo menino será circuncidado no oitavo dia do seu nascimento. Isto vale para todos, de modo permanente, e se aplica inclusive aos homens de outros povos que vivem com vocês, sejam escravos ou livres. O meu acordo estará marcado no corpo de vocês e isto é para sempre, não pode ser revogado. Quem não for circuncidado tem que deixar a terra, porque não é fiel ao nosso acordo.
(17.15-16)
SARAI AGORA É SARA
O Deus Eterno chamou a Abraão e lhe disse:
— Quanto à sua esposa, a partir de agora, você a chamará não mais de Sarai, mas de Sara, para que fique claro que a vida dela também vai mudar para melhor. Eu abençoarei com um filho que nascerá no seu ventre. Assim dela muitas nações, com os seus reis, surgirão.
(17.17-21)
Quando ouviu esta promessa, Abraão se encurvou até o chão, num misto de gratidão e dúvida, pensando em como poderia ser pai aos 100 anos de idade. “Como Sara vai ser mãe aos 90 anos de idade?”, perguntou para si mesmo.
Ele dirigiu a palavra ao Deus Eterno, nos seguintes termos:
— Eu só tenho Ismael e peço que tu o abençoes grandemente.
O Deus Eterno lhe respondeu:
— Vou lhe explicar, Abraão. Sua esposa Sara, sim, sua esposa Sara, vai lhe dar um filho. Quero que o chame de Isaque (“riso”). Assim como fiz com você, vou fazer com ele um acordo, que vai ser seguido também por todos os seus descendentes. Agora, quanto a Ismael, fique tranquilo. Ouvi seu pedido e também vou abençoá-lo. Ele também terá muitos filhos e inúmeros descendentes. Ele será pai de 12 príncipes e formará uma grande nação. Mas o acordo continuará com Isaque, seu filho com Sara que vai nascer daqui a um ano.
(17.22)
Terminada a conversa, o Deus Eterno se retirou.
COMEÇA A PRÁTICA DA CIRCUNCISÃO
(17.23-27)
Nesse mesmo dia, Abraão circuncidou todos os homens da sua família. Ele pegou Ismael, que tinha 13 anos de idade, e o circuncidou.
Depois pegou todos os que moravam com ele e fez o mesmo, tanto com parentes quanto com empregados. Ele fez exatamente com o Deus Eterno mandou. Ele mesmo, embora tivesse 99 anos de idade, se submeteu à cirurgia feita com uma faca de pedra. Seu prepúcio foi retirado, bem como de todos os que trabalham para ele, mesmo os estrangeiros.
Tudo aconteceu num só dia.
SARA RI MAS NEGA
Gênesis 18
(18.1-5)
Abraão teve outra experiência marcante. O Deus Eterno, acompanhado de dois homens, lhe apareceu. Ele morava, nesta época, na floresta de carvalhos em Manre, em Hebrom. Abraão estava sentado na entrada da tenda, perto do meio dia, num calor intenso, quando os viu se aproximando. Chegaram e ficaram em pé diante dele. Imediatamente Abraão se curvou até o chão e fez um pedido:
— Oh meu Deus Eterno. Eu te peço que passes um tempo aqui comigo. Vou providenciar água para que lavem o pés e um lugar para que descansem da caminhada. Depois vou providenciar comida, para que renovem suas forças. Depois, poderão partir.
Os três concordaram em ficar.
(18.6-10a)
Abraão entrou na tenda e pediu para fazer um pão bom e rápido. Depois, foi até o campo onde ficava o rebanho, pegou um bezerro de carne boa e macia, chamou um empregado e pediu que o prepare como alimento. Depois pegou a coalhada, o leite e a carne que tinham mando preparar e serviu aos homens sobre uma mesa debaixo de uma árvore. Eles se assentaram, mas Abraão ficou em pé.
Depois de comer, eles perguntaram:
— Onde está Sara, sua esposa?
Abraão informou:
— Está na tenda.
Um dos homens lhe disse:
— Estou partindo, mas eu vou voltar. Quanto eu voltar daqui a um ano, Sara, sua esposa, dará à luz um filho.
(18.10b-12)
Sara estava ouvindo a conversa, perto da porta. Os dois eram bem idosos e Sara tinha passado da é epoca de ter filhos. Por isto, ela riu consigo mesma dizendo: “Como eu, depois de velha, poderei ser mãe? Como sendo meu marido tão velho também, terei este prazer?”
(18.13-15)
O Deus Eterno interrogou a Abraão:
— Por que Sara riu, dizendo para si mesma: “Como eu, depois de velha, poderei ser mãe?” Abraão, eu lhe pergunto: ‘Existe alguma coisa realmente dificil para o Deus Eterno?’ Então, eu digo e repito: daqui aa um ano, neste mesmo lugar, vou voltar e Sara terá um filho.
Sara ficou com medo e disse:
— Eu não ri?
O Deus Eterno respondeu:
— Não adianta negar. Você riu.
SODOMA ESTÁ PRESTES A SER DESTRUÍDA
(18.16)
Depois disto, os três homens se levaram e partiram em direção a Sodoma, a uns 40 quilômetros dali. Abraão também se levantou para os orientar na caminhada.
(18.17-21)
Enquanto caminhavam, Abraão e os três homens, o Deus Eterno pensou:
“Será que devo esconder de Abraão o que estou pensando em fazer. Vou esconder isto de alguém que se tornará nação grande e poderosa, para abençoar toda a humanidade? Foi eu que o chamei para ser íntegro, para ensinar seus filhos a serem íntegro, vivendo sempre na minha presença, praticando a justiça e a misericórdia e recebam de mim o cumprimento dessa promessa. O problema é que a maldade de Sodoma e Gomorra continua aumentando. Seus moradores continua pecando gravemente contra mim. Estou descendo para lá e ver se conferem os relatos que tenho recebido acerca de sua maldade”.
(18.22-32)
Os homens desceram em direção a Sodoma e Abraão chegou ainda mais perto do Deus Eterno e lhe perguntou:
— Oh Deus Eterno, vais destruir os justos que moram em Sodoma junto com os maus? Se, por acaso, morarem 50 justos em Sodoma, vais destruir toda a cidade sem poupar a cidade por causa do seu amor aos 50, como se fossem todos iguais. Com certeza, não, porque és justo e bondoso.
O Deus Eterno respondeu:
— Claro, Abraão. Se eu encontrar 50 justos em Sodoma, eu vou poupar toda a cidade por causa deles.
Abraão continuou falando:
— Acho que me precipitei. Sou humano, tu sabes. Se em lugar de 50, forem 45 os justos da cidade, vai destruir todos de lá?
O Deus Eterno respondeu:
— Se eu encontrar 45 juto em Sodoma, não destruirei a cidade.
Abraão continuou:
— Bem. E se forem apenas 40 os justos?
O Deus Eterno respondeu:
— Não destruirei a cidade se encontrar 40 justos lá.
Abraão não desistiu:
— Desculpe, oh Deus Eterno. Mas, pergunto: e se os justos forem apenas 30?
O Deus Eterno respondeu:
— Se forem 30 os justos, não haverá destruição.
Abraão persistiu:
— Oh Deus Eterno, sei que estou sendo atrevido, mas indago: se forem apenas 20 os justos?
O Deus Eterno respondeu:
— Se forem 20 os justou ninguém morrerá.
Por fim, Abraão pediu:
— Não se aborreça comigo, oh Deus Eterno. Vou falar e me calar. Se houver apenas 10 justos em Sodoma, o que farás?
O Deus Eterno respondeu:
— Se em Sodoma eu encontrar 10 justos, não destruirei a cidade por causa destes 10.
(18.33)
Terminada a conversa, o Deus Eterno se afastou e Abraão voltou para a sua casa.
LÓ SOBREVIVE À DESTRUIÇÃO
Gênesis 19
(19.1-2)
Os dois homens enviados a Sodoma como anjos pelo Deus Eterno chegaram a Sodoma. Anoitecera.
Ló estava sentado perto do portão da cidade. Quando ele os viu, curvou-se até o chão e lhes deu as boas-vindas:
— Por aqui, senhores. Terei grande prazer em recebê-los na minha casa. Tomem banho, passem a noite com a minha família e amanhã poderão seguir viagem.
Eles responderam:
— Não vamos incomodar. Vamos nos acomodar na praça.
(19.3-5)
Como Ló insistiu, eles concordaram em ficar na casa dele. Preparou um jantar, com pães sem fermento e eles se alimentaram. Antes que fossem dormir, os homens da cidade cercaram a casa de Ló. Era muita gente, de várias cidades.
Eles gritaram para Ló:
— Sabemos que chegaram dois homens na cidade e estão hospedados na sua casa. Queremos que os faça sair. Mande-o para cá, para que pratiquemos sexo com eles.
(19.6-9)
Ló saiu, trancou a porta e gritou para eles:
— Não façam uma maldade desta! Eles são meus hóspedes! (…) Não façam uma coisa destas com os homens que tenho o dever de proteger
Eles foram ainda mais agressivos.
— Sai da porta, Ló!
Do lado de fora, gritavam:
— Você é um estrangeiro, não sabe como fazemos as coisas por aqui e ainda quer ditar as regras! Vamos fazer com você pior do que faríamos com eles.
Em seguida, avançaram contra Ló, para arrombar a porta.
19.10-11)
No entanto, os hóspedes resgataram Ló e fecharam a porta.
Em seguida, fizeram com que ficassem cegos todos os homens que estavam do lado fora forçando para entrar. Desse modo, não conseguiram continuar o ataque.
19.12-14)
Os hóspedes disseram a Ló:
— Tem mais gente na cidade que faça parte da sua família? Todos têm que sair agora da cidade, porque vamos destruí-la. O pecado desta gente passou de todas as medidas e o Deus Eterno nos enviou para arrasá-la.
Ló saiu e foi conversar com os seus futuros genros e lhes disse:
— Levantem-se e saiam da cidade, porque o Deus Eterno vai destruir tudo.
Eles não deram ouvidos, achando que Ló estava brincando.
19.15-17)
Pela manhã, os enviados de Deus disseram para Ló se apressar:
— Acorde, pegue sua esposa, suas duas filhas e corram porque a cidade será castigada.
Ló se demorou.
Por isto, por causa da misericórida do Deus Eterno, os homens os tomaram pelas mãos, a ele, sua esposa e suas filhas e os retiraram da cidade para outro lugar.
Lá os anjos disseram a Ló e sua família:
— Se querem viver, corram. Ninguém olhe para trás. Ninguém queira ficar na campina próxima. Todos fujam para um monte; se não, a morte é certa.
(19.18-20)
Ló argumentou:
— Desse jeito, não quero, oh Deus Eterno. Tu foste misericordioso para comigo e meu salvou a vida. Se eu fugir para o monte, estou certo que serei alcançado lá também. Permita que eu vá para uma cidade inexpressiva que tem aqui perto e que tu a protejas. Deixe-me fugir para lá e ali me abrigar, com a minha família.
19.21-22)
O anjo respondeu:
— Está bem, Ló. Não vou destruir a cidade para onde você vai. Corra. Fuja. Estou esperando você sair para começar a destruição.
A cidade ficou conhecida como Zoar [palavra hebraica que significa “inexpressiva”, em hebraico].
(19.23-25)
Nascia o sol quando Ló entrou na cidade de Zoar. Imediatamente o Deus Eterno, o Todo-Poderoso dos céus e da terra, mandou uma chuva de enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra. Tudo foi destruído: as cidades e as aldeias próximas, com os seus os seus moradores, bem como as plantas.
(19.26)
Quando isto acontecia, a mulher de Ló olhou para trás e foi transformada na hora numa estátua de sal.
(19.27-28)
No dia seguinte, Abraão se levantou de madrugada e voltou para o lugar onde se encontrara com o Deus Eterno e os dois homens. Ele olhou para Sodoma e Gomorra e viu uma labareda enorme se levantando sobre Sodoma e Gomorra e as cidades próximas ao Mar Morto.
(19.29)
De fato, só Ló e sua família tinham sobrevivido, porque Deus levou em conta a oração de Abraão.
SURGEM DOIS NOVOS POVOS
(19.30-32)
Ló e suas filhas não se sentiram seguros em Zoar; por isto, buscam refúgio numa montanha próxima. Tendo encontrado uma caverna, os três lá passaram a morar.
Depois de algum tempo, a filha mais velha disse à mais nova:
— Papai está velho. Aqui não tem nenhum homem para nos casarmos, como é normal. Vamos fazer o seguinte: vamos embriagar o papai com vinho e levá-lo para a cama. Vamos manter relações e ter filhos com eles.
(19.33)
Assim fizeram. Embriagam o pai. A mais velha teve relações com ele, que, de tão bêbado, não sabia o que estava fazendo. Quando se levantou, não se lembrou de nada.
(19.34-35)
Disse então a mais velha para a caçula:
— Vamos repetir a dose. Nós o embriagamos e eu me deitei com ele. Agora é a sua vez.
A filha mais nova seguiu o plano. Quanto a Ló, novamente não percebeu nada.
(19.36-38)
As duas ficaram grávidas do próprio pai. O nome do filho da mais velha foi chamado de Moabe; seus descendentes ficaram conhecidos como moabitas. O nome do filho da mais nova recebeu o nome de Ben-Ami; dele provêm os amonitas. [Na terra onde esses povos habitaram está hoje a Jordânia.]
ABRAÃO PROSSEGUE EM SUA VIDA DE NÔMADE
Gênesis 20
(20.1)
De Hebrom Abraão dirigiu-se na direção norte, passando pelo vale do Neguebe. Depois habitou perto das cidades de Cades e Sur. Acabou se fixando em Gerar, uma cidade real filistéia perto de Gaza.
(20.2-7)
Como ele dizia que Sara era sua irmã, o Abimeleque [título para o rei local] de Gerar, mandou levá-la para o seu harém. Contudo, o rei foi avisado por Deus através de um sonho:
— Não tenha relações com Sara, porque ela é casada. Se o fizer, será castigado.
Ainda no sonho, o rei respondeu:
— Oh Deus Eterno, vais matar um homem inocente. Abraão mesmo me disse que ela era irmã dele, o que ela confirmou. Eu fui enganado. Eu não sabia de nada. Eu não agi de má-fé.
Então, o Deus Eterno lhe disse:
— Eu sei que você estava inocente. Por isto mesmo, eu não deixei que tocasse nela. Eu impedi que você pecasse contra mim. Agora, você fará o seguinte: você devolverá Sara ao seu marido. Fique sabendo que ele é profeta, orará por você e você ficará livre. Agora, se você não fizer a devolução, irá morrer, você e toda a sua família.
(20.8-13)
Quando amanheceu, o Abimeleque acordou, chamou seus empregados e contou o sonho. Eles ficaram apavorados. Em seguida, o rei mandou chamar Abraão e lhe disse:
— Como você foi capaz de fazer isto conosco? Por que fez isto? Em que falhamos com você? Sua atitude quase me fez pecar e isto traria consequências para mim e para meu povo. O que você fez foi totalmente errado.
— O que é isso que você fez conosco? Em que foi que pequei contra você, para que você trouxesse tamanho pecado sobre mim e sobre o meu reino? O que você me fez é coisa que não se deve fazer. Responda-me o seguinte: o que o levou a fazer uma coisa dessa?
Abraão respondeu:
— Vou lhe dizer o que aconteceu. Eu pensei: “Como o povo de Gerar não segue o Deus Eterno, eles vão me matar para ficar com minha esposa”. Agora, quero que você saiba que ela é mesmo irmã por parte de pai. Como não temos a mesma mãe, pudemos nos casar. Por isto, quando começamos nossa vida de nômades por essas terras, eu combinei com ela para sempre dizer que somos irmãos.
(20.14-16)
O Abimeleque tomou uma série de providências para resolver a questão. Junto com Sara, enviou os seguintes presentes a Abraão: ovelhas, bois e escravos, com o seguinte acordo:
— Toda o meu reino é seu. Esteja à vontade para morar onde quiser.
Quanto a Sara, ele lhe disse:
— Como compensação por tudo o que aconteceu com você, paguei 1.000 moedas de prata a Abraão. Você agora está limpa diante de todos.
(20.17-18)
Abraão orou ao Deus Eterno, que perdoou o Abimeleque e tornou férteis de novo sua mulher e suas concubinas. E tudo porque, depois que Sara foi chamada ao harém do rei, sua esposa e suas concubinas tinham ficado estéreis.
NASCE ISAQUE
(21.1-5)
Como Deus prometera em Hebrom, Sara ficou grávida. A família morava agora em Berseba.
Ao bebê chegado na velhice, Abraão pôs o nome de Isaque (“riso”). No oitavo dia de nascido, Abraão o circuncidou, como Deus anteriormente determinara. Abraão estava com 100 anos de idade quando Isaque nasceu [em 1896 a.C.)
(20.6-7)
Sara comentou com Abraão:
— Agora tenho motivo para sorrir. Todos que souberam do que me aconteceu vão se alegrar comigo. Quem podia imaginar que a esposa de Abraão ainda amamentaria um bebê… Precisei chegar à velhice para lhe dar um filho.
(20.8)
Isaque cresceu e foi desmamado perto dos três anos de idade. No dia em que o menino foi desmamado, para comemorar, Abraão deu uma grande festa.
ISMAEL SAI DE CENA
(21.9-10)
Depois disto, Ismael, filho da egípcia Agar, zombou de Isaque. Sara viu e exigiu do marido:
— Abraão, mande essa escrava embora, junto com o filho dela. De modo nenhum, Ismael não será herdeiro junto com o meu Isaque!
(21.11-13)
Abraão ficou muito triste com este pedido de Sara. O Deus Eterno o confortou:
— Abraão, não fique perturbado por causa da situação de Ismael e de Agar. Faça o que Sara está lhe pedindo. Fique tranquilo: a promessa que lhe fiz se cumprirá por meio de Isaque e seus descendentes. Quero que saiba que darei a Ismael uma grande descendência, porque ele é seu filho também.
(21.14)
Na manhã seguinte, acordou bem cedo, preparou uma mochila, com comida e água, pôs nas costas da Agar e a despediu junto com o filho. Ela foi embora vagando sem rumo pelo deserto em torno de Berseba.
(21.15-18)
Quando acabou a água do cantil que tinham levado, Agar deixou Ismael debaixo de uma árvore. Ela se afastou e se assentou em outro lugar perto, uns 50 metros dali. Enquanto chorava, dizia:
— Não quero ver meu filho morrer.
Depois sentou diante dele e chorou em alta voz. O menino também chorava e o Deus Eterno o ouviu.
Imediatamente um anjo do Deus Eterno, chamando Agar pelo nome, dirigiu-lhe a palavra:
— Calma, Agar! Não tenha medo, porque o Deus Eterno ouviu a voz do menino, que está com você. Levante-se, pegue o menino e o leve pela mão. Dele farei surgiu um um grande povo.
(21.19)
O Deus Eterno fez com que Agar visse um poço de água bem perto dali. Ela foi até o poço, pegou água e encheu o cantil. Depois ofereceu água ao menino, que bebeu.
(21.20-21)
O Deus Eterno acompanhava o menino. Ele cresceu no deserto e, na juventude, tornou-se um guerreiro. Ismael viveu no deserto de Parã e sua mãe escolheu para ele uma esposa egípcia.
ABRAÃO É RESPEITADO NA REGIÃO
(21.22-24)
Foi nessa época que o Abimeleque da Filístia procurou por Abraão em Berseba. O rei estava acompanhado do seu comandante do seu exército, o general Ficol. Quando se encontraram, os dois filisteus disseram:
— Abraão, sabemos que o Deus Eterno está com você. Tudo o que você faz dá certo. Quero que você jure pelo seu Deus que não vai nos enganar, nem agora, nem futuro.
O Abimeleque prosseguiu:
— Tratei você bem em nossas terras. Espero que nos trate com a mesma cortesia.
Abraão garantiu:
— É claro que eu juro.
(21.25-30)
Em seguida, Abraão reclamou que um dos poços onde seus rebanhos bebiam tinham sido tomados pelos empregados do Abimeleque.
O rei filisteu respondeu:
— Não sei quem fez isto. Como você não me disse nada, achei que estivesse tudo resolvido. Fiquei sabendo do problema agora.
Abraão, então, mandou seus empregados pegassem ovelhas e bois do seu pasto e entregassem ao Abimeleque. Os dois fizeram um acordo. Abraão mandou separar sete cordeiras no pasto.
O rei filisteu perguntou:
— O que significa isto? Por que mandou separar sete cordeiras?
Abraão respondeu:
— Estou lhe dando sete cordeiras, para que você sempre se lembre que quem cavou este poço fui eu, não você.
(21.31-34)
É por isto que o lugar em que fizeram o acordo ficou conhecido como Berseba [que significa “poço do juramento” em hebraico], uma vez que foi neste lugar que Abraão e o Abimeleque fizeram um juramento. Tendo feito o acordo, o Abilemeleque e seu comandante, o general Ficol, voltaram para Gerar, a capital do seu reino.
Por sua vez, Abraão plantou uma semente de tamarisco e orou ao Deus Eterno.
Depois, disto morou durante muito tempo na terra dos filisteus.
O DEUS ETERNO FAZ UM TESTE COM ABRAÃO
Gênesis 22
(22.1-2)
Algum tempo depois, o Deus Eterno submeteu Abraão a um teste. Foi assim:
— Abraão!
Abraão respondeu:
— Estou aqui.
O Deus Eterno prosseguiu:
— Quero que você faça o seguinte: pegue Isaque, seu filho preferido e a quem você ama e o leve à Moriá. Ali, sobre um dos montes que vou lhe mostrar, prepare um altar e sacrifique o rapaz.
(22.3)
Assim que amanheceu, no dia seguinte, Abraão acordou de madrugada. Seus empregados preparara um jumento para a viagem, racharam lenha e puseram tudo sobre o animal. Abraão designou dois empregados para os acompanhar e partiu, junto com Isaque.
(22.4-5)
No terceiro dia da caminhada, Abraão viu na região de Moriá o monte que Deus lhe orientava como sendo o lugar do sacrifício.
Eles pararam.
Abraão se voltou para os seus empregados, com a seguinte ordem:
— Fiquem aqui com o jumento. Eu e o meu filho vamos subir. Lá adoraremos ao Deus Eterno e voltaremos. Não saiam daqui.
(22.6-8)
Abraão pegou a lenha no jumento, pondo-as sobre as costas de Isaque. A faca e o fogo ficaram com seu pai.
Assim, pai e filho seguiram juntos, ladeira acima.
Depois de um longo silêncio, Isaque disse:
— Papai!
Abraão respondeu:
— Fala, filho. Estou ouvindo.
O rapaz perguntou:
— Pai, estamos levando o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o sacrifício que vamos oferecer?
O pai respondeu:
— Filho, fique tranquilo. O Deus Eterno providenciará o cordeiro para o sacrifício.
E assim prosseguiram na subida, um ao lado do lado, calados.
(22.9-13)
Algum tempo depois, chegaram ao monte que o Deus Eterno tinha indicado. Imediatamente, Abraão preparou um altar, sobre o qual colocou a lenha. Depois, pegou Isaque e o amarrou. Depois fez com que se deitasse sobre o altar, em cima da lenha que tinham levado.
Então, pegou a faca e levantou a mão para sacrificar seu filho.
Nesse momento, foi interrompido por uma voz vinda do céu, que o chamava:
— Abraão! Abraão!
Ele respondeu:
— Estou aqui!
Imediatamente uma voz do céu lhe gritou:
— Pare agora, por favor. Não faça nada com o rapaz. Agora eu sei que você me ama porque não me negou Isaque, seu único filho.
Abraão olhou ao redor e viu bem atrás de onde estavam um carneiro, cujos chifres estavam presos entre as árvores. Abraão fez Isaque descer do altar, pegou o carneiro, pondo-o sobre o altar e realizando o sacrifício.
(22.14)
(A partir desse momento, Abraão passou a chamar aquele lugar de “Iavé Irê” (“Deus providenciará”. Por séculos, em Israel, era comum se dizer: “No seu monte, o Deus Eterno providenciará”.)
(22.15-18)
O Deus Eterno voltou a falar:
— Abraão, você mostrou o quanto me ama. Você me ama mais que ao seu único filho Isaque. Quero, então, que saiba que vou abençoá-lo, multiplicando sua descendência. Seus herdeiros serão tantos quantos as estrelas do céu e os grãos de areia no mar. Eles conquistarão cidades. Através deles, todas as nações da terra serão abençoadas, porque você, Abraão, me obedeceu.
(22.19)
Depois disto, Abraão e Isaque desceram do monte, encontraram-se com os empregados no lugar combinado e foram para Berseba, onde passaram a morar.
NAOR, IRMÃO DE ABRAÃO, TAMBÉM DEIXOU DESCENDENTES
(22.20-24)
Passado um tempo, Abraão foi informado que seu irmão Naor e a cunhada Milca tinham se tornado pais. Tiveram oito filhos: Uz, o mais velho, Buz, o segundo, Quemuel, bem como Quésede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel. Quemuel foi o pai de Arã e Betuel foi pai de Rebeca. Todos foram filhos de Milca com Naor, que teve outros filhos com sua concubina Reumá, os quais se chamavam: Teba, Gaã, Taás e Maaca.
SARA MORRE
Gênesis 23
(23.1-2)
[Em 1850 a.C.], Sara morreu aos 120 anos de idade. Abraão sofreu e chorou muito. A família morava em Quiriate-Arba (conhecida também como Hebrom), na terra de Canaã.
(23.3-5)
Ainda durante o luto, Abraão saiu e foi procurar os líderes dos heteus, donos das propriedades na região. Quando os encontrou, disse-lhes:
— Vocês sabem que sou um estrangeiro na terra de vocês. Quero que vocês me vendam um terreno onde eu possa enterrar minha esposa Sara.
Os líderes heteus responderam:
— Amigo Abraão. Nós o temos como um representante do Deus Eterno entre nós. Enterre sua esposa em nosso cemitério, na sepultura que escolher. Esteja certo que nós lhe cederemos nossas sepulturas para que você sepulte sua esposa.
(23.6-16)
Abraão agradeceu, ficou em pé e depois se curvou diante deles, mas recusou a oferta:
— Se vocês querem me agradar, façam-me o seguinte favor: intercedam por mim diante de Efrom, o filho de Zoar. Preciso que ele me ceda a caverna que ele tem em Macpela, que fica na ponta da fazenda de vocês. Estou pronto para pagar o preço justo e assim poder preparar um cemitério para a minha família.
Então, Efrom falou alto, de modo que todos os que passavam perto pudessem ouvir:
— Nada disso, amigo Abraão. Pode pegar a terra que quiser e não só a caverna. Todos são testemunhas que lhe eu lhe darei tudo o que precisar, para servir de cemitério para sua amada Sara.
Abraão se curvou diante de todos e respondeu a Efrom:
— Quero pagar o preço justo. Fico com a propriedade para nela enterrar minha esposa. Concorda?
Efrom aumentou bastante o preço:
— Não se preocupe com isto, mas a propriedade vale 400 barras de prata. O importante é que tenha onde sepultar sua esposa.
Abraão aceitou a oferta, saiu dali, buscou em casa a prata no valor mencionado e, na presença do povo heteu, pesou peça por peça e entregou tudo a Efrom.
(23.17-20)
A partir daí, todo o campo, incluindo a caverna e tudo o mais que havia naquela propriedade, que antes pertencera a Efrom, em Macpela, perto de Manre, passou legalmente para as mãos de Abraão. Foram testemunhas do negócio os líderes dos heteus. Eles confirmaram a transação feita publicamente. Nesse terreno, Abraão sepultou, como era seu desejo, o corpo de sua esposa Sara na fazenda de Macpela, perto de Manre (conhecida também como Hebrom).
ISAQUE SE CASA COM REBECA
Gênesis 24
(24.1-8)
Abraão era rico, mas estava preocupado porque seu filho Isaque continuava solteiro. Era tarefa dos pais encontrar uma esposa para o o filho.
Por isto, chamou seu empregado mais antigo, encarregado de cuidar de tudo na casa, e lhe deu uma tarefa:
— Eliezer, você jura por tudo o que há de mais sagrado que vai procurar uma esposa para o meu filho?
Como a resposta foi “sim”, Abraão prosseguiu:
— Quero que você encontre uma esposa para Isaque, mas ela terá que vir de longe, não pode ser uma cananeia. Quero que viaje para o norte, onde moram meus parentes, e traga de lá uma mulher para se casar com o meu filho.
Eliezer questionou:
— Mas, chefe, que faço se ela não quiser vir? Posso voltar à terra dos seus familiares e levar Isaque até lá comigo?
Abraão respondeu:
— De jeito nenhum. Não leve meu filho para lá de jeito nenhum. Você sabe que o Deus Eterno me fez deixar minha família e vir para cá e me garantiu que meus descendentes herdarão a terra em que estamos. Ele também me garantiu que enviará um anjo à sua frente para preparar as coisas para que você encontre a moça que se casará com meu filho. Creio nisto, Eliezer. Por isto, quando a encontrar e ela responder que não quer vir, você está livre de cumprir seu compromisso comigo.
(24.9-10)
Eliezer fez o juramento e garantiu que faria como combinado.
Depois dos necessários preparativos, Eliezer escolheu dez camelos, pegou alguns bens de Abraão e partiu para o sul da Mesopotâmia, mais especificamente para Padã-Arã [na atual Síria], onde viviam os descendentes de Naor, irmão de Abraão.
(24.11-14)
Após uma viagem de duas semanas, Eliezer chegou a Padam-Arã. Ao se aproximar da cidade, em que havia um poço de água, ele fez com que os camelos se ajoelhassem. Depois, ele mesmo se ajoelhou e orou, assim:
— Oh Deus Eterno, Deus do meu chefe Abraão, peço que venhas em meu socorro e mostres misericórdia para com Abraão. Sabes que estou aqui, ao lado desta fonte, onde as moças da cidade vêm buscar água. Quando chegarem, vou dizer a uma delas o seguinte: “Você pode me dar um pouco de água?”. Se ela me disser, “Beba e leve também para os seus camelos”, entenderei que é a moça que escolheste para o teu filho Isaque. Assim saberei que foste generoso para com Abraão.
(24.15-18)
Antes de Eliezer terminar de orar, Rebeca surgiu. Ela era filha de Betuel, o neto de Milca, esposa de Naor, o irmão de Abraão. Ela estava com um pote sobre o ombro. Rebeca era muito bonita e nunca tivera um relacionamento com um homem. Ela foi até o poço e encheu seu pote no bebedouro. Nesse momento, Eliezer foi ao seu encontro e lhe disse:
— Por favor, dê-me um pouco de água do seu pote.
Ela respondeu:
— Claro, senhor.
Imediatamente, ela baixou o pote e deu água a Eliezer.
(24.19-20)
Depois que Eliezer bebeu, ela lhe disse:
— Agora vou pegar água para os camelos, que devem estar com muita sede também.
Ela despejou a água que restou e encheu de novo o pote para os camelos, até todos bebessem.
(24.21-25)
Eliezer ficou observando discretamente para ver se o que tinha pedido ao Deus Eterno acontecia e ele poderia voltar para casa com a missão cumprida.
Assim que os camelos se saciaram, Eliezer pegou os presentes que levara. Era um pendente de ouro, pesando seis gramas, e duas pulseiras de ouro, pesando 120 gramas. Depois que os entregou a Rebeca, perguntou:
— Agora, diga, por favor, de quem você é filha. Será que sua família pode nos hospedar esta noite, a mim e a minha comitiva?
Ela respondeu:
— Eu sou filha de Betuel. Minha avó se chama Milca e meu avô, Naor.
Depois, acrescentou:
— Vocês são bem-vindos. Temos palha suficiente, pasto abundante para os camelos e camas para todos dormirem.
(24.26-27)
Eliézer se ajoelhou e adorou ao Deus Eterno, dizendo:
— Ah, bendito seja o Deus Eterno, Deus do meu chefe Abraão. Tu mostraste misericórida e cumpriste ao promessa que fizeste a ele. Reconheço que foste tu mesmo que guiaste até a casa dos parentes do meu chefe Abraão.
(24.28-31)
Enquanto isto, Rebeca saiu correndo para casa da sua mãe. Depois que ela contou o ocorrido, seu irmão Labão, correu até o poço em busca do homem enviado por Abraão. Ele foi por conta própria porque tinha visto o pendente e as pulseiras que a irmã ganhara e ouvido a conversa dela com a mãe. Eliezer estava em pé ao lado dos camelos, junto ao poço. Ao vê-lo, Labão disse:
— Venha, homem abençoado pelo Deus Eterno. Saia daí porque já arrumei a casa para receber você e seus companheiros. O lugar para os camelos também já está preparado.
(24.32-41)
Eliezer aceitou o convite e entrou na casa. Os empregados da família descarregaram os camelos e serviram a forragem e o pasto de que precisavam. Trouxeram água para os visitantes e serviram a comida, mas Eliezer disse:
— Só vou comer depois de revelar a razão da minha viagem.
Labão concordou:
— Tudo bem. Fale, por favor.
Eliezer, então, falou:
— Eu sou empregado de Abraão. Ele tem sido muito abençoado pelo Deus Eterno. Abraão é um homem de posses e importante. Ele tem muito gado, muito dinheiro, muitos empregados e muitos animais de carga.
Em seguida, Eliezer falou da família de Abraão:
— Ele tem um filho, Isaque, que nasceu quando sua mãe Sara era já muito idosa. O rapaz é o seu único herdeiro. Há poucos dias, Abraão me chamou e pediu que eu fizesse um juramento muito sério. Disse-me ele: “Meu filho precisa se casar, mas não escolha uma esposa cananeia para ele. Quero que você vá à terra dos meus pais e busque uma esposa que seja parte da minha família lá. Eu perguntei: “E se ela não quiser me acompanhar?” Ele me garantiu: “Eliezer, saiba que o Deus Eterno, em cuja presença ando, enviará um anjo com você e fará que a sua viagem sejam bem-sucedida e você traga de lá uma esposa para Isaque. Agora, se eles não quiserem permitir que a moça venha, você pode voltar tranquilo, livre do juramento feito”.
(24.42-48)
Em seguida, Elizer passou a relatar o encontro junto ao poço:
— Assim quando, hoje, cheguei à fonte, fiz uma oração: “Oh Deus Eterno, Deus do meu chefe Abraão, ajuda-me na minha missão para que dê tudo certo. Estou aqui perto da fonte e quero te pedir que a moça que chegar para pegar água e eu lhe pedir “Dê-me um pouco de água do seu pote” e ela responder “Beba, que depois eu pego água para os camelos” seja a mulher que o Deus Eterno escolheu para ser a esposa de Isaque. Eu estava fazendo esta oração silenciosa quando Rebeca chegou com o seu pote sobre o ombro. Ela pegou água do poço e eu pedi: “Você pode me dar um pouco de água?” Ele de imediato me passou o pote e disse: “Beba, que depois servirei também aos seus camelos. Depois que eu bebi, ele levou água par os camelos. Foi quando eu perguntei: “ Agora, diga, por favor, de quem você é filha”. Ela respondeu: “Eu sou filha de Betuel. Minha avó se chama Milca e meu avô, Naor”. Ao unir isto, pus um pendente no nariz dela e as pulseiras nas suas mãos. Ali mesmo eu me prostrei e adorei e louvor o Deus Eterno, o Deus do meu chefe Abraão, que me trouxe direto até aqui, para encontrar uma esposa para o filho de Abraão, entre os parentes dele.
(24.49)
Por fim, Eliezer fez sua proposta:
— Se vocês estiverem de acordo e forem bondosos e generosos para com o meu chefe Abraão, digam. Mas se não aceitarem que o casamento aconteça, digam também para que eu possa voltar logo para Hebrom.
(24.50-54)
Foi então que Labão, o irmão, e Betuel, o pai, responderam:
— O que você está fazendo vem da parte do Deus Eterno. Quem somos nós para concordar ou discordar, não é Rebeca? Você pode levá-la, com o nosso desejo que se case com o filho de Abraão, conforme a vontade do Deus Eterno.
Quando ouviu essas palavras, Eliezer ajoelhou-se diante do Deus Eterno. Tirou outras joias de ouro e prata e alguns vestidos e os entregou a Rebeca. Ele deu também valiosos presentes ao irmão e a mãe dela. Então, comeram e beberam. Do jantar participaram seus companheiros de viagem. Depois foram dormir. No dia seguinte, despertado do sono, ainda de madrugada, Eliezer disse:
— Está na hora de voltarmos para casa.
(24.55-59)
O irmão e a mãe de Rebeca fizeram um pedido:
— Deixe que ela fica mais alguns dias conosco, uns dez pelo menos. Depois ela seguirá com vocês.
Eliezer não concordou:
— Não posso demorar. O Deus Eterno me abençoou tanto que tenho que voltar logo com a missão cumprida.
Os dois responderam:
— Tudo bem, mas vamos ver o que Rebeca acha?
Quando ela chegou, eles lhe perguntaram:
— Você quer seguir com este homem?
Ea respondeu, sem pensar:
— Sim. Eu quero.
Ela estava livre para partir.
(24.60-61)
Seus irmãos a abençoaram com as seguintes palavras:
— Rebeca, Rebeca, desejamos que você seja a mãe de uma multidão e os seus descendentes conquistem muitas cidades.
A moça se preparou e, montada num camelo, partiu na companhia de Eliezer e sua comitiva. Ela levou também suas empregadas.
Todos seguiram para a casa de Abraão, em Canaã.
(24.62-63)
Por essa época, Isaque, que morava em Beer-Laai-Roi, no vale do Neguebe, estava em Hebrom. Numa tarde, ele estava no campo orando quando, olhando ao longe, viu uma caravana se aproximando.
(24.64-67)
Rebeca percebeu e viu Isaque caminhando em sua direção. Ela desceu do camelo e perguntou a Eliezer:
— Quem é esse homem que vem pelo mato ao nosso encontro?
Eliezer respondeu:
— É Isaque!
Rebeca pegou o véu e se cobriu.
Eliezer contou a Isaque tudo o que acontecido. Isaque se aproximou e a levou até a tenda de Sara, sua mãe. A partir daí Rebeca se tornou sua esposa. Isaque a amou, e isto lhe ajudou a esquecer a morte de sua mãe.
ABRÃO TEM OUTROS FILHOS
Gênesis 25
(25.1-5)
Além de Sara, Abraão teve duas concubinas: Agar, mãe de Ismael, e Quetura, mãe de Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Sua.
Jocsã lhe dois netos: Seba e Dedã, que lhe deu três bisnetos: Assurim, Letusim e Leumim.
Midiã lhe deu cinco netos: Efá, Éfer, Enoque, Abida e Elda.
Todos os bens de Abraão ficaram para Isaque e seus descendentes. Quanto aos filhos das concubinas, ele os manteve longe de Isaque, mas a todos amparou, dando-lhes amplas terras para nelas viverem.
ABRAÃO MORRE
(25.6-11)
[Em 1821 a.C.], Abraão morreu. Ele estava com 175 anos de idade. Ele foi enterrado por seus filhos Isaque e Ismael na caverna de Macpela, na propriedade que fôra de Efrom, filho do heteu Zoar. O terreno fora comprado quando Sara morreu, havia 38 anos. Os dois foram assim enterrados ali, no mesmo cemitério.
Assim como abençoou a Abraão, o Deus Eterno abençoou Isaque, que morava perto de perto de Beer-Laai-Roi.
ABRAÃO DEIXA MUITOS DESCENDENTES
(25.12-17)
Ismael, o primeiro filho de Abraão, também foi abençoado. Filho de Agar, a empregada egípcia de Sara, Isaque teve vários filho. O mais velho se chamava Nebaiate e o segundo Quedar; os outros se chamavam Abdeel, Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá, 12 ao todo. Foram 12 os líderes de suas respectivas famílias.
(25.18)
Ismael viveu até 137 anos. Morreu e foi sepultado pelos seus filhos, que se espalharam por toda a região, do sul (perto do Egito) ao norte na Assíria. Eram todos temidos entre os seus conterrâneos.
ISAQUE SE TORNA PAI DE GÊMEOS
(15.19-23)
Quanto a Isaque, filho de Abraão, ele se casou aos 40 anos de idade. Sua esposa era Rebeca, filha do arameu Betuel, que morava em Padã-Arã. O irmão dela se chamava Labão.
Como Rebeca era estéril, Isaque orou ao Deus Eterno para que ela engravidasse. Depois de 20 anos, tiveram gêmeos.
Preocupada, porque os dois brigavam no seu ventre, ela orou ao Deus Eterno, com as seguintes palavras:
— Por que isso está acontecendo comigo, meu Deus?
O Deus Eterno lhe respondeu:
— Há duas nações em seu ventre.
Dois povos nascerão de você.
Eles vão se dividir.
Um povo será mais forte que o outro.
O filho primogênito servirá o caçula.
(25.24-26)
Assim, no tempo devido, os gêmeos nasceram. O primeiro era ruivo e cheio de pelos no corpo. Por isto recebeu o nome de Vermelho [Esaú em hebraico]. Depois nasceu o outro. Sua mão estava segurando o calcanhar de Esaú. Recebeu o nome de “o segundo”.
Quando Rebeca deu a luz os gêmeos, seu marido estava com 60 anos.
JACÓ COMPRA DE ESAÚ O DIREITO DE PRIMOGENITURA
(25.27-28)
Os garotos cresceram.
Esaú se dedicou à caça nas florestas e nisto se destacou.
Jacó preferia atividades mais calmas e gostava de ficar em casa.
Isaque tinha preferência por Esaú, por causa das carnes que caçava e lhe trazia. Rebeca preferia Jacó.
(25.29-34)
Num certa tarde, Esaú chegou da floresta e estava com muita fome. Jacó tinha preparado um ensopado para o jantar para ele e seus pais.
Era comum Jacó fazer a comida para ele e seus pais, já que geralmente Esaú chegava muito tarde. Num desses dias, o mais velho chegou, esfomeado e cansado. Ele fez um pedido a Jacó:
— Estou exausto. Posso comer um pouco desta guisado que você fez? Deve estar deliciosa essa coisa vermelha que você preparou. (Por isto, Esaú chamado de Vermelho [“Edom”, em hebraico]).
Jacó concordou, com uma condição.
— Coma, mas primeiro passe para mim o direito de ser o primogênito.
Esaú respondeu:
— Estou interessado em continuar. Como a fome que estou, vou morrer. Para que servirá esse direito.
Jacó insistiu:
— Então, jure.
Esaú jurou, cedendo ao irmão o direito de ser o primogênito de Isaque, com todos os privilégios que trazia.
Então, Jacó serviu o irmão, oferecendo-lhe pão e o desejado ensopado de lentilhas. Esaú comeu, bebeu e foi embora. Desse modo, abriu mão do seu direito de filho mais velho.
ISAQUE ENFRENTA A FOME
Gênesis 26
(26.1)
Houve fome na área habitada por Isaque, como acontecera com Abraão.
(26.2-5)
Era comum que os cananeus em geral buscassem ajuda no Egito, mas o Deus Eterno apareceu e deu uma ordem diferente a Isaque:
— Não vá ao Egito buscar socorro, mas fique onde eu mandar. Continue morando na terra em que você está. Nela você será abençoado e, por fim, você será dono dela. A promessa que fiz ao seu pai Abraão é também para você. Seus descentes serão tantos como as estrelas dos céus e todos também habitarão aqui. Por intermédio dos seus descentes, todas as nações da terra serão abençoadas. Faço por causa de Abraão, que me obedeceu e me seguiu em tudo o que lhe dize para fazer.
(26.6-7)
Ouvidas estas palavras, Isaque ficou em Gerar, cidade principal da Filístia, que ficava no oeste e não no sul (como o Egito). A Filístia era governada pelo Abimeleque, que era como chamavam a todos os reis daquela nação. Isaque procurou por ele e aconteceu algo parecido com o que ocorrera com Abraão e Sara.
(26.8-11)
Quando viram sua esposa Rebeca e se encantaram com a sua beleza, os homens perguntaram:
— Vocês são parentes?
Isaque respondeu:
— Ela é minha irmã.
Ele ficou de medo de dizer que Rebeca era sua esposa e ser por morto isto, para que ficassem com ela.
Decorrido um tempo, o próprio Abimeleque viu Isaque beijando Rebeca. Furioso, ele o convocou:
— Rebeca é sua esposa. Eu vi. Por que disse que ela era sua irmã?
Isaque se desculpou:
— Fiz isto porque tive medo de morrer por causa dela.
O Abimeleque repreendeu Isaque:
— Veja o que você fez. Por pouco algum filisteu não a possuiu! teve relações com ela. E todos seriamos culpados.
O rei baixou um decreto com ordens expressas:
“Quem tocar em Isaque ou em sua esposa Rebeca será condenado à morte”.
(26.12-16)
Isaque ficou em Gerar. Ali plantou e colheu. Sua colheita foi abundante porque o Deus Eterno o abençoava. Ele continuou prosperando e se enriquecendo muito. Uma prova disto era o número de animais do seu rebanho, bem como o de empregados.
Por isto, os filisteus ficaram com inveja de Isaque. Alguns deles entupiram com terra os poços que os empregados de Abraão tinham cavado muitos anos antes.
A solução que o Abimeleque deu foi:
— Saia da nossa terra, antes que nos domine; você está rico e poderoso demais.
(26.17-22)
Isaque compreendeu a situação e deixou a cidade de Gerar, indo viver nos vales próximos. Nesses lugares também, os empregados cavaram e encontraram água de boa qualidade.
E o conflito começou de novo. Agora os pastores da cidade de Gerar diziam:
— Esta água é nossa!
Isaque deu àquele poço o nome de Eseque [“contenda”, em hebraico] e voltou para casa. Seus empregados, segundo a orientação que Isaque lhes deu, cavaram outro poço distante dali, mas os filisteus de novo reclamaram:
— Esta água é nossa!
Isaque chamou a este poço de Sitna [“briga”, em hebraico]. E novamente Isaque preferiu não brigar e mandou cavar outro poço. Desta vez não reclamou. Isaque deu a este poço o nome de “Reobote” [“lugar amplo”, em hebraico]. O fim do conflitou o levou a dizer:
— O Deus Eterno abriu espaço para que prosperemos.
(26.23-25)
Ele e todos os seus se estabeleceram em Berseba. No dia em que chegaram, o Deus Eterno apareceu de noite e disse:
— Isaque, eu sou o mesmo Deus que amou Abraão. Você não precisa ficar com medo porque eu estou ao seu lado. Vou abençoá-lo e multiplicar o número dos seus descendentes, como prometi a Abraão, seu pai.
Isaque construiu um altar e celebrou o amor de Deus para como ele também. Ele se estabeleceu nessa cidade (Berseba), onde seus empregados cavaram um poço, cuja história continua.
ISAQUE FAZ UM ACORDO COM O ABIMELEQUE
(26.26-29)
Neste ínterim, quando Isaque se fixava em Berseba, o Abimeleque, rei dos filisteus foi ao seu encontro. Estava acompanhado de dois ministros, Austate e Ficol Filho. Isaque não foi muito receptivo:
— O que houve? O que querem agora. Não lhes basta me terem expulsado de Gerar?
Um disse:
— Ficou claro para nós que o Deus Eterno está com você. Concluímos que seria melhor para todos se fôssemos amigos.
Outro foi mais claro:
— Queremos fazer um acordo com você. Você não nos faz mal e nós não lhe fazemos mal. E todos procuraremos a paz, fazendo apenas o bem.
O terceiro finalizou:
— Mostre que você é mesmo um abençoado pelo Deus Eterno.
(26.30-33)
Isaque deu um banquete em homenagem às três autoridades estrangeiras. Todos os participantes comemoram e beberam à vontade. No dia seguinte, acordaram cedo; Isaque os despediu e partiram em paz.
Pouco depois da partida deles, chegaram os empregados de Isaque com uma notícia extraordinária:
— Achamos água no poço que cavamos.
Ao poço cavado Isaque deu o nome de Seba [“juramento”, em hebraico], o mesmo dado por Abraão a outro poço na cidade conhecida como Berseba.
ISMAEL CASA COM FILISTEIAS
(26.34-35)
Foi tudo bem com Isaque e Rebeca, exceto por uma dificuldade. Quando Esaú fez 40 anos, ele se casou com Judite, filha de Beeri, e Basemate, filho de Elom, ambos heteus. Esses dois casamentos fora da família do bisavô Tera trouxeram muitos dissabores para Isaque e Rebeca.
ISAQUE ABENÇOA JACÓ, NÃO ESAÚ
Gênesis 27
(27.1-4)
Muito tempo depois, quando se tornou bem idoso, Isaque, que continuava residindo em Berseba, passou a ter problemas para enxergar.
Foi quando teve um desejo. Ele chamou Esaú, o mais velho e que era caçador, e perguntava:
— Onde você está, meu filho?
Esaú respondeu:
— Estou aqui, papai (pai).
Isaque, então, falou:
— Filho, estou velho e não sei quanto tempo me resta. Sinto que está chegando a minha hora. Por isto, eu te peço: peque suas armas, saia pela floresta e pegue uma caça e traga para mim. Prepare uma comida gostosa, como só você sabe fazer. Venha e me sirva. Depois de comer, vou abençoar você como o meu primogênito que vai conduzir a nossa família depois que eu morrer.
(27.5-13)
Rebeca escutou cada palavra do marido.
Assim que Esaú saiu para caçar em atenção ao pedido do pai, Rebeca foi conversar com Jacó, o outro filho. Ela lhe disse:
— Preciso lhe contar a conversa que seu pai teve com seu irmão. Isaque fez o seguinte pedido a Esaú: “Traga uma caça, prepare uma comida gostosa para mim. Vou comer e abençoar você, porque logo vou morrer”. Vamos mudar as coisas. Vá ao curral, pegue dois cabritos gordos. Deixe comigo. Com a carne que trouxer, eu vou preparar uma comida que o seu pai aprecia muito. Você levará o que eu preparar, seu pai vai comer, gostar e abençoar vocês. Esaú repassou para você o direito de ser o primogênito. Vá logo: seu pai não durará muito.
Jacó achou dificil a estratégia:
— Mamãe, o problema é que meu irmão é peludo e a minha pele é completamente lisa. Não via dar certo. Se o papai tocar no meu corpo, vai ver que não sou eu, vai notar que estou zombando dele e vai me amaldiçoar, em vez de me abençoar.
Rebeca tranquilizou o filho:
— Se alguém for amaldiçoado, que seja eu. Faça o que eu estou lhe mandando. Vá logo buscar os cabritos.
(27.14-17)
Jacó saiu da tenda e foi para o curral e (Pegou) trouxe os cabritos, como combinado. Rebeca caprichou no prato que imaginou. Antes de Jacó levar a comida para Isaque, Rebeca tomou outra providência. Ele pegou uma roupa de Esaú, que estava guardada, vestindo Jacó com ela. Em seguida, separou a pele dos cabritos que tinha preparado e cobriu os braços e o pescoço de Jacó. Só então ela pôs a comida e o pão nas mãos do filho:
— Agora, vá.
(27.18-20)
Jacó foi até o quarto em que Isaque estava e lhe disse, disfarçando a voz:
— Papai.
Desconfiado, o pai perguntou:
— Quem é você: Esaú ou Jacó?
Jacó respondeu:
— Sou eu, Esaú, seu filho mais velho. Aqui está a comida que o senhor me pediu. Agora, por favor, levante-se e coma da caça que preparei na minha tenda e lhe trouxe. Depois me abençoe.
O pai perguntou:
— Diga-me uma coisa meu filho: como você conseguiu uma caça assim tão depressa?
O filho respondeu:
— Não fui eu. Foi o Deus Eterno que fez isto por mim.
(27.21-24)
Isaque aceitou a resposta e disse:
— Chegue para mais perto de mim. Quero ver se você é mesmo Esaú.
Jacó se aproximou, Isaque o apalpou e comentou:
— Bem, a voz é de Jacó, mas as mãos são de Esaú.
Assim, apesar da voz ser de Jacó, Isaque aceitou que era Esaú por causa dos pelos das mãos que tocou. Ainda assim voltou a perguntar:
— Você é mesmo Esaú?
Jacó persistiu:
— Claro, pai.
(27.25)
Isaque finalmente concordou:
— Então, traga o que me preparou. Não veja a hora de comer a caça que você me preparou. Vou comê-la e abençoar você, porque você é o meu primogênito.
Jacó pegou a comida que preparara, levou vinho junto. Ele comeu e bebeu. Depois pediu:
— Venha cá e me dê um beijo, Esaú.
(27.26-29)
Jacó se aproximou e beijou seu pai. Isaque cheirou a roupa do filho mais uma vez e o abençoou, com as seguintes palavras:
— Sinto no meu filho o cheiro do campo onde o Deus Eterno o abençoou com uma caça. Peça a Deus que sempre o abençoe fazendo que a chuva caia sobre a terra de sua propriedade para que haja fartura de trigo para o pão e uva para o vinho. Meu filho, desejo que você seja obedecido em sua família e reconhecido entre outros povos. Quem o abençoar será abençoado. Quem o amaldiçoar será amaldiçoado.
(27.30-32)
Logo depois destas palavras abençoadoras, Jacó o deixou. Em seguida, Esaú chegou. Tinha nas mãos a sua caça, preparada cuidadosamente, para o seu pai. Foi logo falando:
— Papai, levante-se, coma a caça que assei para o senhor e finalmente me abençoe.
Isaque, no entanto, perguntou:
— Quem é você?
Esaú respondeu:
— Ei, sou eu, Esaú, seu primogênito.
(27.33-35)
Isaque quase desmaiou, tão chocado ficou. Depois perguntou:
— Se você é Esaú, quem foi que esteve aqui com uma caça na bandeja e me entregou para eu comer? Oh meu filho, está tudo feito. Eu comi o que ele me trouxe e o abençoei. Abençoado ele está. Não há nada que eu possa fazer para mudar isto.
Ao ouvir essas palavras, Esaú gritou de raiva e implorou:
— Papai, abençoe-me também!
Isaque respondeu:
— Não posso, meu filho. Jacó chegou primeiro e roubou a bênção que pertencia a você por direito.
(27.36-38)
Esaú comentou:
— O caráter dele está no nome. Jacó, enganador. Primeiro ele me enganou tomando meu direito de primogenitura, quando eu estava com fome, e agora recebendo a benção que era minha.
Isaque ficou calado. Esaú fez uma última tentativa:
— Certamente o senhor ainda tem uma bênção para mim.
Isaque respondeu:
— Está feito, Esaú. Nomeei Jacó como o líder da família. Todos terão que seguir a orientação dele. A herança é toda dele, como meu pai Abraão fez comigo e Tera fez com ele. Que posso fazer por você agora?
Esaú ponderou:
— Papai, não vai me dizer que o senhor só tem uma única bênção? O senhor tem uma bênção guardada. Abençoe-me, por favor.
Ditas estas palavras, Esaú chorou em voz alta.
(27.39-40)
Então, Isaque lhe disse:
— Esaú, você virá no deserto, onde a terra não é fértil porque a chuva é escassa. Será um guerreiro e defenderá seu irmão. Chegará o dia em que os seus descendentes serão livres.
JACÓ FOGE PARA A CASA DO TIO (LABÃO)
(27.41)
Desde então, Esaú passou a odiar Jacó. Ele nunca esqueceu ter sido enganado e ter perdido a bênção paterna. Seu projeto era claro: assim que Isaque morresse e passasse o tempo do luto, ele mataria Jacó.
(27.42-45)
Rebeca ficou sabendo do que Esaú pensava e agiu rápido.
Mandou chamar Jacó:
— Meu filho, você precisa saber que Esaú pretende lhe matar. Você vai fazer o seguinte: arrume suas coisas e fuja para a casa do seu tio Labão, que mora em Harã. Fique lá até que passe a raiva do seu irmão. Quando ele se acalmar, avisarei você, para que possa voltar. Não perderei meus dois filhos de uma só vez.
(27.46)
Para justificar a fuga de Jacó, Rebeca comentou com Isaque:
— Estou enviando nosso filho mais novo para passar uma temporada como meu irmão Labão. Você sabe como as esposas de Esaú nos causam problemas. Não quero de jeito nenhum que Isaque se casa com alguma moça daqui. Prefiro morrer a ver isto acontecendo.
Gênesis 28
(28.1-4)
Isaque concordou e chamou Jacó para o abençoar na viagem.
— Não case com nenhuma mulher cananeia. Arrume suas coisas e vá para Padã-Arã, onde seu avó Betuel criou sua família e agora seu tio Labão vive. Case com uma de suas primas. Peço que El-Shaddai [palavra hebraica para o Deus Todo-Poderoso] abençoe você, para que venha a ter muitos filhos e forme uma família bem grande. Receba a bênção de Abraão, para você e toda a sua descendência, de modo que venha ser o proprietário das terras que Deus deu para Abraão.
(28.5)
E assim Jacó partiu em direção Padã-Arã [na atual Síria]. Seu projeto era viver com Labão, filho do arameu Betuel, seu avô.
(28.6-8)
Esaú nada pôde fazer, se não saber que seu irmão iria partido para longe, com a bênção de Isaque, que lhe orientou para se casar por lá também. Esaú teve que aceitar a viagem, aprovada por seus pais. Ele também sabia que eles não gostavam de suas esposas cananeia. Achando que seria abençoado se case com uma neta de Abraão, ele se casou também com Maalate, filha de Ismael e irmã de Nebaiote.
(28.9)
Jacó seguiu para Padã-Arã, deixando Berseba para trás.
O ACORDO É RENOVADO
(28.10-15)
No fim do dia, chegou a uma cidade chamada Luz. Na hora de dormir, Jacó pegou uma pedra, que usou travesseiro, deitou-se, dormiu e sonhou.
No sonho, havia uma escada que ia da terra ao céu. Por elas, anjos subiam e desciam. O Deus Eterno apareceu no sonho e lhe dirigiu a palavra:
— Jacó, eu sou o Deus Eterno, o Deus do seu avô Abraão e seu pai Isaque. Essa terra sobre a qual você está deitado será sua e dos seus descendentes. Sua família será numerosa e vai habitar por todos lados desta região. Através de você e da sua família, todas a humanidade será abençoada. Jacó, eu estou com você e vou guardá-lo por onde você for. Saiba ainda que você voltará para a sua terra. Eu jamais o abandonarei. E tudo o que lhe prometo, eu cumprirei.
(28.16-22)
Quando acordou, Jacó falou em voz alta:
— Com certeza, o Deus Eterno estava aqui e eu não sabia.
Depois, pensou um pouco e com seriedade afirmou:
— Que lugar maravilho é este em que estou. Estou na casa de Deus, a porta dos céus.
Jacó voltou a dormir. Quando acordou pela manhã, pegou a pedra que servira como travesseiro, colocou-a em pé, formando uma coluna, e sobre ela derramou um pouco de azeite. Depois deu um novo nome a aquele lugar: Casa de Deus [ou “Betel”, em hebraico] e não mais Luz.
Além disso, Jacó fez uma promessa ao Deus Eterno:
— Se estiveres comigo e me guardares nesta viagem que estou fazendo, dando-me comida e roupa e permitindo que eu volte para Berseba, tu serás o meu Deus Eterno. Prometo que a pedra que usei como uma coluna será a tua casa. Prometo também que te darei o dizimo de tudo que me deres.
JACÓ SE ENCONTRA COM RAQUEL, MAS NÃO SE CASA COM ELA
Gênesis 29
(29.1-8)
Jacó então seguiu sua viagem rumo ao norte.
Depois de muitos dias, viu uma fazenda e três rebanhos de ovelhas em volta de um poço, de onde se tirava águas aos animais. Uma pedra enorme servia de tampa para o poço.
Jacó observou que, quando as ovelhas se aproximavam, os pastores tiravam a tampa de pedra e pegavam água para elas. Depois fechavam o poço com a tampa.
Chegando perto, perguntou aos pastores dos rebanhos:
— De onde são vocês?
Eles responderam:
— Somos de Padã-Arã.
Jacó voltou a perguntar:
— Conhecem Labão, filho de Betuel, neto de Naor?
Eles responderam:
— Sim, conhecemos.
Jacó continuou:
— Como ele vai? Está bem?
Eles responderam:
— Sim, ele vai bem. Antes que Jacó fizesse mais uma pergunta, eles disseram:
— Olhe! Raquel, a filha de Labão, está chegando. Ela é pastora também.
Antes que ela se aproximasse, Jacó sugeriu:
— Está na hora de vocês darem água às ovelhas e levarem todas para pastar.
Eles retrucaram:
— Por enquanto isto não é possível. Só podemos fazer isto quando a tampa de pedra foi removida do poço. Só então ajuntamos as ovelhas para bêbera águas.
(29.9-14a)
Enquanto conversavam, Raquel chegou com o rebanho da família. A moça era filha de Labão, irmão de Rebeca.
Tão logo sua prima chegou, Jacó se aproximou do poço, removeu a pedra da tampa e deu água ao rebanho de Labão, seu tio. Depois, beijou Raquel e chorou em voz alta.
Depois, ele contou a Raquel que os dois eram parentes, já que ele era filho de Isaque e Rebeca. Ela saiu correndo para contar a novidade ao seu pai.
Quando Labão tomou conhecimento da notícia de que um sobrinho dele estava ali, ele correu para o encontrar. Depois de abraçar e beijar o rapaz, convidou-o para ficar na sua casa. Depois que Jacó aconteceu tudo que acontecera em Berseba, Labão lhe disse:
— Bem, Jacó, fazemos parte de uma mesma família.
E durante um mês, Jacó ficou na casa de Labão.
JACÓ SE CASA COM LIA
(29.14b-19)
Jacó ficou na casa de Labão, que tinha duas filhas: Lia, que era a mais velha, e Raquel, a mais nova. Lia tinha um olhar triste, enquanto Raquel era vibrante em sua beleza.
Um mês depois da sua chegada, Jacó recebeu uma proposta de emprego por meio de Labão:
— Não é correto você trabalhar de graça para mim, só porque é meu parente. Quanto você quer ganhar?
A resposta de Jacó foi surpreendente:
— Vou trabalhar durante sete anos e o senhor me dá a Raquel, sua filha mais nova, em casamento.
Labão concordou na hora:
— É melhor que você, que é da família, se case com ela do que um estrangeiro qualquer.
(29.20-27)
Por sete anos, Jacó trabalhou para receber Raquel em casamento.
Decorridos os sete anos, que Jacó achou que passou rápido tanto era o seu amor por Raquel, ele foi pedir a moça em casamento.
— Já trabalhei o tempo que prometi. Agora, dê-me Raquel para ser minha esposa,
Labão reuniu a comunidade para uma festa.
No meio da noite, ele trouxe Lia e a entregou a Jacó, fazendo dos dois marido e mulher.
Lia levou junto Zilpa como sua empregada.
(29.28-30)
Depois da noite de núpcias, Jacó percebeu que fôra enganado: que Labão lhe tinha dado Lia e não Raquel. Ele foi reclamar com o sogro:
— Como o senhor foi capaz de fazer isto comigo! Combinamos uma coisa e o senhor fez outra. Trabalhei sete anos por Raquel, não por Lia. Por que me enganou?
— É uma pena que você não saiba que aqui, em nossa terra, quem se casa primeiro é a filha mais velha. Continue na festa de sete dias pelo seu casamento com Lia. Depois eu lhe darei aquela que você quer, desde que se comprometa a trabalhar mais sete anos para mim.
Jacó concordou e festejou pelo resto da semana o seu casamento com Lia. Depois recebeu a Raquel como esposa também e teve sua primeira noite de núpcias. E pelos próximos sete anos, ele trabalhou para Labão, como combinado.
Assim Jacó tinha duas esposas (Lia e Raquel), mas amava mais Raquel. Ambas tinham Zilpa e Bila como empregadas.
JACÓ FORMA SUA FAMÍLIA
(29.31-35)
Raquel era bonita, mas estéril. Como Lia era menosprezada por Jacó, o Deus Eterno fez com que fosse fértil. Logo no início do casamento, ficou grávida. Ao primeiro filho, ela deu o nome de Rúben [“ele me amará”, em hebraico] e comentou:
— Ele me amará, porque o Deus Eterno viu como fui humilhada.
Lia ficou grávida novamente. Seu segundo filho recebeu o nome de Simeão [“ouvido”, em hebraico].
Quando o terceiro filho nasceu, ela lhe deu o nome de Levi [“ele se unirá mim”], por esperar que Jacó se interessasse mais por ela:
— Agora, meu marido se juntará de fato a mim, já que lhe deu três filhos.
Ao quarto filho, Lia chamou de Judá [“gratidão”, em hebraico].
— Desta vez, louvarei ao Deus Eterno.
Depois de Judá, Lia parou de ter filhos.
Gênesis 30
(30.1-3)
Raquel ficou com ciúmes de Lia porque continuava estéril.
Ela decidiu confrontar o marido:
— Se você não me der filho, prefiro morrer.
Jacó ficou muito irritado com a esposa:
— Eu não sou Deus. Ele que lhe impede de ter filhos, não eu.
Raquel sugeriu:
— Faça o seguinte. Tenha relações com minha empregada Bila. Assim eu serei mãe através dela.
(30.4-13)
Assim foi feito. Jacó teve relações com Bila e ela ficou grávida. Quando o bebê nasceu, Raquel lhe deu o nome de Dã [“juiz”, em hebraico], comentando:
— O Deus Eterno foi misericordioso comigo, ouviu minha oração e me deu um filho.
Bila ficou grávida de Jacó pela segunda vez. Raquel pegou a criança e disse:
— Tenho travado uma batalha dificil com a minha irmã Lia e, desta vez, eu venci.
Por isto, chamou o garoto de Naftali [“luta”, em hebraico].
Quando viu que parara de ter filhos, Lia chamou sua empregada Zilpa e a entregou para ter relações com Jacó. Logo, ela ficou grávida.
Lia chamou-a de “sortuda” e deu ao filho o nome de Gade [“sorte”, em hebraico].
Zilpa deu à luz um novo filho a Jacó. Ao saber da notícia, Lia exclamou:
— Chegou a minha felicidade. Estou muito feliz e todos verão.
O menino recebeu o nome de Aser [“feliz”, em hebraico].
(30.14-16)
Num dia de colheita, Rúben achou umas mandrágoras na floresta. Ele as trouxe para sua mãe Lia. Raquel soube e pediu:
— Lia, dê-me algumas mandrágoras que o Rúben lhe deu.
Lia protestou:
— Não basta ter tomado meu marido? Agora quer ficar também com as mandrágoras que o meu filho me trouxe?
Raquel fez uma proposta:
— Olha, Lia, se você me der as mandrágoras, deixarei que Jacó fique esta noite com você.
Elas concordaram.
No fim do dia, quando Jacó voltava do trabalho na fazenda, Lia foi se encontrar com ele e lhe disse:
— Fiz um acerto com Raquel. Hoje você dorme comigo.
Como Jacó quis saber como conseguiu o favor, ela explicou:
— Fiz uma troca. Ela ficou com as mandrágoras que Rúben me deu e eu ficou com você por uma noite.
(30.17-21)
Eles tiveram relações e Lia voltou a engravidar, como tinha pedido ao Deus Eterno. Lia afirmou:
— Deus me recompensou e não precisei ter filhos através da minha empregada.
Por isto, o menino foi chamado de Issacar [palavra hebraica para “recompensa”).
Depois Lia ficou grávida de outro filho, o sexto, ao qual chamou de Zebulom [palavra hebraica para “exaltado”]. Ela disse:
— O Deus Eterno me ofereceu um grande presente. Agora finalmente meu marido vai ficar comigo. Afinal, eu lhe dei seis filhos.
Lia teve ainda uma menina, chamada de Diná [palavra hebraica para “julgamento”].
(30.22-24)
Depois disto, o Deus Eterno abençoou também Raquel, tornando-a fértil. Ela ficou grávida e teve um filho, a quem chamou de José [palavra hebraica para “acréscimo”]:
— O Deus Eterno me livrou da minha vergonha, por não ter filhos. Agora tenho um. Que o Deus Eterno me dê mais um.
JACÓ FICA RICO
30.25-
Depois que José nasceu, Jacó procurou Labão, com um pedido:
— Preciso que o senhor me deixe voltar para minha terra. Permita que sigam comigo as minhas esposas Lia e Raquel, pelas quais trabalhei, e os meus filhos. O senhor sabe o quanto te ajudei.
Labão respondeu:
— Não, Jacó, eu quero que você continue aqui, comigo. O Deus Eterno me revelou que Ele me abençoou por sua causa.
Como Jacó não se interessou em ficar, Labão lhe perguntou:
— Quanto você quer para ficar comigo? Pode pedir.
Jacó foi firme:
— Entendo seu pedido. De fato, tenho estado a seu serviço, cuidando do seu gado. O senhor tinha pouco quando eu cheguei-me mas o Deus Eterno o abençoou e multiplicou todos os seus bens. Sei disto, mas preciso trabalhar por conta própria.
Labão insistiu:
— Quanto você quer para continuar aqui?
Jacó respondeu:
— Acho que o senhor ainda não entendeu. Não precisa me pagar nada para que eu continue apascentando seus rebanhos. Mas eu preciso partir. Há uma coisa que o senhor pode fazer. Vamos fazer o seguinte: vou percorrer todo os seus rebanhos e separar para mim todas as ovelhas listradas e malhadas, todos os cordeiros pretos e todas as cabras malhadas e listradas. Vou colocar todas no meu pasto. Assim ficamos quites. Amanhã, o senhor percorrerá os pastos e fará a conferência. Se no meu pasto houver alguma ovelha que não seja listrada e malhada, algum cordeiro que não seja preto ou alguma cabra que seja malhada e listrada, saiba que foram roubadas, o que eu não farei. O senhor está de acordo?
Labão concordou na hora:
— Está ótimo. Estou de acordo.
(30.35-36)
Só que Labão, naquele mesmo dia, percorreu seus rebanhos e separou os bodes listrados e malhados, todas as cabras listradas, malhadas ou brancas e todos os cordeiros. Depois transferiu-os todos para os pastos dos seus filhos, distantes uns três dias onde se encontravam os animais separados por Jacó.
Enquanto isto, Jacó continuava pastoreando o restante dos rebanhos de Labão.
(30.37-43)
A partir do acordo firmado com o sogro, Jacó passou a arrancar galhos verdes, de árvores como álamo, amendoeira e plátano, os quais descascava até ficar apenas o miolo branco. Ele punha os galhos descascados nos bebedouros. Quando os animais iam beber água, eles se acasalavam olhando para os talos brancos dispostos ali por Jacó. Acontecia que as fêmeas ficavam prenhas e davam filhotes listrados, malhados e pintados. Os filhotes dos rebanhos de Jacó e de Labão cresciam em pastos diferentes. Desse modo, todas as vezes que as ovelhas fortes ficavam no cio, Jacó as colocava junto aos canais de água em frente aos bebedouros com os talos brancos. Se as ovelhas eram fracas, Jacó não punha os talos brancos diante delas. Desse modo, os animais fortes ficavam com Jacó e os fracos, com Labão.
Foi assim que Jacó ficou rico, com muitos rebanhos, camelos, jumentos, que os seus empregados cuidavam.
JACÓ TENTA VOLTA PARA A TERRA DOS SEUS PAIS
Gênesis 31
(31.1-3)
O clima entre Labão e seus cunhados foi ficando tenso. Eles comentavam abertamente:
— Jacó tomou tudo o que era do papai. Ele ficou rico às nossas custas.
Jacó notou que o próprio Labão já não o via como antigamente.
Então, o Deus Eterno deu a seguinte orientação a Jacó:
— Chegou a hora de você voltar para a terra dos seus pais. Fique tranquilo, porque estarei com você.
(31.4-13)
Jacó mandou chamar Raquel e Lia para explicar o que estava acontecendo. Quando suas esposas chegaram à tenda que Jacó ocupava no meio dos rebanhos, ele comunicou o seguinte às suas esposas:
— Labão está estranho comigo, mas o Deus Eterno continua continua comigo. Você sabem o quanto trabalhei pelo pai de vocês e o quanto tenho sido enganado por ele. Toda hora ele muda o pagamento. O Deus Eterno, porém, não deixou que seu pai me prejudicasse. Por isto, quando ele disse “fique com os rebanhos malhados”, só nasceram filhotes malhados. Quando ele disse “fique com os rebanhos listrados”, todos os folhetos vieram listrados. Foi assim que Deus me abençoou. Foi assim que fiquei rico.
Jacó continuou:
— Vou explicar melhor. Certa noite, no período em que os animais se acasalam, tive um sonho. Vi que eram listrados, salpicados e malhados os machos que estavam sobre as fêmeas. Um anjo do Deus Eterno me chamou: “Jacó”. Eu respondi: “Estou aqui, Senhor”. Então, o anjo me disse: “Você está vendo que são listrados, salpicados e malhados os machos sobre as fêmeas? Pois eu estou vendo como Labão está prejudicando você. Eu sou o Deus Eterno que lhe apareceu em Betel. Lembra que levantou um monumento e me fez uma promessa? Bem, está na hora de você voltar para a casa dos seus parentes.
(31.14-16)
Depois de ouvir o marido, Raquel e Lia decidiram:
— Nossos pais não nos tratam como estranhas, sem nenhum direito, não como filhas. Ele não vai deixar nada nem para nós, nem para nossos filhos. Que podemos esperar dele, se ele mesmo nos vendeu para você de modo fraudulento e ficou com o dote que você pagou. Então, tudo o que Deus tirou dele é nosso agora. Obedeça ao Deus Eterno. Estamos com você.
(31.17-19)
A partir daí, Jacó começou a organizar a viagem para a casa dos seus pais em Canaã. Preparou os camelos para que suas esposas e filhos montassem. Reuniu os rebanhos e os bens que tinha conseguido em Padã-Arã.
Raquel aproveitou que seu pai estava tosquiando as ovelhas e roubou os terafins [palavra hebraica para os ídolos protetores do lar] que o seu pai mantinha em casa.
(31.20-21)
Foi tudo feito sem que Labão soubesse. Jacó e sua família levaram o que o tinham e partiram rumo ao sul, onde ficava Canaã. Depois de terem atravessado o rio Eufrates, seguiram em direção a região montanhosa de Gileade, já em Canã.
(31.22-25)
Depois de três dias, Labão foi avisado de que Jacó, suas filhas e seus netos tinham fugido. Imediatamente Labão reuniu um grupo e saiu para perseguir Jacó. Depois de sete dias, ele os alcançou na região de Gileade. Durante a noite, o Deus Eterno apareceu a Labão e lhe disse:
— Não faça nenhum mal a Jacó.
Jacó tinha montado tendas no monte, para ele e seus familiares. Labão fez o mesmo.
(31.26-
Quando os dois se encontraram, Labão disse:
— Por que você fez isto? Você me enganou e sequestrou as minhas filhas como se fossem prisioneiras de guerra. Você não precisava me enganar e fugir secretamente. Se tivesse me falado, eu teria organizado uma festa de despedida. Cantaríamos ao som dos instrumentos e ficaria tudo bem. Mas não. Você nem deixou que eu desse um beijo de despedida nas minhas filhas e nos meus netos. Você agiu como um tolo. Agora posso fazer com você o que quiser, mas ontem à noite o Deus que vocês adoram, desde os tempos de Abraão, apareceu e me disse: “Não faça nenhum mal a Jacó”. Está dificil, porque até os meus deuses você roubou.
Então Jacó respondeu:
— Fiz tudo por medo. Você me deixaria partir mas tomaria minhas esposas. Agora, quanto aos seus deuses, não tenho nada a ver com isto. Assim, quem tiver com eles pode matá-los. Quanto aos bens, se tiver aqui alguma coisa que lhe pertença, pegue e leve embora.
Jacó não sabia que Raquel havia roubado os terafins.
(31.33-35)
Labão entrou nas tendas. Primeiro revistou a tenda de Jacó. Depois fez o mesmo na tenda de Lia e também nas tendas das empregadas Zilpa e Bila. Nada encontrou. Em seguida, Labão foi para a tenda de Raquel. Os terafins estavam com ela. Naquele momento, estavam na sela de um camelo, sobre a qual estava assentada naquele momento. Labão procurou detalhadamente pela tenda e não encontrou seus terafins. Raquel pediu desculpas:
— Papai, desculpe-me por não ter ficado em pé na sua presença. É que eu estou menstruada e preciso ficar sentada.
Labão procurou um pouco mais, sem nada encontrar.
(31.36-42)
Quem ficou aborrecido foi Jacó. Ele e Labão tiveram uma discussão muito séria. Jacó falou firme:
— E agora, diga-me qual foi o meu erro? Em que pequei para que o senhor me perseguisse tom tanta fúria? O senhor procurou em todas tendas. Se encontrou alguma coisa, ponha aqui, para que todos vejam. Eu não sou ladrão. Durante 20 anos estive com o senhor. Durante este tempo, nenhuma ovelha ou cabra perdeu a cria. Não comi um carneiro sequer do seu rebanho. Eu pastoreei seus animais e assumi o prejuízo quando alguma fera atacou e comeu alguma ovelha. O senhor nunca confiou em mim, achando que iria roubá-lo, o que eu nunca fiz. Eu trabalhava de sol a sol, no calor do dia, e durante a noite fria. Passei muitas noites em claro nesse trabalho. Foram 20 anos de dedicação ao senhor. Trabalhei 14 anos para receber suas filhas e mais seis cuidando do seu rebanho. Assim mesmo, a toda hora o senhor mudava o pagamento. Se o Deus Eterno de Abraão e de Isaque não abençoasse, eu estaria completamente sem nada. Foi por isto que Ele lhe apareceu. Ele viu o mesmo sofrimento. Ele viu o quanto trabalhei.
(31.43-47)
A resposta de Labão foi inesperada:
— Jacó, você sabe que minhas filhas são minhas filhas, que meus netos são meus netos e que estes rebanhos são todos meus. Já que decidiram partir, nada posso fazer. Eu lhe faço uma proposta de paz. Sejam amigos daqui para a frente.
Para mostrar que aceitava a proposta, Jacó pegou uma pedra e colocou em pé como um monumento. Depois pediu aos seus familiares:
— Busquem pedras e tragam para cá.
Eles trouxeram muitas pedras que foram amontoadas.
Ao lado do montão de pedras, deram um banquete. Ao lugar em que estavam, Labão deu o nome de “Jegar-Saaduta” [“monte do testemunho” em aramaico] mas Jacó preferiu Galeede [“Monte do testemunho em hebraico]. [Mais tarde, o lugar foi chamado também de Mispa, “torre de vigia, em hebraico.]
(31.48-53)
Labão tomou a palavra e disse:
— Jacó, este monte de pedras serão testemunha do acordo que agora celebramos. Saiba que o Deus Eterno nos vigiará e nos julgará, depois que nos separarmos. Então, eu lhe digo: “Se você maltratar as minhas filhas ou se casar com outras mulheres, sem a minha permissão, o Deus Eterno não o perdoará!”
Labão disse ainda:
— Aqui estamos diante do monte de pedra e o monumento que levantamos. Tanto o monte de pedras quando o monumento são testemunhas que não abandonaremos o acordo que fizemos. Se falharmos, o Deus de Abraão, seu avô, o Deus de Naor, meu avô, o Deus de Tera, nosso bisavô, certamente nos condenará.
Jacó prometeu em honra ao seu pai que cumpriria o acordo.
(31.54-55)
Depois, ofereceu um sacrifício ali na montanha e deu um banquete para todos que se encontravam ali. Eles comeram e passaram a noite na montanha.
Quando amanheceu, Labão beijou seus netos e suas filhas e partiu com o eu grupo, de volta para sua casa Padã-Arã.
JACÓ SE PREPARA PARA SE REENCONTRAR COM ESAÚ
Gênesis 32
(32.1-2)
Jacó também seguiu o seu caminho. Os anjos de Deus foram se encontram com ele. Quando chegaram, Jacó disse:
— Deus se acampou aqui conosco.
Por isto, chamou ao lugar do encontro de “Maanaim” [palavra hebraica para “acampamento”].
(32.3-7)
Animado, Jacó decidiu enviar mensageiros ao seu irmão Esaú, que morava nas montanhas de Seir, no território de Edom (hoje Jordânia). Eles levaram a seguinte mensagem:
“Seu servo Jacó manda dizer: Morei todo esse tempo como estrangeiro em Padã-Arã, na companhia de Labão. Agora tenho bois, jumentos, rebanhos e empregados. Gostaria de o encontrar”.
Quando retornaram, os enviados trouxeram o seguinte relatório:
— Encontramos seu irmão Esaú. Ele também está vindo ao seu encontro, acompanhado de 400 homens guerreiros.
(32.7-8)
Jacó ficou com muito medo. Angustiado, começou a planejar a defesa. Ele separou toda a sua gente em dois grupos, fazendo o mesmo com os animais. Ele achava que se Esaú atacasse um grupo, o outro conseguiria escapar.
(32.9-12)
Ele também orou, com as seguintes palavras:
— O Deus Eterno, Deus do meu avô Abraão, meu pai Isaque e meu. Lembro bem que me disseste: “Chegou a hora de você voltar para a terra dos seus pais. Fique tranquilo, porque estarei com você”. Não mereço na disto, mas agradeço. Tu me fizeste atravessar o rio Jordão, tendo na mão apenas o cajado. Agora, minha família cresceu e pude dividi-la em dois grupos. Eu te peço: livra-me do meu irmão Esaú. Estou com medo que ele venha e nos ataque. Eu também me lembro que fizeste outra promessa: “Confie que eu serei bondoso para com você e a sua descendência será tão numerosa que não se conseguirá contar, como se fossemos grãos de areia do mar”.
(32.13-16)
Todos pernoitaram ali, mas no dia seguinte, Jacó pensou nos presentes que daria a Esaú. Ele separou 200 cabras, 20 bodes, 200 ovelhas e 20 carneiros, 30 camelas com filhotes, 40 vacas, 10 touros, vinte jumentas e 10 jumentinho. Depois chamou os empregados e lhes deu a seguinte ordem:
— Vão na minha frente levando estes presentes. Cuidem para que haja espaço entre eles, para que tenhamos mais chances de defesa.
(32.17-21)
Ao gerente da missão, deu a seguinte tarefa:
— Quando você se encontrar com o meu irmão Esaú, ele vai lhe perguntar: “Para quem você trabalha? Para onde vai? De quem são estes animais que você está conduzindo”. Você responderá: “Tudo isto pertenceu ao seu servo Jacó. Agora é um presente dele para o Esaú. Ele está a caminho e logo chegará.
A cada um que conduzia uma parte do rebanho, Jacó repetiu a mesma ordem:
— Ouviram? É isto que dirão a Esaú. Lembrem-se também de dizer: “Seu servo Jacó está a caminho e logo chegará”.
Jacó pensava o seguinte: “Com estes presentes que chegarão antes de mim, Esaú ficará calmo. Quando o encontrar pessoalmente, pode ser que ele me receba bem”.
Por isto, despachou os presentes, e se preparou passar aquela noite no acampamento.
JACÓ SE TORNA ISRAEL
(32.22-30)
No entanto, ainda de noite, Jacó decidiu se levantar. Acordou suas esposas, as empregadas delas e seus 11 filhos. Disse o que fariam e seguiu com todos até o riacho do Jaboque [hoje Zarqa, na Jordânia). Todos atravessaram, com as coisas que carregavam. Jacó ficou por último. Quando ia atravessar, apareceu um homem, que lhe barrava a passagem. Os dois entraram em luta corporal tão intensa que Jacó levou um golpe que deslocou o seu no quadril. Quando amanheceu, o desconhecido disse a Jacó:
— Vamos parar com esta luta. Preciso partir. Deixe-me ir.
Jacó respondeu:
— De jeito nenhum. Só vai sair daqui depois de me abençoar.
O homem perguntou:
— Qual é o seu nome?
Jacó respondeu.
O homem, então, disse:
— Meu amigo, seu nome não será mais Jacó. A partir de agora, seu nome é Israel, porque você lutou com o Deus Eterno e venceu; lutar com os homens e triunfou.
Imediatamente Jacó perguntou:
— E você, qual é o seu nome? Diga-me, por favor.
O homem respondeu com outra pergunta:
— Por que você quer saber o meu nome.
Em seguida, abençoou a Jacó.
Jacó entendeu e passou a chamar aquele lugar de Peniel [palavra hebraica para “presença de Deus”].
Jacó passou a dizer: “em Peniel eu vi Deus face a face e não morri”.
(32.31-32)
O sol raiava no horizonte quando ele, mancando da coxa, atravessou o ribeiro de Jaboque, que ele agora chamava de Peniel [hoje Tulul ad-Dhahab, na Jordânia].
(É por esta razão que os descendentes de Jacó nunca mais comeram o músculo do quadril, pois foi no quadril que Jacó foi deslocado.)
JACÓ SE ENCONTRA COM ESAÚ
Gênesis 33
(33.1)
Continuando sua viagem, Jacó observou que seu irmão Esaú se aproximava, acompanhado de 400 guerreiros, como fora anteriormente informado.
(33.2-3)
Jacó distribuiu os filhos entre Lia, Raquel e as empregadas Zilpa e Bila. Alguns filhos, protegidos pelas empregadas, ficaram no grupo da frente. Depois, caminhavam Lia e seus filhos. Mais atrás, seguiam Raquel e o filho José. Jacó estava atrás, mas logo tomou a frente de todos os grupos, até chegar perto de Esaú.
(33.4-5)
Quando se aproximaram, Esaú saiu em disparada ao seu encontro, fazia uma pausa, inclinava-se e retomava a corrida. Quando se encontraram, Jacó o abraçou, agarrou seu pescoço e o beijou.
Jacó e Esaú choraram.
Enquanto ainda choravam, Esaú abriu os olhos e, vendo as mulheres e as crianças, perguntou:
— Quem são?
Jacó respondeu:
— Estes são os filhos que Deus me deu.
(33.6-7)
Imediatamente as empregadas se aproximaram, com os meninos, e também se inclinaram diante de Esaú, em sinal de respeito. Depois chegou Lia, que também se inclinou, junto com seus filhos. Por fim, chegaram Raquel e José, inclinando-se de igual modo.
(33.8-11)
Depois das apresentações, Esaú perguntou:
— Lá atrás vi os grupos de animais que você enviou. Por que fez isto?
Jacó respondeu:
— Meu objetivo era ter a sua simpatia para conosco.
— Meu irmão, eu tenho muitos bens. Não preciso de nada. Fique com o que é seu.
Jacó, porém, insistiu:
— Não rejeite meus presentes. Já recebi o melhor, que foi você ter me recebido bem. Se você me perdoou, aceite os presentes. Quero que saiba Esaú que ter me reconciliado com você foi como ver o rosto do próprio Deus Eterno. Estou muito feliz por ter me recebido tão bem. Aceite o meu presente. O Deus Eterno tem sido muito generoso para comigo e tenho fartura.
(33.12-14)
Diante da insistência, Esaú aceitou os presentes. Depois disse:
— Vamos seguir viagem em direção à terra dos nossos pais.
Jacó, porém, discordou:
— Meu irmão, não temos como caminhar junto. Você está vendo como meus filhos são pequenos. Além disso tenho ovelhas e vacas amamentando. Se eu os forçar demais na viagem, vão morrer. Vamos fazer, então, o seguinte: você vai na minha frente e eu vou atrás, devagar, no ritmo das crianças e dos animais. Vamos nos encontrar na região de Seir [hoje na Jordânia].
(33.15)
Esaú aceitou mas tentou algo mais:
— Tudo bem. Mas o que acha de deixar alguns dos meus guerreiros com você, para proteger sua família na viagem.
Jacó não quis:
— Não é necessário nada disto, meu irmão. Damos conta sozinhos. Pode ser?
(33.16-17
Depois das despedidas, Esaú voltou para Seir, fazendo o mesmo roteiro pelo qual viera.
Jacó e seu grupo também seguiu viagem e parou em Sucote, perto dali, do outro lado do rio Jordão. Ali ficou algum tempo, fazendo abrigos para a sua família e para os animais. Por esta razão, o lugar ficou conhecido Sucote [palavra hebraica para “tenda”].
(33.18-20)
Algum tempo depois, levantaram acampamento, como vinham fazendo desde Padã-Arã, e continuaram a viagem. E, por fim, chegaram a cidade que mais tarde seria conhecida como Siquém [hoje Nablus, na Autoridade Palestina]. Jacó comprou uma fazenda que pertencia à família de Hamor, pai de Siquém, nome de um dos seus filhos. A propriedade foi comprada por 100 moedas de prata.
Nessa cidade, Jacó construiu um altar ao qual deu o nome de El-Elohe-Israel [expressão hebraica para “Deus de Israel”].
OS FILHOS DE JACÓ COMETEM UM CRIME
Gênesis 34
(34.1)
Jacó tinha apenas uma filha.
Muito tempo depois, estando a família em Siquém, ela foi passear pelo povoado.
(34.2-6)
Siquém, o filho mais velho do heveu Hamor, viu a moça e a obrigou a ter relações sexuais com ele. Depois disto, ele se apaixonou por Diná.
O rapaz foi falar com o seu pai, Hamor:
— Papai, quero me casar com Diná. Veja isto para mim com o pai dela.
(34.7)
No dia em que Diná foi violentada, seus irmãos estavam apascentando os rebanhos da família. Jacó soube, mas não disse nada. Resolveu esperar que os filhos voltassem do campo.
Eles ficaram com muita raiva quando souberam. Para eles, aquilo era uma vergonha, uma coisa que não podia ser aceita de modo nenhum. Aquela violência teria que ser castigada.
(34.8-12)
Hamor veio falar com Jacó. Nesse momento, os irmãos de Diná tinham chegado.
O pai de Siquém tomou a palavra, na reunião entre as famílias.
— Siquém, meu filho, está perdidamente apaixonado por Diná. Ele quer se casar com ela e eu lhes peço que deixem que ela se torne esposa dele. Então vocês habitarão entre nós, nas terras que quiserem. Fiquem à vontade e façam negócios com a gente.
Siquém pediu para falar e disse:
— Eu quero me casar com Diná. Digam qual é o dote e eu pagarei, sem problemas.
(34.13-19)
Disfarçando sua irritação, os irmãos de Diná foram espertos e fizeram uma contraproposta:
— Para que isto aconteça, há algo que precisam fazer. Siquém não é circuncidado. Nossa irmã não pode se unir a ele. Para nós, é uma vergonha uma mulher de nossa família se casar com um homem que não foi circuncidado. Se vocês circuncidarem todos os homens da família, concordarem com o casamento. A partir daí, no futuro os homens da terra poderão se casar com nossas mulheres e vice-versa. Desse modo, seremos um só povo. Se não aceitarem esta condição, levaremos Diná embora conosco.
Hamor e Siquém concordaram.
Siquém, que gozava de excelente conceito na sua terra, fez logo o combinado. Ele amava Diná e honrava os acordos que fazia.
(34.20-23)
Siquém e seu pai convocaram uma reunião no local para isto e disseram aos homens da cidade:
— Jacó e sua famílias são pessoas boas e pacíficas, como nós. Vamos permitir que morem em nossa terra e façam negócios com a gente. Tem lugar para todos aqui. Vamos nos tornar um só povo através dos casamentos. Agora, eles impõem uma condição: eles querem que todos nós homens sejam circuncidados, como eles são. Vai valer a pena. Seremos beneficiados com as riquezas deles. Nossa família está de acordo e vocês?
(34.24)
Todos concordaram com Hamor e Siquém. Assim todos os homens da cidade foram circuncidados. E Diná foi morar com Siquém.
(34.25-29)
Dois dias depois, quando a dor da circuncisão estava no auge, Simeão e Levi, filhos de Jacó e irmãos de Diná, entraram de surpresa na cidade armados com suas espadas e mataram todos os homens, inclusive Hamor e Siquém. Resgataram Diná, que estava na casa do rapaz. Não satisfeitos, pularam por cima dos cadáveres e saquearam a cidade, em vingança contra o estupro de sua irmã. Eles levaram os bois, os jumentos, os outros animais e todas as coisas que conseguiram carregar. Prenderam e levaram as mulheres e as crianças, com tudo o que elas tinham.
(34.30-31)
Quando soube, Jacó ficou aborrecido com Simeão e Levi:
— Vocês me criaram um problema enorme. Agora seremos todos odiados pelos moradores da terra. Os cananeus e os ferezeus vão nos odiar. Eles são em maior número que nós e vamos nos destruir.
Os filhos de Jacó responderam:
— O senhor acha que eles tinham o direito de tratar nossa irmã como uma prostituta?
JACÓ CONSTRÓI UM ALTAR EM BETEL
Gênesis 35
(35.1)
Algum tempo depois, o Deus Eterno apareceu a Jacó e disse:
— Quero que você se mude para Betel. Quando chegar lá, construa um alta em honra ao Deus Eterno que lhe apareceu quando você estava fugindo com medo de Esaú.
(35.2-4)
Jacó reuniu toda a família, com todos os empregados, e determinou:
— Joguem fora os deuses estranhos que vocês adoram, tomem banho e vistam roupas novas. Vamos nos preparar e partir para Betel. Lá farei um ao altar ao Deus Eterno, porque Ele me esteve comigo quando estive angustiado e seguiu comigo até chegar ao mesmo destino.
Todos arrancaram os ídolos que tinham em casa, bem como os brincos que usavam em honra a vários deuses. Jacó pegou e enterrou num carvalho perto de Siquém.
(35.5-7)
Eles saíram em paz da cidade. O Deus Eterno os protegeu e ninguém os atacou.
Em segurança, Jacó e sua gente chegaram a Luz, nome antigo para Betel, na terra de Canaã. Ali construiu um altar, dando ao lugar o nome de El-Betel [expressão hebraica para “casa de Deus”], pois ali no passado o Deus Eterno lhe tinha aparecido quando fugia de Esaú.
(35.8)
Em Betel, Débora, empregada que cuidava de Rebeca, a esposa de Isaque, morreu. Foi sepultada debaixo de um carvalho conhecido como Alom-Bacute [“carvalho das lágrimas”, em hebraico].
(35.9-13)
Também em Betel, Jacó teve outro encontro com o Deus Eterno, na volta de Padã-Arã. Depois de o abençoar, o Deus Eterno lhe disse:
— Lembre-se que mudei seu nome. Era Jacó, mas eu mudei para Israel.
E acrescentou:
— Eu sou o El-Shaddai [palavra hebraica para o Deus Todo-Poderoso]. Digo-lhe o que disse aos seus pais: “Seja fecundo e se multiplique. Seus herdeiros serão e formarão nações. A terra que prometi a Abraão e a Isaque será sua e, depois que você morrer, dos seus descendentes.
Tendo falado, o Deus Eterno se afastou para o alto.
(35.14-15)
Jacó levantou um monumento de pedra no lugar de onde o Deus Eterno tinha falado com ele. Depois, derramou vinho e azeite sobre o monumento como uma forma de gratidão. É por isto que o lugar onde o Deus Eterno apareceu a Jacó ficou conhecido como Betel.
RAQUEL DÁ A LUZ BENJAMIM E MORRE
(35.16-19)
De Betel, Jacó e sua família voltaram a viajar. Perto de Belém, Raquel teve seu segundo filho. O parto foi muito dificil. A parteira procurou animá-la:
— Não tenha medo. O bebê vai nascer!
Ainda deu tempo de Raquel dar um nome para o filho: Benoni [“filho do meu sofrimento”, em hebraico]. Raquel morreu e viu sepultada perto de Belém. Jacó preferiu chamar o menino de Benjamim [“filho da minha força”]. Sobre o túmulo da esposa, Jacó fez um monumento, que durou séculos.
(35.20-21)
A viagem continuou e parou pouco depois de um lugar que tem um torre, chamada torre de Eder [ou “torre do rebanho, em hebraico].
A FAMÍLIA DE JACÓ
(35.22-25)
Outros eventos ocorreram nessa época. Rúben, filho de Jacó, teve relações com Bila, concubina do seu pai e empregada de Raquel. O fato chegou ao conhecimento de Jacó.
Jacó teve 12 filhos, além de Diná, a única menina:
Rúben, o mais filho, Simeão, Judá, Issacar e Zebulom, que teve com Lia;
José e Benjamim, que teve com Raquel;
Dã e Naftali, que teve com Bila, empregada de Raquel;
Gade e Aser, filhos que teve com Zilpa, empregada de Lia;
Todos, exceto Benjamim, nasceram em Padã-Arã.
ISAQUE MORRE
(35.27-29)
Jacó chegou a Manre, conhecida também como Quiriate-Arba (mais tarde e até hoje Hebrom). Ali vivia Isaque, seu pai. E foi ali que, bem idoso, aos 180 anos, ele faleceu. Seus filhos Esaú e Jacó cuidaram do sepultamento.
ESAÚ FORMOU NAÇÕES
(36.1-5)
Esaú casou com três mulheres cananeias: Ada, que era filha de Elom, o heteu; Oolibama, filha de Aná, neta de Zibeão, o heveu, e Basemate, filha de Isamel e irmã de Nebaiote.
Com Ada, Esaú teve Elifaz.
Com Basemate, teve Reuel.
Com Oolibama, teve Jeús, Jalão e Corá.
Esses foram os filhos de Esaú, todos nascidos em Canaã.
(36.6-8)
Na maturidade, Esaú pegou suas esposas, seus filhos, suas filhas, as pessoas de sua casa, os rebanhos de ovelhas e vacas, todos os bens que havia adquirido em Canaã e os levou para a terra montanhosa de Seir (hoje na Jordânia), longe de onde morava seu irmão Jacó. Como os dois se tornaram muito ricos, não dava para ficarem juntos. Não havia pasto suficiente para sustentar todos os animais que possuíam.
(36.9-14)
A lista dos edomitas, como eram chamados os descendentes de Esaú, chamado também de Edom, incluía as seguintes pessoas:
Elifaz, que era filho de Ada, e Reuel, que era filho de Basemate.
Com Ada, Elifaz teve cinco filhos: Temã, Omar, Zefô, Gaetã e Quenaz. Com Timna, sua concubina, Elifaz teve Amaleque.
Com Basemate, Reuel teve quatro filhos: Naate, Zerá, Samá e Mizá.
(36.15-19)
As famílias edomitas eram lideradas pelos filhos e netos de Esaú: Elifaz, o filho mais velhos, e os netos Temã, Omar, Zefô, Quenaz, Corá, Gaetã, Amaleque, todos filhos de Elifaz, nascidos a Esaú e a Ada na terra de Edom.
Os netos de Reuel, filhos de Esaú e Basemate, nascidos em Edom, também foram líderes: Naate, Zerá, Samá e Mizá.
Foram líderes em Edom ainda os filhos de Esaú e Oolibama, filha de Aná: Jeús, Jalão e Corá.
EDOM TEVE REIS ANTES DE ISRAEL
(36.20)
Antes dos edomitas, os horeus também moravam em Edom [hoje Jordânia]. Todos descendiam de Seir [nome também da região].
(36.21-28)
Seir teve sete filhos, que lideraram suas famílias: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Eser e Disã. Estes são os chefes dos horeus, filhos de Seir na terra de Edom.
Lotã, cuja irmã se chamava Timna, teve dois irmãos: Hori e Homã.
Sobral teve cinco filhos: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã.
Zibeão teve dois filhos: Aiá e Aná. Aná ficou famoso porque descobriu as fontes termais no deserto, quando estava apascentando os jumentos da família.
Aná teve dois filhos: Disom e Oolibama, que se casou com Esaú.
Disom teve quatro filhos: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
Eser teve três filhos: Bilã, Zaavã e Acã.
Disã teve dois filhos: Uz e Arã.
(36.29-30)
Os horeus da terra de Seir tiveram, portanto, os seguintes líderes: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Eser e Disã.
(36.31-39)
Muito antes que Israel tivesse reis, Edom teve os seus:
O primeiro foi Belá, filho de Beor e natural de Dinabá.
Quando Belá morreu, assumiu o poder Joabe, filho de Zerá e natural de Bozra.
Quando morreu Jobabe, subiu ao trono Husão, natural de Temã.
Quando Morreu Husão, o reino ficou com Hadade, filho de Bedade, que, no passado, derrotara Midiã na floresta de Moabe. Ele era de Avite.
Quando morreu Hadade, Samlá, natural de Masreca, governou.
Quando morreu Samlá, que reinou foi Saul, natural de Reobote, às margens do rio Eufrates.
Quando morreu Saul, em seu lugar ficou Baal-Hanã, filho de Acbor.
Quando morreu Baal-Hanã, o reino ficou sob a liderança de Hadar, natural de Paú e marido de Meetabel, filha de Matrede e neta de Me-Zaabe.
(36.40-43)
Quanto a Edom, povo que se formou a partir de Esaú, os líderes de suas famílias nas suas terras foram Timna, Alva, Jetete, Oolibama, Elá, Pinom, Quenaz, Temã, Mibzar, Magdiel e Irã.
JOSÉ IMAGINA UM FUTURO DIFERENTE
Gênesis 37
(37.1)
Jacó era n ômade em Canaã, como foram seu pai Isaque e seu avô Abraão. Ele e seus filhos eram pastores, vivendo de apascentar gados nos campos, em Hebrom.
(37.2-4)
Diferente foi a história de um dos seus filhos, José. Ele também ajudava no cuidado dos rebanhos da família.
Quando era mais novo, ele acompanhava seus irmãos Dã e Naftali, filhos de Jacó e Bila, e Gade e Aser, filhos de Jacó e Zilpa. Quando eles faziam coisas erradas, José contava para o seu pai.
Jacó não escondia que José era o seu filho preferido, por lhe ter nascido quando já era idoso. Essa preferência estava na roupa que José vestia: uma túnica muito colorida, feita especialmente para o menino. Quando os outros irmãos viram que José era o preferido de Jacó, ficaram com raiva do rapaz e nem mais o cumprimentavam.
(37.5-8)
Para piorar, José contou um sonho que teve:
— Tive um sonho. Vou contar para vocês. Sonhei que estávamos trabalhando no campo. Quando peguei um feixe de palha para os animais, o meu feixe ficou em pé e foi cercado pelos seus feixes, que se curvavam diante do meu.
Furiosos, os irmãos lhe perguntaram:
— Você está muito enganado. Não há nenhuma chance de você vir a ser o nosso chefe.
O ódio deles para com José era cada vez mais intenso, por causa dos sonhos que lhes contava.
(37.9-11)
José contou outro sonho:
— Sonhei que o sol, a lua e onze estrelas se curvavam diante de mim.
Ouvindo esse sonho, o próprio Jacó o repreendeu:
— O que é isto, meu filho. Você deseja que eu, sua mãe e os seus irmãos nos humilhemos diante de você. Pare com isto.
A inveja dos irmãos de José era clara, mas Jacó nada fez para evitar que as coisas piorassem.
JOSÉ É VENDIDO POR SEUS IRMÃOS
37.12-14a)
Num dia em que os filhos de Jacó conduziam seu rebanho pelos pastos da região, ele chamou José:
— Não sei como estão seus irmãos. Eles estão cuidando do gado na região de Siquém. Vá se encontrar com eles e me traga notícias.
Como José disse que estava pronto para partir, o pai o orientou:
— Vá agora. Veja se estão bem e venha me dizer.
(37.14b-17)
Enviado pelo pai, José saiu de Hebrom em direção a Siquém [distantes quase 80 quilômetros uma da outra].
No caminho, José se perdeu, mas um homem o encontrou e lhe perguntou:
— O que você procurando, meu jovem?
José respondeu:
— Estou procurando meus irmãos. O senhor sabe onde eles e os rebanhos estão?
O homem respondeu:
— Eles estavam aqui para foram embora. Eles disseram que iam para Dotã [100 quilômetros ao norte de Hebrom].
José não desistiu e acabou encontrando os irmãos em Dotã.
(37.18-21)
De longe o viram.
E antes que chegasse, eles combinaram que iriam matá-lo. Um disse:
— O grande sonhador está chegando. Temos que dar um fim nele. Vamos pegá-lo, matá-lo e jogar seu corpo num buraco.
Outro acrescentou:
— Quando chegarmos em casa, diremos que um animal selvagem o pegou e devorou.
Outro debochou:
— Vamos ver se os sonhos de grandeza que tem vão se realizar.
(37.22-24)
Rúben, filho de Jacó com Lia, discordou:
— Não, não. Aí já é demais. Não vamos matá-lo.
Alguns protestaram, mas Rúben insistiu:
— Vamos fazer o seguinte: vamos jogar o rapaz naquele poço que encontramos no deserto. Lá o deixaremos.
O objetivo de Rúben era salvar o irmão e levá-lo de volta para casa.
Então, José chegou.
Seus irmãos o agarram, tiraram a túnica colorida que invejavam e o jogaram no poço, que estava seco.
(37.25-28)
Depois foram comer a comida que José lhes trouxera.
Pouco depois aproximou-se uma caravana. Eram os comerciantes ismaelitas, que viviam em Midiã, mas desciam de Gileade, região que produzia condimentos, remédios e perfumes muito apreciados. Seus camelos estavam carregados e seguiam para o Egito.
Judá pensou rápido:
— Vamos pensar um pouco. O que ganharemos matando nosso irmão e escondendo seu corpo? Nada! O melhor que fazemos é vendê-lo aos ismaelitas. Ele é nosso irmão. Somos do mesmo sangue. Não podemos matá-lo.
Todos concordaram. Rúben não estava. Assim, quando os comerciantes de Midiã passaram, os irmãos de José gritaram por eles, ofereceram o rapaz, combinaram o preço (20 moedas de prata) e fecharam o negócio.
Os comerciantes continuaram sua viagem, levando José para o Egito.
(37.29-
Quando Rúben chegou, olhou para o poço e não viu José lá. Apavorado, rasgou suas próprias roupas, em sinal de protesto. Ele voltou correndo para perto dos seus irmãos e gritou:
— Meu irmão não está no poço. O que foi que vocês fizeram. E eu: o que vou fazer agora?
(37.31-34)
Continuando com o plano, os filhos de Jacó pegaram a túnica colorida de José, mataram um bode do rebanho e mancharam de sangue a roupa. Depois, por um mensageiro, enviaram a túnica para o pai, com o seguinte recado: “Seu filho desapareceu. Segue o que sobrou dele: a túnica colorida”.
Jacó recebeu a roupa e lamentou:
— Esta é a única de José. Certamente foi devorado por alguma fera que o despedaçou.
Jacó rasgou suas próprias rompas, vestiu uma túnica feita de pano de saco, com uma forma de luto, que durou vários dias.
(37.35)
Sua família fez de tudo para o consolar, mas nenhuma palavra o animava. Ele dizia:
— Para mim, a vida acabou. Só me resta esperar minha própria morte.
(37.36)
Enquanto ele chorava, os comerciantes chegaram ao Egito, onde venderam José para o general Potifar, comandante da guarda do Faraó.
José estava com 17 anos de idade.
JUDÁ ERRA E RECONHECE SEU ERRO
Gênesis 38
(38.1)
Judá, que evitou que José fosse morto, se afastou da sua família. Em sua peregrinação, acabou por morar junto com Hira, em Adulão, no sul de Canaã.
(38.2-6)
Nessa terra Judá se enamorou a filha de Sua, um cananeu. Casou-se com ela e teve um filho, ao qual chamou de Er [“atento”, em hebraico]. Tiveram mais um filho, a que deram o nome de Onã [“poderoso”, em hebraico]. O terceiro filho do casal se chamou Selá e nasceu quando estavam em Quezibe, perto de Adulão.
(38.7-11)
Quando os garotos cresceram, Judá providenciou uma esposa para Er. O nome dela era Tamar. Er teve vida curta, por causa de sua maldade.
Pelo costume da época, seu irmão Onã teria que se casar com Tamar, segundo a ordem de Judá:
— Onã, case-se com Tamar e tenha filhos com ela, para que seu tenha um herdeiro.
Como sabia que o filho que gerasse seria considerado filho de Er, ele fazia o seguinte: todas as vezes que tinha relações sexuais com Tamar, ele jogava o sêmen no chão para não engravidar Tamar. Onã acabou morto por causa dessa maldade.
Judá chamou Tamar e lhe disse:
— Agora, para que você nos deixe herdeiros, só lhe resta esperar que meu terceiro filho, Selá, cresça e possa se casar com você.
Ela não sabia que seu sogro não pretendia fazer seu filho se casar com ela, como medo que Selá também morresse. Por isto, ela decidiu esperar e foi morar na casa de Judá.
(38.12-13)
Algum tempo depois, Judá ficou viúvo. Sua esposa, que era filha de Suá, adoeceu e morreu.
Encerrado o luto, Judá voltou ao trabalho e foi supervisionar o trabalho dos que tosquiavam suas ovelhas, em Timna. Seu amigo Hira foi com ele.
Uma pessoa foi à casa de Tamar e lhe contou:
— Olha, seu sogro está indo para Timna. Ele vai ver as ovelhas sendo tosquiadas.
(38.14-18)
Cansada de esperar por Selá, que já era adulto, mas a evitava, ela trocou sua roupa de luto, cobriu seu rosto com um véu, disfarçou-se e foi para Timna. No meio do caminho, parou em Enaim e ficou assentada na entrada da cidade, à espera de Judá.
Quando o sogro a viu, não a reconheceu porque estava com o rosto coberto. Imaginando que a mulher fosse uma prostituta, e não sua nora, Judá a chamou para terem relações sexuais.
Ela perguntou:
— Quanto você vai me pagar?
Judá respondeu:
— Vou lhe mandar entregar um cabrito, tirado do meu rebanho.
Tamar pediu:
— Preciso que você me deixe alguma coisa como garantia de que vai me pagar.
Ele perguntou:
— O que você quer como garantia?
Tamar disse:
— Quero seu brazão, seu colar e o cajado da sua mão.
Ele concordou. Tiveram relações e ela ficou grávida.
(38.19-21)
Depois, Tamar fora embora. Perto de casa, tirou o véu e vestiu de novo sua roupa de luto.
Judá cumpriu o combinado e separou um cabrito. Seu amigo Hira, de Adulão, pegou o cabrito para levá-lo a Tamar.
Saindo à sua procura, ele perguntou aos homens de Enaim:
— Onde está aquela mulher que se prostituía aqui?
Os homens responderam:
— Não temos a menor ideia do que o senhor está falando. Aqui não há esse tipo de mulher.
(38.22-23)
Hira foi falar com Judá:
— Não encontrei a mulher. Eu me informei mas me garantiram que lá não há prostitutas.
Judá respondeu:
— Deixa isto para lá. Não quero passar vergonha. Cumpri a minha parte. Mandei o cabrito como prometi, mas você não a encontrou.
(38.24-26)
Quatro meses depois, Judá recebeu uma informação grave.
— Sua nora se prostituiu e agora está grávida.
Judá respondeu:
— Não importa que seja minha parente. Vai pagar com a vida. Será queimada em público.
Quando estava sendo levada para ser queimada, ela mandou um recado para o sogro. Levantou o brasão, o colar e o cajado de Judá e disse:
— Sim, eu estou grávida. Estou grávida do dono destas coisas aqui na minha mão. Vejam se ele reconhece este brasão, este colar e este cajado.
Quando viu as coisas, Judá disse:
— Essa mulher é mais santa do que eu. Ela fez isto porque não permiti que ela se cassou como meu filho Selá.
Tamar morava na casa de Judá, mas não tiveram relações sexuais.
(38.27-30)
Ela estava grávida de gêmeos. Chegando a hora de nascerem, o primeiro bebê pôs a mão para fora. A parteira pegou a mão de menino e amarrou nela uma fita vermelha, para ter certeza de quem era o mais velho.
Acontece que o mais velho puxou a mão para dentro e, neste momento, o outro bebê nasceu. A parteira exclamou:
— Como você conseguiu passar?
Ao primeiro que nasceu, deram o nome de Perez [“brecha”, em hebraico]. Ao segundo, que tinha uma fita vermelha na mão, chamaram de Zera [“brilho”, em hebraico].
ACUSADO DE ASSÉDIO, JOSÉ E PRESO
Gênesis 39
(39.1)
Quando em chegou ao Egito, levado pelos comerciantes ismaelitas de Midiã, José foi oferecido ao general Potifar, comandante da guarda do Faraó. O egípcio o comprou.
(39.2-6a)
O Deus Eterno estava com José. Por isto, ele prosperou.
O próprio Potifar viu que tudo o que o rapaz fazia dava certo. José conquistou a sua confiança. Pouco tempo depois, foi promovido e se tornou o chefe de todos os empregados. José administrava toda a casa. E o Deus Eterno abençoou a família de Potifar, por causa de José. Até a colheita nas fazendas de Potifar foi melhor e maior. O general confiava completamente em José e deixou tudo por conta do seu empregado. A única preocupação de Potifar era fornecer os recursos financeiros, que José administrava com reconhecida competência.
(39.6b-9)
José era admirado por sua beleza. Estando ele certo dia trabalhando na casa em que servia, a esposa de Potifar olhou para ele e o assediou:
— Venha, vamos nos amar no meu quarto.
José rejeitou o convite, com as seguintes palavras:
— Minha senhora, tenha juízo. A senhora sabe que o seu marido confia inteiramente em mim e, por isto, me entregou tudo nesta casa para cuidar e é o que eu tenho feito, fazendo com que tudo funcione bem aqui. Eu respondo diretamente a ele e uma coisa dessas não seria aprovado por ele de jeito nenhum. Eu não posso fazer isto: seria uma maldade que eu não vou cometer. Não vou pecar com o Deus Eterno.
(39.10-12)
Apesar disto, a mulher insistia. Ele a evitava, mas ela persistia. Até que um dia em que José e ela estavam sozinhos em casa. Ela o atacou. Agarrando as roupa dele, a mulher lhe disse:
— Vamos, agora, para a cama. Ninguém vai ver.
José fugiu. Ela segurou a roupa do rapaz, mas ele correu assim mesmo, apenas com a roupa íntima.
(39.13-16)
Quando viu que José tinha fugido, ela chamou os empregados que estavam do lado de fora e lhes contou a seguinte mentira:
— Vejam o que me aconteceu. Vejam o que me fez este estrangeiro, este hebreu que acolhemos. Ele nos envergonhou. Ele me assediou, entrou no meu quarto e tentou me levar para a cama. Consegui gritar bem alto e ele fugiu. Para ninguém tenha dúvida, aqui está a roupa que ele deixou quando correu.
(39.17-20)
A mulher esperou Potifar chegar e contou a mesma história.
— Aquele escravo hebreu teve a coragem de entrar no meu quarto para me forçar a fazer sexo com ele. Eu gritei e ele fugiu. Olha a roupa dele aqui.
Potifar acreditou nas palavras da esposa, mandou que procurassem José e o prendeu, colocando-o junto com os que tinham cometido crimes contra a segurança nacional.
(39.21-23)
O Deus Eterno não abandonou José. Antes, continuou sendo bondoso para ele e fez com que ganhasse a simpatia do chefe da carceragem. Ele pediu a José para administrar a cadeia. A partir daí, José dava as ordem na cadeia, para tranquilidade do diretor da penitenciária.
O Deus Eterno continuava com José e tudo que ele fazia dava certo.
NA PRISÃO, JOSÉ INTERPRETA SONHOS DOS COLEGAS
Gênesis 40
(40.1-5)
Dez anos se passaram e novos presidiários importantes chegaram. Um era encarregado de toda as bebidas e outro preparava alimentos servidos no palácio. Acusados de terem traído a confiança do Faraó, foram colocados na cadeia, a mesma em que José estava. Enquanto isto, as acusações contra os dois funcionários eram verificadas.
Eles ficaram presos por algum tempo e o diretor do presídio os entregou aos cuidados de José.
Os dois sonharam. Numa mesma noite, os dois sonharam.
(40.6-8)
Quando José os encontrou no pátio da prisão, viu que estavam preocupados. Por isto perguntou:
— O que os aflige. Vejo tristeza nos seus rostos.
Eles responderam:
— Nós dois sonhamos e não conhecemos ninguém que saiba interpretar os nossos sonhos.
— É o Deus Eterno quem revela o que os sonhos querem dizer. Confiem em mim. Contem. Como foi?
(40.9-15)
Então, o chefe do serviço das bebidas contou o seu sonho:
— Eu sonhei que havia uma parreira na minha frente. Na parreira, havia três ramos. Quando a parreira começava a brotar, os cachos davam uvas já maduras. Vi que o copo em que eu servia o vinho do Faraó estava na minha mão e eu servi ao meu rei.
José começou logo a falar:
— Vou interpretar seu sonho. Os três ramos são três dia. Daqui a três dias, Faraó inocentará você e vai reintegrá-lo ao cargo e você voltará a servi-lo como sempre fez.
Com o homem ficou contente, José lhe fez um pedido:
— Quero que você, quando voltar ao palácio, não se esqueça de mim. Seja bondoso para comigo e leve meu caso ao Faraó, porque eu sou inocente. Sou um hebreu roubado da minha própria terra e nada fiz para merecer estar aqui.
(40.16-19)
Ouvindo a interpretação tão favorável, o chefe da cozinha real se animou e contou o seu sonho:
— Eu também sonho. No meu sonho, havia três cestos de pães brancos sobre a minha cabeça. No cesto mais alto, tinha todo tipo de comida que um cozinheiro prepara. Só que as aves vinham e comiam os alimentos que estavam sobre a minha cabeça.
José, então, comentou:
— Vou lhe dar a interpretação do seu sonho. Os três cestos são três dias. Daqui a três, o Faraó vai mandar para a forca e deixá-lo ali. As virão as aves e comerão o seu corpo.
(40.20-23)
De fato, no terceiro dia, dia em que se comemorava o aniversário do Faraó, ele oferece um banquete a todos os seus empregados. Nesta festa, ele reabilitou publicamente o encarregado das bebidas, mas condenou o cozinheiro-chefe. A partir daí, o encarregado da adega real voltou a servir tudo o que o Faraó bebia. Quanto ao cozinheiro-chefe, condenou-a morte numa forca. Tudo aconteceu segundo a interpretação que José deu aos sonhos dois dois.
O encarregado das bebidas, porém, não se lembrou de José e nada fez para o ajudar.
JOSÉ INTERPRETA OS SONHOS DO Faraó
Gênesis 41
(41.1)
Dois anos depois, estando José com 30 anos de idade, o Faraó também sonhou.
(41.2-8)
No sonho, ele estava em pé às margens do rio Nilo. Do rio saíram sete vacas bonitas e gordas e pastavam nas margens. Depois delas saíram outras sete vacas, mas a aparência delas era horrível, porque eram muito magras. Elas pararam perto das vacas bonitas e gordas e as comeram.
O Faraó acordou assustado, mas voltou a dormir. Ele sonhou de novo. Agora, viu sete espigas cheias de trigo de boa qualidade. Depois surgiram sete espigas de trigo, todas pequenas e queimadas. E as espigas pequenas devoraram as sete espigas grandes e boas.
Quando o Faraó, notou que um sonho e ficou completamente perturbado. Mandou chamar os conselheiros reais e lhes contou seus sonhos. Ninguém conseguiu decifrá-los.
(41.9-13)
Foi quando o encarregados das bebidas comentou com o Faraó:
— Como o senhor sabe, estive preso, junto com o cozinheiro-chefe. Na prisão também sonhamos. Eram sonhos diferentes. Estava preso lá também um jovem hebreu, vindo de Canaã. Ele pediu e nós lhe contamos nossos sonhos. Acredite, meu rei, ele interpretou os nossos sonhos, cada um com um significado. Eu voltei ao meu trabalho e o meu colega de prisão foi enforcado.
(41.14-16)
Ouvindo o relato, o Faraó mandou chamar José. Diante do pedido urgente, ele tomou banho, fez a barba, trocou de roupa e correu para o palácio, acompanhado dos guardas. Chegando lá, o Faraó lhe disse:
— Tive um sonho e ninguém foi capaz de interpretá-lo. Fiquei sabendo que você ouve um sonho e consegue interpretá-lo.
José respondeu:
— Não sou eu, senhor; é o Deus Eterno eterno quem vai lhe dizer o que vai acontecer.
(41.17-24)
O Faraó contou seu sonho, agora com novos detalhes:
— No meu sonho, eu estava em pé às margens do rio Nilo. De repente, apareceram sete vacas gordas e bonitas pastando às margens. Depois delas, apareceram outras, muito fracas, muito feitas e muitas magras. Confesso que nunca tinha visto vacas tão feias em nossa terra. E o pior é que as vacas fracas e magras devoravam as sete vacas gordas e bonitas. Só que o aspecto das vacas que tinham comido as outras continuava o mesmo; elas continuavam magras e fracas. Nesse momento, eu acordei. Voltei a dormir e a sonhar. Agora vi sete espigas de trigo brotando do seu talo. Eram bonitas e boas. Mas, de novo, brotaram outras sete espigas secas, mirradas e queimas pelo vento quente. E as sete espigas mirradas engoliam as sete espigas boas. Contei meus sonhos aos meus conselheiros, mas nenhum delegas conseguiu interpretá-los.
(41.25-36)
José, então, respondeu:
— O senhor sonhou duas vezes, mas o sentido é só um e o Deus Eterno está lhe mostrando o que Ele vai fazer. Vamos lá: as sete vacas boas são sete anos e as sete espigas boas são também sete anos. O segundo sonho confirma o primeiro. As sete vacas magras e feias e as sete espigas mirradas e queimadas significam que haverá sete anos de fome no Egito.
Diante de um atônito Faraó, José acrescentou:
— Considere que o Deus lhe está revelando, majestade. O Egito vai passar por sete anos de muita prosperidade. Depois, porém, virão sete anos de muita fome; ela será tanta que ninguém mais se lembra do tempo da fartura. A fome será intensa. O senhor sonhou duas vezes a mesma coisa, para ficar claro que é uma mensagem de Deus. O Deus Eterno fará com que isto aconteça.
Antes que o Faraó mostrasse alguma reação, José aconselhou:
— Penso que o senhor deve escolher um homem competente e inteligente e dar a ele a tarefa de administrar a nação nesse momento tão especial. Majestade, sugiro que o senhor ponha administradores que coordenem a coleta de 20% de toda a produção agrícola do Egito durante os sete anos de fartura. Eles vão cuidar para que todos os cereais recolhidos por ordem do governo sejam armazenados adequadamente, para que possa servir de alimento para o povo no período da fome e o Egito continue sendo a grande nação que é.
JOSÉ SE TORNA O PRIMEIRO-MINISTRO DO EGITO
(41.37-38)
O conselho foi bem recebido pelo Faraó. Seus ministros também gostaram da ideia.
(41.39-41)
O Faraó então lhes perguntou:
— Será que existe no Egito alguém mais capaz do que José nesta crise que se avizinha? Não há dúvida que o Deus Eterno está com ele.
Seus ministros concordaram.
— José, eu estou certo que o seu Deus lhe revelou tudo o que vai acontecer. Então, esse administrador competente e inteligente é você. Eu o nomeio como o primeiro ministro do meu governo. Todos o ouvirão. Você será o maior aqui, abaixo apenas de mim.
E o Faraó formalizou a nomeação:
— Solenemente, deu posse a José como o primeiro-ministro do Egito.
(41.42-44)
Em seguida, pegou seu carimbo real para os documentos oficiais e o entregou a José. Depois mandou vesti-lo com roupas dignas de um ministro. O próprio Faraó lhe pôs no pescoço o colar de ouro, que simbolizava o poder que agora tinha. Em seguida, fez com que desfilasse numa carruagem oficial. Quando ela passava, o povo gritava:
— Abrek! Abrek! Abrek! (Expressão no idioma egípcio antigo que significa “Viva! Viva! Viva!)
Quando voltou do desfile pelas ruas, o Faraó disse a José:
— Eu sou o Faraó supremo, mas quem vai dar as ordens agora é você.
JOSÉ SE CASA NO EGITO
(41.45-46a)
Para completar a integração de José na cultura do seu povo, o Faraó lhe mudou o nome, que passou a ser José de Zafenate-Paneia [“o homem a quem Deus revela segredos”, no egípcio antigo].
O Faraó fez com que se casasse com Asenate, que filha de Potífera, o sacerdote principal do templo da cidade sagrada do deus-sol.
José estava com 30 anos de idade.
JOSÉ ADMINISTRA UMA CRISE HUMANITÁRIA
51.46b-52
Como parte do seu ofício, José passou a visitar as cidades do Egito.
Durante sete anos, a colheita foi farta. José armazenou todos os cereais recolhidos em depósitos construídos perto das cidades. O resultado é que os depósitos ficaram abarrotados, com cereais transbordando para os lados.
Nesse período de sete anos, José e Asenate tiveram dois filhos. O mais velho recebeu o nome de Manassés [“esquecimento”, em hebraico]. A justificativa para o nome foi a seguintes, nas palavras do pai: “O Deus Eterno me fez esquecer meu sofrimento aqui e minha saudade da família”. Quando nasceu o segundo, foi chamado de Efraim [“frutífero”, em hebraico].
(41.53-57)
Depois de sete anos de fartura, começou o período da fome, que durou sete também sete anos, segundo a interpretação dada por José ao sonho do Faraó.
A fome alcançou várias nações, menos o Egito no primeiro momento. O Egito entrou em crise depois. O povo começou a reclamar contra o Faraó, mas ele sempre respondia:
— Procuram José. O que ele decidir está decidido.
Quando a fome aumentou, José decidiu abrir os armazéns e vender os cereais no mercado interno apenas. Depois, teve que autorizar as exportações, porque as nações vinha ao Egito em busca de comida, porque a fome aumentava a cada dia.
— Vão falar com José e façam o que ele disser.
OS FILHOS DE JACÓ VÃO AO EGITO COMPRAR COMIDA
Gênesis 42
(42.1-2)
A notícia de que havia comida no Egito, chegou a Canaã. Quando soube disto, Jacó chamou os seus filhos:
— O que estão esperando? Ouvi dizer que no Egito há cereais à venda. Vão lá comprar, antes que morramos de fome.
(42.3-5)
Imediatamente, dez filhos de Jacó viajaram para o Egito. Só não foi Benjamim. O pai explicou:
— Já perdi José. Não posso perder Benjamim, caso alguma coisa dê errado.
Assim chegaram ao Egito também os filhos de Jacó, junto com enviados vindos de outros lugares.
(42.6-8)
Ele se ajoelharam diante de José, que pessoalmente coordenava as exportações de grãos. José os reconheceu, mas não se identificou. Ao contrário, foi duro com eles:
— De onde estão vindo?
Eles responderam:
— Somos de Canaã e estamos aqui para comprar cereais.
(42.9-16)
Esta palavra trouxe à memória de José os sonhos que teve com os irmãos em Canaã e endureceu a conversa:
— Eu sei o que vocês são: vocês são espiões que vieram observar nossos pontos fracos.
Os filhos de Jacó responderam:
— De jeito nenhum, senhor. Estamos falando a verdade: só viermos comprar comida. Somos todos filhos de um mesmo pai. Somos trabalhadores honestos. Não somos espiões.
José não aceitou a explicação:
— Vocês não vai me enganar. Você vieram procurar pelos pontos fracos do Egito para nos atacar.
Os filhos de Jacó ainda a argumentaram:
— Somos 12 irmãos. O mais novo está em Canaã com o nosso mais. Quanto ao outro, infelizmente não está mais entre nós.
José persistiu:
— Vou ter que repetir? Vocês são espiões. Para provarem, há uma coisa que podem fazer: tragam aqui o irmão mais novo de vocês. Juro pelo Faraó que esta é a sua única chance. Escolham um de vocês para que volte a Canaã e traga o rapaz aqui. Enquanto isto ficarão detidos até provarem que falam a verdade; se não provarem, conhecerão o castigo que damos aos espiões.
(42.17-21)
Os filhos de Faraó foram para a cadeia. No terceiro dia, José os convocou e repetiu a proposta:
— Eu amo o Deus Eterno e vocês podem confiar em mim. Tragam o irmão mais novo. Vou manter só um de vocês preso. Os outros nove podem sair, pegar cereais e levar até Canaã para matar a fome das suas famílias. Depois, voltem trazendo o irmão mais novo. Assim saberei que falam a verdade. Só assim escaparão da sentença de morte.
Finalmente eles concordaram. José ainda estava presente quando começaram a discutir entre si.
— Nós somos culpados. É por isso que estamos passando por esta situação. Estamos sendo castigados por aquilo que fizemos com o nosso irmão José. Ele nos implorou para que o soltássemos, mas não nos importamos. Agora nós é que estamos angustiados.
Rúben comentou:
— Eu pedi e insisti para que não fizesse aquela maldade contra ele, mas vocês não me ouviram. Agora, não temos mais como trazê-lo de volta.
(42.23-24)
Como discutiam entre si, o intérprete não traduziu o que falavam, mas José entendiam tudo o que diziam, mas eles não sabiam.
Em seguida, José saiu da sala para chorar. Depois que parou de chorar, voltou e continuou a conversa. Olho para o Simeão e mandou algemá-lo na presença de todos e mandou seus irmãos de volta a Canaã.
OS IRMÃOS DE JOSÉ RETORNAM A CANAÃ
(42.25-26)
José determinou que as bagagens dos seus irmãos fossem cheias de cereais e também de comida para comerem durante a viagem. O dinheiro que tinjam trazido para comprar alimento foi devolvido e posto nos sacos com os cereais.
Com seus jumentos cheios, partiram.
(42.27-28)
Quando pararam numa pousada e assim que abriram um dos sacos de cereais, para pegar comida para os animais, descobriram que tinha dinheiro também. Um deles gritou:
— Devolveram nosso dinheiro.
Todos os irmãos ficaram apavorados e oraram:
— Oh Deus Eterno, o que o senhor está fazendo conosco?
(42.29-34)
Por fim, chegaram a Canaã e contaram a Jacó tudo o que lhes tinha acontecido:
— O homem que manda no Egito nos tratou asperamente, como se fôssemos espiões. Dissemos: “Somos homens honestos. Não somos espiões. Somos todos filhos do mesmo pai, que ficou em Canaã. Um deles não está mais entre nós, mas o mais novo está lá com o nosso pai”. Não adiantou. Ele não acreditou. Ele nos fez uma exigência pesada, determinando o seguinte: “Quero mesmo saber se vocês são honestos. Vocês podem pegar os cereais, voltar para casa, mas com uma condição: terão que deixar aqui comigo um dos seus irmãos. Tem mais: vão e tragam o irmão mais novo de vocês. Deste modo, ficará provado que são homens honestos, não espiões. Quando chegarem, liberto o irmão de vocês e vocês terão autorização para fazer negócios no Egito”.
(42.35-37)
Quando foram despejar o cereal dos sacos, viram que em cada um deles havia uma bolsa com o dinheiro que tinham levado. Quando viram aqui, todos, inclusive Jacó, ficaram atônitos.
O pai lamentou:
— Já sei o que vai acontecer. José se foi. Simeão se foi. E agora querem levar Benjamim! O mundo está desabando sobre mim.
Rúben tomou a palavra e garantiu ao pai:
— Garanto pela minha vida, que trarei Benjamim de volta. Vou tomar conta dele e vou trazê-lo de volta ao senhor.
(42.38)
Jacó não concordou:
— De jeito nenhum, Benjamim viajará com vocês. Só ele sobrou porque o irmão dele está morto. Se ele viajar com vocês, pode ser que alguma tragédia aconteça no caminho. Ele não vai. Não quero passar o resto dos meus dias chorando até morrer.
OS IRMÃOS DE JOSÉ VÃO AO EGITO PELA SEGUNDA VEZ
Gênesis 43
(43.1)
A fome continuava matando na região. Por um tempo, a família de Jacó comeu os cereais vindos do Egito até acabarem.
(43.2-10)
Jacó, então, voltou a dizer:
— Voltem ao Egito e tragam mais alimento.
Judá respondeu:
— Pai, não adianta irmos sozinho. O homem que manda no Egito foi claro: “Se vocês não me trouxerem o menino, não vou recebê-los aqui”. Só temos uma chance, pai. Deixa o Benjamim seguir conosco; nós iremos e voltaremos carregados de cereais. Mas se o senhor não concordar, não voltaremos, porque o homem que manda lá foi claro e vou repetir o que dele disse: “Se vocês não me trouxerem o menino, não vou recebê-los aqui”.
Jacó argumentou:
— Porque cometeram o erro de dizer ao homem forte do Egito que vocês tinham um irmão?
Os filhos responderam:
— Pai, o homem nos fez perguntas diretas sobre nós e nossa família. Ele perguntou se o nosso pai estava vivo e se tínhamos outro irmão. Só respondemos o que ele nos perguntou. Não tínhamos como adivinhar que fosse dizer: “Tragam seu outro irmão!”
Judá disse ao Pai:
— Pai, deixe o garoto comigo. Temos que ir, senão morreremos de fome, todos nós, inclusive seus netinhos. Serei o responsável por ele. Se alguma coisa der errado, cobre de mim. Se eu não trouxer Benjamim de volta, serei culpado pelo resto da minha vida.Estamos demorando. Se já tivéssemos ido, teríamos voltado duas vezes.
(43.11-14)
Jacó aceitou a ideia:
— Não tenho escolha. Peguem o que há de melhor em nossa terra e leve para o homem forte do Egito como um presente. Levem porções de bálsamo, mel, goma, mirra, nozes e amêndoas. Levem dinheiro também. Dobrem o valor do dinheiro devolvido pelos egípcios por engano. Levem também o Benjamim. Boa viagem, meus filhos. Vão na paz do El-Shaddai [palavra hebraica para o Deus Todo-Poderoso]. Que Ele tenha misericórdia de vocês e permita que Benjamim volte para casa. Não se importem comigo.
(43.15-16)
No dia seguinte, os filhos de Jacó, agora juntos com Benjamim, pegaram os presentes, o dinheiro em dobro e partiram.
Foram direto ao palácio do governo. Quando José viu que Benjamim estava com eles, chamou o mordomo da sua residência oficial e lhe passou a seguinte ordem:
— Leve esses hebreus para minha casa, prepare um banquete, porque eles vão almoçar comigo hoje.
(43.17-22)
Cumprindo ordens, o mordomo conduziu os convidados à casa de José. Eles estavam apavorados por serem levados à residência oficial de José. No caminho, eles conversaram uns com os outros:
— Estamos aqui por causa do dinheiro. O homem quer um motivo para nos acusar e depois nos atacar, escravizar e pegar nossos jumentos.
Eles tomaram coragem e dirigiram a palavra ao mordomo:
— O senhor bem sabe que já estivemos aqui há algum tempo para comprar alimento. Viemos e fomos embora. O problema é que, no caminho, quando paramos numa pousada, descobrimos que o dinheiro com que tínhamos pago os nossos cereais estava intacto nas sacolas. Então estamos aqui para devolver o dinheiro. Não sabemos como esse dinheiro foi parar naquela sacola.
(43.23-25)
O mordomo abriu um sorriso:
— Fiquem tranquilos. Não precisam ter medo. Não foram vocês que fizeram isto; foi o Deus Eterno a quem seu pai e vocês adoram quem colocou o dinheiro na sacola. E eu já recebi o dinheiro.
Depois dessas palavras, ditas já na entrada da residência oficial, ele entrou numa casa anexa e trouxe Simeão. Com todos reunidos, o mordomo os alojou na residência de José. Beberam água e tomaram banho. Os jumentos foram alimentados. Os filhos de Jacó conferiram os presentes que tinham levado, para entregar a José quando chegasse para o almoço.
(43.26-29)
Então José chegou. Os hebreus pegaram os presentes, prostraram-se diante do primeiro ministro e lhe entregaram o que tinham trazido.
José se pôs a conversar com eles e logo perguntou:
— Como vai o pai de vocês, aquele senhor de que me falaram?
Eles responderam:
— Ele está vivo. Vai bem!
Eles se curvaram e ficaram com as cabeças baixas. José olhou para eles, um a um, fixou-se em Benjamim, que era seu irmão por parte de pai e mãe, e perguntou:
— Este é o caçula de vocês, de quem falaram?
— Vocês me disseram que tinham um irmão mais novo… é ele?
Eles balançaram a cabeça para dizer “sim” e José imediatamente acrescentou:
— Que o Deus Eterno o abençoe, meu filho.
(43.30-31)
Profundamente emocionado ao ver o seu irmão, José se levantou e saiu, até encontrar um lugar em que pudesse chorar. Entrou no seu quarto e chorou. Depois, lavou o rosto e voltou. Contendo-se em suas emoções, deu a ordem:
— Sirvam a refeição.
(43.32-34)
As mesas estavam organizadas segundo a etiqueta egípcia. José se assentou na mesa principal. Seus assessores ocuparam outra mesa. Na terceira mesa estavam os hebreus. A etiqueta mostrava que os egípcios se consideravam superiores aos estrangeiros.
Em sua mesa, os filhos de Jacó foram dispostos em frente à mesa de José, por ordem de idade, começando pelo mais velho (Rúben), até o mais velho, Benjamim. Eles ficaram admirados de como ele sabia a idade de cada um. Então José levantou seu braço e indicou a porção de cada um, destinando uma porção cinco vezes maior para o mais novo. Todos comeram e beberam, cheios de alegria.
JOSÉ PREPARA UMA ARMADILHA PARA OS SEUS IRMÃOS
Gênesis 44
(44.1-2)
No dia seguinte cedo, os filhos de Jacó estavam prontos para partir, com seus jumentos carregados de cereais.
Na véspera, contudo, o mordomo tinha recebido a seguinte ordem de José:
— Encha as sacolas dos hebreus. Ponha tudo o que couberem. Ponha também o dinheiro que trouxeram na boca da sacola. Ponha meu copo de prata na boca da sacola do mais novo, junto com o respectivo dinheiro.
(44.3-5)
De manhã, então, eles partiram, com os jumentos de carga.
Não estavam muito longe quando José chamou o mordomo:
— Levante-se e vá atrás daqueles hebreus. Quando os alcançar, pergunte-lhes: “Por que fizeram isto? Por que estão pagando o bem com o mal? Por que pegaram o copo preferido do meu chefe, copo que ele mandou dizer que usa para adivinhar? Vocês cometeram um grande erro. Vão pagar caro por isto!”
(44.6-12)
O mordomo os alcançou e repetiu as palavras de José.
Os filhos de Jacó responderam:
— Por que o senhor está dizendo uma coisas dessas. Nunca faríamos isto e não fizemos. Trouxemos de volta de Canaã aquele dinheiro que encontramos na boca das sacolas e o devolvemos. Como iríamos furtar alguma coisa da casa do seu chefe. Fique certo de uma coisa: se achar o tal copo conosco, que morra quem o pegou e que fiquemos no Egito como escravos do seu chefe!
O mordomo respondeu:
— Vamos ver. Aquele que estiver com o copo será meu escravo. Os outros poderão voltar para Canaã em liberdade.
Todos pegaram suas sacolas, colocando-as já abertas diante do mordomo. O funcionário examinou cada sacola, começando pelo de Rúben, o mais velho, até o de Benjamim, o caçula. O copo estava na sacola de Benjamim.
(44.13-16)
Seus irmãos ficaram envergonhados e carregaram de novo seus jumentos e voltaram para a cidade.
Quando Judá e seus irmãos chegaram, José ainda estava em casa. Eles se prostraram diante dele, e José foi logo perguntando:
— Como foram fazer isto comigo? Certamente não sabiam que sou capaz de adivinhar?
Judá respondeu:
— Meu senhor, não há nada que possamos dizer. Não temos explicações. O Deus Eterno nos desmascarou. Agora somos teus escravos, todos nós, inclusive aquele que estava com o copo na sacola.
(44.17-34)
José não aceitou:
— Não vou fazer isto, de jeito nenhum. Só ficará como meu escravo aquele em cuja sacola meu copo foi encontrado.
Judá tomou coragem, aproximou-se um pouco mais e disse:
— Meu senhor, há algo que eu preciso te dizer. Por favor, não fique bravo comigo, porque sei que és poderoso como o Faraó. O senhor certamente se lembra que nos perguntou: “Vocês têm pai ou algum outro irmão?” Nós te respondemos: “Temos um pai idoso e um filho que teve na velhice com sua esposa preferida; ele ama esse jovem”. Depois de nos ouvir, tu disseste: “Tragam-me o rapaz, porque quero conhecê-lo”. Nós, então, dissemos: “O rapaz não pode vir. Se ele sair de casa, o pai vai morrer. O senhor não aceitou e nos disse: “Se não trouxerem o caçula, nunca mais vou recebê-los no Egito”. Voltamos para Canaã, contando tudo para o nosso pai, mas ele nos pediu para retornar ao Egito: “Voltem e comprem cereais para nossa família”. Nós explicamos: “pai, não podemos voltar para lá sem nosso irmão mais novo. Sem ele, o homem que manda no Egito não nos receberá”. Então, nosso pai respondeu: “Vocês sabem que minha esposa me deu dois filhos. Um me deixou e eu concluí: certamente foi despedaçado. Nunca mais o vi. Agora querem me tirar o outro, que vive aqui comigo. Se alguma tragédia acontecer com ele, vocês me matarão de tristeza”. Então, eu te digo: se eu voltar para casa sem o jovem, a quem meu pai ama profundamente, ele certamente morrerá e teremos que sepultá-lo em meio a muita tristeza. Eu, Judá, o segundo filho, fiquei responsável pelo rapaz. Eu prometi que o levaria de volta. Se eu não o levar comigo, serei o culpado diante do meu pai para o resto da minha vida. Saiba, meu senhor, que fico no lugar do jovem e me torno teu escravo. Não poso voltar para Canaã sem o rapaz. Não posso ver o sofrimento do meu pai”.
JOSÉ FALA A VERDADE PARA SEUS IRMÃOS
Gênesis 45
(45.1-2)
Ao ouvir estas palavras, José não conseguiu conter sua emoção,
Ao gritos, determinou:
— Saiam todos da minha minha presença!
Nenhum egípcio viu o que estava para acontecer.
Os egípcios só ouviram o som do choro de José. Até no palácio do Faraó o choro foi ouvido.
(45.3a_
Assim que seus assessores saíram da sala, o homem forte do Egito disse aos seus irmãos:
— Eu sou José. Meu pai ainda está vivo?
(45.3b-8)
Seus irmãos ficaram tão assustados que não conseguiram falar uma palavra sequer.
José continuou:
— Agora, cheguem mais perto de mim.
Eles se aproximaram. José lhes disse:
— Eu sou José, o irmão de vocês, o irmão que vocês venderam para o Egito.
Os irmãos se entreolharam, sem saber o que iria acontecer, mas o irmão retomou a palavra:
— Meus irmãos, não fiquem preocupados nem com medo por me terem vendido para cá. Foi o Deus Eterno quem fez isto. Foi para nos preservar que o Deus Eterno me enviou à frente de vocês. Dos sete anos de fome previstos, dois já se passaram e ainda faltam cinco anos de escassez, sem que plantemos, sem que colhamos. Por isto, o Deus Eterno me enviou antes de vocês sobrevivessem. Ele os livrou poderosamente. Com certeza, não foram vocês que me enviaram para cá, mas o Deus Eterno. Ele me pôs como o principal ministro de Faraó, em quem ele confia plenamente, colocando-me para administrar todo o Egito.
(45.9-11)
Seus irmãos respiraram aliviados:
— Agora, então, vocês podem voltar para casa. Quando encontrarem meu pai, levem o seguinte recado:
“Esta mensagem é do teu filho José. O Deus Eterno me pôs para governar o Egito. Agora, peço-te: venha para o Egito. Separei uma terra perto de mim, para o senhor morar, com toda a nossa grande família e todo o seu rebanho. Vocês habitarão em Gósen. Eu os sustentarei porque haverá ainda outros sete anos de fome. Aqui nada lhes faltará”.
(45.12-15)
Depois deste recado para o pai, José voltou a falar com os irmãos, ainda atônitos:
— Como vocês estão vendo, como meu irmão Benjamim está vendo também, eu sou José, eu que estou falando com vocês. Então, contem ao meu pai o que aconteceu comigo, sou apreciado e valorizado aqui. Contem o que estão vendo, para que ele acredite e venha para com vocês. Vamos. Depressa, irmãos!
Em seguida, abraçou Benjamim e chorou. Benjamim também chorou. Depois, José beijou cada um dos seus irmãos e conversaram demoradamente.
O Faraó SOUBE QUE OS IRMÃOS DE JOSÉ ESTAVAM NO EGITO
(45.16-20)
Foram contar ao Faraó que estava acontecendo:
— Os irmãos de José estão aqui.
A notícia alegrou o Faraó e seus ministros.
Faraó chamou José e lhe disse:
— Diga aos seus irmãos para ficarem à vontade entre nós. Carreguem seus animais e viajem a Canaã para trazer seu pai e seus familiares. Quando voltarem para cá, receberão uma excelente terra e se alimentarão com toda a fartura.
O Faraó insistiu com José:
— Autorize seus irmãos a levarem até Canaã algumas carroças para que possam trazer suas esposas e seus filhos, como também o pai de vocês. Não se preocupem com o futuro. Aqui terão do bom e do melhor.
OS IRMÃOS RETORNAM A CANAÃ BUSCAR JACÓ
(45.21-24)
Assim fizeram os irmãos de José. Levaram carroças e comida para a viagem, providenciadas por seu irmão, por ordem do Faraó.
Além disso, todos ganharam roupas novas, mas Benjamim ganhou 300 moedas de prata e cinco mudas de roupa novas. Eles levaram também dez jumentos carregados de produtos para o sustento da família de Jacó em Canaã. Levaram ainda dez jumentas carregadas de cereais, pães e outros itens, destinados à viagem de Jacó para o Egito.
José os despediu e pediu:
— Não briguem pelo caminho.
Eles, então, partiram.
(45.25-28)
Quando chegaram a Canaã, disseram a Jacó:
— José está vivo. Agora ele é o primeiro ministro do Egito.
Jacó desmaiou. Foi demais o que lhe disseram.
Ele foi recobrando os sentidos, à medida que seus filhos iam lhe contando a experiência que tiveram com o irmão. Quando ele viu as carroças enviados por José, não teve mais dúvidas e vibrou de alegria:
— Não precisam falar mais. Meu filho José está vivo. Vou para o Egito me encontrar com meu filho, antes que eu morra.
JACÓ E SUA FAMÍLIA PASSAM A MORAR NO EGITO
Gênesis 46)
(46.1-4)
Tendo deixado Hebrom, Jacó chegou a Berseba, onde ofereceu um culto ao Deus de seu pai Isaque.
Numa noite, por meio de uma visão, o Deus Eterno chamou Jacó:
— Jacó! Jacó!
Ele respondeu:
— Aqui estou!
O Deus Eterno lhe disse:
— Eu sou o Deus Eterno, o Deus do seu pai. Não tenha medo de ir para o Egito, porque será lá que eu farei de você uma grande nação. Eu o acompanhei ao Egito e, no futuro distante, seu corpo será trazido de volta a Canaã. No Egito, José cuidará de você, até o fim dos seus dias.
(46.5-7)
Depois disto, Jacó partiu de Berseba, conduzido por seus filhos. Junto com suas noras e seus netos, subiram nas carroças providenciadas pelo Faraó para este fim. Levando seus rebanhos e todos os bens adquiridos em Canaã, Jacó e todos os descendentes seguiram para o Egito.
(46.8-15)
Foram os seguintes descendentes de Jacó que entraram no Egito, começando com os filhos que teve com Lia:
Com Rúben, o mais velho, seguiram seus filhos: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi.
Com Simeão, viajaram: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, este filho de uma mulher cananeia
Com Levi, seguiram: Gérson, Coate e Merari.
Com Judá, deixaram Canaã: Selá, Perez e Zera Seus outros filhos Er e Onã, porém, já tinham morrido. Perez levou seus filhos: Hezrom e Hamul.
Com Issacar, transferiram-se para o Egito: Tola, Puva, Jó e Sinrom.
Com Zebulom, foram viver na nova terra: Serede, Elom e Jaleel. Todos estes eram filhos de Jacó e Lia, nascidos em Padã-Arã. Diná, sua filha, estava neste grupo, composto ao todo por 33 pessoas.
(46.16-18)
Jacó levou também os filhos que teve com Zilpa, empregada que Labão ofereceu a Lia.
Com Gade, mudaram-se para o Egito: Zifiom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Arodi e Areli.
Com Aser, partiram seus filhos Imna, Isvá, Isvi e Berias e sua irmã Sera. Berias levou seus filhos Héber e Malquiel.
Todos eram filhos de Jacó e Zilpa, num total de 16 pessoas.
(46.19-22)
Jacó levou para os Egito os filhos que teve com Raquel: Benjamim e José, que já estava lá, onde nasceram os filhos Manassés e Efraim, do seu casamento com Asenate, filha de Potífera, sacerdote em Heliópolis. Benjamim teve 10 filhos: Belá, Bequer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde.
Todos eram filhos de Jacó e Raquel, 14 pessoas ao todo.
Jacó chegou ao Egito levando o filhos que teve com Bila, empregada de Raquel.
(46.23-25)
Jacó levou também os filhos que teve com Bila, empregada de Raquel:
Dã conduziu seu filho Husim.
Naftali tinha quatro filho: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.
Todos eram filhos Jacó e Bila, empregada de Raquel, sete pessoas ao todo.
(46.26-27)
O número total dos que foram para o Egito com Jacó foi de 66 pessoas, número que cresce para 70, considerados José, sua esposa Asenate e os dois filhos (Manassés e Efraim).
JACÓ E JOSÉ SE REENCONTRAM
46.28)
Quando chegou ao Egito, Jacó enviou seu filho Judá para se informar sobre como chegar à terra que estava separada para a sua família.
Assim chegaram a Gósen.
(46.29-30)
Imediatamente, José mandou preparar sua carruagem oficial e foi ao encontro do pai. Quando chegou, abraçou-o longa e afetuosamente, com muitas lágrimas.
A reação de Jacó foi dizer ao filho:
— Agora, posso morrer. Sei que você está vivo e está bem aqui na minha frente.
(46.31-34)
Passada emoção, José orientou sua família sobre a vida do novo país:
— Vou voltar para a capital. Quando chegar lá, direi ao Faraó:
“Estou muito feliz, porque meu pai, meus irmãos com suas famílias vieram de Canaã para viver perto de mim. Os homens são pastores. Eles criam gado e trouxeram seus rebanhos. Eles vieram de vez”.
Então, prestem atenção: quando o Faraó os chamar e lhes perguntar sobre o seu trabalho, vão responder o seguinte:
“Sempre fomos pastores. Sempre criamos gado, desde quando éramos meninos e até agora. Nossos ancestrais eram todos pastores”.
Dizendo isto, poderão continuar tranquilamente em Gósen. Os egípcios não lhes vão incomodar, porque eles consideram que o pastoreio de rebanhos uma atividade repulsiva.
JACÓ SE ENCONTRA COM O FARAÓ
Gênesis 47
(47.1-2)
José voltou para a capital, levando cinco irmãos, e contou o que tinha ocorrido ao Faraó:
— Minha família chegou de Canaã. Meu pai, meus irmãos, meus sobrinhos, com todos dos seus rebanhos, estão instalados em Gósen. Muito obrigado.
(47.3-4)
O Faraó perguntou aos irmãos de José:
— Em que vocês trabalham?
Eles responderam:
— Seguindo a tradição da família há gerações, somos pastores de rebanhos.
Depois, continuaram:
— Viemos morar no Egito, porque em Canaã não havia pasto para os nossos rebanhos. A fome lá está terrível. Por agora pedimos ao senhor que permita que moremos em Gósen.
(47.5-6)
Depois de ouvi-los, Faraó disse a José:
— Sua família veio morar perto de você. Nossa terra está à sua disposição. Seu pai e seus irmãos estão autorizados a morar na melhor região do Egito, especificamente na terra de Gósen. Procure pelos pastores mais competentes da sua gente, porque quero que me sirvam como responsáveis pelos meus rebanhos.
(47.7-11)
Num outro dia, José apresentou solenemente seu pai ao Faraó. Neste encontro o idoso pai de José abençoou o Faraó:
— Que o Deus Eterno o abençoe.
Tendo recebido sua bênção, Faraó lhe perguntou:
— Quantos anos o senhor tem?
Jacó lhe respondeu:
— Completei 130 anos, anos que parece muitos mais não são; anos duros. Meu pai e meu avô viveram muito mais do que eu.
Em seguida, voltou a abençoar o Faraó e se retirou.
(47.12)
José assim fixou sua família no Egito, dando-lhe terras para cuidar dos seus rebanhos. Todos moraram, desde então, em Gósen (mais tarde conhecida como Ramessés), conforme o Faraó determinara. O alimento para a família era providenciada por Jacó.
JOSÉ CRIA UM IMPOSTO DE 20% PARA A AGRICULTURA
47.13-15)
A fome continuava avassaladora, tanto no Egito quanto em Canaã.
Durante este tempo, as pessoas vinham e compravam cereais. O dinheiro arrecadado era depositado na tesouraria do palácio de Faraó, mas o dinheiro delas acabou.
A pessoas morriam.
Houve, então, um grande movimento popular. José ouviu a reivindicação de todos: As pessoas desmaiavam.
— Queremos comida. Só porque não temos mais dinheiro para comprar os cereais, o senhor vai nos deixar morrer de fome?
(47.16-17)
José ofereceu uma solução:
— Como não têm dinheiro, tragam seus rebanhos. Vamos trocar seu gado pelos nossos cereais.
O povo aceitou a proposta e passou a trazer seus cavalos, carneiros, bois e jumento por cereais.
Durante um ano, tudo correu bem.
(47.18-19)
No ano seguinte, não tinham mais animais para oferecer; por isto, voltaram a José:
— Nosso dinheiro acabou e todos os nossos rebanhos agora lhe pertencem. Não sobrou nada, exceto nossas terras e nossas vidas. Precisamos desesperadamente da sua ajuda. Nós lhe oferecemos nossas terras e o senhor as compra. Todos nos tornamos escravos do Faraó e vamos cultivar as terras dele. Só precisamos que nos dê sementes para que plantemos e sobrevivamos.
(47.20-26)
José concordou com a reivindicação. Ele comprou todas as terras do Egito para o Faraó, que passou a ser o dono de todas as propriedades do país, completamente tomado pela fome. A única excessão foi para as terras pertencentes aos sacerdotes da religião egípcia, uma vez que eles eram sustentados pelo Faraó e viviam do alimento que recebiam dele. Assim, não precisavam vender suas propriedades.
José fez também que todo o povo passasse a viver como escravo do Faraó. [Era comum entre os povos antigos, que uma uma pessoa, família ou tribo se oferecesse para servir como escrava para pagar uma dívida].
A partir daí, José estabeleceu uma nova prática:
— Vocês estão cientes que comprei suas terras, que agora pertencem ao Faraó. Venham buscar as sementes para que possam plantar. De tudo o que colherem, pagarão um imposto de 20% ao Faraó. Os outros 80% ficarão como pagamento pelo trabalho, para as despesas no campo e para sustento de suas famílias.
Eles ficaram eufóricos:
— Muito obrigado porque o senhor salvou as nossas vidas. Receba a sua gratidão. Diga ao Faraó que agora somos seus escravos.
Durante muitos anos, a lei que José estabeleceu continuou valendo no Egito. Exceto nas terras dos sacerdotes, o imposto era de 20% para todos os agricultores.
JOSE JURA QUE LEVARÁ O CORPO DE JACÓ PARA CANAÃ
(47.27-31)
Os familiares de Jacó, portanto, habitaram em Gósen, no Egito. Fizeram negócios, compraram terras e tiveram muitos filhos. Sua população cresceu. Jacó viveu no Egito durante 17 dos seu 147 anos.
Perto de morrer, Jacó mandou chamar José e lhe pediu:
— Se, de fato, você me ama, jure por tudo o que é mais sagrado e prometa que não vai me sepultar aqui no Egito. Quero que use de bondade e fidelidade para comigo e leve meu corpo para Canaã, pois desejo ser sepultado junto dos meus pais e avós. Eu peço que você me enterre ao lado deles.
José respondeu:
— O senhor pode ficar tranquilo. Prometo fazer o que o senhor está me pedindo.
Jacó ainda lhe pediu:
— Você jura pelo que há de mais sagrado?
José jurou e Jacó repousou tranquilo sua cabeça sobre o travesseiro.
JACÓ FICA DOENTE E ABENÇOA JOSÉ
Gênesis 48
(48.1a)
Pouco depois disto, tomou conhecimento de uma uma triste notícia:
— Seu pai está doente.
(48.1b-7)
José pegou seus dois filhos, Manassés e Efraim, para ir ao encontro de Jacó, que foi devidamente avisado:
— Seu filho José está vindo visitá-lo.
Jacó se alegrou e se assentou na cama.
Assim que José chegou, seu pai lhe disse:
— Quando El-Shaddai [palavra hebraica para o Deus Todo-Poderoso] me apareceu na cidade de Luz [nome que eu mudei para Betel], na terra de Canaã, ele me abençoou com as seguintes palavras:
“Eu o abençoarei com muitos filhos. A partir de você, formarei surgirem muitas nações, mas esta terra será sua para sempre”.
Jacó continuou:
— Você tem agora dois filhos, nascidos aqui no Egito quando eu estava ainda em Canaã. Eu os adoto como meus filhos. Sim, Efraim e Manassés são meus filhos, do mesmo modo como Rúben, Simeão e os outros. Se você vier a ter outro filhos, esses serão seus. Não serão herdeiros meus, mas herdeiros de você. José, você é filho de Raquel. Você sabe que, para minha tristeza, que ela morreu perto de Efrata (chamada de Belém), onde a sepultei. Você é especial para mim; seus filhos são especiais para mim.
(48.8-9)
Quando Jacó viu os filhos de José, perguntou:
— Quem são eles?
José respondeu a seu pai:
— São os meus filhos. Eu os recebi do Deus Eterno aqui no Egito.
Jacó lhe pediu:
— Traga-os para bem perto de mim. Quero abençoá-los.
(48.10-16)
Por causa de sua idade avançada, Jacó já não enxergava bem. José atendeu o pedido e Jacó abraçou e beijou seus netos, colocando-nos no colo.
Jacó disse ainda:
— Meu filho José, eu não esperava nunca mais ver você, mas o Deus Eterno fez mais e me permitiu conhecer os netos que você me deu.
José tirou os meninos do colo do avô e se ajoelhou diante dele. Depois pegos filhos e os dispôs bem à frente do seu pai. José tomou o cuidado de colocar Manassés, o mais velho, diante da mão direita de Jacó, e Efraim diante da mão esquerda do avô. Só que Jacó cruzou os braços e pôs a sua mão direta sobre Efraim e a esquerda sobre Manassés. Então, proferiu a bênção sobre José e seus dois netos:
— O Deus Eterno em cuja presença andaram meu avô Abraão e meu pai Isaque, o Deus Eterno que me tem guiado ao longo de minha vida, o Deus Eterno que me enviou seu anjo para me livrar do mal, que Ele abençoe estes meninos. Que através deles, meu nome e os nomes do meu avô Abraão e meu pai Isaque, sejam lembrados. Que eles cresçam e sejam muitos na terra.
(48.17-20)
Quando notou que seu pai tinha posto a mão direita sobre a cabeça de Efraim, José se entristeceu. Para resolver, pegou a mão de Jacó para tirá-la da cabeça de Efraim, que era o mais novo, para colocá-la sobre a de Manassés. Depois explicou:
— Pai, o senhor trocou a ordem dos filhos. O mais velho é Manassés. Ponha sua mão direita sobre ele.
Jacó respondeu:
— Eu sei, José. Manassés será um povo, um grande povo, mas Efraim, o mais novo, será maior que ele e terá muito mais descendentes.
E completou a bênção sobre os netos:
— A partir de agora, o povo de Israel, quando abençoar uns aos outros dirá: “O Deus Eterno faça com você como fez com Efraim e com Manassés”.
(Foi desse modo que Jacó colocou Efraim numa posição mais elevada que Manassés).
(48.21-22)
Depois Jacó disse a José:
— Meu filho, estou morrendo, mas saiba que Deus estará com vocês e fará com que voltem à terra de Canaã. E lá você herdará não uma, mas duas partes, uma para cada um dos seus filhos. Está reservado para você um lugar montanhoso que, com a minha espada e o meu arco, tomei das mãos dos amorreus.
JACÓ ABENÇOA TODOS OS SEUS FILHOS
(49.1-2)
Pouco depois, Jacó mandou chamar todos os seus filhos:
— Venham cá, ouçam o meu testamento, escutem o que vai acontecer com cada um de vocês no futuro Venham, meus filhos, ouvir o que tenho para lhes dizer:
(49.3-4)
“Rúben, você ê o meu primogênito.
Você nasceu quando eu era jovem,
Quando eu estava no auge da minha força física.
Por ser o mais velho,
Você é o mais importante.
Você é o líder, entre meus filhos.
No entanto, por ser impetuoso demais,
Você não será o mais honrado.
Você subiu no meu leito
[Quando se deitou com Bila]
e me envergonhou diante da minha família.
(49.5-7)
Simeão e Levi, vocês nasceram da mesma mãe
E acham que podem resolver tudo por meio da violência.
Este não é o meu caminho.
Não quero que o meu povo siga seus conselhos.
Com raiva, vocês mataram pessoas,
Por maldade, mutilaram animais.
Maldito seja esse ódio pesado que carregam.
Maldita seja essa ira pesada que sentem.
Vocês não permanecerão unidos, mas divididos.
(49.8-12)
Judá, seus irmãos o exaltarão.
Você derrotará seus inimigos.
Diante de você, seus próprios irmãos se submeterão.
Você se parece com um poderoso leão,
Que, mesmo quando descansando ao lado da leoa,
Ninguém tem coragem de o acordar.
A coroa real nunca deixará seus descendentes,
Até que vinha o último rei.
Todos o obedecerão.
Vocês plantarão uvas magníficas,
E colherão vinhos de excelente qualidade.
Seus descendentes serão prósperos,
Vivendo em meio à fartura.
(49.13)
Zebulom, você habitará no litoral.
Em seu território, haverá portos para os navios.
Seus limites chegarão a Sidom, no extremo norte.
(49.14-15)
Issacar, você é como um jumento, tão fortes são os seus músculos.
No entanto, vai preferir se deitar como fazem as ovelhas,
Ficará na preguiça do descanso
E se deixará escravizar.
(49.16-17)
Dã, você julgará com justiça a sua tribo
Entre o povo de Israel.
Você é esperto como uma cobra escondida
À beira do caminho,
Pronta para morder o cavalo
E derrubar o cavaleiro.
(49.18)
Quanto a mim, eu digo:
“A tua salvação espero, oh Deus Eterno”.
(49.19)
Na guerra, Gade, você será atacado pela frente,
mas será defendido por sua retaguarda e vencerá.
(49.20)
Aser, a sua terra produzirá as melhores comidas
E sua mesa será sempre farta.
(49.21)
Naftali, você é como uma gazela livre,
Que gera filhotes bonitos.
(49.22-26)
José, você um ramo frutífero,
Nascido junto às fontes de águas.
Seus galhos crescem bem alto.
Os inimigos disparam as armas contra você,
Mas você permanece firme.
Os seus braço são fortes e firmes,
Feitos pelas mão do El-Shaddai [palavra hebraica para o Deus Todo-Poderoso].
Sim, você foi formado pelo Guia e pela Força de Israel.
É Ele quem, como fez com Isaque, o ajudará;
El-Shaddai o abençoará
Com bênçãos dos altos céus,
Bênçãos de alegria e fartura.
As bênçãos que receberão serão maiores que as que recebi,
Maiores que meu avô e meu pai receberam.
Que sejam bençãos eternas
Que repousam para sempre sobre sua cabeça, José,
Você que se destacou sobre os seus irmãos.
(49.27)
Benjamim, você é como um lobo que despedaça a presa.
Você acorda cedo para trabalhar e distribuir o que conquista.
(49.28)
Foi assim que Jacó abençoou as 12 tribos de Israel. Cada uma receber a bênção que lhe cabia.
JACÓ MORRE
(49.29-32)
Depois de abençoar os filhos, Jacó fez um pedido final:
— Em breve vou morrer. Quero que me sepultem ao lado dos meus avós e pais, na caverna que está na fazenda do heteu Efrom. A caverna está localizada em Macpela, perto de Manre, em Canaã, no lugar que Abraão comprou de Efrom, com o objetivo de servir como cemitério. Ali foram sepultados meus avós Abraão e sua esposa Sara. Ali foram sepultados Isaque e sua esposa Rebeca. Ali eu sepultei minha esposa Lia. O terreno antes pertenciam aos heteus, mas foram comprados e passaram a nos pertencer.
(49.33)
Tão logo terminou de fazer seu pedido, Jacó se deitou e morreu, como acontece com todas as pessoas.
JACÓ É EMBALSAMADO E SEPULTADO EM CANAÃ
Gênesis 50
(50.1)
José abraçou o corpo do seu pai, chorou sobre ele e o beijou.
(50.2-3)
José ordenou que os médicos que trabalhavam para ele embalsamassem Jacó, o que fizeram. Eles gastaram 40 dias na tarefa, segundo o costume local. O Faraó decretou um luto oficial de 70 dias.
(50.4-6)
Passado o luto, fez um pedido aos ministros de Estado:
— Se vocês realmente se importam comigo, peço-lhes que transmitam ao Faraó o seguinte pedido:
“Meu pai me disse o seguinte: ‘Estou morrendo e quero ser sepultado no túmulo que prepararei para mim em Canaã’. Por isto, quero sepultar meu pai. Em seguida, voltarei para cá”.
O Faraó lhe respondeu com a seguinte instrução:
— José, vá e sepulte o eu pai, como ele lhe pediu.
(50.7-9)
José partiu para sepultar Jacó. Foram com ele: os ministros do Faraó, os funcionários graduados do seu ministério, altas autoridades do Egito, sua esposa e filhos, seus irmãos e familiares. Só ficaram em Gósen as crianças e os animais que criavam. Todas as carruagens eram montadas por guardas armados. Era enorme o cortejo.
(50.10-11)
Atravessaram o rio Jordão e pararam junto à propriedade de Atad, onde choraram durante sete dias. O choro foi tão intenso que os cananeus exclamaram:
— Como choram os egípcios.
(Foi por esta razão que o local do outro lado do rio Jordão [na atual Jordânia] ficou conhecido como Abel-Mizraim [“lamento do Egito”, em hebracio].)
(50.12-14)
Em seguida os egípcios retornaram, mas os familiares de Jacó prosseguiram até o local do sepultamento em Canaã: na caverna de Macpela, numa fazenda porto de Manre [ou Hebrom] comprada por Abraão das mãos do heteteu Efrom especificamente para ser o cemitério da família
.
(50.14)
Depois disto, José também retornou ao Egito. Com ele regressaram seus familiares.
JOSÉ PERDOA SEUS IRMÃOS
(50.15-17)
Depois que Jacó morreu, seus filhos conversaram entre si:
— Se José ainda tem ódio de nós, ele vai se vingar de nós.
Por isto, mandaram um recado ao irmão:
“Antes de morrer, nosso pai Jacó deixou a seguinte instrução: ‘Digam o seguinte a José: Perdoe o erro dos seus irmãos; esqueça o pecado que cometeram, embora tenha sido grande o mal que fizeram’. Agora lhe pedimos que perdoe a maldade que praticamos contra você”.
Quando ouviu estas palavras, José chorou.
(50.18-21)
Depois seus irmão vieram pessoalmente e se curvam diante dele, dizendo:
— Aqui estamos. Faça conosco o que quiser.
José, porém, recebeu:
— Não fiquem com medo. Eu não estou no lugar de Deus para julgar vocês. É verdade que vocês planejaram o mal contra mim, mas o Deus Eterno transformou a maldade de vocês numa coisa boa, de modo que o que fizeram permitisse que as vidas de muitas pessoas fossem salvas. Então, não tenham medo. Eu vou sustentar vocês e seus filhos.
Com estas palavras, José tranquilizou seus irmãos.
JOSÉ MORRE
(50.22-23)
José continuou morando no Egito. Seus familiares, também.
Ele viveu 110 anos, chegando a conhecer os filhos, netos e bisnetos de Efraim. Ele teve ainda a oportunidade de pegar no colo e abençoar os filhos de Maquir, um dos filhos de Manassés.
(50.24-26)
No fim de sua vida, José disse aos seus irmãos:
— Em breve, morrerei. Sei que o Deus Eterno os abençoará e os levará de volta à terra de Canaã, terra que prometeu que pertenceria de fez aos descendentes de Abraão, a Isaque e a Jacó.
Então, fez um pedido para prometessem solenemente o seguinte:
“Sei que o Deus Eterno os abençoará. Quando isto acontecer, levemos daqui meus restos morais”.
Quando ele morreu, aos 110 anos de idade, embalsaram o corpo de José e o lugar numa tumba típica do Egito.