COMENTÁRIO BÍBLICO DEVOCIONAL
Por ALMIR DOS SANTOS GONÇALVES JR
Mateus 3.13-17 — A PASSAGEM DO BASTÃO
Uma das provas mais emocionantes do atletismo moderno como visto
recentemente nas Olímpíadas passadas em Atenas, é a do revezamento 4 por
100, onde o atleta de cada equipe passa o bastão para o seu colega de carreira,
a quem compete dar continuidade à corrida e romper a fita de chegada. Cada
um dos quatro tem que fazer o melhor possível nos seus 100 mts, de forma
que, ao entregar o bastão ao seguinte, o faça nas melhores condições para que
a vitória da equipe seja alcançada.
Entre João e Jesus vai acontecer mais ou menos isto. João saiu na frente,
pregando o evangelho, anunciando a boa-nova da salvação, condenando o
pecado e chamando à transformação de vida, cumprindo exatamente o que o
profeta Isaías teria anunciado cerca de 700 anos atrás, quando falou da voz do
que clama no deserto. Num determinado momento, ele teria que cessar a sua
carreira e passar o bastão para Jesus, para que este levasse a mensagem até a
linha de chegada, no caso de Cristo, a cruz do Calvário. Ambos cumpriram
plenamente os seus papéis, como lemos hoje:
“Então veio Jesus da Galiléia ter com
João, junto do Jordão, para ser batizado
por ele.” Mt 3.13
Uma das passagens mais belas do NT é esta que trata do relacionamento de
Jesus com seu primo João. Ambos tinham plena consciência do que competia
a cada um: João como precursor, Cristo como cumpridor. O sentimento de
humildade de João, dizendo que não era digno de batizar o filho de Deus, de
apontar para o Cristo e dizer que ele “é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo”, de afirmar que importava a ele agora “diminuir para que Jesus
crescesse”, é demonstração evidente de um grande caráter. Por outro lado, a
afirmação de Cristo de que “dos nascidos de mulher não houve outro como
João” nos manifesta claramente o valor moral e espiritual deles.
Ambos se honravam. Ambos eram dignos um do outro. João podia passar
o bastão do evangelho junto ao rio, para que Cristo o levasse até ao seu
cumprimento final no Calvário.
Senhor,
torna-me digno da pregação
do teu evangelho.
Que por meus atos e palavras
a tua Palavra seja honrada.