COMENTÁRIO BÍBLICO DEVOCIONAL
Por ALMIR DOS SANTOS GONÇALVES JR
Mateus 6.1-18 — A OSTENTAÇÃO NA VIDA CRISTÃ
Depois dos aspectos da Lei que ele evidencia no capítulo 5, neste cuja
leitura começamos hoje, o Senhor Jesus vai abordar outro aspecto muito caro
ao povo judeu, principalmente à elite religiosa.
Vejam que o Sermão do Monte é todo ele uma estratégia para apresentar ao
povo as diferenças na nova ordem religiosa que ele vinha instituir, embora em
continuidade à anterior. A lei mosaica precisava de uma reciclagem, digamos,
tendo em vista que os tempos do Messias chegaram. Daí suas palavras no
capítulo anterior, onde por cinco vezes antagonizou-se diretamente com os
princípios da Lei, ainda que se apresentando como aquele que não veio destruíla,
mas, sim, cumpri-la.
Agora, ele aborda um outro problema. O judeu, cumpridor da lei, não se
satisfazia em sê-lo, em seu íntimo e em sua privacidade. Ele queria que todo
mundo soubesse de seu zelo e obediência. Assim, ele inicia o texto de hoje com
uma palavra que deve ter “batido” fundo nos fariseus hipócritas que o ouviam:
“Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens,
para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa
junto de vosso Pai, que está nos céus.” Mt 6.1
E, daí por diante, ele vai abordar a questão das esmolas, da oração e do
jejum, três práticas muito caras ao povo judeu, podendo ser todas elas vistas
como “as boas obras” do versículo acima, em que introduz o assunto. O problema
é que a elite do povo de Deus se dedicava a tais obras, mas muito deles, apenas
por orgulho ou vaidade pessoal. Não havia verdadeiro fervor, interesse pelos
carentes, amor pelos necessitados, mas, sim, o desejo de serem “reconhecidos”
pelos seus pares. Isto deve servir de advertência para nós. Muitas vezes, no
mundo de hoje, podemos estar sendo levados a proceder desta forma: contribuir,
ajudar e orar, apenas porque todo mundo faz e vai ficar mal que eu não o faça.
O Senhor examina o coração, e por isso, sabe sempre que foi a “viúva pobre”
que deu a maior e melhor oferta, não porque deu tudo quanto tinha, apenas,
mas porque deu de coração.
Senhor,
faze-me contribuir, ajudar
e orar, com verdadeiro espírito
de dedicação e não por
simples ostentação.