Apocalipse 3.1-6: O NOME QUE NÃO SE APAGA

O NOME QUE NÃO SE APAGA

Apocalipse 3.1-6

Preparado para ser pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 20.1.2002 (noite)

INTRODUÇÃO
O que seria da civilização, se todos os humanos fossem cristãos? Ou melhor: o que seria da civilização, se todos os cristãos fossem realmente cristãos?
Vivemos uma crise de quantidade de cristãos. Numa população mundial de 6 bilhões, apenas 2 bilhões são cristãos. Vivemos uma crise de qualidade de cristãos, porque, desses 2 bilhões, quantos são realmente cristãos? A crise é antiga, ao ponto de, nesta carta à igreja em Sardes, Jesus lamentar que muitos (a maioria) cristãos tinham nomes de cristãos vivos, mas eram cristãos mortos.

AS MARCAS DOS VENCEDORES
As promessas contidas nesta carta são, como todas as outras seis, para o futuro e também para o presente.

1. Na perspectiva de Jesus, vencedor é quem lembra do presente que recebeu, a salvação pela graça (verso 3). Vencedor não é o crente oscilante, num dia entusiasmado com o poder de Deus e no outro, desanimado, como se nunca tivesse sido resgatado do poder do medo.
Talvez o maior problema dos cristãos, que faz com que muitos fiquem de fora da galeria dos íntegros, seja a falta de memória. Os cristãos nos esquecemos rapidamente da cruz e da ressurreição, vivendo como se Cristo não tivesse aspergido seu sangue para nos purificar e não tivesse emergido da morte para nos fortalecer.
O vencedor é descrito como aquele que se lembra do Evangelho que recebeu, por ouvir o seu anúncio pela boca de alguém um dia, deixando de seguir a voz do ladrão, para se orientar e ser plenificado pela Palavra de Cristo. A promessa está na forma de uma advertência: Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti (verso 4).
Está você vivendo espiritualmente de modo miserável? Lembre-se da graça salvadora que recebeu. Lembre-se de como o poder do Evangelho de Jesus mudou a sua vida. Reavive a sua memória e peça a Deus para ajudar você a retomar aquela experiência. Pode ser que as decepções com os homens o tenham afastado você daquele em Quem não há decepção, nem variação. Jesus não pode ser novamente crucificado. Ele já o foi, para libertar você de uma vez por todas e para sempre das garras da amargura, da tristeza e da decepção. Volte a olhar para Jesus. Não olhe para você mesmo, porque em você não há virtude alguma capaz de levantar a sua vida. Volte a olha para Cristo. Não olhe para o seu pastor ou seu irmão ou seu familiar, porque neles não há virtudes capazes de salvar você.
Não permita que o Evangelho se perca na sua vida, porque o Evangelho é o poder de Deus para todo aquele que crê. Você pertence ao rol dos que crêem. Você tem o poder de Deus para viver, aqui e agora também. Por que esperar apenas no futuro? Deus é poderoso agora.
Não foi esta verdade que mudou sua vida? Deixe-se mudar por ela ainda hoje.
Talvez você esteja dominado, não pela amargura, mas pelo pecado, na forma do vício. Você sabe que seu corpo é um templo do Espírito Santo, mas você tem permitido que nele habitem tantos espíritos, que já nem sabe que comodozinho reservou para o Espírito Santo. Peça a Deus para purificar você, do vício, do ódio, do medo, da escravidão ao instinto, da submissão aos desejos. Peça a Deus para que o Espírito volte a habitar todos os compartimentos da sua casa. Tome o Espírito e guie-o pela sua casa. Entregue-lhe cada área da sua vida e diga: reina aqui, Senhor.

2. Vencedor é quem anda com Jesus (verso 4).
Estamos acostumados a reconhecer que em nós não habita bem nenhum, mas Jesus aqui afirma que somos dignos. Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas (verso 4).
Na verdade, somos tornados dignos, isto é, purificados, justificados, santificados. Dignos são aqueles que permitiram que o Cordeiro lave as suas vestes no sangue. Como resultado desta operação, essas vestes ficaram brancas e não vermelhas. Usam, portanto, roupas brancas aqueles que foram purificados por Jesus, a partir da experiência que a Bíblia chama de “novo nascimento”.
Por ocasião da ressurreição de Jesus, os anjos em missão vestiam branco (Marcos 16.5, João 20.12, Atos 1.10), como a indicar que esta será a cor de nossas vestes no céu (Apocalipse 6.11). Trata-se de um símbolo-promessa. O trono de Deus também é branco (Apocalipse 20.11).
Estas vestes são uma dádiva de Deus. Em outras palavras, não é o cristão que se purifica a si mesmo, mas, antes, é purificado por Jesus e recebe dEle as roupas.
Somos, então, dignos porque somos dignificados por Cristo. Somos também dignos quando andamos com Ele. E aqui voltamos ao problema da falta de qualidade dos cristãos: não queremos andar com Jesus.
Queremos que Ele ande conosco, abençoando-nos. Mas não queremos andar com Ele, temerosos que peça para fazer o que não queremos fazer, para ir onde não queremos ir, para pensar o que não queremos pensar. No fundo, achamos que podemos seguir a nós mesmos, não a Jesus.
Queremos ser como uma árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto. Queremos que nossa folhagem não murche e queremos ser bem-sucedidos em tudo o que fazemos (Salmo 1.3). Queremos que Jesus conheça o nosso caminho, porque não nos achamos ímpios (Salmo 1.6).
No entanto, será que o nosso prazer tem sido a lei do Senhor? Temos vivido segundo as suas instruções de dia e noite (Salmo 1.2)? Temos recusado o conselho dos ímpios? Temos ficado longe do caminho dos pecadores? Temos mantido distância da roda dos encarnecedores (Salmo 1.1)? Ou quando estamos com os ímpios, ninguém nos reconhece como cristãos, ninguém vê Jesus andando conosco?
Em Sardes, havia alguns que não tinham contaminado as suas vestes, que continuam brancas. Qual tem sido a cor de nossas roupas?

3. Vencedor é quem tem certeza da sua salvação (verso 5). Conhecedor da alma humana (não esteve Eli aqui conosco?), Jesus Cristo sabia que os cristãos acabariam convivendo com a dúvida: será que eu sou realmente salvo?
Nosso Senhor usa, então, uma imagem capaz de fazer cessar toda a dúvida:  De modo nenhum apagarei o nome [do vencedor] do Livro da Vida. Segundo esta imagem, Deus escreve o nome do salvo num grande rol, com bilhões de páginas, suficientes para caber o meu nome, o seu nome. Depois de escrito ali o meu nome, o seu nome, este registro não será mais apagado.
Ao longo da história, têm surgido doutrinas acerca da salvação que não fazem justiça ao modo de Deus agir. Ninguém duvida que Deus, por meio de Jesus Cristo, salva aqueles que se arrependem dos seus pecados e confessam a Jesus como Senhor. No entanto, algumas pessoas têm ensinado que a condição de salvo pode ser perdida, o que significa que, em algum momento, o nome pode ser apagado do Livro da Vida.
A propósito, esta expressão aparece sete vezes na Bíblia, uma pela pena de Paulo e as demais neste livro de Apocalipse. Paulo reconhece que os salvos têm seus nomes nele registrados (Filipenses 4.3). No livro da Revelação, há outras afirmações sobre este Livro, pertencente ao Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13.8). O céu é descrito como o lugar onde jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro  da Vida do Cordeiro (Apocalipse 21.27). No julgamento final, o destino das pessoas será indicado segundo as listas do Livro da Vida (Apocalipse 20.12, 20:15). Quem tem seu nome será poupado do medo, comum aos outros seres humanos, quando o poder das trevas mostrar toda a sua força (Apocalipse 17.8).
Não tem sentido, pois, a idéia, por alguns ensinada, de que ninguém pode ter certeza da sua salvação, porque isto pertence a Deus, que nos vai julgar segundo as nossas obras. Você acha que Jesus apareceu a Paulo, numa operação especial, tirou-o do caminho de ódio por onde ia, salvou-o, para, depois, apagar seu nome do Livro da Vida? Achar que sim é ignorar o caráter de Deus. Como  nos ensina o próprio apóstolo, os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Romanos 11.29). Nós pertencemos ao rol dos salvos por Jesus Cristo para sempre.
Você pode ter certeza da sua salvação. Se você reconheceu um dia os seus pecados, aceitou o sacrifício de Jesus como feito em seu lugar, confessou que Jesus é o seu Senhor e deu um sentido novo à sua caminhada, você é um salvo. Pode ser que, com o correr do tempo, você tenha deixado de viver segundo a mensagem um dia recebida, pode ser que você tenha perdido a alegria poderosa desta salvação, mas você não a perdeu. Ninguém deletou seu nome do Livro da Vida.
Mesmo você, que ainda não é um cristão, pode ter certeza da salvação. Seja um cristão. O ensino da Palavra de Deus é bastante claro: reconheça que o modo como vive não é o jeito de Deus, aceite o sacrifício de Jesus por você e tenha apagada para sempre toda e qualquer dúvida. Pare de andar para todas as direções; ande apenas na direção de Cristo. Se você orar ao Senhor, pedindo para que Jesus seja o Salvador e Senhor da sua vida, Ele o será desde agora, e para sempre. Ele escreverá seu nome no Livro dos salvos.

CONCLUSÃO
Das imagens da Bíblia, talvez esta seja a mais bonita de todas, a de Jesus dizendo: confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos (verso 5).
Eu me imagino chegando diante do trono branco, eu vestido também de branco, como o meu Senhor (Daniel 7.9) para ouvir a chamada final. Então, chega a letra I. A emoção vai aumentando. Há muitos nomes antes do meu, mas então chega a minha vez e Jesus lê na lista do Livro da Vida e olha para mim e diz: “Israel Belo de Azevedo, entre”. Se eu não fosse um novo Israel, eu desmaiaria.

Posso terminar como comecei: o que seria da civilização se todos os humanos fossem cristãos? Ou melhor: o que seria da civilização de todos os cristãos fossem realmente cristãos, cristãos que confessam o nome de Jesus, cristãos que têm os seus nomes no Livro da Vida, nomes que são lidos por Jesus?