Marcos 10.13-16: JESUS NOS ENSINA A ENTRAR NO REINO DE DEUS

RETRATOS DE JESUS PELO QUE FEZ, 6: JESUS NOS ENSINA A ENTRAR NO REINO DE DEUS (MARCOS 10.13-16)
(Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 17.12.2006, manhã, culto 1)

[TEXTO BÍBLICO]
MARCOS 10.13-16
(13) E traziam-lhe meninos para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhos traziam. (14) Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes:
— Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. (15) Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.
(16) E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou.

Quantas vezes Jesus se indigna?
Explicitamente, encontrei duas vezes nos Evangelhos. A outra é em Marcos 3.5 (“E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: `Estende a tua mão’. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra.)
Nas duas situações, a indignação de Jesus teve o mesmo motivo: algumas pessoas, em nome da religião, queriam impedir que a Sua graça alcançasse outras pessoas.

1. A religião não precisa de guardas (verso 13)
Vemos, nesta narrativa, as crianças como elas sempre são: irreverentes, nunca andando mas sempre correndo, raramente silenciosas e quase sempre barulhentas.
Elas queriam chegar perto de Jesus. Queriam  tocar naquele corpo sobre o qual seus pais falavam. Queriam sentar no colo de Jesus.
Então, preocupados com Jesus, os guardas da religião (no caso, seus discípulos) se adiantaram. Não perguntaram se Jesus queria tocar as crianças ou se elas estavam atrapalhando com sua correria e seu vozerio. Os discípulos decidiram pelo Mestre.
As crianças irritam os guardas da religião. Quando Jesus chegou a Jerusalém, as crianças cantavam em sua homenagem algumas “hosanas ao filho de Davi” (Mateus 21.15-16). Os guardas da religião ficaram indignados com Jesus porque não repreendida aquelas irreverentes crianças.
Os pais daquelas crianças só queriam que Jesus as tocasse, como forma de as abençoar. Os guardas da religião queriam manter a ordem, para reter a graça.
Não precisamos de guardas da graça, mas de anunciadores da graça

2. Precisamos abençoar nossas crianças (verso 16)
Jesus, então, se indigna com os guardas da religião, porque Ele queria abençoar as crianças, como eram: barulhentas, inquietas, alegres.
Ele, então, repreende os discípulos.
Que nenhum de nós mereça esta repreensão.
Ao contrário, que cada um de nós, e, por extensão, a nossa igreja, se empenhe em abençoar as crianças.
A igreja tem uma tarefa educacional de grande significado para a vida das crianças, para a vida das famílias, para a vida do nosso país. Esta tarefa se torna ainda mais responsável por causa das crises das famílias e da erosão dos valores em nossa sociedade. Precisamos educar as crianças do Brasil que nos chegam.
Para tanto, precisamos entender que a educação das crianças deve ser feita com o máximo esmero, com todos os recursos que dispusermos. Nada do que gastarmos com nossas crianças será desperdício.
Falo de recursos físicos, recursos financeiros e recursos humanos.
Precisamos de mais voluntários.
Precisamos de pessoas que se interessem pelo ministério com crianças.
Se você nunca foi, vá ao berçário, veja outros setores, participe de um culto preparado para eles.

3. Precisamos concordar com Jesus que o Reino de Deus é das crianças (verso 14).
Ao fazer tal afirmação, Jesus nos recorda três verdades:
3.1. São as crianças que vão proclamar a graça no futuro, quando os mais velhos que elas se forem. São elas que vão gastar mais tempo nesta tarefa.
3.2. São as crianças que vão poder fruir mais tempo do poder de Deus em suas vidas. Que privilégio têm aquelas pessoas que desde cedo crescem no conhecimento e na experiência da graça de Deus.
3.3. São as crianças que, com o caráter educado pela graça, poderão moldar o coração do mundo.

4. Precisamos receber o Reino de  Deus como as crianças o recebem (verso 15).
Devemos receber o Reino com as crianças recebem seu Pai quando chegam em casa, quando estão com eles onde quer que seja.
4.1. ALEGRIA — Enquanto preparava esta mensagem, tive que parar e ir a uma agência bancária. Todos na fila faziam cara de aborrecidos. À minha frente, uma menina brincava com o seu pai. O que importava para ela: que ela estava com o seu pai.
Então, me lembrei da frase de Jesus: devemos receber o Reino de Deus como uma criança se alegra com o seu pai. O Reino de Deus é para ser recebido com alegria. É presente e como tal deve ser experienciado.

4.2. DEPENDÊNCIA — Como as crianças, devemos saber que somos impotentes diante dos desafios maiores da vida. Crianças são impotentes, no sentido que precisam do cuidado dos seus pais. Encontro-me diariamente com crianças levadas por suas mães (e às, vezes, pais), para a escola. Umas vão no colo; outras vão a pé. Não sabem ir sozinhos; precisam dos seus pais. Um dia destes, uma mãe empurrava, cansada e suada, um carrinho de nenê ladeira acima. Protegido do sol e livre do esforço, o menino fruía a vida, graças à sua mãe  que fazia toda a força que ele não precisava fazer. Vivem na dependência dos pais, sem que isto lhes tire a dignidade. Como crianças, devemos viver na dependência de Deus. Precisamos aprender a deixar Deus empurrar o nosso carrinho de criança.

4.3. CONFIANÇA — Meu pai nunca me ensinou a andar de bicicleta. Talvez não o soubesse. Outros tentaram, mas eu só confiava no meu pai. É por isto que um pai não pode decepcionar um filho; é uma marca que fica para sempre. Os  filhos confiam nos seus pais. Esta é a confiança do Reino de Deus. É com a confiança de uma criança que precisamos olhar para o nosso Pai celestial. Perdemos a inocência, mas só com a inocência entramos no Reino.
O que Jesus nos está dizendo é que não entramos no Reino de Deus sendo amargos, mas confiando que Deus vai reescrever a nossa história, apagando as mágoas, cobrindo as feridas. Criança se fere, mas esquece e volta a viver; numa mesma brincadeira, ela chora e depois volta a sorrir.
Não entramos no Reino de Deus críticos de tudo, dos outros ou de nós mesmos; a graça não passa pelo crivo de nossa crítica racional, porque é totalmente ilógica e o é, para e por ser graça.
Não entramos no Reino de Deus confiando em nós mesmos. A confiança em nós mesmos abre as portas para o reino do eu, nunca para o Reino de Deus, que estão abertas e por ela entramos com a atitude de quem confia no Pai, Senhor do Reino.