1 | GUARDAS
Numa manhã de domingo, em Jerusalém,
Um túmulo precisava ser guardado muito bem.
Diante dele ficou, por isso, desde a sexta-feira escura, O grupo de guardas destacado.
Tinham que fazer tarefa, mesmo estranha e obscura. Ainda quando claro o dia não tinha ficado
Eles viram pedras rolando,
Especialmente a que tinha o sepulcro lacrado, Arrastadas todas por um anjo todo iluminado.
Eles ficaram apavorados.
Fingiram-se de mortos, com medo de serem atacados. Fizeram como foram treinados.
Quando a calmaria voltou,
Retornaram ao centro da cidade para o seu relatório. Ficaram transtornados os donos da religião,
Quando fizeram o seu interrogatório.
Aqueles fatos não podiam ser relatados.
Eles não acreditavam em ressurreição.
Se os fatos fossem divulgados,
O Mestre morto tinha razão:
Era mesmo o Messias há tanto esperado.
A verdade tinha que ser escondida.
Inventaram uma explicação,
Que combinaram com os guardas mediante corrupção: O corpo do Mestre por tantos amado
Tinha sido roubado.
Ele não tinha ressuscitado.
(Mateus 28.2-4 e 11-15)
2 | TRÊS MULHERES
Terminado o sábado e podendo trabalhar, Três mulheres de Jerusalém Entraram rápido em ação. Eram três mulheres de fé: Maria Madalena, Maria, cujos filhos se chamavam Tiago e José, e Salomé. Compraram perfumes e guardaram em casa, Para depois perfumar o corpo do seu Mestre querido. No dia seguinte, ainda de madrugada, Nas mãos apenas os perfumes levavam Foram ao túmulo que o corpo de Jesus guardava, Para o túmulo que uma pedra guardava. Chegaram, dolorosamente emocionadas. Não estava lá a pedra. Não estava lá o corpo. Estava lá um anjo, Não quem queriam encontrar. Tinham outro corpo, corpo vivo, De um jovem bem vestido, Sentado onde Jesus devia estar. “Jesus não está aqui. Podem olhar”. Elas saíram correndo, Cheias de medo, Sem palavras para falar, Mas sabendo: Jesus tinha ressuscitado. (Marcos 16.1-8)
3 | DUAS MULHERES
As duas Marias, uma delas Madalena, Cuja vida passou a valer a pena, Sabiam onde o corpo repousava. Um pouco antes, já tinham ido lá, Sem nada notar. Foram lá, naquelas horas ainda escuras jamais esquecidas. A pedra que o túmulo protegia Onde devia estar não estava. Ali estavam e tinham que entrar, Para saber o que encontrariam. Entraram, mas ele ali não se encontrava. Não estava lá aquele que transformara suas vidas. Entraram, o dia clareado, E seus olhos, que nada entendiam, Viram que ninguém estava ali sepultado. Saíram correndo as duas, aturdidas, Sem saber se riam ou choravam, Se protestavam ou acreditavam. O Mestre, então, com o sorriso que não o deixava, Com cuidado, para não as assustar, Disse palavras que revelavam toda a verdade: “Irmãs, não é hora de medo, mas de alegria. Contem o que viram aos meus outros irmãos. Voltem para a nossa terra Onde estarei à sua espera”. Só então entenderam a realidade: Jesus tinha ressuscitado. (Mateus 28.1-10)
4 | UMA MULHER
Muitas voltas deu a sua vida, Toda mergulhada Em manhãs, tardes e noites revoltas Pela confusão que Satanás determinava, Até que encontrou o amor na forma de uma pessoa nascida em Nazaré E a ele dedicou toda a sua fé, Empenhou-lhe seu coração. A tristeza lhe voltou com a força poderosa da decepção: Seu Salvador morreu. Em meio a lágrimas e sangues ele muito sofreu, Pregado numa cruz Que não mereceu. Agora, homenageá-lo era o que a ela restava. E lá foi, ao túmulo, no domingo ainda de pouca luz, Com seus cremes bem perfumados Desde a sexta-feira preparados. Só que ele lá não estava. Ela voltou assustada: “Levaram nosso Mestre. Ninguém sabe para onde”. Pedro e João foram conferir: Os lençóis que envolveram seu corpo estava lá, O lenço que escondeu seu rosto estava lá, Mas Jesus não estava lá. Jesus tinha ressuscitado. Madalena ficou lá: Não tinha para onde ir. Entrou de novo no túmulo onde Jesus devia estar. O que viu foram dois anjos com palavras para a consolar. O que ouviu foi um barulho de pés entrando suavemente, Uma voz aveludada perguntando como se fosse despertar a manhã: “Procurando alguém, irmã”. “Sim, o homem que mudou a minha vida completamente. Sabe onde ele foi parar? Quero pegá-lo para de novo o sepultar”. O homem apenas sussurrou o nome dela: “Maria!” Ela logo reconheceu quem era E, em meio a prantos de felicidade, uma palavra gritou, Uma palavra que ainda hoje gritam de felicidade os corações por ele transformados: “Raboni”. E a conversa entre os dois continuou. E a vida dela continuou. Jesus ressuscitou. Nossa vida aqui vai feliz continuar, Até que ele venha nos ressuscitar. (Marcos 16.9-11) (Lucas 24.1-12) (João 20.1-18)
Israel Belo de Azevedo