Se até os fios de cabelo da nossa cabeça estão contados…
Lucas 12.4-10
(4) Eu lhes digo, meus amigos: Não tenham medo dos que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. (5) Mas eu lhes mostrarei a quem vocês devem temer: temam aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar no inferno. Sim, eu lhes digo, esse vocês devem temer.
(6) Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum deles é esquecido por Deus.
(7) Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados.
Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais!
(8) Eu lhes digo: Quem me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. (9) Mas aquele que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. (10) Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado.
BREVE EXPOSIÇÃO
Os discípulos de Jesus estavam sob pressão dos fariseus, que os acusavam de seguir um mestre que não seguia os rituais de purificação e, absurdamente, se apresentava como filho de Deus. Para os fariseus, Jesus blasfemava do nome de Deus, devendo ser morto (conforme a lei — Levítico 14.16: “quem blasfemar o nome do Senhor terá que ser executado. A comunidade toda o apedrejará. Seja estrangeiro, seja natural da terra, se blasfemar o Nome, terá que ser morto”). Seus discípulos mereciam a mesma pena. É por isto que estavam com tanto medo.
Jesus lhes dirige doces palavras, dizendo que não deviam temer a ninguém, senão a Deus.
Só que o Deus de Jesus cuida daqueles que O buscam.
Para demonstrar isto, Jesus usa duas imagens.
A primeira é a dos pardais (ou passarinhos), que não são esquecidos por Deus. Os passarinhos eram usados pelas famílias pobres em seus sacrifícios. No caso dos leprosos, o sacrifício era feito com dois passarinhos (Levítico 14.4). Estes passarinhos custavam quase nada, porque duas moedinhas (ou dois asses) que equivalem a dois reais.
A segunda imagem é a dos cabelos da cabeça, que estão contados.
Essa imagem é antiga. Salomão promete o seguinte, referindo-se ao seu irmão Adonias: “Se ele se mostrar confiável, não cairá nem um só fio de cabelo da sua cabeça; mas se nele se descobrir alguma maldade, ele morrerá” (1Reis 1.52). Um milênio depois, o apóstolo Paulo encoraja a companheiros de viagem: “Nenhum de vocês perderá um fio de cabelo sequer”. (Atos 27.34).
As referências têm a ver com detalhes, uma vez que há até 150 mil fios de cabelo na cabeça de uma pessoa adulta. Nos dois casos a promessa era uma espécie de garantia de que nada de mal aconteceria a estas pessoas.
Jesus lança mão desta imagem, outra vez utilizada por ele em Lucas 21.18, quando promete aos mesmos discípulos que, sem a permissão de Deus: “nenhum fio de cabelo da cabeça de vocês se perderá”.
Deus se preocupa com os fios dos cabelos. Deus se preocupa com os passarinhos. Aqueles que amam a Deus têm mais valor que pardais e fios de cabelo.
Jesus prossegue, recomendando tranqüilidade aos seus discípulos, que seriam lembrados ao Pai, já que tinham crido nEle como Salvador e Senhor. Nada precisavam temer. Eles escolheram trilhar o melhor caminho.
Para os consolar, Jesus lhes recomenda que permanecessem firmes. Se pecassem, seriam perdoados. Sim, Deus perdoa a todos os pecados, exceto aquele cometido contra o Espírito Santo. Pecar contra o Espírito Santo é rejeitar sistematicamente até o fim da vida a ação do Espírito Santo, que convence o homem do seu pecado e da sua necessidade de Jesus Cristo para a salvação.
DE QUE TEMOS MEDO?
Os discípulos de Jesus estavam com medo. A pressão era grande por serem seguidores de Jesus.
De que temos medo?
O VALOR DE UMA PESSOA
Por que podemos não ter medo?
A PRIMEIRA resposta é: por causa do valor que temos para Deus.
Ouçamos Jesus de novo, perguntando e respondendo: “Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum deles é esquecido por Deus”. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais!” (versos 6-7)
Os passarinhos são aves muito frágeis. Alguns vivem em gaiolas. Outros vivem nas florestas. Outros vivem nas cidades, equilibrando-se nos fios elétricos.
Às vezes, nem os notamos.
Deus, contudo, os nota. Esta é a mensagem de Jesus.
Deus os nota porque também os ama. Deus também nos nota porque nos ama.
Se Deus se preocupa com passarinhos, imagine conosco.
Os passarinhos não sabem que são amados, mas nós sabemos.
Nem os pequenos pássaros usados como oferta na purificação dos leprosos são esquecidos por Deus.
É clara a intenção de Jesus. Ele sabe que há pessoas que se acham tão sem valor quantos os passarinhos. Por isto, diz que Deus se preocupa com os passarinhos.
Nós valemos mais do que muitos passarinhos.
Jesus quer que seus discípulos saibam que Deus se interessa por eles.
O AMOR DE DEUS
Por que podemos não ter medo?
A primeira resposta é: por causa do valor que temos para Deus.
A SEGUNDA resposta é que não há ninguém maior que o Deus que nos ama.
Ouçamos Jesus falar:
“Eu lhes digo, meus amigos: Não tenham medo dos que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. Mas eu lhes mostrarei a quem vocês devem temer: temam aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar no inferno. Sim, eu lhes digo, esse vocês devem temer” (versos 4-5).
Nossa atitude perante a vida deve ser um espelho de nossa atitude diante da morte.
O que pior nos pode acontecer?
O máximo que pode nos acontecer é a morte. Não cremos, como o apóstolo Paulo, que viver e morrer têm o mesmo peso (Filipenses 1.2)?
Nosso corpo pode ser levado por um inimigo, que nos torture e até nos mate, mas nenhum amigo tem poder sobre a nossa vida, que é eterna.
Nosso corpo pode ser levado por uma doença, mas a doença não leva a nossa vida, que é eterna.
Nosso corpo pode ser levado por um acidente, mas nenhum acidente nos leva a vida, que é eterna.
Não precisamos ter medo de ninguém e de nada. Só de Deus.
A frase de Jesus merece um pouco mais de atenção. Diz ele a seus discípulos: “temam aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar no inferno” (verso 5).
Este “aquele” é Deus, o Senhor da vida, o Senhor da morte. Tudo o que acontece com o nosso corpo está sob o seu controle. Nossa história está sob a sua direção. Deus dita o presente e o futuro.
Nosso corpo pode ser tirado, enquanto Deus preserva a nossa vida. Ele tem poder para nos condenar à morte eterna (inferno, privação da presença de Deus). E o que Ele faz? Ele nos oferece Jesus, seu Filho, para morrer em nosso lugar. Ele nos convida a tornar Jesus o Salvador de nossas vidas. Ele nos oferece a vida.
O que Jesus diz é: se é para ter medo, tenha medo de Deus, cujo poder é imenso.
Só que Deus nos chama de “amigos”. É assim que nos considera.
Jesus mesmo dá uma demonstração de seu amor quando chama a seus discípulos de amigos. (Verso 4: “Eu lhes digo, meus amigos”) A mesma idéia aparece explicada em João 15.15: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido”.
Este amigo nos convida para sermos seus amigos.
UM PROGRAMA
Jesus nos diz como esta amizade começa:
“Eu lhes digo: Quem me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas aquele que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado” (versos 8-10).
Estes três versos são paralelos. Querem dizer a mesma verdade. Trazem o mesmo convite: confessem que Jesus é o Filho de Deus.
Talvez o verso 10 traga alguma perplexidade. Não devemos nos assustar: blasfemar contra o Espírito Santo é recusar o que o Espírito Santo faz, que é convencer uma pessoa do seu pecado.
Sem este convencimento, não nos arrependemos. Não nos arrependendo, não somos salvos
O caminho natural é não aceitar a obra de Jesus na cruz. Aquele, no entanto, que se deixa convencer pelo Espírito Santo não blasfema, não torna inútil sua obra.
Este entendimento tira qualquer sentido no sentimento que, às vezes, ocorre com alguns cristãos: será que sou mesmo salvo por Jesus Cristo? será que não blasfemei contra o Espírito Santo? Um cristão não blasfema contra o Espírito Santo jamais. Ele já aceitou a Jesus, aceitando assim a obra do Espírito Santo em sua vida. Não tem como mais blasfemar contra o Espírito Santo, que é recusar sistematicamente a ação do Espírito Santo na salvação.
Portanto, não importa quem você seja, basta confessar a Jesus como Senhor para ser amigo de Deus.
Há esperança para quem confessa (declara, admite, proclama) que Jesus é o seu Salvador.
O pior assassino se torna amigo de Deus quando declara que Jesus é o seu Senhor.
O ateu confesso se torna amigo de Deus quando admite que Jesus é o Filho de Deus.
O perseguidor de Cristo e dos cristãos se torna amigo de Deus quando proclama que Jesus é o enviado de Deus para a salvação de todos os que crêem.
Há perdão para todos.
Confessar a Jesus é um verbo para ser conjunto pela vida inteira de um cristão.
Para um cristão, confessar a Jesus é se identificar como cristão. Pedro é um belo exemplo. Ele, por medo, não quis ser identificado como amigo de Jesus. Pedro foi restaurado e todo aquele que se arrepende e volta a confessar a Jesus como Senhor é também restaurado.
Não importa como você esteja se sentindo, se você já confessou a Jesus como Senhor, foi capaz de uma ousadia e seu nome já foi anotado no céu.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO