Abertura do coração

altDilata o meu coração, Senhor,
para amar mais a mim mesmo como o corpo da tua vida,
para amar os meus irmãos como poemas dos teus dedos, 
para amar a terra — brilho da tua glória — que me deste para cuidar;

para ouvir tua canção de amor aos meus ouvidos
cansados de saber — muitas vezes acreditando — que sou apenas
um predestinado a cumprir as metas dos outros,
vencidos de escutar que tenho de bater
toda vez que apanhar, ou mesmo antes;

para buscar meu irmão que um dia cantou na minha roda,
para me importar com meu irmão que só conheço pela triste foto do jornal,
para trabalhar com meu irmão, mesmo que me veja melhor do que ele,
para cantar abraçado com meu irmão as fugazes canções que antecipam a eternidade,
para me deixar ser ajudado pelo conselho do meu irmão.

Senhor, se não dilatares este meu coração,
ele se bastará,
ele se encolherá,
ele endurecerá.

Se o Senhor dilatar o meu coração,
o Teu amor me bastará
(sim, que mais quererei?),
ele se fortalecera,
ele receberá a alegria como hóspede permanente,
ele seguira o ritmo do teu

para caber mais de ti,

para te amar mais.

Embora o Senhor não precise do meu amor, eu preciso

para ser feliz como uma criança
passeando um dia, solta nos largos ombros do pai,
no outro repousando no dilatado peito da mamãe.