Jeremias 18.1-10: NAS MÃOS DO OLEIRO

NAS MÃOS DO OLEIRO
Jeremias 18.1-10
Pregado na IB Itacuruçá, em 22.2.2003

A Bíblia está cheia de parábolas (comparações), que são histórias (reais ou imaginárias) contadas para nos despertar para verdades profundas. Uma delas é a parábola do oleiro e do vaso. Deus usa ilustrações para nos orientar.

A síntese das verdades deste texto é bastante clara:
1. Somos obras das mãos do Oleiro Eterno (verso 3).
2. Por causa do pecado que entrou no mundo a partir de Adão, somos frágeis e podemos ser quebrados (verso 4a)
3. Nós podemos ser refeitos por Deus (verso 4b),

Tomemos verdade por verdade.

1. UM DEUS QUE CRIA E SE INTERESSA
Você não é obra do acaso, mas fruto da produção criadora de Deus. Porque Ele o criou, Ele quer você sempre inteiro.
Há muitas diferenças entre o Oleiro, que é Deus, e o barro, que somos nós.
A primeira é que Ele pode criar as coisas do nada, enquanto nós não podemos. Nossa criatividade é sempre dependente de uma obra anterior.
A segunda é que Ele tem um absoluto interesse nas coisas humanas, enquanto os humanos temos um relativo interesse pelas coisas divinas, bem como escasso interesse pelas coisas dos outros humanos.
Esta história mostra que Ele tem interesse até pelo processo de fabricação de vasos.

2. A VIDA PODE NOS QUEBRAR
Na vida passamos por muitos momentos difíceis, em que nos sentimos quebrados, frangalhados, estraçalhados. Pode ser o desemprego, a separação conjugal, o encerramento de um curso, um mergulho no deserto emocional por razão conhecida ou desconhecida.
Quando isto acontece, nós nos sentimos como o próprio vaso quebrado nesta história. Então, tentamos nos consertar a nós mesmos, até descobrirmos que não podemos. Esta percepção é o começo da mudança.

Se formos mais adianta na história, verificaremos que, além desta perspectiva, há uma outra. O vaso quebrado representa o pecado humano.  O pecado nos derruba das mãos de Deus. O pecado é um gesto consciente do ser humano para caminhar em outra direção que não as mãos do seu Criador.
Se as dificuldades são um desafio, o pecado é um desafio ainda maior. Demoramos em tomar consciência dele. Muitas vezes, gostamos de pecar.
Eu vou usar a lista do apóstolo Paulo, em Gálatas 5.19-21

Todo carnaval o governo federal sai com um anúncio mais ou menos assim: “seja inteligente: use a camisinha”. Este é o valor predominante, mas o valor cristão é: “seja santo: sexo seguro é sexo santo e sexo santo é só no casamento”.
Quem sabe você não tem usado seu corpo em relações sexuais fora do propósito de Deus. Quem sabe sua boca tem sido ultimamente um verdadeiro terremoto com lavas de imoralidade e obscenidade. Quem sabe você tem ocupado sua mente com pornografia impressa ou virtual.
Podemos inventar nomes para estas obras da carne, mas o apóstolo Paulo os chama como são: prostituição, impureza, lascívia (verso 19b)

Quem sabe você crê em Jesus, mas faz uma fé em santos do passado. O apóstolo Paulo chama a isto de idolatria (verso 20a).
Quem sabe você freqüenta igrejas evangélicas aos domingos, mas durante a semana procura um centro ou um terreiro em busca de soluções rápidas e fáceis. O apóstolo Paulo chama a isto de feitiçaria (verso 20b).

Quem sabe o seu pecado esteja no grupo maior, na lista de Paulo, formado por inimizades, porfias (brigas), ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções (verso 20).
Quem sabe seu pecado seja o da antipatia, paga ou gratuita, para com as pessoas, fechando sua cara para uns e abrindo para outros. Isto é pecado.
Quem sabe seu pecado seja o de brigar. A violência tem feito morada no seu coração e passou a ser o seu método. Sua frase predileta é: “comigo é assim”, entristecendo tremendamente o Espírito Santo. Quem sabe você já não saiu no braço com um desafeto, vindo depois culpar o seu temperamento.
Quem sabe seu pecado seja o do ciúme. Você não agüenta o sucesso do outro e tem feito tudo para se destacar ou prejudicar o outro. Isto é pecado, mesmo que feito em nome de Deus.
Quem sabe seu pecado seja o da ira. Quem sabe, você anda acalentando o ódio no seu coração, escondido atrás do fato de que sua raiva é justo, porque o outro mereceu. Acessos de raiva, mesmo que por motivos “justos”, continuam sendo obra da carne.
Quem sabe o seu pecado seja a discórdia, por causa da ambição egoísta. Quem sabe seu problema seja querer todos os holofotes para você.
Quem sabe o seu pecado seja o de semear a dissensão que estereotipa pessoas, separa pessoas, machuca pessoas. Quem sabe o seu pecado seja o prazer de pertencer a um grupo que exclui os outros ou se exclui dos outros, pensando-se mais puros, mais antigos, mais legítimos. Fico pensando que há pessoas que se comparam a animais, como se tivessem pedigree: são mais antigos na igreja, são mais capazes, são mais santos, são mais finos. Toda divisão tem um nome: pecado.
Quem sabe o seu erro seja a inveja. A inveja é pecado porque é um julgamento contra Deus: o invejoso parece dizer: Deus foi injusto comigo, porque deu mais (dons, recursos) ao outro do que a mim.

Quem sabe o seu problema seja o vício contra o seu corpo. Quem sabe seu corpo anda armazenando nicotina ou alguma outra droga, como o álcool ou outras poções químicas igualmente pesadas.

Se você está neste desvio, você é um vaso quebrado. E enquanto viver assim, diz o apóstolo, não herdará o reino de Deus (verso 21b). Não há meio-termo.
Você precisa se consertar com Deus e deixar que Ele refaça você.

Se você anda emocionalmente quebrado, saiba que Deus quer fortalecer a sua vida.
Se você anda quebrado pelo pecado, saiba que Deus quer consertar a sua vida.
Podemos ser moldados por nós mesmos, pelas circunstâncias, ou pelo Oleiro Eterno.

Deixe-se tocar por Deus. Ele tomará você, não importa em quantos pedaços esteja, e fará um vaso novo. Você não faz isto sozinho, mas Deus faz, porque Ele o criou, se você deixar que Ele tome você em Suas mãos.

3. UM DEUS QUE NOS REFAZ
Você precisa saber que Deus é um oleiro paciente.
Quando nos colocamos na mão do Oleiro, Ele não nos joga fora, mas nos aperfeiçoa.
Deus continua trabalhando conosco.
Ele nos dá novas chances, como deu a Pedro (Lucas 22.61-62; João 21.15-19). Pedro mudou porque se deixou tocar pelo grande Oleiro. Aquele jeito covarde foi transformado num jeito corajoso.
Deus quer fazer mudança na sua vida. Deus quer pôr de novo sua assinatura no vaso que Ele fez. (em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa — Efésios 1.13 13). Afinal, somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas (Efésios 1.10).
O barros nas mãos do Oleiro pode se tornar um objeto de grande beleza e utilidade.

CONVITE
Quero fazer um duplo convite:

Se você é um vaso que as circunstâncias da vida quebraram, deixe-se alcançar por Deus. Ele quer alcançar você, tomar você, moldar você, refazer você. O sucesso da obra depende de como o barro se deixa moldar pelo Oleiro.

Se você é um vaso que o pecado destruiu, deixe-se alcançar por Deus. Arrependa-se do seu pecado ou você profere desprezar a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que lhe conduz ao arrependimento? (Romanos 2.4)
Parece de brigar com Deus, porque ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua obra não tem alça. (Isaías 45.9)
Deus está chamando você ao arrependimento. (Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam (Romanos 2.4).
Deus tem absoluto poder sobre o barro, mas respeita o que querem ser moldados por Ele, deixando cada um com sua escolha.

(Muitas das idéias deste sermão foram tomadas de Jack Critchfield. The Potter and the Clay. Disponível em <http://www.geocities.com/soundchurch/clay.htm>. Acessado em 21.2.2003)