DAY USE

A rede hoteleira experimenta em nossos dias, no mundo inteiro, expansão e retomada do crescimento.

A indústria sem chaminé, como é conhecida a atividade hoteleira, no moderno economês, volta a alcançar números fantásticos.

O aumento da oferta de leitos e a notável modernidade, regada a imponentes e luxuosos hotéis, desde os modelos tradicionais aos resorts, têm encantado e feito a alegria dos mais exigentes viajantes a negócios ou lazer.

Sediados, em sua grande maioria, no hemisfério Norte, com alguma pouca presença no Sul, eles estão em franca expansão também nos Emirados Árabes, com suas construções de belezas estonteantes, instalando verdadeiros arranha céus, cujas seletivas diárias, atingem algo em torno de US 3,000 (três mil dólares), uma verdadeira pechincha, para quem tem.

Desde a conhecida hospedaria, de que trata a parábola de Jesus, do bom samaritanoLucas 10:25-37, aos majestosos hotéis de nossos dias, muitas e melhores mudanças ocorreram.

Da incorporação de plena tecnologia, ao cuidado alimentar, segurança e, principalmente a comodidade, praticidade, luxo e beleza, estão presentes, cada vez mais, nesses fantásticos hotéis.

Esse crescimento teve tênue retração no período em que a pandemia do coronavírus alcançava, no mundo, seu apogeu.

Utilizando uma vitoriosa experiência que muito ajudou na superação em épocas de crises passadas, a rede hoteleira, volta a usar a promoção conhecida como Day Use. 

É a oportunidade que o hóspede tem de utilizar, durante um dia, da estrutura do hotel, inclusive, podendo incluir as refeições.

Largamente utilizado em todo mundo, o Day Use, representa uma boa oportunidade para hóspedes, economizando, viverem os encantos e confortos de grandes e belos hotéis, à moda do antigo piquenique.

Enseja também, para a rede hoteleira, ver melhorar seus ganhos.

Afora essa modalidade de promoção, a rede hoteleira desenvolve outras promoções, sempre na visão que o ser humano tem predileção especial por desconto, especialmente, em nossos dias.

Há quem afirme que, nas mais das vezes, na compra tem sido mais importante o desconto e o baixo valor mensal das parcelas, do que mesmo a necessidade ou qualidade do produto.

Em paralelo à ideia de negócios e vantagens, há estudos que concluem pela existência de um evidente risco dos crentes, cada vez mais, em suas igrejas se tornarem seletivos como discípulos de Cristo.

Seletivos por ambientes onde afloram bons relacionamentos pessoais, conforto produzido pelas prédicas fundamentadas em conceitos modernos, não necessariamente firmados biblicamente e com boa música.

Esse cenário acrescido de espaços físicos dotados de beleza harmônica em temperaturas amenas, com frequentadores, de preferência em boas grifes e crianças em seus “cultinhos”.

A partir daí, estaríamos como crentes, caminhando sem perceber, para uma vida cristã ao estilo de verdadeiros “Day Use”

Isso ocorre quando o crente prioriza em sua vida apenas poucos e ocasionais momentos de experiências com Deus.

Ainda sobre Day Use, a ideia que parece crescente em nossa vida de crente hoje é a de um Deus utilitarista, ou seja, daquele que diariamente está sempre ao nosso serviço.

Um Deus que concede bens, saúde, restauração da família, vitórias permanentes, alegrias, bons empregos, filhos realizados e bons momentos de felicidade em viagens e lazer.

Ufa!

Que Deus é esse que só o procuramos para nos servir!

Penso que um dos maiores perigos dessa relação Day Use, com Deus, é a ideia de um evangelho privativo, voltado apenas para nós mesmos, diferente do que ensina Jesus. Além disso, convenhamos, vida cristã, não é piquenique.

Deus pode e quer nos abençoar, contudo, firmar uma relação com Ele, somente sobre essas expectativas, abandonando o espírito permanente de amor, adoração, louvor, alegria e servidão, creio, não me parece possível.

Viajava com veterano obreiro visitando campo missionário em região de nosso estado, com vastas áreas de plantio de bananas.

No final da tarde chegamos a pequeno sítio, de família de congregados daquele campo missionário, onde fomos carinhosamente recebidos.

A convite dos residentes nos dirigimos ao terreiro – como são conhecidos os grandes quintais dos sítios na região.

No terreiro, além das galinhas de capoeira e patos soltos, contemplamos a vastidão de bananeiras, a perder de vista.

Com o olhar distante e pensativo, disse o veterano missionário daquele local: “Às vezes, tenho que concordar com expressão de alguns moradores daqui que falam: “tem crente, que é como bananeira, só produz um único fruto (cacho) na vida inteira e, depois disso se acomoda.

Uma das características da bananeira daquela região é que ela produz apenas um cacho de bananas, sendo em seguida erradicada.

Convidados, entramos na casa e participamos de belo e saboroso jantar nordestino, com tapiocas, broas de milho, queijo coalho assado na brasa e, por fim, como sobremesa, um doce de banana em caldas. Benção!

Após o culto daquela noite, já na saída ainda em frente à Congregação, fomos presentados com um belo cacho de bananas.

No carro, seguindo para novos campos missionários, observando o cacho de bananas me perguntava: “Tenho sido um crente bananeira?”

Guardada as devidas proporções, sobre crente bananeira, no evangelho segundo Lucas 13:6-9, Jesus, a única esperança, em parábola, assim diz:”E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi procurar nela fruto, não o achando. E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não o acho; corta-a. Por que ela ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará; e, se não, depois a mandarás cortar.

A alegria e certeza da salvação eterna e as motivações que dela decorrem, impulsionam os crentes a viverem o cotidiano em devoção, amor a Deus, à sua palavra, e de serviços em amor ao próximo.

O que nos ensina e vive Jesus, é que precisamos colocar o reino de Deus em primeiro lugar, com atitudes e ações contínuas e, as demais coisas nos serão acrescentadas.

Mesmo cuidadosos com ativismos exacerbados, carecemos viver em ampla plenitude, o evangelho da graça, que recebemos na pessoa bendita de Jesus.

Tiago, divinamente inspirado, afirma que: “aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado. Tiago 4:17”

Sobre conhecer e fazer a vontade de Deus, e produzir ou não frutos, assim fala Jesus, conforme registro no evangelho segundo Mateus 7:16-20:” Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.

Creio, que o desejo de Jesus, é que sempre com simplicidade e fidelidade aos seus ensinamentos, o crente cumpra sua missão, vivendo e pregando o evangelho, de forma contínua, até o dia final.

É certo que a cada fim de ano, o calor das emoções, faz aumentar a temperatura de nossos corações. Ficamos, penso, mais susceptíveis a apelos, especialmente aqueles que envolvem aparentes ganhos ou gestos generosos.

Contudo, olhemos pelo lado bom desse sentimento que nos invade o coração.

Creio, ser essa uma das suas múltiplas formas, que exerce sobre as pessoas, as celebrações do Natal de Jesus.

Sobre vida cristã Jesus, nosso redentor, segue ensinando, conforme registro no evangelho segundo Lucas 9:23:” Em seguida dizia Jesus a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me”.

É comum que no estudo desse e de textos correlatos, prevaleça sempre a ideia de que a vida cristã, estando relacionada com cruz, significaria: sofrimento físico, anulação, ignominia, perda ou até derrota.

Penso que o ensino de Jesus vai muito além, pois Natal e Cruz, para o ser humano, tem tudo a ver.

Creio, data vênia dos doutos teólogos, que Jesus, crucificado e morto na cruz, ressignificou a história daquele madeiro e da relação da criatura com o Criador.

Na cruz, mantendo a agonia e dor, o mestre divino nos mostra superação, cumprimento de missão, redenção, salvação eterna e vitória.

Para o ser humano, a certeza de reencontro feliz e do acesso livre ao Criador.

A cruz também nos atrai e faz com que, negando-nos a nós mesmos, em novidade de vida, sigamos o autor e consumador de nossa fé.

Chancela a nossa salvação e vida eterna, com o timbre do sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Encontro nesse ensino de Jesus de Nazaré, de tomar a cruz, a ideia de vida do dia a dia, vida contínua e crescente no conhecer e fazer a vontade de Deus, jamais largando o arado.

Essa fora a experiência vitoriosa da igreja primitiva, conforme registrado em Atos 2:47: “louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”.

É como se as alegrias e o bom espírito do Natal se prolongassem durante o ano todo em nossas vidas.

Vejo na cruz que Jesus nos oferece, a oportunidade permanente de sermos iguais, nos perdoar e ofertar perdão e, em amor, estender as mãos da reconciliação.

Vida cristã é cotidiano, é assim que Jesus nos ensina, dia após dia…

Oh glória!

DC. LYNCOLN ARAÚJO

Alguns confiam em carros outros em cavalos, mas nós confiamos no nome do Senhor nosso Deus. Salmos 20:7