NECESSIDADES QUE DEUS SUPRE
Filipenses 4.19
2006
Uma das promessas mais extraordinárias da Palavra de Deus é esta, enunciada pelo apóstolo Paulo: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Filipenses 4.19).
Que promessa é esta, de que Deus supre todas as nossas necessidades?
Precisamos novamente perguntar: estamos diante de uma promessa condicional ou incondicional? Aplica-se sa ela a todos ou a alguns?
Em busca de uma resposta, precisamos ler o paragrafo todo, a partir do versículo 14:
“Apesar disso, vocês fizeram bem em participar de minhas tribulações. Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se refere a dar e receber, exceto vocês; pois, estando eu em Tessalônica, vocês me mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade. Não que eu esteja procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de vocês. Recebi tudo, e o que tenho é mais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. São uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus. O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Efésios 4.14-19).
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O CONTEXTO DA PROMESSA
Precisamos entender o contexto da inspirada promessa.
Os filipenses foram generosos com Paulo, quando esteve em dificuldades financeiras. O apóstolo usa uma linguagem bancária para ilustrar o que lhe fizeram seus irmãos: eles abriram uma conta para Paulo, de onde poderia sacar o que precisasse. Graças, então, aos filipenses, o apóstolo está agora suprido: não precisa de nenhuma oferta a mais. Seus irmãos tinham colocado em pratica o ensino de Jesus, segundo o qual é melhor oferecer do que receber (Atos 20.25).
Agradecido aos filipenses, Paulo não tinha nada para lhes dar em retribuição. Então, deu-lhes sua bênção, trazendo do coração de Deus, para eles e para nós, a seguinte promessa: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (verso 19).
Não podemos separar a promessa do seu contexto. “Esta é uma promessa para doadores. Não é uma promessa para não-doadores. Esta promessa é o que Deus faz em retribuição pelo gesto da entrega. Esta promessa não é um cheque em branco para toda a humanidade. Infelizmente, geralmente subtraímos a promessa do seu texto e a tomamos como um cheque em branco que podemos sacar quando estamos em necessidade. Não estamos diante da promessa de que Deus atenderá todas as necessidades humanas de todos os seres humanos, uma vez que Ele permite que o mundo expresse suas tendências, suas carências e seus desejos”, próprios da Queda. (STEDMAN, Ray C. To Be Content (Philippians 4:10-23). Disponível em <http://www.raystedman.org/philippians/2014.html>. Acessado em 3.3.2006.)
Estamos, portanto, diante de uma promessa condicional.
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OS TERMOS DA PROMESSA
Além do contexto, analisemos expressão por expressão para melhor nos apropriarmos desta promessa.
“MEU DEUS”.
O Deus da Bíblia é um Deus pessoal, embora não privatizável. Paulo fala a partir de sua experiência pessoal, de quem teve suas necessidades supridas por este Deus. Paulo não está só: a expressão aparece 136 vezes na Bíblia. No caso específico dos filipenses, eles agiram por causa da graça que os alcançara. Eles agindo era Deus agindo. É assim que devemos pensar em Deus: meu Deus, meu Senhor, meu Pai. Um Deus pessoal quer dizer um Deus que se relaciona. Podemos falar com Ele. Podemos ouvi-lO falar conosco. Podemos crer num Deus inefável, ou num Deus afável. Podemos crer num Deus distante, ou num Deus próximo. O Deus inefável e distante não pode fazer nada por nós. O Deus afável e próximo é o Deus que, de fato, existe, como revelado por Jesus Cristo. Há um único Deus, mas Ele se relaciona conosco individualmente, o que quer dizer que se revela a nós como nós somos, no lugar onde estamos, no modo como nos sentimos. Só precisamos estar atentos.
“SUPRIRÁ”.
Deus é ativo. Onde há uma necessidade, Ele entra em ação. Ele tira dos seus depósitos os dons que reparte. E seus depósitos são inesgotáveis.
É com o verbo “suprir” que Ele sustenta o universo. É com este verbo que Ele supre a cada um de nós. Suprir é encher de novo; é acrescentar o que falta. Deus faz mesmo isto conosco.
Quando o povo de Israel peregrinava pelo deserto, para suprir suas necessidades de água, Deus fez ela brotasse e jorrasse em torrentes de uma rocha. Mesmo assim, pouco depois o povo perguntou: nosso Deus “conseguirá também dar-nos de comer? Poderá suprir de carne o seu povo?” (Salmo 78.20). Que não tenhamos a mesma atitude dos hebreus antigos. Precisamos saber que “Aquele que supre a semente ao que semeia e o pão ao que come também lhes suprirá e multiplicará a semente e fará crescer os frutos da sua justiça” (2Coríntios 9.10).
“NECESSIDADES”.
Que necessidades Deus supre? Todas?
Que são necessidades?
A tecnologia vem colocando a cada dia mais e mais produtos diante de nós. Um exemplo disso é o telefone celular, que se tornou uma “necessidade” até para crianças. Todo adolescente que não tem um IPod se sente um pouco fora do mundo. Daqui a pouco chegará ao Brasil a televisão digital e passará a ser também uma “necessidade” para todos os que durante meio século viram apenas tevês analógicas. Durante as primeiras sete décadas do século 20 os brasileiros podiam fazer carreira tendo apenas o segundo grau; nos 20 anos seguintes, era necessário ter um curso superior; de dez anos para cá é indispensável a pós-graduação.
O mercado (entendido como consumo e costumes) vai impondo novas necessidades, mas serão mesmo necessidades? Esta é uma área literalmente movediça.
Todos temos necessidades de segurança. Logo, precisamos de casas para nos abrigar da intempéries, das feras e dos ladrões, não de mansões, mas o que uns consideram ser uma mansão outros a terão como uma simples casa…
Todos temos necessidade de saúde. Logo, precisamos de alimento que nos nutram, não de pratos criativos e caros, mas não nos contentamos apenas com a dimensão nutricional do alimento; queremos que sejam limpos, bonitos e sofisticados.
Todos temos necessidade de pertencer, o que explica parcialmente a existência da família, dos clubes e mesmo das igrejas. Para ser aceita num grupo, uma pessoa é capaz de se submeter a regras que vão contra os seus mais caros princípios.
Todos temos necessidade de ser amados, o que faz com que alguns matem como prova de amor…
Todos temos necessidade de auto-realização, o que leva alguns a se tornaram escravos do poder ou do dinheiro.
Essas necessidades básicas vão se confundindo com necessidades secundárias, que se tornam primarias, num círculo sem fim. A que necessidades Deus supre?
Só temos um caminho para resolver o impasse. Deus nos supre as necessidades que Ele considera como sendo necessidades. Nós confundimos desejos com necessidades; Ele, não. Deus, então, supre as necessidades que passam pelo seu crivo. Ele sabe do que precisamos; do que não podemos viver sem e nos supre. Segundo aprendemos na Bíblia, “os leões podem passar necessidade e fome, mas os que buscam o Senhor de nada têm falta” (Salmo 34.10). Por isto, “aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hebreus 4.16).
“DE ACORDO”.
Ele nos supre “de acordo” com suas riquezas em glória.
Imagine um homem muito rico. Você tem uma causa nobre e lhe pede uma doação. E ele lhe dá cinco reais, na verdade, uma esmola em função dos recursos que tem. Ele lhe deu DAS suas riquezas, mas não DE ACORDO COM suas riquezas. Se ele desse DE ACORDO COM suas riquezas, seria uma doação muito mais generosa. (STEDMAN, Ray C. To Be Content (Philippians 4:10-23). Disponível em <http://www.raystedman.org/philippians/2014.html>. Acessado em 3.3.2006.) Para entendermos melhora, lembremo-nos que a viúva pobre foi louvada por Jesus porque deu DE ACORDO COM suas riquezas; no caso, tudo. Deus nos dá DE ACORDO COM suas riquezas. Deus nunca nos dá uma esmola.
Ele não nos dá de acordo com o que pedimos, mas DE ACORDO COM as suas riquezas, que vão além do material e do físico, para que olhemos para suas bênçãos espirituais. Por isto, “bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Efésios 1.3).
GLORIOSAS RIQUEZAS.
Há quatro tipos de riquezas divinas.
1. Há a riqueza da sabedoria de Deus. O apóstolo Paulo canta-a assim: ” O profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos!” (Romanos 11.33). Esta é, como percebeu o profeta Isaías, “uma grande riqueza de salvação, sabedoria e conhecimento; o temor do Senhor é a chave desse tesouro” (Isaías 33.6). Ah se nos lembrássemos sempre que Deus é sábio!
2. Há a riqueza da bondade divina disponível para todos os seres humanos. Ele faz que o sol e a chuva venham sobre todos, indistintamente. A natureza é expressão da bondade de Deus para todos. Diante da imensidão do mar, quem passeia por uma praia não tem como não pensar neste cuidado de Deus: Ele não só construiu o mundo, mas o construiu de modo que possamos desfrutar dele.
3. Há a riqueza da graça de Deus, manifesta em Jesus Cristo (Efésios 2.7) e disponível para todos aqueles que se reconhecem pecadores e confessam os seus pecados. A graça se expressa em perdão e purificação. A historia de Jesus é a historia de Deus se entregando a si mesmo. Sua riqueza é Ele mesmo e Ele se dá a si mesmo. Jesus é Deus conosco sempre. Jesus é Deus preparando uma casa definitiva para nós no céu.
4. Há a riqueza da glória de Deus em Cristo Jesus. Esta riqueza está disponível para todos aqueles que conhecem pessoalmente a Deus. Em outras palavras, a glória e a plenitude da Sua divindade estão disponíveis para todo aquele que crê em Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Quem assim crê tem Cristo e quem tem Cristo tem tudo.
Quando oramos por algo a Deus, Ele nos dá mais do que pedimos. As riquezas de sua glória estão além de sua nossa compreensão. Jamais conseguiremos pedir algo que Ele não tenha para nos dar. Ele “é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós” (Efésios 3.20). Afinal, tudo pertence a Ele. A glória que lhe damos, com os lábios e com a vida, é a glória que Ele já tem. Quando vamos a Deus em busca da satisfação de uma necessidade genuína, Ele inevitavelmente faz mais do que pedimos, pois Ele, diferentemente de nós, não tem limites. (STEDMAN, Ray C. To Be Content (Philippians 4:10-23). Disponível em <http://www.raystedman.org/philippians/2014.html>. Acessado em 3.3.2006.)
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ATITUDES DIANTE DE UM DEUS QUE SUPRE
Que fazer diante desta promessa?
1. Receba as bênçãos como bênçãos de Deus, não como fruto do acaso, nem como fruto do seu esforço pessoal. Bênção é bênção. Vem da graça. Lembre-se: Deus supre as necessidades dos que crêem nEle.
2. Peça a Deus que abençoe você. A recomendação paulina neste mesmo capítulo é clara: Não ande ansioso por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresente seus pedidos a Deus (Filipenses 4.6). Lembre-se: Deus supre as necessidades dos que vão a Ele confiantemente.
3. Abençoe os outros. Doem aos outros, como sacrifícios (ofertas) apresentados a Deus como cheiro suave. Faca isto com prazer, não por necessidade, não como se fosse uma troca. Recebeu de graça? Dê de graça. Lembre-se: Deus supre as necessidades dos que suprem os outros.
4. Fortaleça-se no poder de Deus.
Em Deus, você pode todas as coisas, todas as coisas que exaltarão a glória de Deus. Desenvolva a sua confiança. Deixe que Deus, “com as suas gloriosas riquezas”, fortaleça você “no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito” (Efésios 3.16). Lembre-se: Deus supre as necessidades dos que se acham fracos diante dEle.