Um ateu descreve a alma de Barrabás

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Acabo de ler um livro antigo, escrito pelo Nobel de Literatura de 1951, Pär Lagerkvist  (18911974).
Agradeço quem me ensinar a pronúncia. Soube do livro por James Houston, que o cita em “O desejo”.

Trata-se de um romance sobre o enigmático salteador solto em lugar de Jesus por Pilatos, a pedido da multidão. “Barrabás”, traduzido por Guttorm Hanssen e prefaciado por Brito Broca, foi publicado por Edições O Cruzeiro, em 1963. Está totalmente indisponível para o leitor de hoje, o que é uma pena.
Lagerkvist não era cristão, mas escreve com profunda sensibilidade. Barrabás é uma personagem de carne e osso. É um homem com vontade de crer em Jesus.
O livro não é fruto de pesquisa histórica, mas é filho da imaginação que não ignora a história. 
Espero que, encontrando-o, consiga lê-lo.
Dou-lhe um trecho: “De pé no lugar do suplício, contemplava agora aquele que estava pregado à cruz do centro, sem poder tirar os olhos de lá. Não tivera a intenção de subir até ali, onde tudo era impuro e infecto, pois, quando se punham os pés naquela área de terra maldita, deixava-se nela qualquer coisa de si mesmo: podia-se voltar, forçado por impulso maléfico, para nunca mais sair dali. Crânios e ossadas jaziam espalhados pelo chão, ao lado de cruzes tombada, meio apodrecidas, não prestando mais para nada. Ninguém tocava neles. Por que permanecia ali? Não conhecia o crucificado e nada tinha que ver com ele. Que fazia no Gólgota, se tinha sido libertado?” (p. 22).
Por que os livros têm que morrer?