SEJA UMA BÊNÇÃO
Gênesis 12.2
“Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção” (Gênesis 12.2).
Na Bíblia, a história de Abraão ocupa 14 capítulos do livro de Gênesis (Gênesis 11.27-25.11). Ao redor das Escrituras Sagradas, seu nome é mencionado 234 vezes.
Em algumas delas, encontramos um resumo simplesmente magnífico (Hebreus 11.8-19):
“Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo.
Pela fé peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus.
Pela fé Abraão e também a própria Sara, apesar de estéril e avançada em idade, recebeu poder para gerar um filho, porque considerou fiel aquele que lhe havia feito a promessa. Assim, daquele homem já sem vitalidade originaram-se descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e tão incontáveis como a areia da praia do mar. Todos estes viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-no de longe e de longe o saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade.
Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: “Por meio de Isaque a sua descendência será considerada”. Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos”. (Hebreus 11.8-19)
Este gigante da fé não nasceu um gigante da fé. Ninguém nasce gigante da fé.
Filho de Terá, Abraão nasceu Abrão em Ur, na Mesopotâmia, uma terra em que adorava a diferentes deuses (cf. Josué 24.2), especialmente a deusa-lua, cujo símbolo era uma lua crescente. Na juventude, Abraão casou-se com Sarai. Provavelmente levando seus deuses na bagagem (Gênesis 31.32-35; 35.2-4), seu pai, patriarca da família, decidiu deixar Ur em direção a Canaã, levando o filho, com sua esposa, e o neto Lo. Pararam no meio do caminho, em Harã, ainda na Mesopotâmia.
Aí Abraão perdeu o seu pai e continuou a sua vida, ainda sem filhos, tornando-se o patriarca da família. De certo modo, Abraão era um vitorioso. Tinha deixado sua terra e conseguira ficar rico. Não precisava de mais nada, exceto de um filho, mas parecia conformado; seu sobrinho Lo lhe fazia as vezes de filho.
Foi nesta situação, já de pijama, sentado numa cadeira de balanço, podemos imaginar que sua vida realmente começou. Ele tinha 75 anos de idade.
Foi quando, segundo a Bíblia (Gênesis 12.1-9), “o Senhor disse a Abrão:
— Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da erra serão abençoados.
Partiu Abrão, como lhe ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Levou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens que haviam acumulado e os seus servos, comprados em Harã; partiram para a terra de Canaã e lá chegaram. Abrão atravessou a terra até o lugar do carvalho de Moré, em Siquém. Naquela época os cananeus habitavam essa terra. O Senhor apareceu a Abrão e disse:
— À sua descendência darei esta terra”.
Abrão construiu ali um altar dedicado ao Senhor, que lhe havia aparecido. Dali prosseguiu em direção às colinas a leste de Betel, onde armou acampamento, tendo Betel a oeste e Ai a leste. Construiu ali um altar dedicado ao Senhor e invocou o nome do Senhor. Depois Abrão partiu e prosseguiu em direção ao Neguebe” (Gênesis 12.1-9)
1. OLHE PARA ABRAÃO
Lendo esta narrativa, por que Deus chamou Abraão?
Penso em quatro razões.
1.1. A vida de Abrão não devia parar ali.
Havia muito ainda para ser vivido. Ele viveria ainda mais cem anos.
A vida é para ser vivida até o fim, e o único fim aceitável é a morte.
Deus queria mais para Abraão. Eu farei de ti uma grande nação.
Abraão estava satisfeito numa cadeira de balanço, mas Deus tinha mais para ele. Não para se contentar; era para continuar ousando; continuar saindo do comum para o incomum.
1.2. Deus tinha um projeto para o mundo.
Tudo o que aconteceu à Abraão e sua família desde os tempos em Ur, na Mesopotâmia, demonstra que o Criador do mundo não encerrou seu trabalho com a criação. Ele ainda trabalhava e Abraão o soube. Ele ainda trabalha e nós podemos sabê-lo.
Deus tem um projeto para o mundo. Quem conhece o Antigo e Novo Testamentos sabem que projeto tinha Deus para o mundo a partir de Abraão.
1.3. Deus precisava de Abraão.
Deus precisava dele.
Seu projeto começaria com uma família, continuaria com várias famílias, incluiria um povo e abrangeria a humanidade. Jesus era descendente de Abraão.
Deus precisa de você.
2. Abraão se tornou uma bênção.
E por que?
2.1. Ele decidiu ser uma bênção.
Diante do convite de Deus, Abraão respondeu “sim”. Ele sempre respondia “sim”, mesmo quando fosse para sacrificar seu filho, como ele imaginava.
2.2. Ele sabia de suas limitações.
Abraão pecou, pelo menos duas vezes: ao mentir ao Faraó e ao rei Abimeleque sobre sua esposa (Gênesis 12.10-20; 20.1-18), aos quais apresentou sua esposa Sara como irmã, e ao despedir Ismael, com sua mãe.
Somos vasos de barro e Deus nos diz que podemos ser bênçãos, por causa do pregamos e vivemos (2Coríntios 4.5-7): “Não pregamos nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por causa de Jesus. Pois Deus, que disse: “Das trevas resplandeça a luz”a, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo. Mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós” (2Coríntios 4.5-7).
Somos imperfeitos, mas Deus quer nos aperfeiçoar.
2.3. Ele se sabia um peregrino.
Abraão sabia que era um arameu. Mais tarde, Moisés recordou esta condição do fundador de sua ação: “Então vocês declararão perante o Senhor, o seu Deus: ‘O meu pai era um arameu errante. Ele desceu ao Egito com pouca gente e ali viveu e se tornou uma grande nação, poderosa e numerosa” (Deuteronômio 26.5 ).
Lembre-se de quem você é. “Como são felizes os que em ti encontram sua força, e os que são peregrinos de coração!” (Salmo 84.5)
Como ensinou Pedro, somos estrangeiros e peregrinos no mundo; como tais devemos nos abster dos desejos naturais (1Pedro 2.11).
2.4. Ele sabia que Deus estava agindo nele por intermédio dele.
Várias vezes, Abraão ergueu altares ao Senhor (Gênesis 12.7 — “O Senhor apareceu a Abrão e disse: “À sua descendência darei esta terra”. Abrão construiu ali um altar dedicado ao Senhor, que lhe havia aparecido”; 12.8 — “Dali prosseguiu em direção às colinas a leste de Betel, onde armou acampamento, tendo Betel a oeste e Ai a leste. Construiu ali um altar dedicado ao Senhor e invocou o nome do Senhor”; 13.18 — “Então Abrão mudou seu acampamento e passou a viver próximo aos carvalhos de Manre, em Hebrom, onde construiu um altar dedicado ao Senhor”.)
Quando continuamos lendo o livro de Gênesis, vemos que Isaque seguiu o mesmo caminho (Gênesis 22.9; 26.25) e que Jacó se excedeu na mesma prática (Gênesis 33.20; 35.1,7).
Faça de sua vida um altar ao Senhor.
3. DECIDA SER UMA BÊNÇÃO
3.1. Tome a decisão de ser uma bênção.
Ser feliz é viver em harmonia com Deus.
3.2. Seja íntegro.
Deus busca pessoas íntegras para firmar parcerias (alianças).
Segundo a Bíblia (Gênesis 17.1-9), “quando Abrão estava com noventa e nove anos de idade o Senhor lhe apareceu e disse:
— Eu sou o Deus todo-poderoso; ande segundo a minha vontade e seja íntegro. Estabelecerei a minha aliança entre mim e você e multiplicarei muitíssimo a sua descendência.
Abrão prostrou-se, rosto em terra, e Deus lhe disse:
— De minha parte, esta é a minha aliança com você. Você será o pai de muitas nações. Não será mais chamado Abrão; seu nome será Abraão, porque eu o constituí pai de muitas nações. Eu o tornarei extremamente prolífero; de você farei nações e de você procederão reis. Estabelecerei a minha aliança como aliança eterna entre mim e você e os seus futuros descendentes, para ser o seu Deus e o Deus dos seus descendentes. Toda a terra de Canaã, onde agora você é estrangeiro, darei como propriedade perpétua a você e a seus descendentes; e serei o Deus deles. De sua parte — disse Deus a Abraão — “guarde a minha aliança, tanto você como os seus futuros descendentes” (Gênesis 17.1-9).
3.3. Pare de olhar demais para as suas necessidades.
Não se perca em suas necessidades. Pare de só pensar em você.
Doe-se. Abraão saiu de seu conforto. Saia de si mesmo.
3.4. Comece abençoando sua família.
Lo era um sobrinho-problema, porque egoísta, mas Abraão decidiu ser uma bênção para ele, tanto no plano material (ao deixar que escolhesse as terras que quisesse, na separação), quando no espiritual (quando intercedeu pela cidade em que morava, cidade ameaçada de destruição e destruída, mas sem Lo por causa da intervenção do tio).
3.5. Vire o jogo da sua vida, mesmo que esteja no segundo tempo.
Deus chama você, como chamou Abraão, para ser parceiro dEle na redenção do mundo.
Não seja imediatista. Abraão apostou. Vire o jogo da vida.
Deus é o nosso escudo nesta caminhada. (“Depois dessas coisas o Senhor falou a Abrão numa visão: `Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu escudo; grande será a sua recompensa!’” — Gênesis 15.1 )
4. CONCLUSÃO
Ser uma bênção não é uma caminhada de triunfo em triunfo. A vida de Abraão não teve apenas altos. Teve baixos. Teve aflições.
O resultado é plenitude de vida.
O convite feito a Abraão, Deus o faz ainda hoje a nós.
Ele disse: “Abraão, seja uma bênção”. Ele me/nos diz que devemos ser uma bênção.